Fanfic: casamento de conveniência | Tema: Rebelde

Capítulo 23

Mia jogou a cabeça para trás e riu. Miguel não sabia se o divertimento dela o irritava ou se a beleza aberta dela o fascinava. Mia era uma mulher que aproveitava a vida e ria com honestidade. Não tinha sorrisos calculados ou risinhos leves. Ainda assim, ele odiava quando ela ria dele. Mesmo sendo adulto, ela o arrastava de volta a uma época quando ele tentava desesperadamente ser cool, e ela o distraía a cada passo.

– Engraçado. Não me lembro de ter te oferecido meu corpo. Eu esqueci alguma coisa?

Ele franziu a testa ao ouvi-la falar tão casualmente de seu problema.

– Sabe a que me refiro. Na noite da festa perdemos o controle. Eu me responsabilizo completamente.

– Muito cavalheiresco da sua parte.

– Não seja irônica. Estou tentando lhe dizer que pisei na bola e isso não vai se repetir. Eu tinha bebido demais, estava furioso por causa de Bustamante e descontei em você. Planejo manter nosso acordo original, e sinto muito por ter perdido meu controle.

– Está desculpado. Lamento por ter ajudado no ocorrido. Vamos esquecer.

Miguel não gostou de ela se referir a tanta tensão sexual como ‘ocorrido’, mas ignorou aquilo. Perguntou-se por que não se sentia aliviado por ela aceitar com tanta facilidade. Pigarreou.

– Temos um longo ano à nossa frente, Mia. Por que não tentamos ser amigos? Vai ser melhor pra nossa reputação e pra nós.

– O que tem em mente? Mais jogos de pôquer?

Ele viu mentalmente uma imagem de Mia acomodada em seu colo, com os seios fartos apertados contra seu peito, a carne macia e feminina movendo-se agitada sobre ele, pronta para arder em seus braços. Para fugir daquilo, ergueu o rosto e viu o título do livro ao lado dela com toda a clareza.

Como Dar Orgasmos Múltiplos a Uma Mulher.

Merda.

– Miguel?

Ele sacudiu a cabeça e tentou sair daquela névoa. Mia seria capaz de orgasmos múltiplos? Ela estremecera em seus braços com um simples beijo; como o corpo dela reagiria se ele lhe desse toda a experiência sexual, usando seus dedos, dentes e línguas para levá-la ao abismo? Gritaria? Sufocaria a reação? Ou aceitaria o prazer e o corresponderia?

– Miguel!

Ele sentiu-se suar ao afastar os olhos do livro e voltar a si. Era um tremendo idiota. Dois segundos depois de dizer que deviam ser amigos, começava a visualizá-la em suas fantasias.

– Ah, claro. Quero dizer... sim, podemos jogar cartas e outras coisas. Só não banco imobiliário.

Mia deu uma risadinha nada educada.

– Você sempre foi péssimo nesse jogo. Lembra quando Roberta o fez chorar quando parou na cadeia? Tentou negociar, mas ela queria dinheiro. Você ficou uma semana sem falar com ela.

Ele ficou emburrado.

– Está me confundindo com Xavier, o garoto que morava na nossa rua. Eu nunca choraria num jogo.

– Claro que não – A expressão irônica dela deixou claro que ela não acreditava nele.

Abalado, ele passou as mãos pelo rosto e perguntou-se como ela conseguia enfurecê-lo mencionando uma partida de banco imobiliário que nunca acontecera.

– Então vamos ser amigos. Posso viver com isso.

– Então estamos combinados.

– Foi por isso que veio ao recital?

Ele a olhou nos olhos e mentiu.

– Queria mostrar-lhe que posso ceder.

Miguel não estava preparado para o sorriso doce e luminoso que curvou os lábios dela. Mia parecia genuinamente satisfeita, embora ele admitisse que falara aquilo visando a tranquilidade futura.

Ela o tocou no braço.

– Obrigada, Miguel.

Sobressaltado, ele recuou e depois sufocou o constrangimento.

– Deixa pra lá. Vai declamar hoje?

Mia assentiu.

– Preciso voltar. Normalmente eu sou a última. Fique à vontade para bisbilhotar.