Fanfic: A Dama da Ilha(adaptada) | Tema: Vondy
– Dulce, é claro – foi a resposta previsível do conde. – Stuben acabou de trazer as cartas do correio, e o que o doutor acha que havia na correspondência de hoje?
Christopher supôs que fosse o microscópio pedido e, esperançoso, perguntou pelo instrumento.
– Não foi aquela porcaria de microscópio – o conde aborreceu-se. – É uma carta para a senhorita Saviñon, da amiga que está dando cobertura a ela. Parece que o segredo foi desvendado...
Christopher , chocado, tirou o envelope da mão do conde.
– Santo Deus! – ele gritou, ao ver o endereço. – Esta é uma carta particular para a senhorita Saviñon!
O conde, aborrecido, tomou o envelope de volta. Atrás dele, o cavalo resfolegou, nervoso pelo movimento brusco.
– Eu sei, e ouça o que diz aqui... – ele começou a abrir o papel.
Christopher arrancou a carta das mãos do conde.
– Não quero ouvir nada. Milorde ficou maluco? Não se pode andar por aí, abrindo a correspondência particular das pessoas. A senhorita Saviñon sabe que milorde lê as cartas a ela destinadas?
– Não sei. – Glendenning se mostrou confuso. – Suponho que sim. Tudo para ela vem aberto, e ela deve saber que qualquer um pode ler o que está escrito. Ela nunca disse nada, exceto por uma ou duas vezes.
– Isso é intolerável! – Christopher gritou, sem acreditar no que ouvia. – Quando milorde vai deixar essa mulher em paz? – Percebeu que elevara a voz e atraíra a atenção de algumas pessoas, além de impelir o cavalo nervoso a escarvar na terra, e então procurou se controlar. – Eu o proíbo de remexer na correspondência da senhorita Saviñon. Ouviu bem, Glendenning?
O conde sorriu diante da fúria de Christopher.
– O doutor me proíbe? – O conde deu uma risadinha. – Essa é boa. Uckermann, por acaso se esqueceu de que “eu” o empreguei? Não foi o contrário. Embora possa dar uma falsa impressão para quem ouviu suas ordens.
Christopher estremeceu. A acusação tinha fundamento. Afinal, continuava a manter em segredo suas origens aristocráticas, principalmente porque isso nada tinha a ver com sua vida na ilha. Mas, a bem da verdade, a antipatia de Dulce pelos médicos de sangue azul pesara muito mais em sua decisão de não revelar que Christopher Uckermann era o oitavo marquês de Stillworth.
E mesmo que decidisse desvendar seu segredo para Glendenning, os condes suplantavam os marqueses na escala social... mesmo os mais ignorantes, que passavam o tempo inteiro preparando armadilhas para levar ao casamento filhas de médicos.
– Apesar disso – Christopher contestou, severo – milorde não tem o direito de se intrometer na correspondência da senhorita Saviñon. Isso não é de bom–tom, e os que realmente amam não cometem tal erro.
O conde ficou carrancudo.
– Escute, doutor. Esta carta diz...
Christopher levantou uma das mãos.
– Não quero ouvir nada, Glendenning. Nada, entendeu?
– Mas...
Nesse momento da discussão, foram interrompidos por uma voz de criança.
– Desculpem-me.
Hamish MacGregor parou ao lado dos dois, torcendo o chapéu entre os dedos, com expressão de expectativa e o cão sentado a seus pés. O olhar penetrante de Hamish se dirigia ao conde.
– O que houve, Hamish? – Christopher quis saber.
Christopher teve numerosas ocasiões para conversar com o garoto, pois ele, quando não cuidava do rebanho com Lucais, não saía da porta do dispensário. Em parte, o fato poderia ser culpa de Christopher , que distribuía para as crianças da aldeia – enquanto o microscópio não chegava – uma porção de balas francesas que as irmãs mandavam para ele. As crianças haviam se acostumado a passar pelo consultório a caminho da escola e também na volta. Hamish tinha paixão por doces e seguia Christopher por toda parte.
– É sobre aquelas armadilhas – Hamish explicou, olhando para o conde.
Glendenning, aborrecido, voltou-se para o garoto. Até Christopher gemeu. Hamish havia iniciado, desde o que acontecera com Lucais, uma cruzada contra as armadilhas para lobos. O cachorro havia se recuperado bem do ferimento, mas o menino continuava magoado com o responsável pelo acidente.
– De novo, não – o conde murmurou. – Escute, Hamish, eu já lhe disse. Enquanto os lobos estiverem ameaçando meus cervos, continuarei espalhando minhas armadilhas.
– Eu gostaria de saber – Hamish, teimoso, insistiu no assunto –, quantos lobos milorde já apanhou este ano em suas emboscadas e quantos cães inocentes o senhor feriu?
– Nenhum, já disse, garoto – Lorde Glendenning respondeu, impaciente. – Mas isso não quer dizer que eles não estejam por perto. Agora vá andando, está bem? Doutor Uckermann e eu precisamos ter uma conversa em particular... – Nesse instante, Glendenning afrouxou as rédeas do cavalo e tentou pegar a carta que Christopher ainda segurava, mas o médico foi mais rápido e tirou a do alcance das mãos dele. – Se o doutor ler a mensagem, verá que o tio dela...
– Lorde Glendenning! – Hamish gritou e teve que se atirar para baixo do cavalo enorme, a fim de evitar que fosse pisoteado pelo animal, que ficou ainda mas arisco com o movimento brusco do conde. – O senhor não respondeu à pergunta. Quantos cachorros, em vez de lobos, o senhor apanhou naquelas armadilhas?
Glendenning tentava lutar com Christopher para recuperar a carta.
– Nenhum, exceto aquele seu cão pulguento, que é tão estúpido a ponto de meter-se numa armadilha para lobos...
Anahí, que não resistia à atração que sentia pelo conde, se aproximou.
– Milorde – disse ela, disfarçando a melancolia que havia demonstrado para Christopher – deseja tomar cerveja? Posso trazer para milorde, é só um instante.
Glendenning a fitou, e seu sorriso derreteria o coração de qualquer jovem, ainda mais de uma pobre garçonete que lhe dera quatro filhas.
– Obrigado, doçura – ele disse. – Estou morto de sede.
Anahí, feliz pela oportunidade de agradar ao amado, soltou um gritinho e correu para obedecer às ordens de seu senhor. Infelizmente, o garanhão do conde, que já estava nervoso, se assustou com o súbito movimento de corrida e escolheu aquele momento para se empinar.
Se Lorde Glendenning estivesse segurando as rédeas com firmeza, nada teria acontecido. Mas ele teve que soltá-las, na tentativa de pegar a carta que Christopher segurava, e o cavalo caiu com as patas um pouco mais longe do que estava antes, e um dos cascos bateu na cabeça de Hamish MacGregor.
Christopher, testemunha involuntária do acidente, deu um grito para avisar Hamish, mas foi tarde demais. O menino ficou estirado no chão, como um dos panos molhados de Anahí.
O cavalo de Glendenning continuou a patear no chão e a resfolegar muito perto do menino inconsciente. Christopher gritou para o conde que controlasse a montaria e se jogou debaixo dos cascos do imenso cavalo. O conde agarrou as rédeas, prendeu o cavalo e se ajoelhou ao lado do menino ferido.
Não foi fácil fazer os exames necessários. Quase todos os que estavam no mercado naquela hora haviam presenciado o acidente e correram em direção à vítima, gritando fórmulas milagrosas para tratar do garoto. Lucais, confuso e assustado, começou a latir perto do ouvido de Christopher. O conde finalmente se deu conta da gravidade do acontecido e passou a se lamentar.
– Foi por minha culpa – Glendenning não parava de repetir.
– Não, meu amor. – Anahí não permitiria que a luz de sua vida admitisse qualquer erro. – Foi o cachorro que começou a latir e assustou o pobre Tornod...
– Meu filho! – a senhora MacGregor, que estava na barraca das tortas de carne, vira tudo. Ela teve de ser contida para não se atirar sobre o filho. – Minha doce criança, meu filho!
O exame superficial feito por Christopher diante todas essas distrações, foi desalentador. De fato, ele fez um diagnóstico rápido... e terrível.
– Por favor! – ele gritou para as mulheres e o conde, que se amontoavam em volta dele –, recuem para que eu possa trabalhar!
Lorde Glendenning imediatamente estendeu os braços enormes e empurrou para trás as mulheres, inclusive a mãe de Hamish.
– Deixem o doutor trabalhar – o conde disse com sua voz mais doce, a mesma que na certa usara para enganar Anahí, Christopher pensou com amargura. – O doutor Uckermann sabe o que está fazendo. Afinal, ele é de Londres. O menino vai se recuperar nas mãos dele.
Christopher, que não era da mesma opinião, estava muito preocupado e logo escutou o primeiro murmúrio.
– Alguém tem que ir chamar a senhorita Dulce.
– Sim, a senhorita Dulce saberá o que fazer.
– Corra, Una. Vá procurá-la.
– Esta manhã eu a vi no prado das ovelhas, ajudando Barra com um dos cordeiros...
Isso descongestionou o grupo em volta de Hamish, pois as mulheres mais velozes correram à procura de Dulce. Christopher não se sentiu ofendido pela falta de confiança em suas habilidades profissionais. A julgar pelos exames preliminares, não era possível que alguém pudesse salvar o garoto.
– Arrumem uma tábua – ele gritou para o grupo que estava atrás dos braços de Glendenning. – Alguma coisa que se possa usar como padiola para mantê-lo imóvel enquanto o removemos para o dispensário...
Lorde Glendenning foi o único que se mexeu para obedecer. Foi até a barraca de Anahí, tirou o tambor e os canecos de cima da mesa e num movimento rápido arrancou uma tábua dos cavaletes onde ela tinha sido colocada e mostrou a peça para a aprovação de Christopher.
Autor(a): leticialsvondy
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– Está ótimo. Ponha a tábua ao lado dele... Christopher transferiu cuidadosamente o garoto para a tábua. Embora não houvesse encontrado sinal de fratura no exame da nuca de Hamish, ele se lembrou do acidente equestre que havia tirado a vida de seu pai e procurou mexer o garoto o mínimo possível.&n ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 18
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capitania_12 Postado em 02/02/2019 - 13:24:43
Já acabou? Naaaaaaaaaao
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capitania_12 Postado em 01/02/2019 - 22:09:16
Aaaaaaah,continua logoooo
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ana Postado em 30/01/2019 - 13:57:04
Vc voltou *-*
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ana Postado em 19/03/2018 - 00:51:59
Poxa, abandonou? :(
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wermelinnger Postado em 16/01/2018 - 12:43:33
OIIII VAI POSTAR MAIS NAO??
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wermelinnger Postado em 04/01/2018 - 09:07:31
ah Deusss ele disse que estava apaixoando continuaa
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wermelinnger Postado em 03/01/2018 - 15:13:30
Continua... Leitora nova e estou amando.
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heloisamelo Postado em 31/12/2017 - 17:54:01
Contt 😍😍
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Nat Postado em 06/10/2017 - 22:29:32
Meu Deus! Tadinho do Hamish! Ai! Tomara que de certo! Esses dois... Tão lindinhos juntos! Pena que eles sempre se encontram quando alguma coisa não está bem! Não vejo a hora de eles darem o primeiro beijo! CONTINUA!!!^-^
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millamorais_ Postado em 06/10/2017 - 09:30:10
Esses dois... Essas brigas são vão fortalecer essa relação. Ele vai ajudá-la né? Continuaaa