Fanfics Brasil - capítulo 2 casamento de conveniência

Fanfic: casamento de conveniência | Tema: Rebelde


Capítulo: capítulo 2

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Capítulo 2.



Roberta pigarreou.



– Número 1: Deve torcer para o Olímpia.



Mia preparou-se para a crítica.



– FUTEBOL? – Roberta gritou e sacudiu a lista no ar para enfatizar a dramaticidade. – Droga, como a sua prioridade deve ser futebol? Eles não vencem um campeonato de respeito há anos! Na verdade, o Pumas UNAM tem mais torcedores na Cidade do México que o Olímpia, e isso elimina a maioria dos homens dessa cidade!



Mia rangeu os dentes. Por que era sempre criticada por sua preferência de time mexicano?



– O Olímpia tem força e personalidade. Preciso de um homem capaz de valorizar um azarão. Me recuso a transar com um torcedor do Pumas.



– Você é louca. Eu desisto – disse Roberta. – Número 2: deve gostar de ler, de arte e de poesia. – Ela parou para pensar e fez um muxoxo. – Concordo. Número 3: deve ser monogâmico. Número 4: deve querer ter filhos. – Ela ergueu o rosto. – Quantos?



Mia sorriu ao pensar naquilo.



– Quero três. Mas aceito dois. Eu devia ter especificado na lista?



– Não. A mãe Terra vai acertar. – Roberta continuou. – Número 5: deve saber como conversar com uma mulher. Boa ideia. Estou cansada de ler livros sobre Marte e Vênus. Eu li todos e ainda não entendo nada. Número 6: deve amar animais. – Ela gemeu. – Isso é tão ruim quanto o futebol!



Mia acomodou-se no tapete para encará-la.



– Se ele odiar cachorros, como posso continuar a ser voluntária no abrigo? E se ele for caçador? Vou acordar no meio da noite e achar um cervo morto me olhando de cima da lareira!



– Você é tão dramática... – Roberta voltou para a lista. – Número 7: deve ser ético e honesto. Esse devia ser o primeiro da lista, mas, oras, eu não sou fã de futebol. Número 8: deve ser bom de cama. – Ela deu um sorriso malicioso. – Esse seria o segundo item da minha lista. Mas estou feliz por isso até estar aqui. Talvez você não seja tão sem salvação quanto eu pensava.



Mia engoliu em seco, com o estômago torcendo-se de medo.



– Continua.



– Número 9: deve ser muito ligado à família. Faz sentido, você, seu pai e seus irmãos são muito grudados. Tá, número 10...



O silêncio caiu sobre elas. Mia viu Roberta reler a conversa.



– Mia, acho que tô lendo errado o número 10.



Mia suspirou.



– Acho que não.



Roberta leu o último item.



– Precisa ter 150 mil dólares disponíveis em dinheiro. – Ela ergueu o rosto. – Quero mais detalhes.



Mia ergueu o queixo.



– Preciso de um homem a quem eu possa amar e que possa me dar 150 mil dólares. E preciso logo.



Roberta sacudiu a cabeça como se estivesse acordando de um sonho.



– Para quê?!



– Para salvar Elite.



Roberta piscou.



– Elite?



– Sim, a casa da minha família. É como no filme E o Vento Levou. Meu pai falava sério quando dizia que precisava de mais algodão para pagar as contas. Nunca lhe falei como a situação ficou grave, Beta. Meu pai quer vender, e não posso deixar. Ele está sem dinheiro e não tem para onde ir. Eu vou fazer o que puder para ajudar, até me casar. Que nem a Scarlett no filme.



Roberta bufou e pegou a bolsa. Tirou o telefone e digitou alguns números.



– O que você tá fazendo? – Mia engoliu o pânico ao pensar que a melhor amiga não lhe entenderia. Afinal, ela nunca dependera de um homem para resolver seus problemas.



Aquilo era o fundo do poço de Mia.



– Cancelando a bebedeira. Precisamos falar sobre esse número 10. Depois vou ligar pra analista. Ela é ótima, muito discreta e faz consultas domiciliares.



Mia riu.



– Você é uma ótima amiga, Roberta.



– Sou mesmo.





Miguel Arango Cervera tinha uma fortuna ao alcance dos dedos.



Mas, para alcançá-la, precisava se casar.



Miguel acreditava em muitas coisas: em trabalhar duro para alcançar um objetivo, em controlar a raiva e raciocinar quando uma discussão vira um barraco, e em construir prédios. Prédios sólidos e esteticamente bonitos. Ângulos retos combinados a linhas arrojadas. Tijolos, concreto e vidro criando a solidez que as pessoas queriam no dia-a-dia, o breve momento de encanto quando alguém vê o produto final pela primeira vez.



Todas essas coisas faziam sentido para ele.



Miguel não acreditava no amor duradouro, no casamento e em família. Essas coisas não faziam sentido, e ele decidira não incorporá-las em sua vida.



Infelizmente, tio Pablo mudara as regras do jogo.



O estômago de Miguel retorceu-se, e seu senso de humor doentio quase o fez rir. Levantou-se da cadeira de couro, tirou o blazer azul-marinho, a gravata listrada de seda e a camisa branca como a neve. Com um gesto, tirou o cinto e rapidamente trocou de roupa, colocando moletom cinza e uma camiseta da mesma cor. Calçou tênis Nike e entrou no santuário particular de seu escritório, cheio de maquetes, desenhos, fotos inspiradoras, uma esteira, halteres e um barzinho abastecido. Deu play no sistema de som.



Os acordes de ópera encheram o ar e clarearam sua mente.



Miguel ligou a esteira e tentou não pensar em cigarro. Mesmo depois de cinco anos, quando ficava estressado queria muito fumar. Irritado com a própria fraqueza, quando sentia vontade de fumar ele se exercitava. A corrida o acalmava, especialmente naquele ambiente perfeitamente controlado. Não havia vozes altas a interromper sua concentração, nem o sol forte a queimá-lo, nem pedras e buracos em seu caminho. Ajustou o programa e começou o ritmo estável que o levaria a uma solução.



Embora entendesse o objetivo do tio, a sensação de traição aos poucos corroía sua paz. No fim das contas, um dos poucos parentes a quem amara o fizera de besta.



Miguel sacudiu a cabeça. Devia ter imaginado. Tio Pablo passara os últimos meses de vida falando sobre a importância da família, e a indiferença de Miguel o irritara. Miguel perguntou-se por que o tio se incomodara. Afinal, sua família era um exemplo dos benefícios do planejamento familiar.



À medida que Miguel começava e terminava namoros, uma coisa ficou clara: todas as mulheres queriam se casar. Casamento significava confusão, discussões emotivas sobre crianças, sobre mais atenção, mais espaço, até que tudo acabava como qualquer outro relacionamento: em divórcio. E os filhos eram as maiores vítimas.



Obrigado, mas não.



Ele aumentou a inclinação e ajustou a velocidade enquanto refletia. Até o amargo fim, tio Pablo continuara teimosamente otimista que uma mulher salvaria a vida de seu sobrinho. O ataque cardíaco o fulminara.



Quando os advogados chegaram como um bando de abutres, atrás de sangue e dinheiro, Miguel achou que tudo se resolveria facilmente. Sua irmã Roberta já tinha deixado claro que não queria se envolver com a empresa. Tio Pablo não tinha outros parentes. Assim, pela primeira vez, Miguel acreditou em sorte. Enfim, teria algo completamente seu.



Até que os advogados apresentaram o testamento.



E ele percebeu que tinha sido feito de idiota.



Ele herdaria a maioria das ações da empresa assim que se casasse. O casamento devia durar por um ano, com a mulher de sua escolha. Um acordo pré-nupcial seria aceito.



Se Miguel decidisse não aceitar os desejos do tio, ficaria com 50% das ações, e o resto seria dividido entre os membros da diretoria, com Miguel sendo apenas uma figura ilustrativa. Em vez de construir prédios, ele ficaria preso em reuniões e políticas corporativas – tudo o que não queria na vida.



Tio Pablo soubera disso.



Assim, agora Miguel devia se casar.



Apertou o botão e diminuiu a inclinação. Reduziu o ritmo e regulou a respiração. Com metódica precisão, sua mente ignorou o vazio emocional e repassou as possibilidades. Desceu da esteira, pegou uma garrafa fria de água mineral do frigobar e dirigiu-se à sua cadeira. Tomou um gole do líquido limpo e frio e colocou a garrafa molhada sobre a mesa. Depois de alguns minutos, organizou as ideias. Aí pegou uma caneta de ouro e a girou entre os dedos.



Escreveu algumas palavras, cada uma delas um prego em seu próprio caixão.



Encontrar uma esposa.



Não ia perder mais tempo reclamando da injustiça. Miguel decidiu fazer uma lista clara dos atributos que precisava em uma esposa e ver se podia chegar a uma candidata adequada.



Imediatamente a imagem de Luz Viviana lhe veio à mente, mas ele ignorou. Sua atual namorada, uma deslumbrante modelo, era perfeita para aparecer em sociedade e para o sexo, mas não para ser sua esposa. Luz Viviana sabia conversar e ele gostava da companhia dela, mas temia que ela já estivesse se apaixonando por ele. Ela insinuara que queria ter filhos, algo inquestionável para ele. Por mais que ele deixasse claras as regras básicas do casamento, os sentimentos o arruinariam. Ela sentiria ciúme, faria exigências, como uma esposa comum. Nenhum acordo pré-nupcial sobreviveria à ganância dela se ela se julgasse traída.



Tomou outro gole da água e passou os dedos sobre a boca da garrafa. Uma vez, lera que, se uma pessoa fizesse uma lista das qualidades que admirava em uma mulher, ela aparecia. Miguel franziu a testa, focando-se naquele passageiro pensamento. Tinha quase certeza que era algo a ver com o universo. Uma oferenda aos deuses. Qualquer baboseira metafísica na qual ele não acreditava.



Mas, agora, estava desesperado.



Apoiou a caneta no papel e começou a escrever.



Ela não deve me amar.



Ela não deve despertar o meu desejo.



Ela não deve vir de uma família grande.



Ela não deve ter animais de estimação.



Ela não deve querer filhos.



Ela deve ter a própria carreira.



Ela deve ver o relacionamento como uma oportunidade de negócio.



Ela não deve ser muito emotiva ou impulsiva.



Ela deve ser digna da minha confiança.



Miguel releu a lista. Sabia que algumas características que desejava eram otimistas demais, mas se a teoria do universo funcionasse, ele devia colocar tudo que queria. Precisava de uma mulher que visse o casamento como um negócio. Talvez pudesse ser alguém a quem poderia recompensar regiamente. Planejava oferecer vários benefícios complementares, mas seria um casamento de aparências. Sem sexo, não haveria ciúme. Uma mulher racional não envolveria o amor.



A ausência de confusões tornaria o casamento perfeito.



Lembrou de cada mulher com quem se envolvera no passado, cada amiga com quem conversara, cada colega de profissão com a qual almoçara.



Não encontrou ninguém.



A frustração incendiou seus nervos. Tinha 30 anos de idade, era consideravelmente atraente, inteligente e financeiramente seguro. E não podia pensar em uma única mulher decente com quem se casar.



Tinha uma semana para encontrar uma esposa.



Seu celular tocou. Miguel atendeu.



– Arango falando.



– Miguel, sou eu, Roberta. – Ela fez uma pausa. – Já encontrou a sua esposa?



Ele deu um riso amargo. A irmã era a única mulher no mundo que o fazia rir com regularidade. Mesmo que, às vezes, fosse por conta própria.



– Estou procurando agora.



– Acho que eu a encontrei.




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Autor(a): juliethewriter

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O coração de Miguel acelerou. – E quem é ela? Roberta calou-se de novo. – Você teria de vê-la de acordo com a conveniência dela, mas acho que não vai ser problema. Seja compreensivo. Sei que isso não é o seu forte, mas pode confiar nela. Ele riscou o último ponto na sua lista. Um zumbi ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 4



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  • sunshineaya Postado em 01/11/2019 - 19:45:03

    Eu tô rindo demais da Marina hahaha o Miguel falou para ela nao falar para ninguém que ela tomou sorvete que ele deu a ela e a primeiro coisa que ela diz para a Mia é que tomou soverte kkkkkk Continua

  • dayse108 Postado em 04/07/2018 - 14:08:04

    Continua

  • amandaponny3 Postado em 27/09/2017 - 19:37:29

    Adorei! Continua pfvr

  • Anahi Postado em 25/09/2017 - 20:33:11

    Oi posta mais


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