Fanfic: The Glow of a Glance - Camren | Tema: Camren

Acho que nunca corri tanto em minha vida como estava fazendo para alcançar Lauren e quando consegui vê-la dobrando a esquina, apressei os passos, no entanto fui interrompida por um corpo másculo em minha frente e duas mãos em meus ombros. Arfando, levantei o olhar para o homem e engoli em seco ao ver que era o mesmo que andava me seguindo.

— Aconteceu alguma coisa, menina? — Seus olhos pareciam preocupados ao me analisar. — respira, se acalma e...

— Está tudo bem, moço, eu... Só preciso... Realmente ir... Com licença... — Consegui responder com dificuldade e me esquivei dele, voltando a seguir a minha morena de olhos verdes.

— Se precisar de qualquer coisa, pode falar comigo. — ele disse alto o bastante para que eu escutasse, mas não me dei ao trabalho de responder. 

Aquele homem me dava uma sensação muito esquisita, eu tinha medo e ao mesmo tempo me intrigava, mas no momento meu único foco era Lauren. Precisava falar com a mais velha imediatamente, antes que ela se fechasse definitivamente para o mundo por conta das suas inseguranças. Consegui ver quando a mulher entrou em casa e corri para a janela da cozinha, dando graças a Deus que não deu tempo de ela lembrar-se de trancar.

Assim que pus os meus pés no chão da cozinha, respirei profundamente levando a mão à testa suada, tentando recuperar a respiração por conta da corrida e do esforço. Desci a mão à boca para abafar uma crise de tosse e logo depois repousei a mesma sobre o meu peito esquerdo, sentindo o coração tão acelerado que doía um pouco. Minha visão se embaçou um pouco por conta da tontura que eu estava sentindo, tomei um copo com água para me acalmar antes de procurar por Lauren.

Caminhei com calma pela casa e meu peito se comprimiu quando encontrei a mulher sentada no terceiro degrau da escada, o rosto encostado em seus joelhos e as mãos trêmulas entre seus cabelos apertando-os. Senti vontade de chorar por vê-la tão frágil, mas precisava me controlar. Aproximei-me lentamente e sentei ao seu lado em silencio, percebi como sua respiração acelerou.

— Eu quero ficar sozinha, Camila, por favor, respeite isso. — Levantou o rosto vermelho em minha direção. Em seus olhos não havia lagrimas e sim pura fúria de quem achava ter sido enganada mais uma vez.

— Não, não vou te deixar sozinha. — Respirei fundo e soltei o ar lentamente, ainda me sentindo cansada pela corrida — Você vai ter que me escutar, Lauren.

— Você não é ninguém pra dizer o que eu tenho ou não que fazer. — Seus lábios tremiam em um descontrole palpável — Vá procurar outra estupida pra se divertir porque eu já me cansei de você! Eu já cansei de todo mundo me fazer de idiota ou querer me consertar!

— Você entendeu tudo errado, Lo, o David...

— Cala a boca! Não quero explicações para o que eu vi. — grunhiu cerrando os punhos — cala a maldita boca e sai da minha casa! — segurou meu braço com firmeza, me levantando junto com ela, mas consegui me soltar ao empurrá-la — Eu ouvi e vi vocês dois! Já me dei conta que se divertem às minhas custas. “Primeiro beijo” — disse com desdém riu em escarnio. — ainda bem que eu não caí nessa! Você é igual a ela, você e Keana são duas vadi...

A interrompi com um tapa estalado em sua bochecha, fazendo-a arregalar os olhos levando a mão ao local avermelhado. Funguei tirando o cabelo que voou para o meu rosto com o movimento e enxugando uma lagrima que escapou junto. Eu sabia que Lauren estava associando o que aconteceu às suas magoas e traumas passados e eu admitiria tudo para que ela extravasasse sua raiva, mas jamais permitiria ser insultada dessa maneira. Isso não.

— Vai embora, Camila! — estremeci com o tom alto e rouco de sua voz, ela voltou a sentar na escada, na mesma posição que a encontrei e eu percebi que estava chorando em silencio quando a vi estremecer.

— Eu não sou a Keana. — Falei baixinho me aproximando novamente para sentar ao seu lado — Você precisa aprender a ouvir e precisa entender que nem todo mundo vai te machucar, Lauren... Você pode confiar em mim. Eu jamais brincaria ou enganaria você. — mordi o lábio vendo-a negar com a cabeça freneticamente ainda com o rosto entre os joelhos. — O que você viu e ouviu foi um amigo com os sentimentos feridos do amor não correspondido.

— Eu vi como ele não estava sendo correspondido, e achei bonita a sua forma de consolar — falou abafado contra seus joelhos, o sarcasmo vivo em seu tom de voz.

— David estava me acusando de estar com você por meu beneficio, e ele queria ser essa pessoa a me proporcionar isso, queria que eu o usasse como achava que eu estava te usando apenas porque ele gosta de mim mais do que deveria — Expliquei e soltei o ar antes de continuar — e eu estava nervosa, Lauren, eu estava tentando explicar que não estou ao seu lado por gostar de você para o que eu preciso, é complicado, mas com o tempo você vai entender. Por enquanto só precisa saber que eu não sou egoísta e você é importante pra mim.

Toquei seu braço, começando uma leve caricia, Lauren era arisca, eu tinha que falar com calma. Esperei alguns segundos antes de continuar quando não houve resposta.

— Como eu poderia pensar em mim, quando a minha prioridade é você? Como? — Sorri de lado olhando-a com carinho — Eu só penso em te ver bem, te ver sorrir, em ver a vida nos teus olhos outra vez... Porque para mim, Lauren, quando se trata de você, eu e minhas necessidades ficamos em segundo plano. — Abri mais o sorriso quando Lauren levantou o rosto para me analisar enquanto eu ainda corria meus dedos por seu braço direito — Eu quero que pare de pensar que todos vão te machucar, que possa se abrir sobre seus sentimentos comigo e não fique aprisionada neles, eu quero que perca essa insegurança. Eu quero que confie em mim.

Toquei sua bochecha e esperei que ela falasse algo enquanto fitava seus olhos e pude notar a confusão e o receio que estava em sua cabeça através deles, mas Lauren desfez o contado voltando a baixar a cabeça e esconder o rosto entre as mãos, então suspirei rendida, era hora de deixa-la absorver tudo o que eu disse.

—Por favor, pensa nisso, pensa nos últimos dias e... Não esqueça.

Após terminar o que eu precisava dizer, dei um beijo no topo de sua cabeça e fui em direção à porta, dando uma ultima olhada nela antes de deixa-la refletir sozinha. Todos nós precisamos de espaço e eu daria o dela sempre que preciso fosse. Claro, não deixando-a literalmente sozinha, era tudo que ela menos precisava. Eu estaria por perto no caso dela precisar de mim.

Deitei-me na rede da varanda, sentindo a brisa da noite relaxar meu corpo. Torcia de todo coração para que minhas palavras surtisse algum efeito positivo naquela cabecinha dura. Se ela decidisse desabafar comigo seria tão mais fácil lidar com ela, ultrapassaríamos mais uma fase, Lauren se sentiria mais aliviada e eu ficaria feliz por saber que conquistei sua confiança.

“Estupida!”

Ouvi seu grito e fechei meus olhos. Não sabia se ela estava se referindo a si própria ou a mim e sinceramente eu preferia que fosse a mim, pois não gostava quando Lauren se menosprezava dessa maneira. Me contive para não invadir seu espaço, ela precisava organizar seus pensamentos. A ferida que a mulher de olhos verdes carregava dentro de si a fazia se culpar, ser tão insegura e perder tão fácil o controle.

Eu compreendia que não seria tão fácil para Lauren confiar em mim sem ao menos me conhecer direito e estava satisfeita com o progresso que consegui, era gratificante a forma como eu conseguia acalmá-la pelo menos um pouquinho.

Escutei o barulho de passos e logo a porta foi aberta, fechei os olhos com força torcendo para que ela não reclamasse por ainda estar ali e quando os abri, notei um copo de alguma bebida que eu logo soube ser alcoólica e uma fotografia em suas mãos. Suas narinas inflaram ao direcionar seu olhar sério a mim, mas ao contrario do que eu esperava, Lauren suspirou e sentou-se na cadeira próxima a mim, sorvendo um gole do liquido quente.

— Desculpe ter me alterado com você. — Encolheu os ombros, fitando o liquido dentro do copo — Eu não tenho o direito de ficar brava e te acusar por estar me usando ou me fazendo de idiota quando eu estou fazendo o mesmo com você. Não posso ser hipócrita e te cobrar alguma coisa.

Arqueei a sobrancelha diante suas palavras e inclinei minha cabeça de lado em busca da conclusão.

— Quando estou com você é como se o resto sumisse e eu gosto disso, gosto da distração, de fugir... — divagou um pouco e então clareou a garganta direcionando seu olhar a mim — mas como eu já te disse, não dura, é apenas isso, uma forma de fugir. Estou te usando para fugir dos meus problemas reais. — soltou um suspiro e eu me perguntei se o que ela disse era totalmente verdade ou se ela não queria admitir que gosta de mim nem que seja um pouquinho — Você me faz bem, eu te permiti se aproximar e se te faz bem me “usar” também ou seja lá qual for sua intenção, acho que é uma bela troca, contanto que você não espere mais do que isso.

— O que você quer dizer? — comprimi os lábios analisando-a.

— Quero dizer que podemos continuar assim se nos faz bem, não tenho mais nada a perder mesmo. — deu de ombros.

Um silêncio confortante se instalou entre nós por alguns minutos, eu preferi não dar continuidade a aquela conversa, não estava gostando do rumo dela, então seria melhor desviar. Balancei-me um pouco na rede ao esticar a cabeça para tentar ver a foto que ela estava segurando.

Lauren riu pelo nariz, esticando a fotografia para matar minha curiosidade. a segurei e vi a imagem de Keana sentada em um balanço enquanto sorria.

— Ela é muito bonita. — Elogiei com sinceridade.

— Sim ela é, mas a beleza dela é algo superficial. Keana não vale a pena. — Afirmou amarga, antes de tomar mais um gole da sua bebida.

— Mesmo assim você bebe por ela... — Alfinetei tendo seu olhar furioso sobre mim instantaneamente, as sobrancelhas unidas e o maxilar travado, ela odiava ser afrontada.

— Você não cansa de ser inconveniente — resmungou — Porque diabos ainda está aqui, mesmo? 

— Porque você me quer aqui — rebati de forma neutra, vendo suas narinas inflarem, mas eu não tinha medo de ser sincera e dizer o que penso — Nem o cigarro e nem a bebida vão ajudar a curar as suas feridas. Sabe disso, não é?

— Ah e você vai? — Uma gargalhada sarcástica deixou sua garganta e eu baixei a cabeça tentando não me deixar atingir por suas palavras — é isso que você acha não é? Foi isso que eu ouvi. È claro! — Concluiu com deboche e sacudiu a cabeça em negação — Você acha que sabe tudo, não é, Camila? Porra! Olha só pra você! É só uma garota estupida de dezenove anos que acredita em milagres e age como se soubesse de tudo! — seu sorriso irônico me causava uma tristeza que eu não podia controlar — Vá viver e fazer da sua vida um exemplo antes de se meter na minha querendo me dar conselhos.

POV Lauren

Camila parecia estática, o olhar perdido, pela primeira vez sendo atingida por minhas palavras. Seus olhos brilharam, dessa vez de tristeza eu pude notar, mas se mantinha firme para não chorar. Eu deveria estar contente por finalmente atingir meu alvo, mas não fiquei. Arranquei a foto de suas mãos e ela continuou calada, apenas me olhando e se esforçando para não deixar as lágrimas descerem.

— O que foi senhora sabedoria? Perdeu a fala? — Alfinetei.

— Eu sei que você precisa desabafar — Disse mais para ela do que para mim. Parecia tentar se convencer disso.

— Vai pra sua casa, vá viver a sua vida. — Aconselhei e Camila respirou fundo e baixou a cabeça sem se mover, notei que essas palavras a afetava quando a vi levar a mão até o canto dos olhos enxugando algumas lagrimas.

Levantei-me, sentindo meu sangue fervendo e antes de entrar escutei as palavras que me acertaram em cheio.

— Mas eu estou vivendo... — a voz disse embargada e cheia de sentimentos — Você é que não está...

Um tapa na cara teria sido menos doloroso. Que merda eu estava fazendo? Querendo descontar minhas dores na pessoa errada, a pessoa que menos merecia, a pessoa que não saía do meu lado mesmo quando eu era a pior. Que porra eu tenho na cabeça?

Larguei o copo e a foto e deitei no sofá olhando o teto sem saber o que fazer. Longos minutos se passaram e eu estava apenas me praguejando por ser tão imbecil. Levantei e voltei para a varanda e como eu já esperava, lá estava a teimosa, agora encolhida por conta do frio da noite, adormecida na minha rede.

Aproximei-me cuidadosamente, sorrindo ao ver seu rosto tão lindo caído para o lado, uma respiração leve saindo por seus lábios entreabertos. Mordi o lábio inferior reprimindo a vontade de beijá-la novamente. Eu devo ter algum problema.

Acariciei seus cabelos e a ouvi suspirar em seu sono, ou era o que eu pensava...

— Não está mais chateada comigo? — Estremeci com um leve susto ao perceber que ela estava acordada, um sorriso em seus lábios, seus olhos ainda fechados, balançou a cabeça e tocou na minha mão indicando que queria que eu continuasse, sorri sacudindo a cabeça em negação e continuei a caricia por alguns segundos e então parei sob seu resmungo, voltando a me sentar na cadeira.

Camila abriu seus olhos e o brilho de felicidade deles não estava lá, seu olhar estava vago, diferente. Senti-me culpada. Eu estava sufocada, precisava soltar o que sentia, compartilhar minha história pela primeira vez e aquela garota folgada e atrevida me parecia a pessoa mais indicada para isso. Camila merecia essa mostra de confiança depois de tanto suportar de mim.

POV Camila

— Keana e eu nos conhecemos desde crianças, ela foi a minha primeira amiga na escola.

Arqueei as sobrancelhas surpresa e atenta quando Lauren começou a desabafar. Eu não esperava por isso, não agora. Meus batimentos cardíacos se alteraram no mesmo instante e eu me senti importante. A dor causada por suas palavras anteriores se dissiparam instantaneamente.

— Desde o primeiro instante em que a vi na escola aos quatro anos, soube minha preferencia pelo sexo feminino. Lembro-me de perguntar a minha mãe se podia me casar com Keana, e não entendi seu pequeno surto ao me dizer para nunca mais repetir aquilo, pois era errado, era feio. — seus lábios se comprimiram com a lembrança — Lhe contestei afirmando que ela mesma havia dito que deveríamos nos casar com a pessoa que nos fazia feliz e Keana me fazia feliz. Foi a primeira vez que minha mãe me bateu.

Lauren engoliu em seco, as palavras saindo com dificuldade e emoção, e em seus olhos um brilho profundo, me remexi inquieta, mas me impedi de interrompê-la.

— Foi apenas um tapa na boca, sabe? Não doeu tanto fisicamente, mas doeu saber que a pessoa que eu mais amava no mundo estava me ferindo. Segundo minha mãe, era para eu me lembrar de não repetir mais aquilo na frente de ninguém, então eu nunca mais falei sobre isso e até hoje é difícil conseguir me expressar sobre o que sinto.

— Por isso a insegurança... — concluí divagando e Lauren me encarou confusa — Nada, continua.

— Keana se tornou minha melhor amiga, eu fazia qualquer coisa que ela me pedia, até mesmo a ajudava a se encontrar escondida com seus namoradinhos só para vê-la feliz, mesmo me sentindo enciumada. Era doloroso ter que aguentar calada, vendo a garota que eu amava com vários caras, ouvi-la falar sobre eles, porque em minha consciência era feio falar sobre meus sentimentos, me abrir, as pessoas me julgariam por ser uma mulher o meu primeiro e grande amor, sem falar que eu temia a reação dela.

Lauren respirou fundo, as lagrimas se formando no canto de seus olhos, mordi o lábio inferior com um pouco de força tentando me conter, não era o momento de falar ainda, temia que ela não continuasse.

— Tentei namorar alguns garotos apenas para deixar feliz a minha mãe, que me acusava de ser um fracasso até pra namorar, pois nunca conseguia passar de três meses com um. Acho que no fundo ela sabia o porquê, mas eu jamais tive a coragem de desafiá-la novamente, já estava fazendo isso às escondidas quando resolvi seguir a carreira da musica e faltava na faculdade de medicina para ensaiar e fazer shows.

— Então sua mãe queria controlar até qual carreira você deveria seguir? — Não me contive, achava isso um absurdo, de quem era a vida afinal? Que mãe controladora era essa que só pensava em si? Eu estava revoltada. Coloquei os pês para fora na rede ao me sentar.

— Sim, eu te falei sobre isso mais cedo, só não com detalhes — Seus lábios se curvaram em um meio sorriso e eu entreabri os meus ao lembrar.

— Oh é verdade! É que eu estava tão ocupada te olhando que... — A risada baixa de Lauren me fez corar ao notar o que eu estava falando — Enfim, você que tem que fazer suas escolhas, se eu pudesse ser uma mãe com certeza lutaria pela felicidade do meu filho. — Sorri fraco com o pensamento. Senti seu olhar sobre mim e a encarei, corando novamente ao notar seu sorriso agora enorme enquanto me fitava com... Admiração. — Desculpa, continua. O que aconteceu com a Keana?

—Keana descobriu que eu gostava dela através de uma mensagem que eu havia trocado com a Normani e em vez de vir conversar comigo e contar que se sentiu traída por ter escondido dela, a garota resolveu se vingar, levou minha mãe à faculdade e me humilhou na frente de todos, mostrou a conversa impressa, disse absurdos, eu quis morrer naquele momento. Em casa foi um verdadeiro terror, você deve imaginar. As pessoas começaram a me olhar com nojo e preconceito e algumas se afastaram até mesmo meus irmãos.

A dor que Lauren sentia era palpável, seus olhos completamente úmidos se fecharam deixando escapar algumas lágrimas que foram secadas por meus dedos carinhosos, quando me inclinei e selei sua testa com meus lábios. Quando me afastei, ela continuou de olhos baixos, brincando com os dedos trêmulos.

—Normani foi o meu apoio — sorriu fraco ao falar de sua empresaria — por sua causa eu não desisti do meu sonho naquele momento, ela me convenceu que eu precisava da minha carreira para sair logo do inferno e do controle de clara, que passava mais tempo no hospital, mas quando chegava era para foder com o meu juízo com suas perguntas sobre a maldita faculdade. Fui ficando cada vez mais famosa às escondidas e certo dia, Keana me procurou chorado desesperada. Fui uma idiota e a levei para o meu quarto, cuidei dela e a deixei desabafar em meu colo, ela me contou que estava gravida e com muito medo pois o cretino não quis assumir e seus pais a expulsaram de casa, me pediu perdão e ajuda e eu como uma boa estupida cedi. A amava tanto que ignorei a dor de tudo que ela me causou para estar perto dela...

Lauren fungou, parando um pouco para ofegar, segurei suas mãos entre as minhas e apertei em apoio.

— Abriguei Keana escondido em minha casa, cuidei dela e acabamos nos envolvendo, prometi assumir a criança a qual fui me apaixonando a cada dia. Enquanto isso eu consegui lançar meu álbum e havia feito um grande show, faltava pouco para conseguir comprar um apartamento com minhas economias, foi quando minha mãe foi avisada por um professor da faculdade de que eu não estava mais frequentando e quando me procurou para reclamar me encontrou com Keana e a briga foi feia quando contei toda a verdade. Clara me bateu pela ultima vez e me expulsou de casa. Consegui um empréstimo, comprei um apartamento e fui morar lá com a minha mulher gravida.

— Nossa... — Soltei uma lufada de ar imaginando todo o sufoco que ela passou.

— Mesmo com tudo que havia acontecido eu estava feliz, sabe? Meu sonho estava dando certo, eu estava com a mulher que amava e teria um filho com ela, estava bom de mais para ser verdade. Eu cuidava de Keana como a menina dos meus olhos, com todo o amor que tinha, ela teria o nosso filho e eu já o amava tanto... Me emocionava cada vez que sentia o pequeno se mover em sua barriga. — respirou fundo e enxugou algumas lagrimas — Arquei com todas as despesas no hospital, a acompanhei em cada consulta medica, mesmo tendo que enfrentar a minha mãe e seus amigos naquele maldito lugar, eu estava feliz de mais para me importar com o que os outros pensam, até gostava de ir ser voluntária na ala infantil e divertir as crianças imaginando como seria meu filho. Cantava para eles, levava presentes, doces e fazia algumas doações quando podia.

— Mas se estava tudo tão bem, como você veio parar aqui? — mordi o lábio inferior em angustia, não gostava de ve-la tão frágil, Lauren estava me mostrando suas fraquezas e isso era raro.

— Eu comprei essa casa para fazer uma surpresa a Keana. Aqui onde moraríamos os três, longe de tudo, eu lhe pediria em casamento e aqui eu seria finalmente feliz.

— Eu não entendo como.... — Lauren me interrompeu ao continuar.

— Um dia após um show eu procurei por Keana e a encontrei conversando com o Alex, o maldito cara que a engravidou, eles planejavam fugir e estavam rindo às minhas costas. Os dois pretendiam arrancar dinheiro de mim e ir embora com a criança que eu já me sentia mãe. — Lauren soluçou e eu não segurei mais minhas lagrimas ao vê-la assim.

— Vem cá. — Puxei-a para mim, a envolvi em meus braços, nos deitamos na rede com sua cabeça em meu peito e minhas mãos acariciando seu couro  cabeludo e costas.

— Aquilo foi de mais para mim. Eu fiquei destruida, me senti morrer naquele instante, Camila. — Afundou o rosto em meu peito, apertando seu braço ao redor do meu corpo — Nós discutimos, Alex riu quando eu disse que o bebê era meu filho e Keana confessou que nunca gostou de mim e sentia nojo quando eu a tocava. 

— E então você fugiu para cá? — Perguntei suavemente,  buscando sua mão para entrelaçar nossos dedos.

— Eu não suportei Camila, eu não suportei tanto desprezo e a dor de saber que além de não ter mias a mulher que amava, eu não teria mais o meu filho, que na realidade nunca foi meu. Tudo não passou de uma mentira. Nada mais fazia sentido para mim, nada faz mais sentido. Não tenho mais vontade de nada, não consigo confiar nas pessoas, só em você... Não sei como conseguiu isso, mas eu confio em você e senti tudo de novo quando te vi com o David mesmo você não tendo culpa de nada. Afinal, nós nem somos nada. Você entende? Eu...

— Shhh.... Não fala mais nada.— A impedi de continuar divagando ao tentar se explicar. puxei suas mãos para os meus lábios e beijei seus dedos.

— Sabe, eu fico me perguntando o que eu fiz de errado...

— Você apenas foi boa de mais para quem não merecia... — Nossos olhares se encontraram quando ela levantou a cabeça para mim — Não fique se culpando, o erro não foi seu, Lauren.

POV Lauren

Camila estava sendo tão perfeita mais uma vez e eu me sentia envergonhada e arrependida das palavras grosseiras que lhe disse mais cedo. aquela garota não merecia a minha grosseria. Eu não a merecia... E mesmo assim ela me acolhia em seus braços e eu estranhamente em vez de me sentir mal por expor minhas fraquezas, senti um enorme alivio por compartilhar minha história e sentimentos com alguém que não me julgaria.

— Me perdoa pelo que eu te fiz — Coloquei a mão em seu rosto, acariciando a bochecha macia como polegar, encostando nossas testas — Eu não deveria ter descontado em você. Os meus traumas de outro relacionamento não justifica o fato de eu ser escrota com você. Você não é ela... Me perdoa. Não sei como você suporta isso, eu... — Fui interrompida por um beijo rápido e fiquei aturdida quando vi seu sorriso.

— “Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinhos. Eu sorrio por saber que os espinhos têm rosas” — Camila citou Machado de Assis balançando as sobrancelhas e eu sorri largo selando nossos lábios e sugando seu inferior antes de responder.

— “Qualquer um pode amar uma rosa, mas é preciso um grande coração para incluir os espinhos” — Devolvi com uma citação de Clarice Lispector fazendo-a sorrir até com os olhos naquele brilho magnifico. — E o teu coração é muito lindo Camila. — A garota perdeu o sorriso, baixando o olhar, franzi o cenho não entendendo sua reação. — Obrigada por não me abandonar mesmo quando eu te expulsei.

— Estou com você e não vou te soltar e nem te deixar sozinha... Mesmo que você tente me expulsar — Me olhou, mostrando a língua de maneira divertida.

— Idiota — brinquei e senti suas mãos em uma leve caricia na minha clavícula e pescoço levando meu rosto para ela novamente.

— Eu te perdoo se me beijar mais... Estou com saudades... — Sua voz provocante fez aqueles arrepios insanos voltarem.

— Camila... — A repreendi em um sussurro e ela sorriu da forma que eu mais gostava, com a língua atrevida entre os dentes, acabando com o meu autocontrole.

A atração estava de volta. Mesmo sabendo que o caminho que estávamos tomando era perigoso, eu queria continuar com aquela loucura deliciosa. Inclinei meu corpo sobre o dela na rede e tomei seus lábios em um beijo quente, gemendo baixinho quando senti a massagem gostosa que a sua língua fazia na minha, fazendo meu coração acelerar pela milionésima vez.

Nosso beijo era molhado e delicioso, Camila beijava como ninguém, não importa se eu começava o beijo, ela sempre tomava o controle, sua língua curiosa trabalhava em minha boca sem descanso, deslizando contra a minha e rendendo gemidos sufocados, seu quadril pressionava contra o meu por baixo lentamente, eu podia sentir o calor que emanava dela e isso estava me deixando louca.

Desci minha mão direita pela lateral de seu corpo e apertei sua coxa, gemendo ao sentir que seu vestido havia subido até a cintura. Pressionei uma de minhas pernas entre as suas sentindo seu calor e umidade em minha coxa, suas unhas arranhavam com força minhas costas enquanto ela gemia baixinho, arqueando o corpo para mim.

Camila separou nossas bocas causando um barulho excitante. Lançou-me um olhar quente que fez uma onda eletrizante percorrer meu corpo e se concentrar em meu sexo. A latina impulsionou o corpo ficando por cima de mim e beijou meu queixo, logo fazendo um caminho molhado para o meu pescoço.

Mordi o lábio inferior com força, descendo minhas mãos por suas costas para agarrar sua bunda, pressionando-a contra mim e  fazendo nossos sexos se chocarem e um gemido sincronizado soar alto por nossas bocas.

— Não sabia que beijar era tão gostoso.... — Camila murmurou antes sugar meu ponto de pulso, fazendo-me cravar as unhas em suas nádegas. Que caralho de bunda gostosa ela tem. — Ou talvez seja só com você... Você é tão gostosa — sussurrou contra meu ouvido, sugando o lóbulo e me levando ao inferno. Molhada já era pouco para o meu estado.

— Você não deveria me provocar assim, Camila... — senti seu sorrindo contra meu maxilar.

Eu sentia raiva do meu corpo por agir tão impulsivamente a aquela latina. Uma provocação e eu já a desejava. Um toque e minha pele ardia, seu corpo no meu e meu sexo se contraia ao redor do nada e pulsava, sua língua em minha pele e já era uma calcinha destruída.

Camila desceu os beijos para a minha clavícula enquanto suas mãos subiam por minha barriga, arqueei a cabeça para trás arfando. Aquilo era loucura, estávamos em cima de uma rede na varanda ao ar livre.

— Você me quer? — Sua voz não passou de um sussurro rouco e o seu olhar parecia brasa.

Porra! Aquilo foi o estopim. Enfiei as mãos em seus cabelos beijando-a com loucura, Camila se moveu na rede em cima do meu corpo e desequilibrou, quando percebi meu corpo estava sendo arrastado pelo seu em uma queda livre direto para o chão.

Ainda atordoadas, olhamo-nos e jogamos a cabeça para trás em uma gargalhada gostosa. Acho que o destino estava mesmo contra nós e talvez fosse melhor assim. Sabe-se lá o que poderia acontecido se não tivéssemos caído.

— Desculpa. Eu sou um pouco desastrada — Camila franziu o nariz e se inclinou me beijando a bochecha.

— Um pouco? — Debochei afundando o rosto em seu pescoço e inspirando profundamente seu cheiro. A garota riu se inclinando para voltar a me beijar, mas eu a empurrei, saindo de baixo dela rapidamente e me levantando.

— Está tarde, melhor você ir embora. — virei-me de costas para não ver seu vestido levantado e cair em tentação, ajeitei minha roupa e senti os braços de Camila ao meu redor  em um abraço por trás. Suas mãos iniciaram uma caricia em minha barriga e eu fechei os olhos quando a senti afastar meus cabelos com o nariz, cheirando minha nuca.

— Porque ir embora? Eu poderia dormir aqui... Com você... — Mordi o lábio por conta do arrepio que me percorreu ao sentir seu hálito quente contra minha pele.

Tentei me soltar, mas Camila me segurou firme, dando leves beijos no meu pescoço. A proposta era de fato tentadora, mas eu não podia, eu não podia piorar tudo.

— Eu sei que você quer ser famosa e tudo mais, mas não precisa se jogar pra mim desse jeito, Camila.

— Não é por isso e você sabe. E não tenta me magoar pra fugir, porque não vai funcionar...

— Camila... — Choraminguei.

— Eu menti... — sussurrou me interrompendo. Espera, o quê? Virei-me rapidamente, segurando em seus ombros em seguida e ela sorriu — Quer dizer, eu não menti, só omiti.

— O que quer dizer? — Arqueei a sobrancelha.

— Há um motivo a mais para me aproximar de você do que querer ser famosa, do que querer te fazer feliz...

— É sobre o que você disse que precisa e só eu posso oferecer? — indaguei curiosa e a vi sacudir a cabeça em concordância, atiçando minha curiosidade — O que é Camila? O que é que só eu posso te oferecer?

— Eu quero aprender... — tocou meu rosto em uma leve caricia, contornando-o  com os dedos — eu quero saber como é desejar e ser desejada, como é me sentir arder nos braços de alguém, e eu só consigo sentir isso com você, só você pode me mostrar e me ensinar isso, Lauren... Só você...

Ah Porra...

— Estou começando a pensar que você não é deste planeta, você parece uma doida. — estava espantada com sua ousadia, Camila era muito direta para a minha sanidade.  — Como pode me falar isso assim? 

— Eu não vim de outro planeta — ela riu da minha expressão — mas eu gosto de viajar e ir a um...

Respirei fundo e apertei sua cintura com minhas mãos, me praguejando antes mesmo de perguntar aquela idiotice, mas não pude resistir.

— Qual?

A garota sorriu prendendo a língua entre os dentes e envolveu meu pescoço com os braços.

— O planeta dos olhos verdes mais lindos que eu já vi... Eu fico molhada só de olhar para eles e desejo muito ser atacada...

E a ultima coisa que eu vi foi seu sorriso estonteante, antes de puxá-la para mim e devorar seus lábios mais uma vez. 

Camila era a minha perdição.