Fanfics Brasil - Capítulo 11 (PARTE 3) A Dama da Ilha(adaptada)

Fanfic: A Dama da Ilha(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 11 (PARTE 3)

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– Está ótimo. Ponha a tábua ao lado dele... 



Christopher transferiu cuidadosamente o garoto para a tábua. Embora não houvesse encontrado sinal de fratura no exame da nuca de Hamish, ele se lembrou do acidente equestre que havia tirado a vida de seu pai e procurou mexer o garoto o mínimo possível. 



– Tudo certo. – Christopher tinha de falar alto por causa dos latidos incontroláveis de Lucais. – Vamos erguê-lo... 



E foi assim que o décimo nono conde de Glendenning e o oitavo marquês de Stillworth levaram o pequeno e inconsciente pastor para o dispensário da aldeia, seguidos pelas mulheres, que se lamentavam, e por um cachorro que não saía dos pés deles nem parava de latir. 



Dentro do consultório, onde Christopher e Glendenning tiraram o garoto da maca improvisada e o puseram na mesa de exames, a cacofonia dos que se lastimavam foi demais para o médico suportar. Ele disse à mãe do menino que seria melhor ela se controlar, senão ele teria de tirá-la dali à força. 



A mulher se espantou e ficou em silêncio uns cinco minutos, durante os quais Christopher foi capaz de fazer um exame mais minucioso em Hamish. 



O quadro não era nada promissor. Glendenning, na sala ao lado de Christopher, o ajudou com pequenos martelos de reflexo e até com um fósforo, e depois o fitou esperançoso. Christopher apenas sacudiu a cabeça e falou com a senhora MacGregor, dessa vez com maior gentileza. 



– Senhora – ele foi até a pequena sala de espera que ficou ainda menor pela quantidade de mulheres ali reunidas e ansiosas pelo diagnóstico do médico. – Seu filho foi gravemente ferido... 



– Mas... – Anahí interveio. – Eu vi, ele nem estava sangrando... 



– É verdade. Não há sangramento externo, mas tenho quase certeza de que Hamish está sangrando na cabeça... sob o crânio. O que é muito ruim. 



As mulheres se entreolharam. Elas nunca tinham ouvido falar em sangramento interno. 



Christopher desconfiou que, na vida delas, as emergências médicas não deviam ser mais complicadas do que um anzol perfurar a pele, alguma queimadura ou os partos, exceto, era evidente, pelas epidemias esporádicas de cólera. 



A pergunta da senhora MacGregor lhe deu essa certeza. 



– O doutor está dizendo que meu filho está gravemente ferido? 



Christopher anuiu. 



– Gravemente, infelizmente. 



– Ele... – a senhora MacGregor mastigou o lábio inferior. – Ele vai morrer? 



– Sim – Christopher confirmou, sentindo-se miserável. Gostaria que Pearson ou Shelley estivessem ali ao seu lado, em vez daquele conde estúpido, para ajudá-lo a explicar para a mulher a gravidade da situação do filho. – Se o sangramento não for contido. 



– Então, doutor, contenha a hemorragia. – A senhora Murphy, sempre uma mulher prática, entendeu a situação de imediato. 



Christopher fez uma careta. 



– Não é tão fácil como pode parecer – ele explicou para as mulheres pálidas e assombradas. – É uma operação de alto risco, na qual terei de perfurar o crânio de Hamish para fazer um orifício... 



Nesse momento, a senhora MacGregor desmaiou. Durante o caos que se seguiu, a porta do dispensário foi aberta mais uma vez e Christopher escutou a voz que jamais deixaria de surpreendê-lo por sua gravidade. 



– O que é isso? – Dulce gritou. – Senhoras, controlem-se! Por favor! 



– Hamish machucou a cabeça – a senhora Murphy, que abanava o rosto inconsciente de Bessie MacGregor, informou a Dulce. – O doutor Uckermann disse que a única maneira de salvá-lo é fazer um buraco no crânio do menino para aliviar o sangramento. 



– Senhorita Dulce – uma delas gritou. – Não deixe que ele faça isso com Hamish. 



Christopher sentiu o olhar fixo de Dulce, antes mesmo de levantar a vista. Eram extraordinárias a franqueza do olhar de Dulce e a maneira como aquilo o afetava. Ao mirar aqueles olhos azuis e os cílios escuros, sentiu ter cometido um grande engano ao tornar-se seu inimigo. 



Christopher nem mesmo sabia como isso aconteceu. Nas semanas que se sucederam à discussão desagradável na Cabana do Riacho, os dois mal haviam se falado, mas por opção de Dulce e não dele. Não diminuíra sua preocupação com o bem-estar da jovem, que ficava sozinha e teimava em continuar daquela maneira. Ele não podia achar o menor motivo para ressentimento, embora tivesse razões para não gostar dela, por saber que sua presença na ilha arruinava qualquer oportunidade de estabelecer uma clínica regular. 



Em relação a Dulce, Christopher sentia tanto respeito como exasperação, porque, ainda que ela fosse uma pessoa que aparentava conhecer bem a própria mente, parecia igualmente incapaz de admitir um erro. 



Ao vê-la na sala de espera lotada, achou-a adorável como sempre e ainda vestida com aquelas calças chamativas... embora o traje houvesse perdido um pouco de atrativo, por estar quase totalmente coberto de placenta ovina. 



– Doutor, será que podemos conversar em particular? – Dulce perguntou, jogando algumas mechas dos cabelos vermelhos para trás dos ombros. 



– Claro. – Christopher se afastou da porta estreita para que Dulce entrasse no consultório. Foi então que ele reparou no suéter que usava, também sujo de placenta e sabe-se mais do quê. 



Viu também que ela estava com olheiras. A época de nascimento dos cordeiros foi difícil para Dulce. 



O conde estava curvado sobre o paciente, com fisionomia de preocupação extrema. Ao ver Dulce, seu rosto se contraiu, como se estivesse segurando as lágrimas.  



– Ah, Dulce, veja o que aconteceu. Foi Tornod que fez isso. Eu não estava segurando-o como devia... 



Dulce pôs a mão consoladora sobre o braço do conde, mas não o olhava. Ela não desviava o olhar de Hamish, estendido ali na mesa de exames. 



– Foi um acidente, milorde – disse ela. – O senhor poderia nos deixar por alguns instantes? 



Alfonso Herrera – o grande e poderoso guerreiro – obedeceu sem reclamar. 



Dulce afastou da testa de Hamish os cabelos de cor mais vibrante que os dela e continuou a fitar o rosto pálido e imóvel do menino, sempre tão irrequieto. 



– Seus reflexos estão num grau mínimo – Christopher explicou rapidamente. A rapidez era a melhor forma de dar as más notícias. – A respiração está irregular e superficial. O pior de tudo é que uma de suas pupilas não reage ao reflexo luminoso. O que significa, se é que estou certo, que ele tem um coágulo de sangue pressionando o cérebro. 



– Meu Deus. – Dulce foi incapaz de dizer outra coisa, enquanto tirava mais fios de cabelo do rosto do garoto. 



– O trépano é o único meio concebível de salvar a vida dele – Christopher continuou. – E mesmo assim... bem, não sei se há alguma garantia. 



Dulce levantou a cabeça e fitou Christopher. Os olhos azuis emocionados refletiam vários sentimentos – sofrimento, tristeza e preocupação – que afloravam no pano de fundo azul de suas íris como nuvens num céu de verão. 



– Um quê? 



– Um trépano. É uma técnica que os americanos usam para tratar os sobreviventes... poucos, na verdade, dos escalpelamentos indígenas. É feito um orifício no crânio para permitir que o sangue aflore e saia. 



– Um orifício. – Dulce olhou de novo o pequeno rosto lívido. – Através do crânio. 



– Para aliviar a pressão no cérebro. – Christopher suspirou e passou a mão nos cabelos. – Não me ocorre nenhum outro tipo de intervenção. O fato é que ele certamente morrerá sem a cirurgia... mas ele também pode morrer depois. A senhorita tem alguma experiência com esse tipo de trauma? 



Dulce o fitou de viés. Pela primeira vez não havia arrogância em seu semblante. 



– Fazer orifícios em crânios humanos? De jeito nenhum. Eu nem mesmo tinha ouvido falar disso. – Ela voltou a mirar o pequeno ferido. – O senhor sabe como fazer isso? Como usar o... trépano? 



Christopher passou novamente a mão nos cabelos. 



– Eu... vi uma vez como se faz... num cadáver. 



– Viu uma vez – ela repetiu. 



Ele anuiu com um gesto de cabeça. 



– Em um cadáver... – ela procurou se certificar. 



Novamente ele anuiu. Era verdade, mas ao ouvi-la falar, parecia ridículo. 



Dulce o olhou com firmeza. 



– Se o senhor fizer a cirurgia e ela falhar, eles o culparão – disse ela num tom imparcial. – Eu me refiro aos pais, se Hamish morrer. 



– Eu sei. 



– E não apenas os MacGregor, mas toda a aldeia o evitará. 



E qual seria a novidade? Bem, não era exatamente isso. Não que os aldeões o evitassem. 



Pelo contrário. Eles tinham sido muito receptivos, na maior parte, desde os companheiros de bebida na taverna até as esposas batalhadoras. 



Eles apenas haviam decidido não procurá-lo para resolver seus problemas de saúde. Se Hamish morresse por uma cirurgia malfeita, jamais o procurariam. O frio que se apoderou de seu coração fez Christopher entender o quanto se afeiçoou àquela comunidade singular.



– Se pretende fazer a cirurgia – Dulce continuou, sem piedade – para impressionar sua noiva... 



– Pelo amor de Deus, será que não pode me dar um pouco de crédito? Acha mesmo que eu faria uma operação perigosa e arriscada em uma criança só para impressionar uma mulher? Nem pense numa crueldade dessas. A senhorita tem outra sugestão? Ele morrerá se eu não tentar. E mesmo que eu tente, há uma boa chance de Hamish não suportar a cirurgia. 



Dulce o olhou com argúcia. 



– Ele não tem nenhuma chance de sobreviver sem a cirurgia – Dulce refletiu alto. – Acho que vale a pena arriscar. É melhor começar logo. Eu os avisarei de que serei sua assistente. Assim, se o pior acontecer, eles também poderão me culpar. 



Christopher sentiu uma súbita onda de gratidão. Suas emoções em relação a Dulce Saviñon eram tão oscilantes como a cor do mar. Pouco tempo antes, ele experimentara antipatia, quando ela perguntou se ele pretendia fazer a cirurgia para impressionar Natália. Como se sequer ele houvesse se lembrado da ex-noiva nas últimas semanas... 



Antes de sair do consultório para falar com os aldeões, Dulce pôs a mão no braço de Christopher, e ele se surpreendeu com o gesto. 



– Vá em frente – ela disse, com um leve sorriso. – Christopher reconheceu as palavras que ele disse quando descobriram que o bebê de Anahí estava sentado. Entendeu como ela se sentira. 



Irremediavelmente apavorada. 




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Autor(a): leticialsvondy

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Gatinhas, desculpa por não estar postando esses dias, mas é que meu note deu pau. Não sei o que houve, mas não está ligando de jeito nenhum. A sorte é que eu tinha a fic salva em outro lugar. Então me perdoe gatenhas.  Mas vou dar um jeito de postar esses dias. Portanto em breve estou voltando com a fic, aguardem ԅ ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 18



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  • capitania_12 Postado em 02/02/2019 - 13:24:43

    Já acabou? Naaaaaaaaaao

  • capitania_12 Postado em 01/02/2019 - 22:09:16

    Aaaaaaah,continua logoooo

  • ana Postado em 30/01/2019 - 13:57:04

    Vc voltou *-*

  • ana Postado em 19/03/2018 - 00:51:59

    Poxa, abandonou? :(

  • wermelinnger Postado em 16/01/2018 - 12:43:33

    OIIII VAI POSTAR MAIS NAO??

  • wermelinnger Postado em 04/01/2018 - 09:07:31

    ah Deusss ele disse que estava apaixoando continuaa

  • wermelinnger Postado em 03/01/2018 - 15:13:30

    Continua... Leitora nova e estou amando.

  • heloisamelo Postado em 31/12/2017 - 17:54:01

    Contt 😍😍

  • Nat Postado em 06/10/2017 - 22:29:32

    Meu Deus! Tadinho do Hamish! Ai! Tomara que de certo! Esses dois... Tão lindinhos juntos! Pena que eles sempre se encontram quando alguma coisa não está bem! Não vejo a hora de eles darem o primeiro beijo! CONTINUA!!!^-^

  • millamorais_ Postado em 06/10/2017 - 09:30:10

    Esses dois... Essas brigas são vão fortalecer essa relação. Ele vai ajudá-la né? Continuaaa


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