Fanfic: casamento de conveniência | Tema: Rebelde
Capítulo 21
Quando o primeiro poeta se dirigiu ao palco, Mia afastou-se e acomodou-se na cadeira. Pegou seu caderno caso precisasse anotar qualquer sopro de inspiração e limpou a mente para o recital.
Roberta abaixou-se e sussurrou:
– Eu acho que você devia dormir com ele.
Mia soltou um suspiro sofrido.
– Deixe-me em paz.
– Falo sério. Tive algum tempo para pensar. É perfeito! Vocês têm mesmo de ser fiéis, então você sabe que ele não vai dormir com outra pessoa. Assim você consegue todo o sexo que precisa e, depois de um ano, basta se despedir. Sem mágoas nem complicações.
Mia se agitou. Não porque estava constrangida com a sugestão de Roberta. Não, pelo contrário. A ideia a intrigava. Passava as noites acordada, imaginando-o no quarto no fim do corredor. O corpo nu e musculoso esticado sobre a cama, à sua espera. Seus hormônios fervilharam, famintos, com a imagem. Droga, desse jeito ia acabar internada num manicômio quando o ano acabasse.
O motivo? Celibato.
Roberta estalou os dedos diante do rosto de Mia e arrancou a loira dos próprios pensamentos.
– Você saiu voando de novo. O Miguel vem hoje?
– Ah, claro! – Mia ironizou. – O seu irmão adora esse tipo de programa. É tão divertido pra ele quanto um tratamento de canal ou um exame de próstata.
– Como está a convivência de vocês? Além da atração sexual.
– Agradável.
Roberta fez outra careta.
– Tá mentindo de novo. Você não vai me contar, né?
Foi quando Mia percebeu que sempre contara tudo a Roberta, a não ser por um detalhe. Seu primeiro beijo com Miguel. Na época, sabia que o amava. A amizade transformara-se em rivalidade e depois numa paixonite juvenil. Aquele primeiro beijo despertara emoções tão puras dentro dela, que ela acreditara que o amava. Seu coração batera por ele, cheio de euforia pela hipótese de ficarem juntos, de modo que ela murmurara as palavras; sua voz ecoara entre as árvores.
– Eu te amo.
Depois, esperara que ele a beijasse de novo.
Em vez disso, ele afastara-se dela e rira. Chamara-a de bebê tola e partira.
Naquele momento, experimentara a primeira decepção amorosa. Tinha 14 anos. Fora na floresta, por causa de Miguel Arango.
Não ia repetir a experiência.
Descartou a lembrança e decidiu esconder outro segredo de Roberta.
– Não há nada acontecendo – repetiu Mia. – Posso ouvir os poemas em paz, por favor?
– Acho que paz não está no programa hoje, gatinha.
– O que quer dizer?
– O Miguel está aqui. Seu marido. O cara que não te atrai.
Mia virou a cabeça e olhou chocada para a figura na porta. Ele estava evidente deslocado, mas sua presença era tão confiante, tão supremamente masculina, que ela perdeu o fôlego e percebeu que o homem tinha o poder de encaixar-se em qualquer lugar. E ele nem mesmo usava preto.
A maioria dos homens que vestia roupas de marca permitia que o tecido os restringisse. Miguel usava sua calça jeans de Calvin Klein como se estivesse nu. O tecido aderia a suas coxas e quadris como se cedesse à vontade dele. Ele parecia um homem que se conhecia bem e não estava bem aí para a opinião alheia.
A camiseta de lã tinha cor de creme e caramelo, tricotada de tal forma que enfatizava seu tórax e estendia-se sobre os ombros largos. Devia ser de Ralph Lauren. As botas eram de couro preto. Os cabelos pareciam mais escuros contra a cor clara da camiseta de lã, cuidadosamente despenteados. O queixo estava cerrado, numa exigência muda, enquanto procurava na livraria na penumbra. Mas seus olhos...
... eram da cor de chocolate, líquidos como calda de brigadeiro. Haviam sombras douradas e âmbares, como uísque envelhecido. Era uma combinação que evocava sexo pecaminoso e desejos indulgentes. Ela esperou enquanto ele examinava o aposento, passava por ela, parava e depois voltava aos poucos.
Eles se encararam.
Mia detestava clichês, mas detestava ainda mais tornar-se um. Porém, naquele momento, seu coração disparou, suas mãos ficaram suadas e seu estômago borbulhava e se torcia como um passeio de montanha-russa. Seu corpo ficou em alerta, implorando-lhe para abordá-la, prometendo render-se. Se ele a mandasse ir para casa, deitar na cama e esperá-lo, Mia tinha certeza que obedeceria.
A fraqueza de sua vontade a enfureceu. Sua honestidade nata a fez admitir que o faria mesmo assim.
– Ah, com certeza. Nenhuma atração entre vocês.
O comentário sarcástico de Roberta rompeu o estranho feitiço e permitiu que Mia retomasse a compostura. Havia feito o convite a Miguel de ir ao edital porque ele nunca tinha visto sua livraria. Ele recusara educadamente, usando o trabalho como desculpa, e ela não se surpreendera. Mais uma vez, ela descobria por conta própria que eles eram de mundos diferentes, e que Miguel não tinha vontade de conhecer o dela.
Quando Miguel dirigiu-se para ela, ela perguntou-se por que ele mudara de ideia.
Autor(a): juliethewriter
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Capítulo 22 Miguel passou por entre as estantes. Um cara usando preto tagarelava no microfone sobre a correlação entre flores e morte, e o cheiro de café novo fez cócegas em seu nariz. O som de uma flauta e o uivo fraco de um lobo ecoaram em seus ouvidos. Mas todos os seus sentidos ficaram ofuscados ao avistar sua esposa. Os cabelos doura ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 4
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sunshineaya Postado em 01/11/2019 - 19:45:03
Eu tô rindo demais da Marina hahaha o Miguel falou para ela nao falar para ninguém que ela tomou sorvete que ele deu a ela e a primeiro coisa que ela diz para a Mia é que tomou soverte kkkkkk Continua
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dayse108 Postado em 04/07/2018 - 14:08:04
Continua
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amandaponny3 Postado em 27/09/2017 - 19:37:29
Adorei! Continua pfvr
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Anahi Postado em 25/09/2017 - 20:33:11
Oi posta mais