Fanfics Brasil - Capítulo 20 casamento de conveniência

Fanfic: casamento de conveniência | Tema: Rebelde


Capítulo: Capítulo 20

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Capítulo 20



As mãos de Miguel penderam ao longo do corpo, vazias. Por um segundo, tivera-a toda para si: suas curvas, seu cheiro, seu calor. Agora, estava abandonado no meio da sala, sozinho, como ficara em sua noite de núpcias.



Era um homem casado, doido de tesão e sem um alívio à vista.



Atordoado com sua ridícula situação, tentou revisar o que acontecera naquela noite para descobrir onde tinha errado.



Assim que vira Mia com Bustamante, uma raiva lenta e borbulhante o inundou. A raiva inundou-o dos pés à cabeça, formando um bolo em seu estômago e um nó em seu peito, até agir como uma névoa que o cegou. Se fosse um dragão, teria cuspido fogo. Se fosse um lobo, teria rasgado o pescoço de alguém.



Mia tinha a mão no braço do conde. O homem devia ser bem engraçado, porque ela ria, os cabelos emoldurando o rosto corado e feliz. A boca carnuda brilhava à luz do castiçal. Mia e Bustamante agiam como se fossem amantes há muito anos, e não duas pessoas que acabavam de se conhecer.



Mas, para Miguel, o pior foi quando ela sorriu para o outro.



Era um sorriso estonteante, hipnotizante, sedutor, que deixava claro ao homem que o recebia que ela era tudo que ele procurava e queria em uma mulher. Aquele sorriso causava sonhos eróticos à noite e assombrava um homem durante o dia. Miguel nunca recebera aquele sorriso, e vê-lo dirigido ao outro homem fez a loucura explodir dentro dele.



Havia falhado em seu plano. Esperava que Mia fosse uma leve distração para o conde e arrancasse algumas informações para fechar seu contrato, e não que ela simpatizasse tão abertamente com ele.



Miguel xingou e recolheu a gravata, prestes a ir dormir. Ao subir a escada, pensou no que Mia disse. Se Bustamante não misturava negócios com prazer, havia errado em sua estratégia. Talvez, ao marcar sua reunião, devesse se concentrar na logística do prédio, e não retratar um ambiente emotivo. Talvez Bustamante só fosse ardente em relação a mulheres. Talvez quisesse um arquiteto de cabeça fria para liderar o time de arquitetos.



Miguel parou na frente da porta de Mia. A luz estava apagada. Parou por um momento e a ouviu respirar. Perguntou-se como ela dormia. Visualizou uma camisola minúscula de renda preta, que levou seus hormônios à loucura. Mas mesmo ao imaginá-la usando a calça de pijama e a blusa antiga, ficou de um jeito que nenhuma mulher o deixou antes. Estaria Mia deitada na cama, sonhando acordada com Bustamante? Ou estaria pensando no último beijo dos dois, querendo mais?



Foi para o próprio quarto. Mia havia o rejeitado. Havia rejeitado o próprio marido, droga!



A Miguel, restava apenas uma conclusão, que o horrorizou.



Estava amarrado a uma esposa que o atraía.



Bateu a porta com força e ignorou aquele pensamento.



. . .



Dez dias depois do casamento, Mia estava sentada na mesa em frente ao pai e Peter. As mãos tremiam de euforia e alívio ao colocar o cheque sobre a mesa gasta da cozinha, coberta por uma toalha amarela de plástico.



– Miguel e eu queremos lhe dar isso para quitar a hipoteca – anunciou ela a Franco – Não aceitaremos recusas nem queixas. Conversamos longamente sobre o assunto, e temos sorte de termos tanto dinheiro. Queremos dividi-lo. É muito importante pra nós que você aceite, papai.



A expressão atordoada de Franco deixou Mia com os olhos cheios de lágrimas. Quantas noites ela havia perdido, insone, sentindo-se culpada por não poder ajudar o pai a resolver seus problemas financeiros? Era a irmã mais velha e odiava a sensação de inutilidade que a sufocava. Decidiu que valia a pena lidar com Miguel e seus sentimentos em turbilhão em troca daquilo. A garantia de segurança e estabilidade para sua família aplacava uma dor profunda, que ela combatia desde que seu pai sofrera o ataque cardíaco.



– Mas como pode fazer isso? – Peter levou as mãos trêmulas aos olhos, enquanto Franco olhava sem piscar para o cheque. – Não queremos causar problemas a você com Miguel. Vocês são recém-casados, têm seus sonhos. Use o dinheiro para sua loja. Para os vários filhos que vão ter.



– Não precisa cuidar de nós, Mia – concordou Franco. – Eu sou seu pai. Eu já decidi arranjar outro emprego. Não queremos o dinheiro.



Mia suspirou ante a inescapável teimosia de seu pai.



– Me escuta, papai. Miguel e eu temos dinheiro de sobra, e não vamos aceitar um não. Com a sua saúde, um segundo emprego está fora de questão... a não ser que o senhor queira morrer. O senhor lembra o que o médico disse. – Ela inclinou-se. – O dinheiro vai garantir que a casa continue sendo sua. Assim o senhor pode se preocupar com as outras contas, com a faculdade da Vicki e da Celina, com a residência do Santos. Não estamos lhe dando o suficiente para se aposentar, só para tornar a sua vida mais fácil.



Franco continuou a olhar para o cheque. Peter pareceu vacilar, propenso a aceitar. Mia, que sabia o quanto ele tinha influência sobre seu pai, deu a cartada final.



– Miguel não quis vir comigo hoje. Ele só colocou uma condição. Nunca mais quer ouvir falar sobre esse assunto.



Peter surpreendeu-se.



– Mas precisamos agradecer a ele. Ele precisa saber o quanto somos gratos, como ele mudou nossa vida – disse o velho amigo.



Mia engoliu em seco.



– Miguel não gosta de grandes demonstrações de sentimento. Quando falamos sobre o assunto, ele insistiu que não quer mais saber desse dinheiro.



Franco enrugou a testa.



– Ele não vai aceitar nem um simples ‘obrigado’? Afinal, nossa família está com esse problema por culpa minha.



– Qualquer um pode ficar doente, papai – consolou-o Mia.



O antigo pesar surgiu no rosto do pai.



– Mas eu os abandonei.



– E voltou – Peter colocou uma mão sobre o ombro do velho amigo, sorrindo. – Você voltou e compensou seus filhos. – O velho amigo aprumou-se, com os olhos marejados. – Seu pai vai aceitar o cheque, Mia. E nunca falaremos sobre ele com Miguel, desde que você prometa ir para casa e dizer-lhe que ele é o nosso anjo da guarda. – Uma lágrima rolou pelo rosto enrugado. – Tenho muito orgulho de ter sido parte da sua criação, minha menina.



Mia abraçou-o. Depois de mais algum tempo, ela abraçou Peter e o pai e saiu. Naquela noite, daria um sarau em sua loja e não poderia atrasar-se. Deu a partida no seu carrinho antigo e foi para a loja, com a mente em turbilhão.



A mentira sobre o dinheiro era uma pena, mas necessária. Nunca admitiria a Miguel a gravidade da situação financeira de seu pai. Ficava enjoada ao imaginar o marido jogando um bolo de dinheiro em sua casa, como se ela fosse uma prostituta qualquer. Tinha orgulho próprio, e seu pai também. Os Colucci resolviam os próprios problemas. Mia pressentia que Miguel equivalia dinheiro a sentimentos, algo que os pais dele reiteravam diariamente.



Mia ficou enjoada com aquela ideia.



Não... Conseguiria resolver tudo sozinha.



Acalmou-se e foi trabalhar.



. . .



Mia olhou para sua livraria, satisfeita. Os saraus sempre atraíam muitas pessoas, e todos acabavam comprando alguma coisa. Toda quarta-feira, ela transformava o espaço no fundo da loja em um pequeno palco. Música baixa e tranquila ecoava pelos corredores à meia-luz. Poltronas verdes muito confortáveis e antigas mesinhas de café saíam do armazém e eram arrumadas em torno do palco improvisado. Os frequentadores iam de intelectuais (alguns sérios, outros não) a universitários que queriam se divertir. Mia levou o microfone ao pequeno púlpito e olhou de novo para o relógio.



Faltavam cinco minutos. Onde estava Roberta?



Viu as pessoas acomodaram-se nas poltronas, bebendo café e comentando estrofes e imagens e efeitos. Logo depois, a porta se abriu, a luz entrou, e Roberta apareceu.



– Eu trouxe café!



Mia veio correndo e pegou dois copos com cappuccino.



– Graças a Deus! Se o café acabasse, eles iam ler no Starbucks da esquina!



Roberta colocou o saco de papelão com os pacotes de café em pó e encheu uma caçarola com água. Os cabelos vermelhos moviam-se a cada gesto.



– Mia, você é doida. Tem noção do quanto gasta com café em pó pra mimar esses poetas anônimos? Deixe-os comprar café no Starbucks!



– Eu preciso ter clientes, Beta. Até conseguir o empréstimo para expandir a loja, preciso doar café.



– Peça ao Miguel – disse Roberta, com simplicidade. – Tecnicamente, ele é o seu marido.



Mia deu um olhar repreensivo à amiga.



– Não. Não quero envolvê-lo. Você prometeu que não diria nada.



Roberta suspirou.



– Qual é o problema? Meu irmão sabe que você pagaria o empréstimo.



– Quero resolver meu problema sozinha. Aceitei o cheque, e ponto final. Nada mais. Não é um casamento de verdade.



– Deu o dinheiro ao seu pai?



Mia sorriu.



– Quase compensa ter de suportar a companhia do seu irmão – caçoou.



– Eu ainda não entendo – admitiu Roberta. – Por que não fala a verdade sobre o dinheiro ao Miguel? Ele é um chato, mas tem bom coração. Por que a mentira, gatinha?



Mia virou as costas, com medo de encarar a amiga. Sempre fora uma péssima mentirosa. Como poderia contar a Roberta que tinha desejo pelo irmão dela e precisava de todas as barreiras possíveis e imagináveis para manter-se afastada? Se Miguel acreditasse que ela era uma interesseira sem coração, poderia deixá-la em paz.



Roberta observou-a por um longo momento. Os olhos cor de mel encheram-se de choque quando de repente entendeu.



– Tá rolando alguma coisa entre vocês? Você não é a fim dele, é?



Mia forçou uma risada.



– Eu odeio o seu irmão.



– Mentira. Eu sempre sei quando você mente. Você quer transar com ele, não é? Eca!



Mia encheu a última xícara de café.



– Essa conversa acabou. Não tô a fim do seu irmão, nem ele de mim.



Roberta seguiu-a de perto.



– Tá, agora que já superei o nojo inicial, vamos falar desse assunto. Ele é teu marido, né? Por que não transar regularmente pelo próximo ano com alguém?



Mia dirigiu-se ao palco improvisado. Todos a observavam. Roberta falara ‘transar’ em voz alta e chamara a atenção de todos. Sexo sempre atraía as pessoas, pensou Mia. Ignorou a amiga e deu início ao sarau.




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Autor(a): juliethewriter

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Capítulo 21 Quando o primeiro poeta se dirigiu ao palco, Mia afastou-se e acomodou-se na cadeira. Pegou seu caderno caso precisasse anotar qualquer sopro de inspiração e limpou a mente para o recital. Roberta abaixou-se e sussurrou: – Eu acho que você devia dormir com ele. Mia soltou um suspiro sofrido. – Deixe-me em paz. – ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 4



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  • sunshineaya Postado em 01/11/2019 - 19:45:03

    Eu tô rindo demais da Marina hahaha o Miguel falou para ela nao falar para ninguém que ela tomou sorvete que ele deu a ela e a primeiro coisa que ela diz para a Mia é que tomou soverte kkkkkk Continua

  • dayse108 Postado em 04/07/2018 - 14:08:04

    Continua

  • amandaponny3 Postado em 27/09/2017 - 19:37:29

    Adorei! Continua pfvr

  • Anahi Postado em 25/09/2017 - 20:33:11

    Oi posta mais


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