Fanfic: casamento de conveniência | Tema: Rebelde

Capítulo 26

– Ele vai ficar furioso!

Mia mordeu o lábio inferior e perguntou-se porque o alerta de Roberta lhe deu um frio na espinha. Afinal de contas, Miguel Arango não era nenhum homem das cavernas. Sim, a situação o deixaria um pouco irritado, mas ele era sempre racional.

A loira examinou a sala cheia de cachorros. Muitos cachorros. Filhotes e animais adultos, de raça e vira-latas. Alguns se apinhavam na cozinha, esbarrando em mesas enquanto comiam e lambiam água. Outros corriam de um lado para o outro, explorando a nova casa, cheirando cantos e indo de sala a sala. Um terrier de pelo curto roía uma almofada. Um poodle preto pulou no sofá e se acomodou para dormir. O vira-lata parecia prestes a levantar a perna junto ao aparelho de som, mas Roberta tomou-o nos braços e o jogou no quintal antes de ele causar qualquer dano grave.

A preocupação de Mia tornou-se um ataque de pânico.

Roberta tinha razão – Miguel ia matá-la.

A loira virou-se para a amiga.

– O que eu faço?!

A ruiva fez um muxoxo.

– Diga a verdade a ele. Você só vai ficar com ele por um ou dois dias, até o abrigo tomar as providências. Se devolvê-los, eles vão ser sacrificados.

Ela estremeceu.

– E se ele me forçar a me livrar deles?

– Leve-os para o seu apartamento!

– É pequeno demais! – respondeu Mia olhando suplicante para Roberta.

Mas a ruiva afastou-se quando viu aquela cara.

– Sem chance! Não vou levá-los pra minha casa. Tô esperando uma visita e ele é muito mais sexy que um cachorrinho. Te vira!

– Mas, Beta!

Roberta acenou.

– Preciso ir. Cara, eu adoraria ver o barraco quando meu irmão souber. Grava e me manda.

E se mandou.

Mia examinou a sala (estava uma verdadeira bagunça) e decidiu que tinha sido impulsiva demais. Podia ter argumentado tranquilamente com o abrigo que levaria alguns e o deixado em seu apartamento. Mas não... a frieza de Miguel para com o peixe a enfurecera, e por isso ela decidira dar-lhe uma lição.

Mas, agora, estava assumidamente apavorada.

O perdigueiro roía a perna de uma mesa.

Mia reuniu forças e preparou seu plano de batalha. Trancaria todos os cães no quartinho dos fundos, e talvez Miguel nem percebesse. Ele nunca ia lá, afinal. Levaria a comida e os brinquedos para lá e escapuliria sem ser vista para levá-los para passear. Convenceu-se de que a estratégia ia funcionar e botou as mãos na massa.

. . . .

 Nas horas seguintes, jogou um saco inteiro de brinquedos no quarto e assegurou-se que a maioria dos cães a seguiu. Depois, fechou a porta, tirou os filhotes adormecidos do sofá, recolheu as tigelas de água e comida e jornais velhos. Resgatou o último cão perdido no jardim e arrumou o quarto de modo a dar conforto aos animais.

Mia olhou preocupada para a linda poltrona namoradeira e a cadeira com estampa em prata e cinza. Droga. Por que Miguel precisava ser rico? Nenhum quartinho dos fundos era assim luxuoso, com tapete cor de ardósia, mesas de madeira com detalhes entalhados e almofadas mais caras do que a cama de Mia no apartamento.

A loira passou as mãos pelo bordado macio e preciso de uma manta. Precisava de lençóis velhos e tinha quase certeza que seu marido não tinha um que fosse.

Decidiu ir caçar algo no andar superior, mas ouviu a chave na porta.

Em pânico, ela jogou a manta sobre a cadeira e fechou a porta atrás de si. Depois, saiu correndo pelo corredor e parou de repente na frente dele.

– Oi! – disse ela, ofegante.

Ele já parecia desconfiado. O cabelo castanho estava arrepiado por cima dos olhos estreitados, como se ele não confiasse na sua capacidade de ser simpática.

Mia sentiu-se culpada, mas ignorou a sensação.

– Oi... – respondeu Miguel, cuidadoso. Olhou em torno da casa, e Mia prendeu a respiração. – Aconteceu alguma coisa?