Fanfic: No limiar do desejo - Vondy | Tema: Vondy

Dulce alisou o tailleur cinza-chumbo que usava e passou as mãos pelos cabelos. Olhou-se rapidamente no reflexo da tela do computador, ajeitando os cabelos. Céus, estava patética. Por fim, ouviu baterem em sua porta.

É agora, Dulce. Enfrente tudo como a mulher madura e independente que você é.

– Entre.

Maite entrou com uma carranca que fez Dulce se encolher. Segurou a maçaneta da porta e anunciou Tom Ellis num rosnado estridente. Por fim, o bendito apareceu, fazendo os pelos da nuca de Dulce eriçarem. Sentiu o rosto esquentar. Maite saiu e fechou a porta com mais força que o habitual.

Por mais que não fosse admitir, Tom era uma visão incrível que ela sempre adorou ter em sua cama. A pela branca, os cabelos e olhos negros, sempre uma barba por fazer, o que o deixava sempre com um aspecto malicioso. O corpo era esguio em seus 1.91, mas ela se lembrava perfeitamente do que tinha por baixo daquela roupa. Barriga de tanquinho e aquele V sexy apontando para a pélvis que Anahí chamava de Quadril de Apolo. O corpo inteiro era um poço de pura masculinidade.

Ela estava pensando no corpo do homem que a largou no altar? Pare com isso. Já!

– Oi, Dulce – Tom sorriu. Um sorriso que parecia sincero e cauteloso. Brancos e perfeitamente alinhados como sempre. – Quanto tempo – enfiou as mãos nos bolsos. Estava aguardando a reação de Dulce.

Mas ela não iria dar o escândalo que ele certamente estava esperando.

– Sente-se e seja breve. Estou ocupada – murmurou secamente.

Tom sentou-se e se remexeu inquieto. Nossa, ele estava mesmo desconfortável com a situação? Imagine como ela estava. Dulce se recostou, apoiando os cotovelos nos braços na cadeira e mexendo com a caneta. Não podia negar que ele estava mais atraente que antes.

Foco, Dulce. Deixe de ser uma depravada.

– Como você tem estado?

– Tom – cerrou os dentes. – Não estou com tempo e nem paciência para ouvir você querendo saber da minha vida depois de dois anos. Então faça o favor de dizer logo o que quer e me deixar em paz.

– Dulce – pigarreou, enrijecendo os ombros. – Eu quero me redimir. De verdade. Me explicar.

– Onde você esteve? – sibilou. Logo apertou os olhos. Ela não devia ter perguntado isso. Óbvio que isso iria fazer as coisas ficarem confusas. Tom arregalou os olhos. – Se não quer que eu jogue aquele vaso na sua cara, é bom você ser breve e dar o fora daqui – cerrou o punho com a mão que não segurava a caneta.

– Estive na Inglaterra – apressou-se em responder. Ele sabia que os mexicanos tinham o sangue quente, e quando Dulce ameaçava, raramente voltava atrás. – Tive problemas para resolver lá. Dulce, eu só preciso que você me escute... – suplicou, aproximando-se da mesa.

            Dulce tomou algumas respirações profundas, ou teria um surto e quebraria mesmo o lindo vaso suíço na cabeça dele. Fechou os olhos, contando até vinte. Não estava funcionando.

– Saviñón, eu sei o que você está pensando – Tom suspirou resignado. – Eu só quero me desculpar pelo que fiz, explicar o que houve. Você sempre soube que eu não gostava de casa. Eu precisei voltar para resolver assuntos na família – justificou.

– Dois anos, Tom. Você estava numa caverna para não conseguir mandar uma mensagem, um e-mail, fazer uma ligação, um maldito sinal de fumaça se fosse preciso? – rosnou, levantando da cadeira bruscamente.

Tom a olhou espantado. Não sabia o que responder. Estava claro que Dulce ainda estava furiosa. Furiosa a ponto de não ceder ao sotaque britânico que ela tanto adorava nele.

– Querida, eu s...

– Não me – gritou e parou em seguida. Estava no trabalho. Deu a volta na mesa, ficando mais próxima dele. Colocou as mãos na cintura e respirou fundo mais uma vez. – Não sou a sua querida. Não me chame assim ou vai se arrepender – grunhiu. – Olha, Ellis, acho melhor você ir embora. Estou cheia de trabalho e você está me tirando do sério. Vou perder a cabeça e não quero que isso aconteça no meu trabalho.

– Sinto falta desse seu gênio terrível – sorriu fraco, passando o polegar pelo rosto de Dulce.

– Não encoste em mim – afastou o dedo dele brutalmente, deixando claro que eles não estavam mais juntos. – Vai embora. Estamos conversados – voltou para a sua cadeira, ficando atrás dela.

– Não vou sair daqui sem falar com você – declarou resoluto.

            Dulce o encarou com o cenho franzido. O que diabos ele estava pensando que estava fazendo?

– Ah, você vai – Dulce rosnou, o corpo esquentando pela fúria. – Cai fora. Agora!

– Dulce – Tom cruzou os braços, com a expressão serena. – Não vou desistir. Não sem explicar o que houve, dar o meu lado da história. Você precisa me ouvir.

– Eu precisava te ouvir. Há dois anos, Tom. Agora não. Está maluco?

– Estou hospedado no Westhouse, na 201W 55th – tirou um cartão do maravilhoso blazer de três peças e entregou à Dulce. – Sei que você é esquentada, por isso fui à sua casa – enfiou as mãos no bolso. – Passe lá para almoçar comigo. Hoje quero resolver a nossa vida. Espero que eu não precise voltar aqui mais tarde – piscou e saiu da sala.

            Dulce ficou encarando o cartão, contendo o nome de Tom, endereço, telefones e e-mails. Ela observou que era o mesmo endereço de onde os dois moraram por anos. Então por que ele estava hospedado num hotal? Fez menção de rasgar o cartão, mas definitivamente não o queria de volta na empresa. Maite apareceu com uma expressão solidária. 

– Está tudo bem? – Maite perguntou.

– E-e-eu não sei – admitiu, murchando em sua cadeira.

 Tom - ex noivo da Dulce