Fanfic: A Dama da Ilha(adaptada) | Tema: Vondy
– Quem anunciou? – ela lhe perguntou.
Christopher afastou o olhar incrédulo do homem que acabara de “ressuscitar” e fitou a jovem postada diante dele.
– De que anúncio está falando, senhor Uckermann? – ela insistiu.
– Mas ele estava morto – Christopher se ouviu dizendo. – Aquele homem estava morto. Auscultei o peito dele. Não havia mais nenhum batimento cardíaco.
Dulce olhou de esguelha para o barqueiro que, feliz por ser o centro das atenções, recebia os cumprimentos dos amigos e vizinhos e se mostrava muito satisfeito pelo copo com bebida quente que alguém lhe entregara.
– Ah, o frio em geral paralisa o coração dele por instantes. Basta um ou dois bons socos para ele voltar a bater.
Christopher sacudiu a cabeça.
– Não me admira que todos tenham dito que ele nunca havia morrido antes. Quantas vezes a senhorita o trouxe de volta do inferno?
– Uma ou duas – ela respondeu.
Ele sorriu.
– Desconfio que deva ter sido bem mais do que isso. Admito que nunca vi caso semelhante em nenhum livro, enquanto estive em Paris...
– Ah! – Ela riu e revirou os olhos. – Ah! Paris.
Era evidente que Dulce não era grande apreciadora da capital da França.
– Saiba que – Christopher afirmou, com orgulho ferido – estudei medicina com algumas das mentes mais brilhantes de Paris.
– Garanto que essas mentes brilhantes não lhe ensinaram a lidar com casos como o de Stuben, não é?
Christopher franziu a testa.
– Não tenho por hábito esmurrar as costas de meus pacientes.
– Talvez o senhor devesse tentar – Dulce sugeriu com doçura. – Assim não perderia muitos deles.
Ele a fitou com olhar intenso, disposto a mudar de opinião a respeito dela. Dulce era sedutora, mas também era um pouco...
– Ou quem sabe o senhor está acostumado a perder coisas. A jovem de olhos azuis fitou os ombros desnudos, o centro do peito e parou sugestivamente no cós do calção.
Christopher percebeu que corava, o que não acontecia havia muito tempo. Sentiu também uma urgência ridícula de proteger-se daquele olhar penetrante.
Sem querer demonstrar que ficara embaraçado, cruzou os braços na altura do peito e disse:
– A perda de uma camisa não é nada em comparação com uma vida salva. – Mesmo que se trate da vida de um idiota bêbado.
Ele não pronunciou a segunda frase em voz alta, mas achou que Dulce – que arqueara uma sobrancelha – pensava o mesmo. Ou então ela poderia estar apenas refletindo sobre o fato de que fora ela, e não ele, quem salvara a vida infeliz de Stuben.
Mesmo assim, ela evitou comentários.
– Senhor Uckermann, qual foi o anúncio que o trouxe aqui?
– Doutor Uckermann, por favor. Foi o publicado no The Times, procurando um médico.
– The Times. – Dulce continuou com a sobrancelha erguida, parecendo duvidar.
A dúvida era constrangedora, ainda mais associada à maneira indecorosa que ela havia fitado seu peito descoberto. Christopher olhou em volta, em busca de suas roupas e viu que Maeve, aparentemente esquecida do uísque e da manta prometidos, pendurava-as diante da lareira.
– Recebi uma resposta à minha carta de intenção. – Ele atravessou a sala, pegou o colete e procurou dentro do bolso.
Tudo o que estava congelado no píer havia derretido no calor da taverna, e Christopher demorou algum tempo para tirar um pedaço de papel ensopado das profundezas do bolso igualmente molhado. Levantou-o contra a luz e viu que não se tratava do que ele queria. Era a carta de Natália, que ele guardava de encontro ao coração, desde o dia fatídico em que a recebera. Àquela altura não passava de uma folha de papel de carta cor-de-rosa que havia sido desdobrada e dobrada várias vezes, com algumas frases manuscritas, perceptivelmente uma letra feminina, a de Natália.
Dulce tornou a levantar uma sobrancelha ruiva.
– “Isto” não me parece um anúncio do The Times – ela afirmou.
Christopher enfiou o pedaço de papel rosa no bolso e tirou outro.
– Aqui está. É a resposta à carta que escrevi depois de ver o anúncio. É de Alfonso Herrera, Conde de Glendenning...
Dos lábios da moça saiu uma palavra de tamanha baixeza que Christopher se lembrou de tê-la ouvido apenas uma vez no cais de East London, nas primeiras noites após Natália ter rompido o noivado, quando Pearson e Shelley haviam insistido em que ele fosse se encontrar com uma prostituta para aliviar a dor do coração partido. A voz de Dulce, profunda e peculiar, repercutiu pelo recinto até alcançar os ouvidos da proprietária da taverna, que imediatamente saiu de perto do barqueiro.
nahdias: Que bom que está gostando gatenha!! Postado!
Autor(a): leticialsvondy
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– O que houve, senhorita Dulce? – A mulher estava preocupada. – Ele a desrespeitou? – Ela fitou Christopher com reprovação. – Tenha modos, senhor. Este é um estabelecimento respeitável, e não quero ver meus visitantes insultados. Agradeço sua boa vontade por haver carregado Stuben até aqui, mas is ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 18
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capitania_12 Postado em 02/02/2019 - 13:24:43
Já acabou? Naaaaaaaaaao
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capitania_12 Postado em 01/02/2019 - 22:09:16
Aaaaaaah,continua logoooo
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ana Postado em 30/01/2019 - 13:57:04
Vc voltou *-*
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ana Postado em 19/03/2018 - 00:51:59
Poxa, abandonou? :(
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wermelinnger Postado em 16/01/2018 - 12:43:33
OIIII VAI POSTAR MAIS NAO??
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wermelinnger Postado em 04/01/2018 - 09:07:31
ah Deusss ele disse que estava apaixoando continuaa
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wermelinnger Postado em 03/01/2018 - 15:13:30
Continua... Leitora nova e estou amando.
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heloisamelo Postado em 31/12/2017 - 17:54:01
Contt 😍😍
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Nat Postado em 06/10/2017 - 22:29:32
Meu Deus! Tadinho do Hamish! Ai! Tomara que de certo! Esses dois... Tão lindinhos juntos! Pena que eles sempre se encontram quando alguma coisa não está bem! Não vejo a hora de eles darem o primeiro beijo! CONTINUA!!!^-^
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millamorais_ Postado em 06/10/2017 - 09:30:10
Esses dois... Essas brigas são vão fortalecer essa relação. Ele vai ajudá-la né? Continuaaa