Fanfic: A Dama da Ilha(adaptada) | Tema: Vondy
E talvez nem assim se sentiria seguro.
– O conde e eu – Christopher com naturalidade – somos velhos amigos. Não somos, Glendenning?
– Claro – o conde afirmou. Embora o tom fosse amigável, provavelmente não se tratava de uma coincidência que o conde tivesse escolhido aquele momento para puxar da bainha a espada ancestral e começar a polir a lâmina.
Mais uma vez, Pearson e Shelley se entreolharam, dessa vez alarmados. Christopher se recostou na poltrona para falar.
– Então, cavalheiros. Prossigam. Espero que minha mãe esteja com saúde.
Sem saber como proceder, Shelley e Pearson se sentaram – sem demonstrar que haviam reparado no tecido puído das poltronas ou nas almofadas cheirando a cachorro –, segurando firme o copo de uísque, como marinheiros se agarram às cordas salva-vidas.
– Eu... sua mãe está muito bem, Still... isto é, Uckermann. – Pearson alisou o bigode, como era seu costume. – Eu a vi outro dia no balé.
– Suas irmãs estão ótimas. – Shelley se mexia no assento, sem achar uma posição confortável na poltrona. – Na verdade, tudo vai às mil maravilhas. O casamento fez muito bem a elas.
Christopher notou que Pearson deu um chute forte no tornozelo de Shelley, embora estivesse certo de que o amigo pretendia não chamar a atenção de ninguém.
Shelley deu um gemido e tomou um gole de uísque.
– Ah, gosto muito de meus cunhados – Christopher comentou sem se alterar. – E como vão meus sobrinhos e sobrinhas? Espero que não haja más notícias a respeito deles.
– Não, não, estão todos bem – Pearson se apressou em apaziguar o amigo. – Mas não estamos aqui por causa de sua família, Still... Uckermann. Você sabe...
– Eu não sabia que o doutor tinha irmãs – o conde se manifestou.
Christopher olhou para Glenndening, que passava cuidadosamente um pano untado para cima e para baixo na lâmina, e deu um sorriso luminoso.
– Na verdade, milorde, tenho quatro.
– Mais novas?
Christopher fez um aceno afirmativo com a cabeça.
– Julia, a caçula, casou-se no último outono.
– Ah. – Glendenning segurava o punho da espada perto do rosto e apontava a ponta na direção de Christopher, atento à arma para detectar qualquer falha. – Sua mãe deve estar ansiosa para vê-lo fazer o mesmo, não é?
– Mais ou menos – disse Christopher, cauteloso.
– Na verdade – interferiu Pearson –, é por isso também que estamos aqui. Não é, Shelley?
Shelley engasgou com o último trago de uísque, quando o conde apontou a espada para Christopher .
– É, Pearson. – Ele se levantou para se servir de outra dose. – Christopher, quer um pouco desta bebida excelente?
– Não, obrigado – Christopher negou com um sorriso complacente.
– Acho que você vai precisar de um gole – Pearson afirmou – quando souber das novidades.
– Ora, se não é nada com minha mãe nem com minhas irmãs, não posso imaginar o que de tão grave os trouxe até aqui.
Shelley se serviu e, apesar da recusa de Christopher, despejou bebida em outro copo.
– Você não pode... – Shelley entregou o copo para Christopher, voltou para sua poltrona e, consternado, fitou Pearson. – Oh, não posso fazer isso, Chas. Fale você.
– S. J., você é mesmo um asno – Pearson o fitou com olhar fulminante e se virou para Christopher. – Olhe aqui, meu velho, não se aborreça, é sempre assim. A sua senhorita Teles se casou com aquele macaco, o Ethelridge. – Recostou-se e bebeu todo o conteúdo do copo como se a notícia, de certa forma, o afetasse.
– Então é isso? – Christopher continuou como estava... embora tivesse arqueado um pouco as sobrancelhas e olhado de um amigo para o outro. – Por isso é que vocês fizeram essa viagem? Para dizer que Natália se casou?
Shelley se levantou num ímpeto, como se não pudesse manter o suspense por mais tempo e começou a andar de um lado para outro.
– Não apenas se casou, meu velho! – ele gritou. – Mas foi com aquele infeliz do Ethelridge, cinco vezes mais imprestável do que qualquer um de nós! Ouvi dizer que ele tem meia dúzia de filhos ilegítimos vivendo no campo em um convento. E aquela mulher que o acusou de todas aquelas coisas abomináveis, nenhuma delas verdadeira, segundo me consta... foi se casar justo com quem? Ela é completamente hipócrita. Aliás, sempre foi. Isso não o aborrece, Uckermann?
De maneira nenhuma, ele pensou. Qualquer ferida que Natália pudesse ter lhe causado, havia muito se regenerara e só deixara uma cicatriz. O tempo que ficara em Lyming se encarregara disso.
– Pelo contrário – Christopher respondeu. – Desejo o melhor para eles.
Os amigos trocaram olhares de preocupação.
– Você está aceitando esse matrimônio de bom grado – disse Pearson. – Pensamos que você ficaria... arrasado com a notíca.
– E pensar – Shelley acrescentou – que o motivo de você ter vindo para cá foi querer impressionar a hipócrita da senhorita Teles.
– Se lhe servir de consolo – Pearson afirmou –, todo mundo está comentando. No mês passado, Ethelridge recebeu cinquenta mil libras, e a senhorita Teles não perdeu tempo. Seus vinte mil por ano não são nada diante disso. Eles compraram uma casa urbana em Park Lane e logo vão torrar a fortuna, você vai ver.
– Também ouvi dizer – Shelley abaixou a voz em tom conspiratório – que ela nem usou branco.
– Cavalheiros – Christopher deixou o uísque no chão, por falta de mesa nas imediações. – Vamos ficar felizes pela noiva e o felizardo do marido. Não é preciso atirar pedras no caráter de nenhum dos dois.
– Christopher! – Shelley se alarmou. – Ficou evidente que Natália Teles era uma grande interesseira. Ela enganou a todos nós com aquele ar de santa. E você chegou a dizer que Ethelridge tinha cara de macaco...
– Tem alguma coisa errada – Pearson interrompeu o amigo e olhou fixo para Christopher. –Esperávamos que você tivesse um ataque apoplético com a novidade. No entanto, você está se comportando como se Natália Teles fosse apenas uma conhecida e não sua ex-noiva.
– Isso mesmo. – Shelley não tentou esconder o desapontamento na voz. – Você era completamente apaixonado por ela. Você poderia ao menos quebrar alguma coisa...
– Quebrar coisas não servirá para nada – Pearson fitou Shelley com irritação – a não ser para divertir você.
– E isso é tão errado? – Shelley indagou.
– O fato é, Christopher – Pearson continuou como se Shelley nada houvesse dito –, que além de lhe comunicar as más novas, viemos aqui por outro motivo. Levá-lo para casa.
– Como é? – Christopher pestanejou.
– Isso mesmo! – Shelley bateu na testa como se, de repente, houvesse se lembrado de algo. – Não há mais motivo para você continuar nesta ilha inculta. A senhorita Teles se casou e você não precisa provar mais nada para ela. Você até poderia fazê-lo, mas de nada adiantaria, porque ela não está mais disponível. Portanto, meu velho, pode começar a empacotar suas coisas.
– Para casa? – Christopher olhou para um e depois para o outro.
– Sim, para casa – Shelley se entusiasmou. – Ainda está lembrado de Londres, não é?
Onde você pode pedir um merengue à hora que quiser, onde as mulheres não usam calças... – Estremeceu de repulsa. – Não posso entender como você pôde elogiar tanto “esse” detalhe na sua última carta...
– Sinto muito – Christopher o interrompeu –, mas não pretendo voltar para casa. Pelo menos não agora.
– Mas... – Pearson fitou Shelley, consternado, e depois virou-se para Christopher – Meu velho, você não ouviu o que nós dissemos? Natália se casou com Ethelridge. Não há mais motivo para você ficar aqui,
– Pelo contrário – Christopher contrapôs. – Agora há muito mais motivos para eu ficar.
O maior deles era Dulce. Outro, para ser sincero, não era tão grande mas também contava.
– Não posso – Christopher acrescentou, encantado com a verdade das palavras que ia pronunciar – simplesmente abandonar meus pacientes.
– Seus pacientes? – Shelley franziu a testa, sem acreditar. – Quem se importa com seus pacientes? Você pode voltar para casa agora . Água encanada, meu amigo. Banheiros dentro de casa. Ou você nem se lembra mais o que é isso?
– Obrigado por me recordar – Christopher disse. – Mas eu decidi, há tempos, não voltar mais para minha clínica em Londres. – Embora ele não houvesse entendido a verdade disso até esse momento. Ao descobrir, teve uma espécie de alegria intensa que não havia conhecido até então.
– Procure entender – ele continuou –, serei muito útil aqui. Agora, se quiser me fazer um favor...
– Não acredito – Shelley gritou. – Você acredita, Chas?
Pearson sacudiu a cabeça, estarrecido.
– Eu o vejo diante de mim – ele respondeu a Shelley – e com os lábios se mexendo. Mas não posso acreditar nas palavras que essa boca deixa passar.
Autor(a): leticialsvondy
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– Nem eu – Shelley concordou. – Agora pergunto – berrou para Christopher. – Quem é você e o que fez com nosso bom amigo Uckermann? Christopher sempre considerou Pearson e Shelley seus melhores amigos, mas no momento rangia os dentes. Teriam sido sempre tão estúpidos ou alguma coisa aconteceu desde que ele deixou Londr ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 18
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capitania_12 Postado em 02/02/2019 - 13:24:43
Já acabou? Naaaaaaaaaao
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capitania_12 Postado em 01/02/2019 - 22:09:16
Aaaaaaah,continua logoooo
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ana Postado em 30/01/2019 - 13:57:04
Vc voltou *-*
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ana Postado em 19/03/2018 - 00:51:59
Poxa, abandonou? :(
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wermelinnger Postado em 16/01/2018 - 12:43:33
OIIII VAI POSTAR MAIS NAO??
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wermelinnger Postado em 04/01/2018 - 09:07:31
ah Deusss ele disse que estava apaixoando continuaa
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wermelinnger Postado em 03/01/2018 - 15:13:30
Continua... Leitora nova e estou amando.
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heloisamelo Postado em 31/12/2017 - 17:54:01
Contt 😍😍
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Nat Postado em 06/10/2017 - 22:29:32
Meu Deus! Tadinho do Hamish! Ai! Tomara que de certo! Esses dois... Tão lindinhos juntos! Pena que eles sempre se encontram quando alguma coisa não está bem! Não vejo a hora de eles darem o primeiro beijo! CONTINUA!!!^-^
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millamorais_ Postado em 06/10/2017 - 09:30:10
Esses dois... Essas brigas são vão fortalecer essa relação. Ele vai ajudá-la né? Continuaaa