Fanfic: casamento de conveniência | Tema: Rebelde

Capítulo 33

Mia não estava disposta a esperar a racionalização de Miguel. Tinha certeza que uma longa lista de justificativas estava na ponta da língua dele.

Ele tinha perdido o controle por causa da raiva.

Ou então agarrara-a por causa da insônia, ao diabo com as consequências.

Mas a chegada da polícia servira como um balde de água fria, conseguindo acalmá-lo e fazê-lo pensar na ideia. Com isso, tinha decidido que não era vantajoso a ambos que dormissem juntos. Afinal, tinham assinado um contrato.

Afinal, seu casamento era de fachada.

A névoa sexual dissipou-se e deixou-a com uma dor cega e irritante. Viu o policial como um emissário do destino, uma ajudinha da Mãe Terra para protegê-la.

– Mia... – começou Miguel.

– Cale a boca. – Ela levantou uma mão e ele parou de falar, esperando por ela. Mia soube, naquele exato momento, que Miguel Arango Cervera despertava sentimentos muito perigosos nela. Sentimentos verdadeiros e desastrosos. Aceitou essa verdade como um gole de xarope amargo e registrou esse detalhe com a mente clara. Se dormisse com ele, tudo mudaria para ela, mas não para ele. Ela se apaixonaria, e ele se divertiria. Depois de um ano, ela ficaria destruída, e ele se afastaria sem olhar para trás.

Outro detalhe atingiu-a como um raio.

Se ele pedisse, ela iria para a cama com ele.

Praticamente tremeu de vergonha. Não sabia controlar seus hormônios quando ele a tocava. Não podia nem mesmo prometer que nunca pensaria nessa hipótese no futuro. Mas sabia de uma coisa: só iria para a cama com o marido se ele implorasse. Ela o queria louco por ela, quente e pulsante e com tanto desejo que só um toque o faria explodir. Como hoje.

Mas não queria mais que ele se escondesse atrás da raiva, da insônia, da bebida. Ela queria sexo sincero, maravilhoso, com ele sóbrio e só pensando nela. E não em Luz Viviana. E muito menos em dar fim a seu celibato.

Mia precisava que Miguel quisesse apenas a ela.

Aquela era a sua gota d’água. Porque, naquela noite, ela ainda não acreditava que ele queria a esposa na cama.

Atordoada, parabenizou-se por ser tão racional quanto Miguel. Se não podia dormir com ele, continuaria a afastá-lo e se equilibraria na linha entre a amizade e o desejo. Estava cansada de brigar. Assim, decidiu ser sincera, entre aspas. Era como um xarope amargo – era melhor tomar tal remédio com um copo de refrigerante.

– Miguel, me desculpe. – Mia aprumou-se e cobriu-se com uma capa invisível de dignidade. – Errei em esconder os cães de você. Vou limpar tudo e os levarei para o canil de manhã. Se precisarem de mim, eu lhe aviso e chegaremos a uma solução juntos.

– Mia...

Ela o ignorou e continuou falando:

– E sobre o que aconteceu hoje... tá tudo bem. Eu mergulhei no momento, que nem você, e já me disseram que há uma fina linha entre a raiva e o desejo. Vamos ser sinceros, nós dois estamos sexualmente frustrados. Essas coisas acontecem. Não quero mais falar desse assunto, tô de saco cheio de falar desse contrato de casamento. Nos casamos por dinheiro e vamos manter assim. Tá?