Fanfics Brasil - Capítulo 16 (PARTE 2) A Dama da Ilha(adaptada)

Fanfic: A Dama da Ilha(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 16 (PARTE 2)

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Embora tivesse certeza que não houve desinteresse. Teria sido apenas desejo? Dulce era uma jovem muito ardente e maldito era o seu destino por ter caído no caminho dela. Ora, pouco importava. O que havia se passado entre os dois já terminara. A confirmação estúpida do que fez se encarregara disso. Christopher vira o santuário de Dulce – o local onde ela fazia a grande pesquisa para provar a teoria ridícula do pai – o que, para ela, foi um pecado imperdoável. Como se ele quisesse roubar aquela droga. Se abrisse a boca sobre o assunto, Christopher Uckermann seria motivo de escárnio por parte dos colegas do Royal College of Physicians.


E o que mais poderia ter feito? Pareceu a coisa mais natural do mundo entrar no cubículo que ela havia deixado destrancado, enquanto estava ocupava no outro lado da casa.


Teve um desapontamento profundo ao encontrar apenas alguns mapas de Lyming nas paredes, com marcas enigmáticas espalhadas e poucos diários. Nenhum monstro. Nem mesmo um esconderijo de ópio. Apenas os rabiscos indecifráveis de uma cientista possivelmente maluca.


Mesmo assim, ele não deveria ter tocado no assunto. Agora Dulce não falava mais com ele.


Embora tivesse que admitir, mais uma vez, que foi para melhor. O simples fato de beijá- la o levou a níveis tão altos de paixão que esqueceu de tudo e chegou a tentar... Acreditava que se Dulce não o tivesse impedido, ele a teria deflorado ali mesmo, junto do piano. Era muito mais seguro ficarem afastados um do outro.


– Por aqui – afirmou a criatura sem sexo que estava diante dele.


Christopher, montando a égua emprestada por Lorde Glendenning – um animal manso e bem acostumado às subidas pedregosas por onde Christopher tinha que passar a cada dia para atender aos chamados – teve que abaixar a cabeça para passar sob uma saliência rochosa que, aparentemente, dava acesso à casa da criança.


E era isso mesmo, se é que poderia ser chamada de casa. Uma choça mal-ajambrada, cujo telhado era feito – se Christopher não se enganava – com placas de pedra separadas por turfa, situada no centro de uma ravina, entre duas enormes formações rochosas. Os moradores certamente estavam protegidos de ataques, mas não apenas pela localização tão escondida. O cheiro, mesmo àquela distância, era tão forte que teria evitado a aproximação do bárbaro mais afoito. Refugo humano misturado com, salvo engano, uísque. Ora, e não era o máximo? O pai da criança ainda tinha uma destilaria em casa.


Era um verdadeiro milagre que o local ainda não tivesse explodido.


– Você mora aqui? – Christopher perguntou a seu guia, esperando que a criança dissesse que ali era o chiqueiro, pois alguns porcos fuçavam um pátio sem grama.


– Moro – a criança respondeu, olhando para Christopher como se ele fosse um idiota.


Com o coração apertado, Christopher anuiu com um gesto de cabeça, e a criança desceu correndo a ladeira rochosa.


– Mãe! Mãe! O doutor está aqui!


Não houve sinal de que alguém tinha ouvido os gritos da criança. De uma chaminé malfeita no meio do teto de pedra saía fumaça. Havia gente na casa. Christopher notou que o bom tempo da manhã estava para mudar, com o céu escuro e um frio incomum para a primavera. Deu um suspiro e apeou da montaria. Quando pegou a maleta que amarrara na sela, sentiu as primeiras gotas de chuva na nuca.


– Ah – ele disse para o animal, que começara a comer as ervas daninhas da base das rochas. – Que ótimo.


A criança entrou na choupana. Christopher a seguiu, sombrio, imaginando se um telhado de pedra pregado com turfa suportaria a chuva de Skye, tão diferente da garoa londrina. A chuva na ilha de Skye era mais intensa e fria do que qualquer outra que ele já havia visto. Supôs que fosse pela atmosfera límpida e a pouca quantidade de carvão queimado na ilha que não chegava a poluir o ar com fumaça causticante e gases nocivos.


O fato de a chuva ser inócua não lhe serviu de consolo quando a sentiu na aba do chapéu.


– Olá? – ele chamou da entrada baixa na qual, em vez de porta, estava pendurada uma manta rústica. Como não havia madeira onde bater, Christopher tornou a chamar. – Olá, tem alguém aí? É o doutor Uckermann...


Christopher ouviu um murmúrio que poderia ser a palavra “entre”, afastou o pano velho e abaixou a cabeça para entrar.


Foram precisos alguns instantes para que a visão se acostumasse à penumbra do casebre.


O que viu parecia ser uma mulher idosa rodeada por meia dúzia de crianças, que choravam, umas enroladas em trapos e outras sem nada. Havia um cheiro forte de mingau queimado. As crianças menores estavam até sem fraldas, o que explicava o fedor no ambiente.


Christopher pensou com certo remorso nas casas confortáveis de seus pacientes em Mayfair, nas poltronas de couro em que ele descansava e no xerez que lhe serviam.


– O que está havendo, senhora? Uma das crianças está doente?


Sua guia – Christopher achou que fosse menina, pelos cabelos bem mais compridos do que os de outras crianças, que eram meninos – se afastou das chamas quase apagadas, foi até a entrada e ergueu a manta. Um pouco da luz cinzenta iluminou o interior da choupana. Foi o suficiente para que ele notasse que a mulher em volta da qual as crianças estavam reunidas tinha um corte no lábio, que estava roxo e inchado, e um ferimento igual acima do olho esquerdo.


Christopher começou a murmurar que havia se metido em uma péssima situação, mas usando linguagem que não devia ser dita diante de uma mulher e de crianças, mas se deteve a tempo.


– Ah, estou vendo. Você – ele falou para a menina que estava na entrada – continue segurando o cobertor para trás. Existe aqui um lugar que tenha água limpa e uma vasilha para carregá-la?


A criança anuiu com seriedade.


– Muito bem – disse Christopher. – Será que você poderia pedir a algum de seus irmãos ou irmãs para fazer isso?


– Dorcas – chamou, e a menina obedeceu –, você o ouviu. Traga o balde.


Uma das crianças menos mal-vestidas, que ficou escondida atrás da mãe, saiu da choça, levando com ela um balde sujo e dois irmãos.


Christopher supôs que não adiantaria pedir panos para limpar o sangue da mulher. Se houvesse algum, já devia ter sido usado como fralda para os irmãos mais novos. Resignado, Christopher deixou a maleta sobre uma superfície que deveria ser a mesa de refeições – se é que algumas crostas comidas por larvas fosse alguma indicação – e tirou de dentro algumas esponjas.


– Muito bem. – Ele se ajoelhou ao lado da mulher. – Vamos ver o que temos aqui. De perto e com a vista acostumada à obscuridade, notou que a mulher não era tão velha como parecia. Talvez fosse até mais nova do que ele. A coitada o olhava como quem pedisse desculpas.


– Eu disse para ela não o chamar – disse a mulher falou, sem muita coerência. Faltavam lhe alguns dentes, mas não pareciam ter sido arrancados recentemente.


– Ainda bem que ela não lhe obedeceu – Christopher respondeu e limpou com cuidado o sangue do lábio da mulher, com esperança de determinar a profundidade do corte. – Pensei que conhecesse todos os residentes de Lyming, mas vejo que estava errado. Eu nunca a encontrei, não é?


Ela sacudiu a cabeça, o que dificultou para Christopher continuar a limpeza.


– Nós não podemos pagar – disse ela, angustiada. – Nós não podemos pagar o doutor.


– Está certo – Christopher disse. – Fique quieta... acho que vai precisar de alguns pontos acima do olho. É um corte feio. Posso lhe perguntar como aconteceu?


– O doutor não ouviu? Não podemos pagar.


– E eu disse que está certo. Quer me fazer um favor e seguir meu dedo com os olhos? Não mova a cabeça. Apenas os olhos. – Christopher segurou o indicador diante do rosto da mulher e


observou-lhe o olhar. – Bom. Agora, senhora... não sei seu nome.


– Mackafee.


Christopher arqueou as sobrancelhas. Ouvira falar nos Mackafee. Mas onde? Ah... Na primeira noite em que passou no bar em Lyming, Christopher ouvira Adam MacAdams chamar alguém de Mackafee, só que não era o nome do camarada. MacAdams fizera uma espécie de brincadeira, porque o sujeito não tinha saído para pescar naquele dia, por estar adoentado. Christopher percebera que, em Lyming, uma pessoa preguiçosa ou sem iniciativa era chamada de Mackafee.


Por razões que começavam a ficar muito claras para Christopher. Ele fez os curativos, e as crianças voltaram com a água. Permaneceram ali em volta dele e o fitavam como se ele fosse um tigre enjaulado num zoológico.


E com o passar dos minutos, Christopher se sentiu mesmo como um tigre. Aquela mulher e seus filhos viviam em condições atrozes. Eles não tinham roupas adequadas, nem comida suficiente.


Havia goteiras no teto e não se via sinal de banheiro. E mais, no exame que fez na mulher, ele constatou que ela estava grávida novamente.


Aquilo não era o pior de tudo. A senhora Mackafee contou que seus ferimentos tinham sido causados por uma queda, mas Christopher não duvidava de que ela recebeu socos no lábio inchado e no olho roxo. E que foi o marido que a agrediu.


Ele não mencionou a suspeita em voz alta, até na hora de ir embora. Instruiu a pequena Dorcas e sua irmã sobre como cuidar dos ferimentos da mãe.


– Este unguento tem que ser aplicado duas vezes ao dia, e os ferimentos devem ser mantidos limpos, entenderam? Se ela se sentir mal ou ficar tonta, venham me avisar imediatamente. – Depois abaixou o tom de voz e perguntou para a menina que fora buscá-lo e que se chamava Shannon: – Preciso saber o que aconteceu com o rosto dela. Foi seu pai?


– Sim – a garota respondeu, de cabeça baixa.


– Está bem. – Christopher pôs a mão no pequeno ombro ossudo. – Você fez bem em ir me chamar. Escute, você sabe o que é isso?


A menina olhou o soberano de ouro que Christopher colocou na palma suja de sua mão miúda.



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Autor(a): leticialsvondy

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– Sei – ela sussurrou. – Ótimo. Quero que chame alguns de seus irmãos, menos Dorcas. Deixe-a aqui para cuidar de sua mãe e vá até a cidade procurar a senhora Murphy. Ela é a dona da taverna perto do atracadouro... A menina anuiu com energia. – Conheço a senhora Murphy . Ela nos dá pão a ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 18



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  • capitania_12 Postado em 02/02/2019 - 13:24:43

    Já acabou? Naaaaaaaaaao

  • capitania_12 Postado em 01/02/2019 - 22:09:16

    Aaaaaaah,continua logoooo

  • ana Postado em 30/01/2019 - 13:57:04

    Vc voltou *-*

  • ana Postado em 19/03/2018 - 00:51:59

    Poxa, abandonou? :(

  • wermelinnger Postado em 16/01/2018 - 12:43:33

    OIIII VAI POSTAR MAIS NAO??

  • wermelinnger Postado em 04/01/2018 - 09:07:31

    ah Deusss ele disse que estava apaixoando continuaa

  • wermelinnger Postado em 03/01/2018 - 15:13:30

    Continua... Leitora nova e estou amando.

  • heloisamelo Postado em 31/12/2017 - 17:54:01

    Contt 😍😍

  • Nat Postado em 06/10/2017 - 22:29:32

    Meu Deus! Tadinho do Hamish! Ai! Tomara que de certo! Esses dois... Tão lindinhos juntos! Pena que eles sempre se encontram quando alguma coisa não está bem! Não vejo a hora de eles darem o primeiro beijo! CONTINUA!!!^-^

  • millamorais_ Postado em 06/10/2017 - 09:30:10

    Esses dois... Essas brigas são vão fortalecer essa relação. Ele vai ajudá-la né? Continuaaa


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