Fanfic: A Dama da Ilha(adaptada) | Tema: Vondy
-Falta só um pouco – a criança assegurou.
Christopher Uckermann anuiu. Ele não prestava a menor atenção no lugar aonde ia nem no que estava fazendo. Seus pensamentos se concentravam em Dulce Saviñon.
E isso era uma constante. Dulce permanecia em sua mente de uma maneira ou de outra.
Quando mandava um paciente para ele –, como havia prometido que faria; aliás, ela havia mantido a palavra sobre tudo o que haviam combinado – ou quando via algo que o fazia lembrar-se dela, o que acontecia com frequência.
E, para perturbá-lo ainda mais, tudo lhe recordava Dulce, apesar de ela o ter rejeitado. Bolhas e carbúnculos, com certeza. Machucados que precisavam de unguento e feridas pustulentas. Essas lembranças seriam naturais e justificáveis.
Mas, nos últimos dias, vinha sofrendo de um transtorno diferente. Pensava em Dulce quando via uma calhandra voando ou uma prímula nascendo pela fissura entre duas pedras, da mesma forma quando enfrentava uma doença preocupante. O que estaria por trás desse sentimentalismo piegas? E ainda mais por uma jovem de quem não gostava – ele havia se convencido disso –, a despeito da forte e inexplicável atração física que sentia por ela.
No entanto, era isso que acontecia. Ele via o rosto de Dulce ao olhar a sopa que fervia e ao encontrar rebarbas nas meias. À noite, se fitava o fogo antes de adormecer. Ao acordar pela manhã e ver os raios de sol penetrando pelas janelas.
Para ser honesto, admitiu que pensava em Dulce o tempo inteiro.
O que ele considerava natural, devido às circunstâncias. Não havia finalmente entendido que Natália não era a mulher certa para ele? Havia um lugar vago em seu coração que precisava ser ocupado.
Ele poderia preencher esse vazio voltando para Londres. Aquela cidade, ao contrário dessa madita ilha de pedra, era plena de atrações e de jovens descomprometidas. E como passou a não se importar mais com a opinião que Natália tinha sobre ele, não haveria vergonha nenhuma em voltar.
Então por que não começava a fazer planos para partir?
Christopher conhecia a resposta... e ela não lhe agradava. Ele sabia por que ainda não sairia de Skye e que isso nada tinha a ver com Natália.
Nem era inteiramente por causa de Dulce. Lyming o envolvia cada vez mais e estava se tornando sua casa. O tagarelar das crianças que saíam da escola e passavam pelas janelas do dispensário; a imensidão do céu que se estendia sem limites sobre sua cabeça, sem ser interrompida por chaminés ou telhados; o ar límpido e com forte cheiro de maresia, em contraste com a fumaça sufocante de Londres. Depois de acostumar-se com aquele esplendor, apavoravam a ideia de retornar para o lugar onde nasceu.
Entretanto ele ia ter que acabar voltando. Não poderia passar o resto da vida em Skye. Era o marquês de Stillworth. Seu compromisso de fidelidade com as pessoas de Londres era anterior ao compromisso com o povo de Skye. Embora os fazendeiros arrendatários de Stillworth Park não precisassem dele como os aldeões de Lyming.
Os aldeões tinham Dulce, ele afirmava para si mesmo. Tudo estava bem com eles sob as asas de Dulce, antes de ele pisar em Skye. E assim continuaria sendo, depois que ele fosse embora.
Contudo, ele próprio não acreditava nisso.
Supunha que teria que ser grato a Dulce por ela não o haver estapeado, apesar de estar em seu direito de fazê-lo. Ele havia sido grosseiro naquela noite no castelo de Glendenning. Ainda não conseguia entender o que havia acontecido com ele. Nunca perdera o controle daquela maneira.
Estava consciente de que sentia forte atração por Dulce. Ninguém podia negar que ela fosse uma jovem muito atraente. O que não era desculpa para seu comportamento inexplicável no jantar de Lorde Glendenning. Ele agiu com absoluta falta de decoro, atitude digna de Pearson.
Ou pior, de Shelley. Aqueles dois não teriam o menor escrúpulo em se comportar de modo indecente com uma jovem ao piano.
Christopher nunca havia feito algo parecido. Dulce, apesar de sua autossuficiência, era uma jovem inocente de quem ele se aproveitara. Ela não contava com ninguém para protegê-la de pessoas estúpidas como ele, que atacavam jovens indefesas.
E, mesmo sabendo disso, ele se lançou sobre ela com uma persistência brutal, semelhante à de Lorde Glendenning.
Era uma irracionalidade. Morar tão longe da civilização o transformou num selvagem do calibre de Alfonso Herrera? O que aconteceria em seguida? Ele começaria a usar kilt e engravidaria garçonetes?
– É logo depois da curva – a criança o informou, olhando para trás. Pela estado imundo daquela criança, não dava para distinguir seu sexo.
Christopher nunca a vira, embora achasse que conhecia todas as crianças pela distribuição de balas que fazia no dispensário. A que estava com ele não devia ir à escola da aldeia com regularidade. O professor era rigoroso, mas sem maldade, e certamente a ou o teria mandado direto para Christopher, a fim de tirar os piolhos.
– Está certo. – Christopher respondeu para mostrar que ainda estava no jogo. O menino ou menina, não fora muito coerente ao explicar para que precisavam dele. A criança pronunciara várias vezes a palavra “mãe”, e Christopher esperava que não se tratasse de um parto de emergência.
Preferia que esses casos fossem destinados a Dulce. No entanto, não havia escolha. Na verdade, era um milagre que ela continuasse lhe mandando pacientes depois do que ele fez. Entrar naquele escritório tão precioso para ela que aquilo ofendera mais do que ele ter deslizado a mão para dentro daquele decote.
Procurou se redimir lhe entregando a carta da amiga, sem o conde perceber, durante o trajeto dos três até a cabana. Pelo menos foi uma tentativa de lhe agradar.
O que não teve o menor efeito. Era evidente que ele não devia ter dito nada a respeito daquele maldito escritório. Mas ele ficara tão ferido, quando ela o fitou com aqueles imensos olhos azuis e perguntou que proveito havia naquilo, ou seja, os dois terem ficado juntos.
Mesmo agora ainda sentia raiva só de pensar naquilo. “Que proveito havia naquilo? O que ela estava pensando?”
Se bem que ele poderia se colocar na posição de Dulce. O que ele pretendia? Dulce Saviñon jamais se tornaria amante de um homem, mesmo que o médico de uma aldeia do tamanho de Lyming pudesse ficar impune por coabitar com uma amante, o que certamente não aconteceria. E casamento estava fora de questão. Ele acabara de escapar de ser algemado, e toda noite agradecia à sua estrela da sorte.
Mas depois daquele beijo que o marcou como ferro em brasa... as ideias de Christopher sobre o casamento começaram a ser reavaliadas. O matrimônio com uma jovem que beijava com o entusiasmo de Dulce Saviñon – e que não se queixou por ele haver desmanchado seus cabelos nem por ele não estar barbeado – poderia ser bem diferente de uma união com Natália Teles...
Todavia, Dulce não considerava as vantagens desse casamento. Presa naquela pesquisa a respeito do cólera, não lhe sobrava tempo para mais nada. Não tinha as preocupações normais das jovens de sua idade: vestidos, festas e namorados. Ah, ela decerto não se importava com nenhum desses três itens. Tinha certeza de que Dulce nunca fora beijada, pelo menos não com sua anuência.
Contudo, a reação de Dulce foi para o bem. Suas restrições com relação à aristocracia e o envolvimento de um de seus membros com a medicina não a deixariam satisfeita. Ela se revoltaria ao saber que ele era um marquês, além de médico. O que ele imaginou? Que o oitavo marquês de Stillworth se casaria com uma jovem meio selvagem que conheceu nas Hébridas?
Ora, aquilo seria o fim do mundo. Nem queria imaginar o que sua mãe diria, se ele voltasse para Londres com Dulce como a nova Lady Stillworth, muito embora aqueles olhos azuis na certa obscurecessem as safiras Stillworth. Ela pareceria a rainha Boadiceia, com as pedras azuis em volta do longo pescoço alvo.
Suas irmãs teriam acessos de raiva ao ver a cabeleira ruiva e rebelde de Dulce – isso sem mencionar o hábito de tomar uísque no gargalo, quando provocada – e quanto a Pearson e Shelley, bem, não havia como prever o quanto aqueles dois falariam sobre a inadequação da esposa do marquês de Stillworth.
Mesmo assim, uma esposa como essa não o desagradaria. Quando ela não falava sobre suas ideias malucas de provar a maldita teoria do pai em relação ao cólera e sua propagação, Dulce era racional, inteligente, bem-humorada e adorável. Deus era testemunha do quanto ela era adorável. Beijá-la naquela tarde fora um dos acontecimentos mais extraordinários de sua vida. E beijar para ele já não era nenhuma novidade há algum tempo.
A experiência não importava, quando havia tanta efusão de sentimentos puros e não disfarçados. Christopher sentiu as ondas de emoção que emanavam de Dulce quando a beijou, mas supunha que seria arrogância chamar aquilo de amor...
Autor(a): leticialsvondy
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Embora tivesse certeza que não houve desinteresse. Teria sido apenas desejo? Dulce era uma jovem muito ardente e maldito era o seu destino por ter caído no caminho dela. Ora, pouco importava. O que havia se passado entre os dois já terminara. A confirmação estúpida do que fez se encarregara disso. Christopher vira o santuário ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 18
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capitania_12 Postado em 02/02/2019 - 13:24:43
Já acabou? Naaaaaaaaaao
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capitania_12 Postado em 01/02/2019 - 22:09:16
Aaaaaaah,continua logoooo
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ana Postado em 30/01/2019 - 13:57:04
Vc voltou *-*
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ana Postado em 19/03/2018 - 00:51:59
Poxa, abandonou? :(
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wermelinnger Postado em 16/01/2018 - 12:43:33
OIIII VAI POSTAR MAIS NAO??
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wermelinnger Postado em 04/01/2018 - 09:07:31
ah Deusss ele disse que estava apaixoando continuaa
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wermelinnger Postado em 03/01/2018 - 15:13:30
Continua... Leitora nova e estou amando.
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heloisamelo Postado em 31/12/2017 - 17:54:01
Contt 😍😍
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Nat Postado em 06/10/2017 - 22:29:32
Meu Deus! Tadinho do Hamish! Ai! Tomara que de certo! Esses dois... Tão lindinhos juntos! Pena que eles sempre se encontram quando alguma coisa não está bem! Não vejo a hora de eles darem o primeiro beijo! CONTINUA!!!^-^
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millamorais_ Postado em 06/10/2017 - 09:30:10
Esses dois... Essas brigas são vão fortalecer essa relação. Ele vai ajudá-la né? Continuaaa