Fanfic: A Dama da Ilha(adaptada) | Tema: Vondy

Se bem a conhecia, a hesitação de Dulce nada tinha a ver com raiva de si mesma pelo que haviam feito. Christopher desconfiava que por trás das pálpebras fechadas – ela fingia dormir –acontecia alguma espécie de cálculo mental rápido. Ela devia estar pensando em como evitar a união com ele, para ficar naquela maldita ilha com todos aqueles infelizes Mackafee, Anahís, e curá-los na próxima epidemia de cólera. A ideia de Dulce estava estampada em seu rosto!

Haveria uma mulher como ela, desde que o mundo era mundo? Christopher supôs que a rainha Boadiceia era a que mais se aproximava do gênero. Talvez também a rainha Esther. Deus que o amparasse e protegesse dessas rainhas fascinantes, porém assustadoramente ingênuas e sinceras.

Como teria sido se apaixonar por uma delas? O que aconteceu com seu afeto por Natália? Se não lhe falhava a memória, gostava bastante da ex-noiva.

Qual a semelhança entre Natália Teles e Dulce Saviñon? A mesma existente entre a chama de um fósforo e as lavas de um vulcão ativo. Ou seja, nenhuma. Christopher sentiu, mais do que ouviu, o estômago de Dulce roncar debaixo dele.

– Está com fome? – Ele esperava não demonstrar nenhuma frustração em sua voz nem no semblante.

– Acho que sim... – ela murmurou.

Dulce falou vagamente porque seu pensamento estava longe... dele. Não havia o menor indício de lágrimas em seus olhos. Ela não se sentia arrependia do que haviam feito, pelo menos, não abertamente. Ainda não.

Christopher não saberia dizer se isso significava batalha ganha ou perdida.

– Então está bem. – Ele saiu com cuidado de cima dela.

O olhar de Dulce deixou de ser evasivo, quando o ar frio ocupou todos os lugares que Christopher cobrira até poucos segundos atrás. Aquele quarto pequeno era muito frio, com as cortinas franzidas nas janelas e a absoluta falta de qualquer coisa que fosse remotamente feminina... exceto sua ocupante.

Porque, Christopher considerou, não conhecia criatura mais feminina do que Dulce Saviñon, mesmo sem nenhum adorno, usando calças ou com qualquer outro traje. Ela ia muito além de qualquer criação de Ticiano ou Da Vinci. Uma beleza clássica, de pernas longas e cintura estreita, quadris e busto fornidos. E que pele! Christopher não viu outra igual. De tom marfim, lisa como manteiga. Era uma pele para mergulhar e se deixar levar, como ele fizera e ansiava fazer por muitas vezes.

Ah, como seria bom se pudesse convencer a dona daquela pele dos méritos de seus planos.

– Aonde você vai? – perguntou Dulce, com expressão preocupada.., Inclinando-se, pegou a colcha azul e branca que estava dobrada nos pés da cama e cobriu-se com ela, escondendo a pele gloriosa.

– Procurar alguma coisa para comer. – Christopher vestiu o calção, que jogou no chão. – Você tem comida em casa?

Dulce se sentou. Os cachos vermelhos espalharam-se sobre seus ombros e rosto, e ela os afastou para trás.

– Claro que tenho comida – disse, meio zangada. – Espere, deixe que eu... – esticou o braço para pegar o vestido.

– Não se preocupe, eu arrumo tudo – Christopher gentilmente se ofereceu.

– Não, você não sabe onde estão as coisas. Eu mesma cuidarei disso.

Oh, Deus. Então seria assim? Eles brigariam por qualquer coisa, como por exemplo preparar uma salada?

Bem, aquela seria uma convivência animada, ainda que cansativa.

– Está bem. Fique à vontade.

Christopher desabotoou o calção, que caiu a seus pés, e saiu de dentro dele com cuidado. Voltou depressa para a cama, deitou-se com as mãos atrás da cabeça e os pés cruzados na altura dos tornozelos.

Como ele estava sem roupa, não era de admirar que Dulce hesitasse antes de ir cuidar dos deveres culinários, com os olhos arregalados e fixos, para satisfação de Christopher, naquela parte que dera tanto prazer a ambos.

– Mudou de ideia? – disse ele, gracejando.

Dulce afastou o olhar, enrubescida. O que foi, para Christopher , encantador.

– Não... – ela disse depressa. – Não... eu apenas ia...

– A menos que haja outra coisa que você prefira fazer – ele sugeriu, equanimidade.

– Eu... – Dulce pigarreou, ainda corada. – Bem, eu...

Por mais que parecesse interessante torturá-la, Christopher não teve coragem de prosseguir.

Estendeu um braço e puxou Dulce para si. Ela caiu para a frente, a colcha em que se envolvia caiu, espalhando todo tipo de coisas deliciosas no peito dele.

– Talvez você prefira ficar na cama mais um pouco – ele sugeriu.

– Seria bom – disse Dulce, com voz abafada, pois seu rosto estava pressionado contra o pescoço dele.

E de fato foi...