Fanfic: casamento de conveniência | Tema: Rebelde

Capítulo 36

Miguel viu Luz Viviana sair do carro conversível prateado e dirigir-se a ele com uma confiança tranquila que convidava os homens a observá-la à vontade. Calmamente, ele admirou a camiseta preta curta que exibia a barriga lisa, com um piercing no umbigo e o jeans cintura-baixa, com um cinto fino. Botas pretas de salto baixo pisavam no asfalto até Luz parar na frente dele. A boca pintada de batom vinho fez um beicinho profissional.

– Miguel. – Os olhos brilhavam, mas a voz era fria. – Que prazer revê-lo.

Ele acenou.

– No que posso ajudar?

– Preciso de um conselho. Recebi um convite para assinar com a Victoria’s Secret.

– É uma grande chance, Luz. Parabéns. E qual é o problema?

Ela aproximou-se. O cheiro caro de seu perfume Chanel pairou no ar.

– É um contrato de dois anos, que vai exigir minha mudança para os Estados Unidos. – Os olhos escuros arregalaram-se, tão inocentes quanto ambiciosos. – Mas aqui é o meu lar. Eu odeio os americanos. Sempre fui apaixonada pelo México. Como você.

Um alarme de alerta apitou na cabeça de Miguel.

– Só você pode decidir isso. Nós dois não temos mais nada, e eu sou casado.

– O que a gente tinha era de verdade. Acho que eu te assustei, e você aceitou a primeira mulher que você podia controlar.

Miguel sacudiu negativamente a cabeça, sentindo uma leve tristeza.

– Sinto muito, mas isso não é verdade. Preciso ir.

– Espera!

Num minuto, ela estava a uma pequena distância, e no outro estava agarrada a ele, com os braços prendendo-o pelo pescoço e os quadris grudados aos dele.

Pelo amor de Deus!

– Sinto falta disso – sussurrou ela. – Você sabe que a gente dava certo junto. Com casamento ou sem, eu te quero. E você me quer.

– Luz...

– Eu posso provar! – Ela puxou o rosto dele para baixo e ele teve um segundo para decidir o que diabos ia fazer. Afastá-la e manter seu contrato ao pé da letra? Ou aceitar aquela chance e testar o que sentia por sua esposa?

A imagem de Mia cristalizou-se. Ele aprumou os ombros e começou a se afastar, mas os monstros de seu passado surgiram e o provocaram. Sua esposa não era de verdade, só uma leve lembrança que lhe causaria mágoa, dor e o lembrete de que nada era duradouro. Luz Viviana o ajudaria a esquecer. E o ajudaria a lembrar.

Luz Viviana o forçaria a ver a verdade sobre seu casamento.

E a verdade era que não tinha casamento.

Assim, ele aceitou aquela chance e atacou a boca da ex-namorada, devorando-a como fizera no passado. O sabor de Luz Viviana chegou à sua boca, e as mãos dela deslizaram desesperadas por suas costas, num convite para arrastá-la até o carro e toma-la ali e agora, e por algum tempo ele ficaria livre de sua frustração e de seu desejo por outra mulher.

Ele quase aceitou o convite dela.

Mas aí percebeu outra coisa.

Estava agindo num automático com Luz Viviana. No passado, ela o havia despertado luxúria, mas, agora, havia apenas um sopro de desejo, um nada comparado à devastadora reação que Mia despertava com apenas um toque. O beijo de Luz Viviana não o agradava, seus seios não enchiam as mãos dele, e seus quadris eram muito estreitos, cutucando-o na cintura.

Ele percebeu que ela não era Mia, nunca seria Mia, e ele não queria outra coisa.

Miguel afastou-se.