Fanfics Brasil - Capítulo 15 (PARTE 3) A Dama da Ilha(adaptada)

Fanfic: A Dama da Ilha(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 15 (PARTE 3)

629 visualizações Denunciar


– Quando você foi trocar de roupa – Christopher explicou no mesmo tom hostil – e esqueceu de trancar a porta. Eu entrei... e vi.


Dulce teve a sensação de que alguém jogara um balde de água fria em suas costas. Ela o olhou, petrificada.


– Você foi...– os lábios não formigavam, mas estavam dormentes. – Você entrou... no “escritório”?


– Laboratório, você quer dizer? Sim, entrei. – Christopher reparou na expressão dela e fez uma careta. – Oh, não se preocupe. Não vi nem sinal de seus apontamentos. Mesmo se eu quisesse, não poderia roubar suas informações. E, acredite, elas não me interessam.


Dulce não podia acreditar. Estava tão pasma como se ele houvesse lhe dado um tapa. Ele invadiu o escritório particular de seu pai. Ninguém entrava ali, a não ser ela e o pai. E... Christopher Uckermann... estivera ali e... e...


– Nada tenho a ver com esse problema, Dulce, mas se é por isso que você arriscou sua reputação, voltando para a ilha contra a vontade de sua família, perambulando ao redor de sepulturas à noite, para ninguém saber o que estava fazendo, passando horas fechada naquele cubículo, analisando amostras de terra, tudo num esforço para provar uma teoria mirabolante de seu pai...


Dulce sentiu que as lágrimas se acumulavam em seus olhos. Santo Deus, o que estava acontecendo com ela? Não se permitiria chorar por causa das palavras do senhor sabe-tudo, não é? Ridículo! Pior ainda. Um absurdo!


– E o que você sabe a respeito da teoria de meu pai? – ela quis saber, agressiva. – Você pode entender muita coisa sobre seus trépanos, mas o que sabe sobre doenças e o modo como se propagam?


– O último homem que tentou introduzir uma teoria semelhante à de seu pai, foi motivo de chacota. – Christopher conservava uma expressão inescrutável. – Foi expulso do colegiado, e até então era uma voz respeitada na comunidade médica. Seu trabalho com o tifo foi considerado um dos melhores...


Christopher se interrompeu. Enquanto ele falava, Dulce enxugava furtivamente os olhos e rezava para que sua fisionomia não demonstrasse nenhum sofrimento.


Mas Christopher não continuou. Dulce soube o motivo quando passou os olhos por seu rosto e viu nele um súbito clarão de compreensão.


– Meu Deus – Christopher murmurou. – Aquele homem... o que tentou demonstrar que a cólera e o tifo não eram causados por miasmas era... seu pai?


Apesar do nó na garganta, Dulce inspirou fundo.


– Sim – ela confirmou com toda a dignidade que pôde reunir. – É meu pai.


Christopher, a seu favor, parecia envergonhado de si mesmo.


– Por isso ele deixou o país.


– É óbvio que não – Dulce se indignou. – Ele não se importava com o que os outros médicos diziam. Sabe que está certo, mas não pode provar. Foi embora pelo que lhe contei. Decidiu ir para a Índia, onde acredita que a cólera tenha se originado, e depois fará pesquisas sobre sua teoria. – Dulce deu uma risada amarga. – Claro, foi o que ele disse para nós. Mas se quer a verdade, doutor Uckermann, acho que ele partiu pela desilusão com a comunidade médica como um todo. Seu pessoal, com toda aquela empáfia...


– Eu nunca fui a nenhuma conferência de seu pai, nem soube exatamente qual era a teoria dele...


– Não se preocupe, acabará descobrindo. O equívoco foi ele ter antecipado os resultados, sem que tivesse as evidências necessárias. Ele desconfiou que havia descoberto um fato da maior relevância e acreditou que não apenas a comunidade médica mas o mundo inteiro precisava saber imediatamente a verdade. Mas ele não tinha provas. Ou, pelo menos, não o suficiente para satisfazer as mentes estreitas dos burocratas que controlam as grandes instituições médicas.


– Quando eu terminar o que estou fazendo em Skye – Dulce prosseguiu com firmeza – meu pai terá todas as provas necessárias para sustentar sua teoria, e todos aqueles homens que o desprezaram terão que admitir que, durante todo esse tempo em que poderiam ter evitado a propagação da doença, permitiram que ela se espalhasse, cada vez com mais gravidade, por causa de um orgulho estúpido...


– Dulce – Christopher a interrompeu – francamente, você não pode crer que alguém iria atacar uma teoria sabendo que ela poderia, como você argumenta, prevenir a disseminação de uma doença devastadora.


– Não posso? Mesmo que isso signifique que centenas de outros homens terão que admitir que estiveram enganados o tempo todo? Ah, sim, doutor Uckermann, acho que profissionais de sua área ou de qualquer outra seriam capazes de qualquer coisa para não parecerem tolos. E a teoria de meu pai faz com que pareçam idiotas. Eles ficaram apavorados e negaram o novo. E estou aqui, doutor Uckermann, para mostrar a eles o desatino que cometeram. Para provar a incorreção ao mundo. Para manter viva a teoria de meu pai.


Christopher sacudiu a cabeça. Ele parecia encontrar dificuldade para digerir as palavras de Dulce.


– Dulce. Estamos falando de cólera. Acho que, se soubesse, seu pai não haveria de querer a filha exposta a uma doença tão perigosa e inexplicável...


– Claro que não. – Dulce se impacientou. – Mas alguém tem que fazer isso. E por que não eu? Por ser mulher? Por favor, doutor Uckermann. Da primeira vez que nos encontramos, creio ter ficado evidente que as mulheres são tão capazes quanto os homens para prover curas. Em consequência, também podemos nos dedicar à pesquisa e à erradicação de doenças contagiosas. O senhor não concorda?


Dulce não ficou sabendo qual seria a resposta de Christopher. Naquele instante, eles ouviram passos no corredor. Um segundo depois, a figura imensa de Lorde Glendenning ocupou a entrada do salão de baile.


– Dulce? – ele chamou. Nisso, seus olhos se ajustaram à luz do candelabro que estrava sobre a caixa do piano.—Ah, você está aí. E com Uckermann, é claro.


Dulce olhou do conde para o médico. A tendência de Lorde Glendenning de afirmar o óbvio era exasperante.


– É verdade – foi tudo o que ela disse.


– Imagino – disse o conde com pesar – que você ainda está com raiva de mim.


Dulce revirou os olhos. Seria mesmo necessário testar sua paciência além dos limites em apenas uma noite?


– Milorde, não estou muito satisfeita com o senhor no momento.


– Foi o que pensei. – Lorde Glendenning parecia abatido. – Creio que prefere ir para casa com o doutor.


– Para ser franca, posso achar sozinha o caminho de casa. Portanto, cavalheiros, se quiserem me desculpar...


– Não!


Os dois homens, para espanto de Dulce, pularam diante dela, impedindo-a de passar.


– Eu a levarei na carruagem – Christopher se adiantou.


– A carruagem é minha – Glendenning se irritou. Eu a levarei.


Dulce olhou de um para outro. Naquele momento, ela não saberia dizer quem desprezava mais. Se era Glendenning, por tê-la feito de tola diante do ministro e esposa, ou se era Christopher que...


Na verdade, não tinha certeza se estava com raiva de Christopher. Ela só sabia que ele a fez sentir-se indecisa, pela primeira vez na vida, a respeito de si mesma e de suas metas. Sabia que seus objetivos eram admiráveis e valorosos. Talvez não fossem parecidos com os de outras jovens de sua idade, que, por sua vez, não tinham a curiosidade que a angustiava nem a sede de conhecimento e de provas científicas que a perturbavam.


Por outro lado, graças aos beijos de Christopher, ela começava a ver que os mistérios do coração podiam ser tão perturbadores quanto os da ciência. E que a ciência podia não ser tão satisfatória em suas resoluções.


Porém um fato permanecia. Tinha uma tarefa muito importante a cumprir e não deixaria que seus sentimentos por Christopher Uckermann, ou por qualquer outro, se interpusessem entre ela e seu objetivo.


– Ambos podem me levar – ela disse num tom de aspereza – para casa.


E, para grande aborrecimento de Dulce, os dois fizeram isso.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): leticialsvondy

Este autor(a) escreve mais 15 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

-Falta só um pouco – a criança assegurou. Christopher Uckermann anuiu. Ele não prestava a menor atenção no lugar aonde ia nem no que estava fazendo. Seus pensamentos se concentravam em Dulce Saviñon. E isso era uma constante. Dulce permanecia em sua mente de uma maneira ou de outra. Quando mandava um paciente para ele &ndash ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 18



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • capitania_12 Postado em 02/02/2019 - 13:24:43

    Já acabou? Naaaaaaaaaao

  • capitania_12 Postado em 01/02/2019 - 22:09:16

    Aaaaaaah,continua logoooo

  • ana Postado em 30/01/2019 - 13:57:04

    Vc voltou *-*

  • ana Postado em 19/03/2018 - 00:51:59

    Poxa, abandonou? :(

  • wermelinnger Postado em 16/01/2018 - 12:43:33

    OIIII VAI POSTAR MAIS NAO??

  • wermelinnger Postado em 04/01/2018 - 09:07:31

    ah Deusss ele disse que estava apaixoando continuaa

  • wermelinnger Postado em 03/01/2018 - 15:13:30

    Continua... Leitora nova e estou amando.

  • heloisamelo Postado em 31/12/2017 - 17:54:01

    Contt 😍😍

  • Nat Postado em 06/10/2017 - 22:29:32

    Meu Deus! Tadinho do Hamish! Ai! Tomara que de certo! Esses dois... Tão lindinhos juntos! Pena que eles sempre se encontram quando alguma coisa não está bem! Não vejo a hora de eles darem o primeiro beijo! CONTINUA!!!^-^

  • millamorais_ Postado em 06/10/2017 - 09:30:10

    Esses dois... Essas brigas são vão fortalecer essa relação. Ele vai ajudá-la né? Continuaaa


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais