Fanfic: A Dama da Ilha(adaptada) | Tema: Vondy

Não demorou muito.

Ainda estavam se recuperando de mais um êxtase, quando soou uma batida na porta da cabana.

Depois da chuva da véspera, o dia começava radioso. O sol já estava alto, a atmosfera se torna mais quente, aquecendo a cabana, e eles puderam ficar deitados sem manta ou outra coisa que os cobrisse. Ao escutar as batidas na porta, Dulce pulou da cama, nua.

– É Lorde Glendenning!– ela afirmou. – Oh, meu Deus, trate de se esconder!

Christopher detestou aquela possibilidade. E por que o faria? Ele havia, por assim dizer, afirmado seus direitos e não via motivos para que o conde ignorasse o que aconteceu. Mais ainda.

Estava tão cansado e feliz, que não tinha vontade de sair da cama. Admitiu que também se sentia dolorido, resultado natural por terem feito amor tantas vezes seguidas nas últimas dezesseis horas.

Imaginou que o desconforto de Dulce devia ser ainda maior que o seu. Mas mesmo assim estava farto de exercícios por aquele dia.

– Estou falando sério – Dulce sibilou enquanto lutava para enfiar o vestido azul pela cabeça. – Esconda-se – insistiu.

– Não vou me esconder de ninguém. – Christopher observava o esforço de Dulce. Nunca se cansaria de ver Dulce nua. E, mesmo vestida, ela continuava sendo uma fonte de interesse contínuo. – Como você sabe que é ele?

– Joe somente grita desse jeito quando se trata de Glendenning. Não está ouvindo?

De fato, Christopher ouviu o corvo grasnando do lado de fora, como se estivesse zangado.

Dulce foi até a penteadeira e ajeitou os cabelos com os dedos.

– Eu sabia que isso aconteceria – ela murmurou. – Eu sabia. Agora ele vai matá-lo, e por minha culpa.

Christopher arqueou as sobrancelhas, irônico.

– Ah, veja como estou preocupado. Sou perfeitamente capaz de assumir a responsabilidade por meus atos, mesmo que isso signifique, como você acha, minha morte.

– Se não pretende ficar escondido, pelo menos prometa que não sairá deste quarto. Você escutou, Christopher ? – Dulce fitou-o por sobre o ombro com olhar suplicante, a que era difícil resistir. – Se descobrir o que houve entre nós, ele o matará num piscar de olhos.

– Que elegância! – Christopher refletiu que Dulce ficava ainda mais bonita quando estava agitada.

– Estou falando sério. – Mais uma batida na porta. – Estou indo! – Ela se virou de novo para Christopher. – Não saia daqui, seja o que for que aconteça. Para seu próprio bem.

– Suponho que você nunca deve ter imaginado – Christopher movimentou os dedos feridos – que sou tão bom com a espada como sou com os punhos.

– Por favor, não saia daqui. Não apenas por você, mas por mim também. Não quero que se espalhe pela aldeia a notícia que o doutor Uckermann dormiu aqui. Você é testemunha de que já tive problemas suficientes com o reverendo Marshall.

Desapontado, Christopher refletiu que esse era o único motivo racional que Dulce lhe deu para permanecer no quarto. Mas assim que ela saiu e fechou a porta, ele pulou da cama e começou a vestir as roupas que já haviam secado depois do mergulho no riacho.

– Já vai, estou indo – Dulce caminhou apressada na direção da porta. O que lorde Glendenning poderia querer? Ele não tinha por hábito visitá-la, por saber que essa atitude não agradaria ao reverendo. Na certa, uma calamidade o levara até a cabana.

Ao abrir a porta, Dulce descobriu do que se tratava.

– Ele está aqui?

Lorde Glendenning passou por ela e entrou na sala, onde havia várias evidências incriminadoras. A louça suja do jantar na pia, a porta do escritório aberta – ela novamente esqueceu de trancá-la –, o fogo apagado na lareira, nenhum vestígio de desjejum sobre a mesa àquela hora da manhã.

– Ele quem? – Dulce perguntou com a aspereza habitual que empregava ao falar com o conde. – O que foi que houve?

– Não o encontrei em nenhum lugar. – Lorde Glendenning passou as mãos nos longos cabelos negros, parecendo preocupado. – Moira me disse que ele não voltou da casa dos Mackafee. Mas ele também não está lá. Ninguém o viu desde ontem. E ele ainda abriu uma fenda no lábio de Mackafee.

Dulce enrolou as mangas e decidiu lavar a louça. Seria uma tarefa normal e evitaria ter que olhar para o conde enquanto estivesse mentindo. Apesar da trapaça que ela e as amigas haviam orquestrado para o tio e seus pais, ela não sabia mentir com classe.

– Suponho que milorde esteja falando de Christopher Uckermann. – Dulce enfiou as mãos na água fria. – Como pode ver, ele também não se encontra aqui.

Mas Lorde Glendenning – em vez de ir embora como ela desejava, mesmo sem acreditar que ele o fizesse – puxou uma das cadeiras para fora da mesa e sentou-se, estalando as juntas doloridas, isso sem mencionar o ranger da cadeira, que não fora feita para suportar um peso tão grande.

– Não posso imaginar onde ele poderia estar – o conde disse, apreensivo. – Acha que Mackafee e sua tropa o deixaram tão desgostoso que ele foi embora da ilha?

– Não diga bobagens. – Dulce ergueu uma xícara.

– Não é bobagem. Você sabe que isso poderia acontecer. Às vezes penso que Uckermann é tão sensível como uma mulher. Basta pensar na maneira como ele tratava do garoto MacGregor.

– A quem o senhor quase matou – Dulce o lembrou com impaciência.

O conde fez um gesto de pouco-caso.