Fanfic: A Dama da Ilha(adaptada) | Tema: Vondy
– Ah, sim – acrescentou. – Também não fui eu quem atirou no doutor.
Dito isso, começou a beber lentamente.
Christopher deu uma leve pancada nas mãos de Shelley antes que este pudesse puxar o coro de aplausos pelo discurso dramático do conde.
– Eu sei – Christopher se dirigia a Glendenning.
O conde puxou o gargalo da boca com um estouro e olhou com espanto para Christopher.
– Sabe?
– Sim. – Christopher concordou com um aceno de cabeça.
– E do que exatamente – o conde pareceu confuso, talvez pelo excesso de uísque que já havia bebido naquela manhã – o doutor tem ciência?
– Que o autor do tiro não foi milorde.
Glendenning ficou pasmo.
– Como é que você sabe “disso”? – disse Shelley aos gritos.
Hamish, imóvel perto da lareira, arregalou os olhos para Christopher, por baixo da aba do chapéu.
– Eu sei – Christopher replicou com calma. – E isso é tudo.
– Mas... – Shelley estava atônito. – Então o que pretende fazer a respeito do caso?
– Ah, meu amigo, isso é...
Christopher se interrompeu com o som de vozes do lado de fora da porta de entrada, que Glendenning deixara aberta.
– Ah, talvez seja nosso assassino – disse Shelley assustado – que veio terminar o serviço.
Dedução errônea. Tratava-se de Dulce e Pearson, que voltavam da visita aos MacGregor. Por causa do trajeto longo, ela vestiu calças, mas substituíra o suéter por uma camisa branca do pai, por causa do calor. O efeito foi aprovado com entusiasmo por Christopher, embora não lhe agradasse que os outros homens também pareciam ter gostado.
Dulce e Pearson entraram conversando, mas se calaram ao ver quem estava sentado à mesa com Christopher e Shelley. Ela enrubesceu e apertou as mãos em punhos.
– Você! – disse ela, exaltada, e a hostilidade contra o conde emanava dela em ondas quase visíveis.
Christopher e Shelley educamente se levantaram quando Dulce entrou, mas Glendenning permaneceu sentado... um deslize que Christopher perdoou, pois o conde já estava em estado de embriaguez.
– Sou eu, sim – Glendenning confirmou com semblante desanimado. – Por favor, Dulce, não será necessário procurar o atiçador para me atingir. Já expliquei que não dei o tiro em Uckermann, e ele acreditou. Você também tem que aceitar minha palavra.
Dulce atirou para trás a cabeça e deu uma risada histérica.
– E por que eu deveria acreditar? – ela retrucou. – Os fatos lembram seu estilo de agir.
– Atirar em um homem desarmado? – Glendenning, apesar de ébrio, levantou o queixo e mostrou-se indignado. – Você me conhece e sabe que eu jamais faria uma coisa dessas. Nenhum Herrera atiraria num homem desarmado. Além disso – continuou, lançando os ombros para trás –, sou um espadachim.
Dulce não acreditou nele, mas entendeu que não adiantaria discutir com um homem em tal nível de intoxicação alcoólica. Contra seus princípios, pressionou os lábios para não falar. Pearson guardou a capa e percebeu que havia mais duas xícaras.
– Christopher, você teve visitas, enquanto estivemos fora?
– Os Marshall – Christopher respondeu. – Eles estão preocupados com seu bem-estar moral,
Dulce, o que consideram um dever.
Christopher adorou ver Dulce corar ainda mais enquanto o fitava com olhar de desaprovação.
Ele tinha certeza de que algo a aborrecia, além do fato de ele ter sido alvejado. Por isso ela não se incomodou em hospedar Shelley e Pearson. Christopher estava determinado a descobrir do que se tratava.
Mas não naquele momento, nem diante daquelas pessoas.
– Umas gralhas velhas, isso sim – Shelley disse. – É o que penso deles. Venham até aqui, vocês dois. Tomaremos um pouco do excelente uísque de lorde Glendenning.
– Que ótimo. – Pearson se sentou no lugar ocupado pouco tempo atrás pela senhora Marshall.
– Hamish – Dulce notou o menino perto da lareira. – O que está fazendo aqui?
Hamish pestanejou com aqueles olhos grandes e inocentes.
– Nada – ele respondeu com suavidade.
Ela o fitou sem acreditar, mesmo sem ter nenhuma acusação contra ele.
– Dulce – Christopher falava com a mesma inocência enganadora empregada por Hamish –, Lorde Glendenning gostaria de dizer algumas palavras, não é, milorde?
O conde fez um gesto afirmativo com a cabeça.
– Dulce, não fui eu quem...
– Não é isso. – Christopher o interrompeu imediatamente. – A outra coisa.
Glendenning ficou momentaneamente confuso.
– Não sei do que...
– Sobre Dulce – Christopher o instigou.
– Não me faça falar sobre isso, Uckermann – o conde respondeu, carrancudo.
– Está bem, falarei por milorde. Dulce, Lorde Glendenning veio desejar votos de felicidade para nosso futuro.
Dulce arregalou os olhos.
– É verdade – disse Glendenning, depois de receber um cutucão de Christopher sob a mesa.
Dulce não se mostrou nem um pouco emocionada.
– Bem, milorde, se isso é verdade, sinto muito tê-lo machucado com o atiçador.
– Ah. – Glendenning puxou o colarinho da camisa para disfarçar o embaraço. – Nem ficou marca.
Christopher resolveu acabar com o constragimento e disse a primeira coisa que lhe veio à cabeça.
– Como está passando o pequeno MacGregor?
– Se umas está enfrentando as consequências normais e desagradáveis de uma ingestão excessiva de frutos verdes – Pearson respondeu.
– Ele vai sarar? – perguntou Hamish, interessado pela saúde do irmão mais novo.
– Certamente – Dulce explicou. – Dei a ele um pouco de ópio misturado com água, pois estou desconfiada que pode ser algo além de indigestão.
– Excelente – Christopher aprovou, mesmo sem ter tido conhecimento do que se passou.
Ele não conseguia deixar de pensar no que estaria acontecendo com Dulce. Por que ela estava evitando ficar a sós com ele? Ele teria dito alguma coisa, sob a influência do láudano, que lhe desagradou? Não era possível. O que mais, além da verdade – que a amava até a loucura – ele poderia ter dito?
Seria mais provável que Pearson ou Shelley houvessem revelado qualquer inconveniência. Observou os amigos, que tomavam o uísque de Lorde Glendenning. Sabia que esteve inconsciente por quase um dia inteiro. Não havia como saber o que eles haviam dito a Dulce que a levara a adotar aquela atitude tensa em relação a ele. Teriam explicado que ele era um marquês? Deus o ajudasse se Dulce tivesse descoberto o que ele devia ter lhe contado há tempos.
Christopher tinha intenção de revelar a verdade à sua própria maneira e no tempo certo. Se Pearson ou Shelley houvessem deixado escapar uma palavra indiscreta...
Ah, iam ter que pagar caro por isso.
– Se não foi Lorde Glendenning quem atirou em você – Shelley perguntou com sua habitual falta de tato, tocando no assunto em que Christopher evitara tocar depois que Dulce voltara para a cabana –, então quem foi?
– Meu voto é para aquele Mackafee – Pearson opinou –, aquele da história que a senhorita nos contou.
Dulce, ao lado do aparador, os fitou com espanto.
– Harold Mackafee? – ela sussurrou.
– É, pensando bem, tem sentido – Pearson continuou. – Pela maneira como a senhorita Saviñon descreveu o caso, ele teria motivos para querer matar Uckermann.
– Meu pai bateu em Harold Mackafee várias vezes, e ele nunca foi atrás dele com um rifle.
– Talvez Christopher tenha exagerado na dose.
– Ou então – Christopher interveio, tenso – não foi Harold Mackafee o autor do disparo.
Ele não disse isso para desmerecer Hamish nem para evitar o constrangimento do garoto com o rumo que a conversa tomara. O que Harold Mackafee fez era um problema exclusivamente de Christopher e de ninguém mais... pelo menos até ele resolver o que fazer com o homem.
Christopher olhou para Dulce, que evitava encará-lo. Ele esfregou a pele lisa do queixo. Havia se barbeado naquela manhã pela primeira vez depois do acidente e se vestiu com aprumo.
Refletiu que estava na hora de encarar o mundo e Dulce de uma maneira civilizada.
Embora estivesse certo de que desejava olhar de frente apenas para Dulce, embora ela não demonstrasse vontade de ficar com ele.
Intrigado sobre os motivos do retraimento de Dulce, não notou quem havia chegado, mas ouviu a voz rouca de Dulce.
– O que aconteceu, Maeve?
Christopher virou a cabeça para a porta e viu a moça na entrada, com os olhos inchados e vermelhos de tanto chorar. Maeve ofegava, como se houvesse corrido desde a taverna.
– Ah, senhorita... Ah, senhorita Dulce...
O choro convulsivo não a deixava falar. Dulce largou a chaleira, aproximou-se da moça e a abraçou.
– O que foi, Maeve? Pode contar. Aconteceu algo errado?
Maeve continuava soluçando.
– Ah, senhorita Dulce... – Ela lançou um olhar na direção de lorde Glendenning. – É Anahí, senhorita Dulce. Ela adoeceu... com aquilo.
– Aquilo o quê? – Christopher perguntou, mas ninguém lhe deu atenção.
Dulce segurou Maeve pelos ombros e sacudiu-a levemente, como para tentar fazê-la raciocinar.
– Adoeceu com o quê, Maeve? – Dulce perguntou.
Lorde Glendenning se levantou. A cadeira, como de costume, caiu para trás, mas ele não notou. Fitava a rapariga com ansiedade.
– A senhorita sabe com o quê – Maeve gritou e escondeu o rosto nas mãos. – A senhorita sabe! É cólera de novo, senhorita. Aposto minha vida nisso. É cólera de novo.
Autor(a): leticialsvondy
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 18
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capitania_12 Postado em 02/02/2019 - 13:24:43
Já acabou? Naaaaaaaaaao
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capitania_12 Postado em 01/02/2019 - 22:09:16
Aaaaaaah,continua logoooo
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ana Postado em 30/01/2019 - 13:57:04
Vc voltou *-*
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ana Postado em 19/03/2018 - 00:51:59
Poxa, abandonou? :(
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wermelinnger Postado em 16/01/2018 - 12:43:33
OIIII VAI POSTAR MAIS NAO??
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wermelinnger Postado em 04/01/2018 - 09:07:31
ah Deusss ele disse que estava apaixoando continuaa
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wermelinnger Postado em 03/01/2018 - 15:13:30
Continua... Leitora nova e estou amando.
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heloisamelo Postado em 31/12/2017 - 17:54:01
Contt 😍😍
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Nat Postado em 06/10/2017 - 22:29:32
Meu Deus! Tadinho do Hamish! Ai! Tomara que de certo! Esses dois... Tão lindinhos juntos! Pena que eles sempre se encontram quando alguma coisa não está bem! Não vejo a hora de eles darem o primeiro beijo! CONTINUA!!!^-^
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millamorais_ Postado em 06/10/2017 - 09:30:10
Esses dois... Essas brigas são vão fortalecer essa relação. Ele vai ajudá-la né? Continuaaa