Fanfic: casamento de conveniência | Tema: Rebelde
Capítulo 38
Mia fechou os olhos e sufocou um profundo desespero.
Estava sentada em seu velho fusca amarelo, com as janelas levantadas e pop-rock tocando a todo volume. O estacionamento do banco esvaziara à medida que os minutos se transformaram em horas e continuavam a passar. Olhou pelo para-brisa e tentou ignorar o gosto amargo do fracasso e da decepção que corroíam seu ventre como ácido.
Não conseguira o empréstimo.
De novo.
Sim, sua livraria tinha sucesso e era lucrativa. Mas o banco não vira com bons olhos a ideia de investir mais dinheiro em seu negócio, quando ela mal conseguia pagar as contas agora, não tinha o que oferecer como garantia e ninguém para servir-lhe de fiador. Pensou em seu episódio preferido de Sex & The City e perguntou-se quantos pares de sapatos tinha.
Depois, percebeu que não tinha tantos assim.
Naturalmente, estava casada com o seu Sr. Big e, com uma minúscula correção nos papéis do empréstimo, teria tido sucesso. Perguntou-se se tinha sido idiota e orgulhosa por não usar aquela ligação e quase saiu do carro.
Quase.
Soltou um gemido baixo e pesaroso. Fizera um acordo e já recebera seu dinheiro. Agora estava de volta à estaca zero, presa por um ano a um marido que não gostava dela, mas que, às vezes, queria ocasionalmente transar com ela até clarear a mente.
E também estava completamente falida.
Ah, sim, fora um golpe do mestre.
Xingando, ligou o carro e enfiou a carta formal de rejeição no porta-luvas. Nada mudara. Não podia usar o dinheiro de Miguel para melhorar seu negócio, não quando o relacionamento deles era temporário. Precisava garantir aquele empréstimo por méritos próprios. Se usasse o nome de Miguel, a lanchonete não seria realmente sua. Não. Podia esperar mais um ano, juntar mais lucros e tentar de novo.
Não tinha porque sentir-se deprimida e fracassada por uma pequena rejeição.
A culpa corroeu sua barriga. As mentiras juntavam-se em uma impressionante pilha. Primeiro, mentira para a família. Depois, para Miguel. Como explicar a desistência do projeto quando já recebera o dinheiro? E a família achava que ela estava nadando no dinheiro. Logo, perguntariam a Miguel quando ele terminaria a planta para a livraria. Afinal, por que o marido não ajudaria a esposa na sua área de trabalho?
A elaborada torre de mentiras balançou e ameaçou desabar.
Foi para casa mergulhada na tristeza e estacionou do lado do carro de Miguel. Esperava que ele tivesse feito o jantar, aí percebeu que só poderia comer salada porque furara a dieta no almoço, ao comer um delicioso Quarteirão do McDonald’s com batata grande.
Ficou ainda mais mal-humorada.
Quando entrou, a casa praticamente exalava o aroma de alho e ervas finas e tomates. Mia jogou a bolsa no sofá, tirou os sapatos e ergueu a saia para arrancar a meia-calça fora antes de entrar na cozinha.
Miguel estava de pé junto ao fogão, parecendo muito ocupado, quando ela chegou.
– O que está fazendo? – Perguntou.
Ele virou-se para encará-la.
– O jantar.
Ela fechou a cara.
– Só quero uma salada.
– Já está pronta. Coloquei na geladeira pra não murchar. Como foi seu dia?
O tom amigável do marido irritou Mia ainda mais.
– Maravilhoso – ironizou ela.
– Bom assim, é?
Mia o ignorou e serviu-se de um copo grande com água. Água combinava perfeitamente com alface.
– Já deu comida ao peixe? – Perguntou a loira, azeda.
Miguel mexeu uma panela com molho que borbulhava, e o cheiro deixou Mia com a boca cheia d’água. Como diabos seu marido tinha aprendido a cozinhar como uma mamma italiana? A pergunta a intrigava, mas a situação era irritante. Que marido chegava em casa do trabalho e fazia uma refeição de três pratos, oras? Ele não era normal.
Miguel pegou a panela com massa que estava ao lado e jogou o conteúdo na panela de molho.
– Já. E imagine a minha surpresa quando entrei no escritório e vi um cardume inteiro no nosso aquário, que foi todo redecorado.
Mia praticamente comemorou a deixa para provocar uma discussão.
– O Otto estava se sentindo solitário. Você estava sendo cruel com o animal, que estava isolado demais. Agora ele tem amigos e companheiros com quem nadar.
– Sem mencionar os túneis e as algas de plástico pra brincar de esconde-esconde com os amiguinhos.
– Você tá falando com sarcasmo – apontou ela.
– E você tá irritada – respondeu Miguel.
Ela bateu com o copo na mesa. A água espirrou por cima da borda do copo e, virando-se desafiadora para a água derramada, Mia deixou o copo ali mesmo e dirigiu-se ao barzinho, onde se serviu de dois dedos de uísque. A bebida desceu quente por sua garganta e aplacou seus nervos. Ela percebeu que os ombros dele tremiam, mas, quando olhou desconfiada para o marido, ele parecia não estar rindo dela.
– Tive um dia ruim – explicou por fim.
– Quer falar sobre isso?
– Não. E não vou comer macarrão.
– Tudo bem – respondeu Miguel, tranquilo.
Ele a deixou quieta enquanto ela se servia de outra dose de uísque e começou a se acalmar. Ficou sentada na cozinha tranquila, rodeada pelos sons da cozinha e um silêncio apaziguador. Miguel usava uma calça jeans desbotada com camiseta e um avental preto. Em vez de diminuir sua masculinidade, o avental enfatizava os quadris estreitos, o peito largo e o belo bumbum. A graça e a facilidade dele em um ambiente tão doméstico a deixaram um pouco abalada.
Miguel arrumou a mesa, serviu o macarrão para ela e a salada para Mia e começou a comer. Ela ficou curiosa sobre como tinha sido o dia dele.
– Como está indo o contrato para o terreno à beira-rio?
Miguel encheu o garfo de macarrão e enfiou-o na boca.
– Saí para beber com Giovanni Méndez e consegui ganhar o voto dele.
Mia ficou radiante pelo marido.
– Mas isso é maravilhoso, Miguel! Agora só falta Diego!
Ele franziu a testa.
– É. O Bustamante pode ser um problema.
– Pode falar com ele no jantar do sábado.
Ele ficou ainda mais contrariado.
– Prefiro não ir ao jantar.
– Ah... tudo bem. Vou sozinha.
– Deixa pra lá. Eu vou.
– Vai ser divertido – entusiasmou-se Mia. – É outra chance pra você vender o seu peixe a ele num ambiente descontraído. – A loira largou a salada sobre a mesa e olhou, gulosa, para a tigela de macarrão. Talvez pudesse roubar um pouco. Afinal, precisava provar o molho.
– Se o Bustamante se opor, o negócio todo vai pelo ralo – comentou Miguel.
– Ele não vai se opor – apostou Mia.
– Como pode ter tanta certeza? – Perguntou Miguel, e a resposta da esposa o deixou atordoado.
– Porque você é o melhor.
Autor(a): juliethewriter
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Capítulo 39 Mia estava tão concentrada em se servir que nem notou o silêncio de Miguel. Quando finalmente ergueu o rosto, percebeu uma expressão estranha no rosto do marido. Ele parecia perplexo. – Como pode ter tanta certeza? A loira sorriu. – Eu já vi os seus projetos, Miguel. Quando a gente era criança eu sempre via ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 4
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sunshineaya Postado em 01/11/2019 - 19:45:03
Eu tô rindo demais da Marina hahaha o Miguel falou para ela nao falar para ninguém que ela tomou sorvete que ele deu a ela e a primeiro coisa que ela diz para a Mia é que tomou soverte kkkkkk Continua
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dayse108 Postado em 04/07/2018 - 14:08:04
Continua
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amandaponny3 Postado em 27/09/2017 - 19:37:29
Adorei! Continua pfvr
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Anahi Postado em 25/09/2017 - 20:33:11
Oi posta mais