Fanfic: The Glow of a Glance - Camren | Tema: Camren

Nada como um banho refrescante em um dia quente ao som de J Balvin. Eu movia os quadris no ritmo de cada musica em baixo da ducha e usava o frasco de shampoo como microfone.

É, eu estava feliz.

Sai do banho ainda dançando, vesti uma saia soltinha estampada e uma blusinha lisa de alças finas, coloquei um lacinho no meu cabelo solto e o deixei com algumas ondulações nas pontas. Dei uma voltinha na frente do espelho e sorri satisfeita.

— Maravilhosa! — Elogiei a mim mesma, mandando um beijinho para o meu próprio reflexo no espelho.

Alguns dias haviam se passado desde que eu me entreguei a Lauren completamente. Desde então eu me sentia radiante e diferente, mas um diferente muito bom, e tudo isso era crédito da dona dos olhos mais lindos do mundo. Um suspiro junto com um sorriso escapou de meus lábios só por citá-la em pensamento e lembrar-me daquele dia quando acordei ao seu lado mais tarde e a flagrei apoiada no cotovelo, me olhando dormir.

“— Bom dia... — Murmurei sem conseguir esconder o sorriso ao notar a morena me analisando minunciosamente. Estiquei-me preguiçosamente e tapei a boca para esconder um pequeno bocejo. Lauren continuou com aquele olhar indecifrável — Lauren... Você está me deixando sem jeito...

— Ér... Desculpa... — desviou o olhar — Eu... Foi só um acidente, ok? Não voltará a acontecer.

Ela se levantou um tanto nervosa  e eu sorri ainda mais largo e me ajoelhei na cama, puxando-a pelo braço e lhe dei um beijo no cantinho dos lábios, achando lindo vê-la desconcertada por minha causa. Me apaixonei de novo ao ver suas bochechas ficarem rosadas e soltei um suspiro alto as acariciando. Isso a fez torcer os lábios em um sorriso que ela nitidamente queria esconder, antes de se afastar negando com a cabeça.

— Linda! — Exclamei abobada vendo-a entrar no banheiro.

— Calada! — Ela devolveu risonha, antes de fechar a porta. ”

Durante todos esses dias eu fui visitá-la, é claro, mas nada tão intenso aconteceu. Apenas saíamos ou ficávamos em casa. Cozinhávamos ou assistíamos algo. Ficávamos em algumas sessões de amassos ou em simples beijinhos. Fazíamos qualquer coisa ou apenas aproveitávamos a companhia uma da outra. E assim o tempo passava muito rápido quando estávamos juntas. Eu já estava com saudade da Lauren e fazia só doze horas desde que a vi. Ally tinha razão ao dizer que eu estava ficando muito dependente daquela mulher. Mas isso não era ruim, certo?

Apressei-me ao lembrar-me da baixinha, estava atrasada para encontrar minhas amigas no quiosque do seu Miguel. Dinah havia saído na frente, pois a mesma estava me ignorando por não ter lhe dado atenção nos últimos dias e eu precisava urgentemente me desculpar com ela. Isso porque ainda não tive coragem de lhe contar que transei com Lauren. Eu tinha que esperar o momento certo ou ela seria bem capaz de castrar os dedos da minha mulher e eu ainda precisaria muito deles.

No caminho, ao passar pela casa de Lauren, me esforcei muito para não entrar, ou não sairia tão cedo e minhas amigas me matariam. Assim que as avistei no quiosque à frente sorri largo por vê-las gargalhando de alguma coisa. Ah como eu as amava!

— Posso saber o motivo de tanta alegria? — Indaguei com as mãos apoiadas na cintura. Ariana se levantou em um pulo, soltando um gritinho antes de me abraçar, sendo seguida por Ally. Ambas falando o quanto sentiam saudades, enquanto Dinah fez cara de paisagem fingindo que eu não estava ali — Ah Jane para com isso, não vai me dar um abraço?

— Pede pra Lauren — Resmungou com um bico do tamanho do mundo e os braços cruzados. — Você só vive e só respira pra ela agora, não é? Nem se lembra que tem amigas.

— Ah para com isso, você sabe que eu te amo muito mais — abracei seu pescoço e enchi sua bochecha de beijos. — Me perdoa vai, eu prometo que vou passar mais tempo com você e fazer o que você quiser.

— Promete que vai me emprestar tudo que eu te pedir também? — arqueou uma sobrancelha. Dei um tapa em sua testa causando uma gargalhada em todas nós.

— Está bem, interesseira, tudo para que você me perdoe. — Sacudi as mãos ao ar.

— Eu te perdoaria de qualquer maneira, sua boba, mas o acordo já está feito! — Sorriu largo. Maldita.

Começamos uma conversa animada. Eu estava um pouco perdida em alguns assuntos sobre elas. É, eu acho que vacilei mesmo nos últimos dias. Então para consertar isso, concordamos em fazermos perguntas uma sobre as outras e assim nos atualizarmos.

— Minha pergunta é pra Mila — Ally afirmou animadamente — Qual o seu primeiro pensamento ao ver a Lauren? — Seus olhinhos ansiosos demonstravam curiosidade.

— Tinha que ser sobre a azeda? — Dinah implicou, mas eu ignorei, deixando a imagem de Lauren brotar em minha mente antes de responder.

— Eu só consigo pensar na minha língua dentro da boca dela. — Fui sincera de mais impulsivamente e corei sobre os gritinhos de espanto das minhas amigas.

— Isso foi muito lésbico, Camila. — Ariana falou risonha.

— É o que eu sou, não é? — dei de ombros, rindo da minha sinceridade.

— Como você pode dizer que é com tanta certeza se nunca ficou com um homem? — Arqueou a sobrancelha em desafio.

— Fácil! Por exemplo, tem aquelas comidas que você nem precisa provar pra saber que não gosta, certo? Basta olhar e você sabe que não quer comer. Sente aquele refluxo... Então...

— Que comparação horrível, Camila, comparar isso com comida é... Nojento. — Ally reclamou fazendo uma careta enquanto empurrava seu prato de tacos. Nós rimos alto.

— O que você sente por Lauren exatamente? — Ariana perguntou em sua vez.

— Lauren pra mim é... Ah gente, ela me consome. Eu não consigo ficar longe dela por muito tempo, sabe? Fico sempre chamando sua atenção só para ter seus olhos em mim. — Confessei — Se ela fosse uma droga, eu com certeza entraria em overdose. Lauren é o meu vicio sem fim. Eu não sei direito o que nós temos, mas o que temos já está ótimo. Se eu pudesse passaria toda sua vida ao lado dela.

— Percebemos — Dinah alfinetou em um suspiro exagerado. — E ela já gosta de você nessa intensidade? —perguntou com cuidado.

— Eu não sei, acho que não, mas eu não me importo com isso. — Forcei um sorriso. — Você sabe. 

— Como ela não se importa? —Ariana ergueu as duas sobrancelhas — Ela se mostrou muito afetada quando te viu com o David — lembrou — Lauren claramente ficou com ciúmes

— Bem que minha mãe sempre disse que ciúmes é um monstro de olhos verdes — Ally disse fazendo nós rimos novamente. Era maravilhoso passar o tempo com elas.

— Sua vez, Ally. Conte-nos algo que não sabemos ainda. — Bati palmas, empolgada.

— Tem uma coisa... Bem... Eu... Eu confesso que... Semana passada, eu... — Coçou a cabeça ponderando se deveria mesmo falar. Suas bochechas coradas e olhos arregalados mostravam que isso seria constrangedor — Eu fui à igreja... Fazia um tempo que eu não ia lá e...

— Fala logo! — gritamos em coro com ansiedade.

— Está bem! — levantou as mãos em rendição — Tinha um pastor novo lá, gostoso de mais e eu fiquei... Vocês sabem... É isto! — falou rápido e nós três ficamos estáticas.

— Você está dizendo que ficou excitada com um pastor dentro da igreja, Allyson?! — Dinah praticamente gritou, fazendo varias pessoas olharem perplexas em nossa direção. A baixinha puxou a toalha da mesa pra se esconder enquanto nós jogamos as cabeças para trás em gargalhadas intermináveis.

— Ari, é a sua vez. — Ally disse desesperada. Eu não conseguia parar de rir.

— Bem, eu conheci um homem maravilhoso. — Ela suspirou e contou tudo sobre um tal de Mac Miller, seu novo amor. — E você, não tem alguém especial, Dinah? — Perguntou depois de um tempo.

— Tive só uma paixão no colegial, mas no dia em que iriamos finalmente sair, encontrei o embuste beijando uma colega nossa e então desisti de romance, isso não é pra mim. Prefiro continuar a ler e escrever minhas historias.

— Não acredito que o idiota fez isso, é muito burro! Sinceramente! — Ari comentou revoltada e nós concordamos.

— Tem que ser muito retardado mesmo pra estragar as chances com esse mulherão da porra chamado eu, meu amor. — Dinah se gabou como sempre.

Continuamos a conversa até que eu escutei uma discussão que me chamou a atenção. Se tratava do homem que estava me seguindo nas ultimas semanas, ele parecia estar com problemas no caixa do quiosque, franzi o cenho por sua expressão desesperada. Não me contive e fui até lá.

— Algum problema? — Olhei para seu Miguel que parecia bem irritado.

— Este senhor comeu e bebeu e não quer me pagar! — Ele exclamou mal humorado, deixando o senhor um tanto constrangido.

— Eu juro que trago depois, eu realmente esqueci a carteira e achei que trouxe.

— Tipico! E você acha que eu vou acreditar nisso? Ou o senhor me paga agora mesmo ou eu vou chamar a policia!

— Espere, eu pago. — Decidi, chamando a atenção dos dois.

— Mas de jeito nenhum! — O desconhecido não tão desconhecido assim, negou.

— Não seja orgulhoso, eu só quero ajudar — peguei o dinheiro no bolsinho da minha saia e entreguei a seu Miguel diante o olhar indecifrável do senhor sobre mim.

— Camila, não faça isso. Este senhor é um... — Miguel tentou aconselhar, mas eu me irritei por ele julgar alguém sem conhecer.

— Com todo respeito seu Miguel, eu não me lembro de ter pedido a sua opinião. — o encarei de queixo erguido — não era dinheiro que o senhor queria? Então aqui está. Assunto encerrado.

Ele abaixou os ombros e aceitou antes de se afastar constrangido.

— Caramba, menina. Você me deixou sem palavras. Obrigado — ele me pareceu triste como sempre, mas pelo menos agora sorria — ninguém nunca havia me defendido assim, eu prometo que vou pagar a você, não saia daqui que eu volto logo.

— Não é necessário, eu faria isso por qualquer pessoa, ou amigo.

— Você parece com... — Ele pausou, sorrindo e engoliu em seco — eu faço questão — disse e então eu sorri concordando enquanto ele se virava para ir embora.

— O senhor nunca me disse como se chama... — Lembrei-me e então ele virou-se para mim novamente.

— Alej... — Ele respirou fundo e fechou os olhos antes de me olhar profundamente. — Me chamo Alejandro.

Apenas assenti, sentindo meu coração se agitar por algum motivo desconhecido. Então ele foi embora. Apesar de ser um estranho, ele me pareceu uma boa pessoa apenas por seu olhar.

— Você perdeu a noção, Camila? — Dinah praticamente gritou ao se aproximar de mim — Esse cara parece obcecado por você, garota! Você não deve confiar em todo mundo. Ele pode ser um maníaco! Vamos embora daqui, agora. — Sua voz desesperada me fez erguer as sobrancelhas sem entender o porquê de tanto nervosismo.

Até tentei contestar, mas a Dinah protetora estava em ação quando me arrastou daquele lugar sem me deixar despedir das meninas e nem esperar o senhor voltar. Tudo estava tão estranho, mas eu preferi ignorar quando no caminho avistei a casa de Lauren novamente e emperrei os passos. Dinah me olhou arqueando uma sobrancelha.

— Não! — Sentenciou antes mesmo de eu abrir a minha boca.

— Por favor, só um pouquinho e eu juro que vou pra casa e fazemos o que você quiser! — Negociei chorosa,  juntando minhas mãos em suplica, fazendo beicinho e implorando com o olhar. Tinha que funcionar.

— Camila, você passou a semana inteira na casa dela. A mulher vai se cansar de você desse jeito. Dá um tempo. — Tentou me puxar novamente.

— Ela não vai cansar de mim, Lauren gosta da minha companhia ok? — Afirmei com segurança.

— Tudo bem, mas vamos comigo, você tem todo tempo do mundo com ela depois.

— Não é verdade... — encolhi os ombros, me entristecendo.

Dinah respirou fundo e me deu um abraço.

—Não fica assim vai, eu só estou com saudades da minha melhor amiga e preciso que me ajude em algumas coisas.

— Eu sei... Mas eu prometo que será só um “oi” rápido.

— Te dou meia hora, Cabello!

Soltei um gritinho em comemoração e pulei em seus braços como um filhote de coala. Dinah riu alto enquanto eu dei vários beijos em seu rosto.

— Obrigada, obrigada, obrigada! Eu te amo muito! Você é a melhor!

Dinah sorriu largo, dando um beijo na minha testa. Fui saltitante ao encontro de Lauren. Antes parei pra comprar dois sorvetes, nesse calor acho que seria uma boa ideia.

— Surpresa, Lo! Olha o que eu troux... — Meu sorriso morreu e eu corei instantaneamente, com o coração acelerado ao receber dois pares de olhos assustados e surpresos em minha direção. Lauren estava acompanhada de uma mulher que segurava suas mãos. Traguei a saliva — Desculpa, eu não sabia que...

— Camila. — Lauren inclinou o rosto e sorriu de leve ao me ver e isso fez uma onda de alivio me atingir — achei que não ia vir hoje.

— É que eu estava passando e resolvi te dar um “oi” — falei sem graça por conta do olhar que a mulher ao seu lado me direcionava. — Trouxe sorvete.

— Oh, certo... Eu estou um pouco ocupada agora, terminando a conversa com Keana, você pode esperar um pouco? — Perguntou com uma calma que eu nunca vi antes sem desgrudar o contato das mãos da...

Keana? Meu coração perdeu uma batida quando eu me dei conta de quem realmente se tratava. Eu sabia que essa mulher não me era estranha e a barriga volumosa evidente deixava claro sua gravidez. Varias perguntaras começaram a rondar minha cabeça.

O que esta mulher estava fazendo aqui, e com Lauren?

Porque Lauren estava tão tranquila com sua presença?

E porque eu estava tão incomodada?

— Camila? — Lauren chamou minha atenção erguendo uma sobrancelha.

— Oh... sim, eu espero lá fora. — Encolhi os ombros e ajeitei os sorvetes nas minhas mãos antes de sair.

Caminhei até a beira mar para tentar acalmar esse incomodo estranho em meu peito. Coloquei meus chinelos sobre a areia e me sentei sobre os mesmos, distraída em meus próprios pensamentos. Me perguntava o que aquilo significaria para Lauren. Ela parecia tão inabalável.

Isso era bom ou ruim afinal?

Como ficaria a nossa relação?

E se ela fosse embora?

O importante era a felicidade dela, certo?

Respirei fundo quando senti uma ardência nos olhos e cocei o nariz, fungando um pouco para evitar as lagrimas que eu não sabia o motivo de querer surgir.

— Oi Mila — virei-me assustada para a voz aguda que me chamava e sorri ao ver o pequeno Nicolas — Onde está o Blue? Eu posso visitá-lo? A Sarah também queria vê-lo.

— Eu sinto muito Nico, o Blue já foi curado e voou para a família dele. — Informei com nostalgia.

O garotinho ficou um tanto triste, mas entendeu e se animou quando eu lhe dei o sorvete que seria para Lauren e logo começou a me contar diversas historias de criança. Sua companhia acabou me distraindo e causando algumas risadas, que foram cessadas quando senti olhares nas minhas costas e me deparei com Keana e Lauren me observando de longe. Elas trocaram algumas palavras que eu não consegui ouvir, e sorrisos. Meu coração quase despencou ao ver a mulher se inclinar para depositar um beijo na bochecha de Lauren, antes de ir embora sob o olhar da morena.

O sorrisinho que Lauren não conseguia esconder e o brilho de seus olhos deveria me deixar satisfeita, mas eu não estava. Ela acenou me chamando e eu me despedi do Nico antes de segui-la.

— Desculpe ter demorado. — Ela pediu enquanto organizava a sala que agora estava cheia de algumas caixas que eu não consegui ver do que se tratava, pois Lauren as fechou. — Você trouxe sorvete, não foi?

— Tudo bem. — Menti. Não estava nada bem. No entanto eu não sabia se seria legal perguntar algo, achei melhor ficar em silencio, não quis arriscar irritá-la, não sei se suportaria naquele momento. — Eu dei ao Nico, estava derretendo. — Expliquei e ela apenas assentiu me analisando.

— Aconteceu alguma coisa? Você está tão quieta. — Constatou enquanto pegava os pratos e copos que estavam ali e seguia para a cozinha.

— Não, nada — Forcei o sorriso acompanhando-a — só estou um pouco curiosa. — não resisti.

— Sobre Keana? — assenti sem jeito — Culpa da Normani — Foi só o que ela disse como se fosse suficiente.

— Vocês se acertaram? — Mordi o lábio inferior com receio.

— Sim. — me olhou com um pequeno sorriso e desviou o olhar. Foi como um golpe para mim —Então, você quer sair hoje? Confesso que estou ficando entediada aqui.

Engoli em seco me surpreendendo com seu bom humor e descaso. Parece que Keana conseguiu em minutos o que eu não consegui em semanas. Eu me sentia sufocada.

Eu deveria estar feliz por Lauren, certo? Certo.

— Eu não posso, fiquei de ver umas coisas com a Dinah e se eu não for... Desculpa.

— Não, tudo bem. Você tem ficado tanto tempo me aturando, merece um descanso de mim. — brincou. Seus olhos brilhavam me causando um revirar no estomago.

Eu não podia negar que gostava de vê-la de tão bom humor, só me sentia um pouco triste por não ter esse mérito.

— O que você tem? — Lauren parecia confusa quando se aproximou de mim, e eu entendi que ela estranhou meu silencio.

— Uhn.. nada, é que eu preciso ir agora...

— Até amanha, então? — segurou minha mão com as suas, brincando com meus dedos.

Assenti sem saber como me despedir dela agora. Meu corpo todo parecia doer, que sensação horrível. Eu mal conseguia respirar perto dela agora.

— Até amanhã — respondi forçando um sorriso e lhe dei um abraço rápido antes de me virar com a intenção de sair logo dali, mas me contrariando, Lauren me puxou e beijou os meus lábios calmamente, acariciando minhas bochechas com os polegares. Demorei dois segundos pra reagir por estar surpresa e então envolvi seu pescoço com meus braços, grudando nossos corpos e me sentindo bem mais relaxada.

Respirei fundo e abri um enorme sorriso ao sentir as famigeradas borboletas no estomago expulsando todo e qualquer incomodo antes presente.

—Assim está bem melhor — disse ela, com aquele maldito sorriso de tirar o meu folego.

...

— Eu até procurei me manter um pouco afastada dela no inicio, só queria focar no meu objetivo, mas não foi possível. — Eu me defendi enquanto Dinah me dava sermões e me dizia vários “Eu te avisei” por conta a minha aproximação e relacionamento com Lauren. Ajeitei minha cabeça em seu colo, fechando os olhos ao receber seus cafunés.

— Preciso te dizer de novo que eu...

— Você me avisou. — revirei os olhos — Eu sei, porra! — Prendi o riso quando ela estapeou minha boca por conta do palavrão que eu não estava acostumada a usar. — Mas você me conhece, eu sempre faço tudo errado. Tudo errado... — Minha voz saiu sussurrada no final.

— Vai atrás dela, Walz. Lute.

— O quê? — uni as sobrancelhas sem acreditar.

— Eu te avisei, eu sei, mas a errada aqui sou eu. Admito. — ela disse em um sorriso consolador — Você tem que correr riscos, se apaixonar, se decepcionar, acertar, cometer erros, todas essas coisas. Afinal viver é isso, não é?

Meu coração acelerou quando finalmente eu tive a certeza que Dinah finalmente entendeu o que eu tentava dizer em meses. Uma lagrima escorreu por meu olhos e ela tratou de enxugar como sempre e me empurrar de seu colo.

— Anda, Camila. Vai atrás do que você quer e não desista. — seu olhar tão cumplice me fez sorrir.

— Eu te amo muito. — Afirmei emocionada.

— Eu também, agora vai. — Disse passando um dedo no canto de seus próprios  olhos.

...

Resfoleguei pela milionésima vez ao observar Lauren. Suas sobrancelhas estavam unidas e sua língua entre os lábios, mostrando o quanto estava concentrada no que escrevia em um pequeno caderno na mesa de vidro redonda no canto da sala.

Eu fiquei longos minutos apenas admirando o seu perfil maravilhoso, seu corpo delicioso em uma postura perfeita. Lauren vestia um short jeans justo deixando suas coxas grossas totalmente expostas e uma camisa feminina xadrez nas cores branco, cinza e preto de botões, me deixando sem folego. Seus cabelos estavam lisos, presos em um perfeito rabo.

Sexy de mais para a minha sanidade.

Aquilo definitivamente não é uma mulher, é um evento.

Em passos lentos cheguei a suas costas e seu perfume natural invadiu minhas narinas, eu pensei que ia desmaiar de prazer sem ao menos tocá-la. Respirei fundo e soprei sua nuca ao me pronunciar.

— Você me deixa sem ar... — Desci minhas mãos por seus braços sentindo-a estremecer, surpresa — Gostosa pra caralho! — Sorri ao falar outro palavrão no mesmo dia.

O que a convivência faz, não é mesmo?

Com o susto, Lauren deixou o caderno e a caneta caírem, me rendendo uma risada contra sua nuca antes de me colocar ao seu lado, rodeando seu pescoço com um braço.

—Porra, Camila! Que mania de entrar silenciosa. — bufou colocando a mão sobre o peito.

— Amei a sua reação. — Eu ri.

— Eu estava concentrada!

— E daí? Eu ainda posso te assustar quando eu quiser — empinei o nariz e ela riu negando com a cabeça.

— Uma hora vai me matar do coração, idiota! — Seu rosto corado me divertiu, soltei um beijo estalado em sua bochecha, sorrindo.

— Se for pra te matar, que seja de outra maneira — balancei as sobrancelhas e rodeei minhas pernas em sua cintura ao sentar em seu colo.

Sorri satisfeita quando os braços de Lauren me envolveram com vontade

— Ah é? — Roçou nossos narizes quando eu encostei nossas testas. Nossas respirações se confundindo me deixava inebriada — Qual?

Antes que eu respondesse, Lauren fechou a distancia dos nossos lábios em um beijo delicioso. Sua mão esquerda se emaranhou em meus cabelos enquanto a outra apertou minha cintura de forma instigante e começou a subir e descer por minhas costas em rastros quentes por baixo da blusa, me fazendo ofegar.

Abri meus lábios, inclinando a cabeça, mostrando que eu queria mais e ela prontamente me atendeu quando sua língua quentinha deslizou por meus lábios, antes de invadir minha boca em um encontro de línguas insano. Minhas mãos que acariciavam seu ombro e clavículas começaram a desabotoar sua camisa, para ter mais acesso. Afastei-me um pouco só para ter a visão privilegiada de seus seios apertadinhos em sutiã azul marinho lindo.

— Deliciosa como sempre. — Murmurei lhe dando mais um beijo e outro, amando os barulhinhos que causávamos. — Porque não vamos pro seu quarto? Estou com saudades de você dentro de mim... — raspei meus dentes no cantinho de seu lábio inferior e ela sacudiu os ombros em uma risada baixinha e sensual.

— O que você tem hoje, hem? — me apertou mais contra si, pressionando meus quadris em sua barriga, molhando minha calcinha instantaneamente e beijou meu pescoço delicadamente — Se eu não te conhecesse, diria que usou alguma droga pra te deixar tão desinibida.

— Pra quê eu vou usar drogas se eu já fico louca só de te olhar? — segurei seu rosto e beijei a ponta do seu nariz e lambi sua bochecha rapidamente. — Gostosa!

— Camila!

Joguei a cabeça pra trás em uma gargalhada, meu corpo sacudindo em seus braços.

— O que estava fazendo uh? — mudei de assunto, curiosa, me inclinando para pegar o caderno no chão.

— Nada! — Puxou o objeto de mim rapidamente, mas eu consegui ver o que era.

— Você está compondo! — Exclamei deixando meu queixo cair levemente. — Vai voltar a cantar? — sorri largamente em animação.

— Claro que não. — Rolou os olhos.

— Em minha opinião o mundo inteiro precisa ouvir a sua voz maravilhosa, Lauren. Você precisa voltar.

— Que bom que não depende da sua opinião, então. — Respondeu grosseira.

Se você pensou por um instante que Lauren deixou de ser grossa comigo depois de todo esse tempo estava enganada, diminuiu sim, mas voltava sempre que eu a desafiava ou entrava em um assunto proibido, como esse. E pra ser sincera, eu não me incomodava nem um pouco com seu gênio difícil, na verdade eu gostava disso.

Será que ela tinha um lado rude na cama também? Fica aí o questionamento.

— Você tem razão. — Decidi não confrontá-la e levantei de seu colo, indo em direção ao sofá onde me joguei. Não estava com vontade de discutir com ela.

— Tenho razão? — Lauren franziu o cenho e veio até a mim ainda com a camisa aberta, ajeitando minhas pernas em suas coxas quando sentou na outra ponta. Apenas sacudi a cabeça uma vez, confirmando. — Isso não é normal, o que houve?

— Nada, por quê? — Mordi o lábio inferior para evitar um gemido quando seus dedos tocaram meus pés e fechei os olhos para aproveitar a massagem que se iniciou neles.

— Você normalmente me confronta ou ignora, mas nunca diz que eu tenho razão. — deu de ombros e se colocou de joelhos no sofá, engatinhando e se posicionando em cima de mim.

Oh Deus, isso é tortura.

— Verdade... — Eu disse em um sopro, molhando meus os lábios com a minha língua e a encarando de baixo como uma felina pronta para o ataque. Nós duelávamos através do olhar. Levei minha mão ao seu cabelo apertando o rabo formado nele — Você não sabe como me deixa quando me olha assim...

— Não me provoca... — Advertiu umedecendo os lábios também.

— Por quê? O que é que você vai fazer se eu for uma menina má? — desci minha mão livre por suas costas e toquei uma de suas nádegas atrevidamente, apenas acariciando para calar a minha vontade. A expressão chorosa de Lauren me fez soltar uma risada.

— Ah, garota... — Deitou-se completamente sobre mim, pressionando nossos corpos e ao contrario do que eu imaginei que viria, me vi me contorcendo em cocegas, gargalhando alto ao som da sua risada abafada no meu pescoço.

— Paraaaaaa — gritei tentando afastá-la de mim, já estava ficando sem ar e dei graças a deus quando Lauren finalmente parou a tortura, apoiando-se no cotovelo enquanto descia o olhar por todo o meu corpo. Minha saia havia subido e estava na cintura, dando-lhe a visão de minha calcinha branca, mas eu não me importava, queria que Lauren apreciasse tudo era apenas dela. Seu olhar parou em meus seios. Eu estava sem sutiã e eles agora se encontravam entumecidos. A vi morder o cantinho do lábio e isso fez um arrepio percorrer minha coluna, molhando ainda mais minha calcinha.

— Você me olha assim e depois me culpa, isso não é justo. — Fiz beiço com manha, a olhando por baixo dos cílios na expressão mais inocente.

Lauren curvou os lábios em um sorriso torto, me olhando daquela maneira que mexia comigo de uma forma que ela nem imaginava.

— Onde foi que você aprendeu a ser tão atrevida e safada assim? — Ergueu a sobrancelha.

— Digamos que eu leio bastante e... Aprendo muitas coisas... — disse orgulhosa, brincando com o colar de cruz que ela estava usando, e sorri maliciosamente.

Lauren riu, balançando a cabeça e logo me olhou com desejo, puxando delicadamente meu rosto para capturar meus lábios em um beijo preciso.

Meu corpo automaticamente esquentou quando nossos seios se encontraram em uma pressão gostosa. Respirei fundo, levando minha mão a seus cabelos e os soltando para logo afundar meus dedos entre suas mechas macias, puxando seu rosto para mim, beijando-a conforme minha sede exigia. O atrito molhado e quente de nossas línguas me deixando maluca.

Minhas mãos logo trataram de explorar aquele corpo perfeito por baixo de sua blusa, e eu gemi entre seus lábios ao sentir sua mão em cima do meu seio em um aperto delicioso. Seus lábios desceram para o meu pescoço em beijos molhados, e quando Lauren sugou meu ponto de pulso com a mesma pressão que fazia em meu seio, meu sexo se contraiu, terminando de estragar literalmente a minha calcinha.

Oh céus! Eu a queria tanto... Como não querer? Lauren parece ter sido esculpida pelos deuses, ou demônios, quem sabe?

Um pequeno toque de celular me fez praguejar quando Lauren interrompeu nossa sessão de amasso e sentou-se no sofá, alcançando o aparelho na mesinha. Resmunguei em protesto. Ela soltou um riso nasal e arqueou as sobrancelhas lendo atentamente a mensagem. Uma curiosidade e receio fez um friozinho percorrer meu estomago.

— Algum problema? — sentei ao seu lado, analisando sua expressão.

— Na verdade é uma solução. — sorriu um tanto animada — Normani confirmou uns negócios que estamos acertando e eu vou precisar ir ainda hoje para New York.

Um tiro seria menos doloroso do que aquela revelação. Meus olhos umedeceram naturalmente. Lauren estava tão empolgada que não reparou nesse detalhe.

— Você vai... — traguei a saliva respirei fundo tentando me controlar, afinal eu não tinha direito nenhum de ficar chateada ou com aquele maldito aperto no peito. — você vai embora?

O que eu mais temia estava acontecendo e eu não queria acreditar nisso, por mais que eu soubesse que esse dia chegaria.

— Sim, e vou embora ainda esta noite...