Fanfics Brasil - Capítulo 14 (PARTE 3) A Dama da Ilha(adaptada)

Fanfic: A Dama da Ilha(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 14 (PARTE 3)

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Nada mau. Um belo instrumento antigo, com um tom claro e forte. Apenas empoeirado, mas nada que um pano úmido não resolvesse. Christopher tentou uma melodia mais complicada. Ah, o dó central por vezes ficava preso, mas fora isso... A acústica do recinto era extraordinária, e ele deslanchou em uma sonata, esquecido do mundo.


– Que bela música!


Espantado, Christopher parou de tocar, e viu Dulce com um cotovelo apoiado na caixa do piano e o queixo na mão.


– Oh, por favor, não pare de tocar por minha causa!


– Acho que me deixei levar pela melodia – Ele afirmou, envergonhado.


– É adorável. Era Beethoven?


– Era. Parece que havia anos não ouvia uma música decente – ele considerou.


– Não creio que com música decente esteja se referindo às gaitas de fole. – Ela o fitou mais com malícia do que com ironia. Ou talvez fosse com esperança.


– Gosto de gaitas de fole – disse Christopher, sentindo que corava. – Não tenho nada contra esses instrumentos.


– Mas sendo das Terras Baixas, naturalmente deve preferir a música de seu povo.


Por que sempre tinha de ser assim?, ele se perguntou. Terras Altas versus Terras Baixas, em uma luta pela superioridade cultural e moral? Ele, natural das Terras Baixas, nunca se adaptaria em Lyming? Apontou para as teclas, disposto a mudar de assunto.


– A senhorita toca piano?


Dulce franziu o nariz.


– Tenho mais inclinação científica do que musical.


– Ah, sem dúvida! Como foi ilustrado pela história do vômito.


– Isso mesmo – ela respondeu, sem corar.


– Não é difícil tocar piano. Sente-se, e eu lhe mostrarei como é.


Ela o fitou com as sobrancelhas arqueadas.


– Obrigada. Prefiro ficar onde estou.


– Não seja boba. Não estou tentando comprometê-la.


– Claro que não. Quase ia me esquecendo. O senhor é tão confiável quanto um homem casado.


– Sou mesmo? – Christopher pestanejou e lembrou-se de Natália, como se não pensasse nela havia tempos.


– É, suponho que seja. Bem, de qualquer forma, como um homem comprometido.


Ele não encontrou motivos para mencionar a sutil mudança de sentimentos por Natália, que se iniciou na manhã seguinte à cirurgia de Hamish e, como ela – que na verdade não aprovara sua intenção de tornar-se médico – ultimamente vinha ocupando cada vez menos seus pensamentos.


– Então venha se sentar. – Ele se afastou para a ponta do banco.


Dulce obedeceu, com um sorriso indefinível, embora o espaço fosse pequeno e as saias mais as anáguas ocupassem mais do que a parte que lhe cabia.– Vamos lá – Christopher começou. – Aqui é o dó central. – Ele pressionou a tecla. – Ela está prendendo um pouco, mas é a tecla pela qual me oriento. Veja, para cima do dó central... – ele percorreu as teclas – ...é uma oitava. Para baixo, é outra – ele moveu os dedos na direção oposta.


– Entendeu?


– Acho que sim. Os Marshall já se foram?


– Sim, há algum tempo. Por falar nisso, que saída dramática! Como foi que atraiu o rato?


– Pura improvisação. O castelo fica repleto deles na primavera. Eles transbordam para fora das masmorras com a neve derretida que desce dos penhascos.


– Que agradável – ele ironizou. – Bem, foi um ótimo espetáculo. Acredito que isso os fez esquecer a impropriedade de você morar sozinha na cabana. De qualquer modo, por enquanto. – Ele dedilhou mais algumas notas. – Então entendeu onde fica o dó central?


– Sim – ela respondeu com seriedade.


– Aprendido isso, é possível tocar qualquer coisa – Christopher explicou. – Diga-me, qual melodia lhe agradaria aprender?


Dulce deu de ombros. Nesse gesto, o fichu de tule se deslocou, revelando boa parte do decote ousado, embora ela não tivesse percebido.


– Aquela que o senhor estava tocando antes – ela sugeriu.


– Ah, é uma peça alegre. E para começar é tão boa quanto qualquer outra. Deixe-me pegar em seus dedos.


Christopher se lembrou de quando ela mediu o comprimento dos dedos de ambos, palma contra palma. E, como da primeira vez, sentiu o mesmo jorro estranho de emoção que o aqueceu rapidamente da cabeça aos pés. Não imaginava o motivo por que Dulce causava nele essa estranha reação física, sempre que se tocavam. Ela não era a mulher mais bonita que já vira, nem a mais perfeita. Era certamente a mais obstinada, o que também devia ter alguma influência. E ainda havia as calças...


Sabia que ficava cada vez mais ligado àquela emoção, toda vez que se aproximava de Dulce.


– Mantenha a mão desta forma. – Ele pôs os dedos de Dulce de maneira apropriada sobre as teclas. Não é abaixada. É para cima. – Ele fez cócegas na palma dela. – Como um telhado. Ótimo. Agora a outra mão.


Depois de posicionar os dez dedos nas teclas corretas, Christopher esqueceu completamente como se tocava aquela sonata ou qualquer outra música.


Dulce, na expectativa, segurava as mãos na posição correta. Christopher inalou a fragrância completamente diversa da que sentira da última vez em que esteve perto de Dulce. Era um perfume leve e puro, não floral e enjoativo como algumas mulheres preferiam, nem muito forte.


Ela se voltou para olhá-lo, e alguns fios de cabelo macios tocaram a face dele. A torção graciosa do pescoço chamou novamente a atenção de Christopher para o V formado pelo fichu, um V que parecia apontar diretamente para o vale estreito entre os seios altos e redondos.


– E então? – Dulce perguntou, com as sobrancelhas erguidas e o rosto a poucos centímetros do dele.


– Eu... – O que estava acontecendo com ele? Nunca havia perdido a fala diante de uma mulher, ainda mais de uma que lhe causara tanto desgosto no pouco tempo em que a conhecia...


Alguma coisa estava errada. Muito errada. A proximidade e o calor de Dulce o afetavam muito mais do que deviam. O formato dos lábios, suaves, úmidos e vermelhos o atraía e fazia que desejasse beijá-los, enquanto o olhar dela, firme e com a leve sugestão de desafio com que ela sempre o fitava, não se desviava...


Antes que pudesse raciocinar, Christopher a enlaçou pela cintura de maneira atrevida com o braço esquerdo, inclinou-se para a frente, hipnoticamente puxado por aqueles lábios convidativos...


De repente, ela virou a cabeça, jogou os ombros para trás e começou a correr os dedos pelo teclado com competência.


E com a bela voz de contralto e sem a menor timidez, entoou uma canção obscena de marinheiros.


Christopher se surpreendeu ao entender que Dulce tocava piano muito bem, talvez até melhor do que ele. Seus dedos corriam pelas teclas e não se atrapalhavam nos acordes complicados.


Enquanto cantava, ela o olhava por sobre o ombro desnudo com fisionomia astuta, provando que nem precisava olhar as teclas para executar a música.


Christopher jamais pensara em escutar essa canção dos lábios de uma mulher que se dizia filha de um cavalheiro.


Dulce continuou, mostrando que sabia vários versos, cada um pior do que o antecedente (como era tradição nas canções do mar) e determinada a cantar até o fim.


Ele não suspeitava o que ela desejava demonstrar. Estava quase certo de que ela pressentira que seria beijada. O fato de ela saber e ter evitado o beijo de propósito o irritava mais que o fingimento de que não sabia tocar piano. Isso o incomodava bastante. Sabia que ela gostava dele. Ela até admitira isso naquela manhã em que estavam no píer.


Então o que ela pretendeu, ao virar a cabeça no momento em que ele estava a ponto de beijá-la, para dar início a uma canção que falava de prostitutas e alcoviteiros, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo?


Ora, ele não a deixaria escapar impunemente.


Determinado, ele a enlaçou também com a mão direita, envolvendo-a com ambos os braços e inclinou-se para beijá-la. Com este beijo, pretendia arrancar seu fôlego e silenciar para sempre aquelas canções libertinas.



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Autor(a): leticialsvondy

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Seria uma incongruência sem tamanho dizer que Dulce se surpreendeu com o beijo de Christopher. Ela havia adivinhado sua intenção quando ele a olhou intensamente antes que ela começasse a tocar piano. E era preciso admitir que o coração de Dulce disparou e subiu à sua garganta ao pensar na boca que se aproximava. Ela não ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 18



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  • capitania_12 Postado em 02/02/2019 - 13:24:43

    Já acabou? Naaaaaaaaaao

  • capitania_12 Postado em 01/02/2019 - 22:09:16

    Aaaaaaah,continua logoooo

  • ana Postado em 30/01/2019 - 13:57:04

    Vc voltou *-*

  • ana Postado em 19/03/2018 - 00:51:59

    Poxa, abandonou? :(

  • wermelinnger Postado em 16/01/2018 - 12:43:33

    OIIII VAI POSTAR MAIS NAO??

  • wermelinnger Postado em 04/01/2018 - 09:07:31

    ah Deusss ele disse que estava apaixoando continuaa

  • wermelinnger Postado em 03/01/2018 - 15:13:30

    Continua... Leitora nova e estou amando.

  • heloisamelo Postado em 31/12/2017 - 17:54:01

    Contt 😍😍

  • Nat Postado em 06/10/2017 - 22:29:32

    Meu Deus! Tadinho do Hamish! Ai! Tomara que de certo! Esses dois... Tão lindinhos juntos! Pena que eles sempre se encontram quando alguma coisa não está bem! Não vejo a hora de eles darem o primeiro beijo! CONTINUA!!!^-^

  • millamorais_ Postado em 06/10/2017 - 09:30:10

    Esses dois... Essas brigas são vão fortalecer essa relação. Ele vai ajudá-la né? Continuaaa


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