Fanfic: A Dama da Ilha(adaptada) | Tema: Vondy
– O que houve, senhorita Dulce? – A mulher estava preocupada. – Ele a desrespeitou? – Ela fitou Christopher com reprovação. – Tenha modos, senhor. Este é um estabelecimento respeitável, e não quero ver meus visitantes insultados. Agradeço sua boa vontade por haver carregado Stuben até aqui, mas isso não lhe dá o direito de desrespeitar a senhorita Dulce...
– Ouça bem, senhora – disse Christopher, surpreso. – Não encostei um dedo na senhorita Dulce e sinto-me ofendido com a insinuação de que me comportei de maneira que possa ser considerada desagradável...
Ele parou de falar quando a parte supostamente ofendida tirou a garrafa de uísque das mãos da mulher mais velha e bebeu – com os mesmos belos lábios que haviam proferido aqueles palavrões – um gole generoso da boca da garrafa.
Christopher nunca vira uma mulher beber uísque, quanto mais do gargalo de uma garrafa.
Natália ocasionalmente bebia vinho e nada mais forte, e sempre numa taça de cristal.
Ainda assim, embora estivesse chocado, o fato não lhe desagradou. Esse era o comportamento que se podia esperar de alguém que tinha o infortúnio de se chamar Dulce.
Ela tirou a garrafa da boca e devolveu-a para a proprietária da taverna.
– Perdoe-me, senhora Murphy – ela disse sem se mostrar envergonhada. – Não foi esse aí. Foi ele novamente.
A senhora Murphy parecia aborrecida não pelos modos de Dulce, mas pela informação que recebera.
– Ah, querida.
– É melhor eu ir embora... – Ela fechou a capa, para desapontamento de Christopher, que não podia mais apreciar suas belas coxas – ...e ver se posso dar um jeito nisso.
– Oh, Deus. – A senhora Murphy inspirou fundo. – Francamente, senhorita Dulce, acho que não deve ir sozinha...
– Nada me acontecerá. – disse ela, sacudindo os cabelos ruivos. – Mantenha o senhor Stuben aquecido, mas com chá e não com uísque. Entendeu, senhora Murphy?
– Entendi – a outra murmurou. – Tenha cuidado, senhorita Dulce. A neblina está muito densa e o vento, gelado.
Dulce fez um gesto de pouco-caso com a mão.
– O doutor Uckermann parece estar precisando de um uísque – foi seu último comentário antes de apontar Christopher com a linda cabeça, enquanto se dirigia para a porta. – E ele também necessita de uma camisa seca, se a senhora encontrar uma grande o suficiente.
Christopher imaginou que fora brevemente demitido.
– Eu disse... – ele gritou. – Ainda não acabei... – a porta da Lebre Ferida bateu com força – ...de falar com a senhorita.
– Não se importe com a senhorita Dulce – disse a senhora Murphy em tom maternal. Ela se aproximou e finalmente pôs a manta nos ombros dele. – Agora cuidaremos do senhor e o secaremos. O senhor deve estar congelando. A senhorita Dulce tem razão ao dizer que será difícil encontrar na aldeia uma camisa grande o suficiente para seu tamanho... exceto as de Lorde Glendenning, mas ele não tem por costume emprestar as camisas. Tome um copo de uísque para se aquecer até que suas roupas sequem. – Ela serviu a bebida da mesma garrafa que Dulce havia bebido. Christopher pegou o copo sem perceber. Seu pensamento estava na jovem que havia partido tão de repente. Ele limpou o vapor condensado da vidraça com uma ponta da manta e viu-a montar em uma égua cinzenta cujas pernas eram pouco mais longas que as de Dulce.
Ele nunca havia visto uma mulher cavalgar com uma perna de cada lado. Na verdade, conhecera poucas cavaleiras. Sua mãe e irmãs preferiam usar uma carruagem para ir ao parque e voltar. E Natália tinha horror a cavalos. Não sabia montar e sequer tinha traje de montaria.
Bem, a amazona Dulce também não usava traje de montaria, nem montava de lado como as mulheres. Ela cutucou a égua com os calcanhares e, de repente, a amazona e sua montaria desapareceram no nevoeiro.
– Como a rainha Boadicéia* – disse Christopher, exprimindo em voz alta, sem querer, seu encanto.
– É verdade – a senhora Murphy respondeu sem entusiasmo. – Como o senhor disse. Afinal, o senhor pretende separar-se de suas calças ou elas se tornaram parte de sua pele? Se quiser me dar suas botas, pedirei a Nancy que as recheie. Assim o couro não perderá o belo formato.
Christopher se sentou e, sem hesitar, começou a tirar o calçado.
– Quem é aquela mulher? – ele perguntou. – Ela não é daqui, é?
– Está se referindo à senhorita. Dulce? – A senhora Murphy viu que ele tinha dificuldade para tirar as botas. Abaixou-se e levantou um dos pés dele.
– Ela nasceu em Londres, não é?
A bota foi solta com um grande barulho de sucção. A senhora Murphy desequilibrou-se para trás e um jato de água do mar saiu do calçado que antes fora bonito.
– Sinto muito – Christopher se desculpou ao ver a poça de água no chão. – Se a água causar um dano permanente, pagarei pelo prejuízo. Então, ela é de Londres?
A senhora Murphy mandou que duas de suas criadas limpassem o chão. Sem aparentar que ouvira a pergunta, começou a tirar a outra bota.
– Ela é de Hampstead, não é? – Christopher tirou alguns apontamentos da carteira.
A segunda bota saiu, e as criadas se apressaram em limpar a água que se espalhava.
Christopher mexeu os dedos quase congelados dentro das meias molhadas.
“O que uma jovem de Hampstead estaria fazendo aqui?”, ele se perguntou. “Seria casada com um sujeito da região? Mas por que então a chamavam de senhorita Dulce?”.
Não que isso lhe importasse. Não estava naquela ilha para desvendar o estado civil de mulheres que tinham a má sorte de chamar-se Dulce... Mesmo que fossem muito bonitas, vestissem calças e montassem de pernas abertas. Ainda mais uma que demonstrara antipatia por ele. E que era tão segura de si.
Nada disso. Estava naquela ilha para provar à ex-noiva que não era nenhum amador nas artes médicas. Tinha as melhores intenções, pretendia salvar vidas. Por isso abandonou sua clínica em Londres, onde seus pacientes tinham o hábito frustrante de adoecer com males que não lhes ameaçavam a vida. Como poderia provar a seriedade de seu compromisso com a profissão médica, se não havia doentes para serem salvos?
Por Deus, ele haveria de provar competência, nem que tivesse que aturar mil senhoritas Dulce...
– Lyming – a dona da Lebre Ferida anunciou.
– Como? – Christopher olhou para a mulher.
– A senhorita Dulce. – A senhora Murphy anuiu. – Ela nasceu e foi criada aqui.
Christopher não ocultou o espanto.
– Ela é de Lyming?
– É. – A mulher parecia não ter entendido o assombro dele.
Foram necessários alguns segundos para Christopher digerir a informação. Então não conteve a curiosidade.
– Como isso é possível? Ela é muito bem-educada e tem conhecimentos médicos. Ora, ela é muito jovem para ser parteira, não é? Ela não deve ter mais de vinte anos. A senhora Murphy ouvia tudo atentamente, mas não parecia disposta a responder. Em vez disso, ela lhe fez uma pergunta.
– Senhor Uckermann, onde está sua arca? Talvez possamos encontrar nela uma camisa. E uma muda de calças.
A questão bem colocada o distraiu do interrogatório que pretendia continuar.
– Tenho uma na barca, além de algumas sacolas com equipamentos médicos. Talvez fosse melhor levar tudo direto para a casa.
– Casa, senhor? – A mulher se espantou.
– Sim, senhora. Lorde Glendenning escreveu que a moradia estava incluída no cargo. Disse que se tratava de uma casa. Ou melhor, creio que ele citou uma cabana. Cabana do Riacho, é isso.
As moças que limpavam o chão se detiveram de imediato, igualmente surpresas.
– O senhor tem certeza de que ele disse Cabana do Riacho? – A senhora Murphy o fitou com incredulidade.
– Absoluta – Christopher confirmou. – Lembro-me de ter estranhado o nome curioso e ter esperança de que o local fosse perto de um rio, caso a moradia estivesse sujeita a incêndios.
Só ele riu. Ou ninguém tinha senso de humor ou seu comentário não tinha graça. Na verdade, Natália sempre insistira em que suas gracinhas eram, na maioria das vezes, inoportunas, e talvez aquela fosse uma dessas ocasiões. As criadas, após um olhar severo da patroa, levantaram-se e trataram de voltar às funções habituais de servir os fregueses. Stuben já vestira roupas secas, que provavelmente eram guardadas na taverna prevendo acidentes como os daquele dia.
– Não se preocupe, senhor – disse a senhora Murphy com um sorriso bondoso. – A cabana é adorável, mas...
– Ora, senhora. É evidente que falta esclarecer algo. O local está condenado? Ouvi falar da epidemia de cólera que atingiu a ilha no verão passado. A Cabana do Riacho ficou de quarentena?
– Não, não – a senhora Murphy apressou-se a responder. Não foi bem isso. É que...
– Vamos lá, Moira. Conte para ele – um dos homens gritou do bar.
– É que... – a senhora Murphy estava hesitante. – É muito tarde irmos para lá agora, pois o nevoeiro está muito intenso. Mandarei alguém buscar suas coisas, e o senhor passará esta noite aqui. Anahí ficará com Maeve, não é?
Anahí, com a grande barriga sob o avental sujo, revirou os olhos em resposta e começou assubir uma escada em mau estado que ficava nos fundos.
Autor(a): leticialsvondy
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– Escute – disse Christopher, assustado. – Não há necessidade de a senhorita... senhora Anahí mudar de cama. Não pretendo dar trabalho. – Claro que não. – A senhora Murphy parecia alarmada com a sugestão. – Não há problema se Anahí mudar de cama. – Isso é o q ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 18
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capitania_12 Postado em 02/02/2019 - 13:24:43
Já acabou? Naaaaaaaaaao
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capitania_12 Postado em 01/02/2019 - 22:09:16
Aaaaaaah,continua logoooo
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ana Postado em 30/01/2019 - 13:57:04
Vc voltou *-*
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ana Postado em 19/03/2018 - 00:51:59
Poxa, abandonou? :(
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wermelinnger Postado em 16/01/2018 - 12:43:33
OIIII VAI POSTAR MAIS NAO??
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wermelinnger Postado em 04/01/2018 - 09:07:31
ah Deusss ele disse que estava apaixoando continuaa
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wermelinnger Postado em 03/01/2018 - 15:13:30
Continua... Leitora nova e estou amando.
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heloisamelo Postado em 31/12/2017 - 17:54:01
Contt 😍😍
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Nat Postado em 06/10/2017 - 22:29:32
Meu Deus! Tadinho do Hamish! Ai! Tomara que de certo! Esses dois... Tão lindinhos juntos! Pena que eles sempre se encontram quando alguma coisa não está bem! Não vejo a hora de eles darem o primeiro beijo! CONTINUA!!!^-^
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millamorais_ Postado em 06/10/2017 - 09:30:10
Esses dois... Essas brigas são vão fortalecer essa relação. Ele vai ajudá-la né? Continuaaa