Fanfics Brasil - capítulo 4 casamento de conveniência

Fanfic: casamento de conveniência | Tema: Rebelde


Capítulo: capítulo 4

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Capítulo 4.



Miguel quase se engasgou com o café, mas conseguiu abaixar a xícara com calma e dignidade. Uma onda de calor o acertou em cheio ao lembrar-se do dia na piscina, quando eram crianças.



Ele tinha feito piada com a cara de Mia graças às mudanças no corpo dela, quando Roberta esgueirou-se por suas costas e arrancou a sunga dele. Exposto em todo e qualquer significado daquela palavra, ele se afastou e fingiu que o acontecido não o perturbou. Mas a lembrança ainda era seu momento de maior constrangimento.



Ele apontou os papéis diante deles.



– Roberta me disse que você precisa de um valor x de dinheiro. Eu mantive o valor aberto para negociações.



Uma expressão estranha surgiu no rosto dela. As feições ficaram tensas e depois relaxaram.



– Este é o contrato?



Ele assentiu.



– Sei que precisa levar para seu advogado examinar.



– Não preciso. Um amigo meu é advogado. Aprendi o bastante ajudando-o a estudar para o exame da Ordem. Posso ler?



Ele empurrou os papéis sobre o tampo polido de madeira. Ela tirou da bolsa um discreto par de óculos com armação preta e o colocou no nariz. Minutos depois, ela estudava o contrato.



Ele aproveitou a oportunidade para observá-la. A forte atração por ela o irritou. Mia não fazia seu tipo. Era curvilínea demais, direta demais... verdadeira demais. Ele gostava de saber que estava protegido de qualquer explosão emotiva caso as coisas não acontecessem como ela queria. Mia o apavorava profundamente. Algo dentro dele lhe dizia que não seria fácil conviver com ela. Ela falava o que pensava e exibia o que sentia sem pensar. Tais coisas eram perigosas, capazes de confundir e desnortear.



Era tudo que ele não precisava num casamento.



Ainda assim...



Ele confiava nela. Os olhos cor de safira exibiam determinação e justeza. A promessa dela teria valor. Depois de um ano, ele sabia que ela sairia de sua vida sem olhar para trás nem querer mais dinheiro. A balança estava a favor dela.



Uma unha cor de cereja bateu na beira da mesa sem parar. Ela o encarou. Miguel perguntou-se por que a pele dela ficara tão pálida, quando ela parecia tão corada há apenas um segundo.



– Você tem uma série de... requisitos? – Perguntou, como se o acusasse de um crime hediondo e não tratasse de um assunto comercial.



Miguel pigarreou.



– Apenas algumas qualidades que procuro na minha esposa.



Ela abriu a boca para falar, mas nada saiu. Mia parecia não saber como se expressar.



– Você quer uma anfitriã, uma órfã e um robô, tudo junto. Acertei?



Ele respirou fundo.



– Está exagerando. Só porque quero me casar com alguém graciosa e profissional não significa que sou um monstro.



Ela deu uma risada nada feminina.



– Você quer uma esposa-troféu com quem não vai transar. Não aprendeu nada sobre as mulheres desde os seus 14 anos?



– Até demais. Por isso que meu tio Pablo precisou me forçar a fazer algo que é favorável apenas às mulheres.



Ela ficou chocada.



– Os homens são muito favorecidos pelo casamento!



– Ah, é? Em quê?



– Recebem amor incondicional e companhia.



– Depois de seis meses, começam as dores de cabeça, e um tédio insuperável.



– Encontram alguém com quem dividir a vida, envelhecer.



– Os homens não querem envelhecer. Por isso procuram mulheres mais jovens.



Mia ficou boquiaberta, mas fechou a boca com um estalo.



– Têm filhos, formam uma família, pessoas que vão amá-los nas horas boas e nas ruins!



– Que vão gastar todo o dinheiro, atormentá-los diariamente e reclamar sobre os problemas de casa.



– Você é doente!



– E você iludida!



Mia sacudiu a cabeça, fazendo os sedosos fios loiros roçarem em seu rosto e depois se acalmarem. O rubor voltou a suas faces.



– Meu Deus, os seus pais realmente o destruíram – resmungou ela.



– Obrigada, Freud.



– E se eu não me encaixar nessas características?



– Damos um jeito.



Ela estreitou os olhos e mordeu o lábio inferior. Miguel lembrou-se da primeira vez que a beijou, aos 16 anos. Ela tinha 13 e colara-se a ele, com o corpo trêmulo. Ele acariciara levemente a pele nua dos ombros dela. Ela tinha um cheiro fresco, de flores e sabonete.



Depois do beijo, o rosto dela estava cheio de inocência, beleza e pureza, à espera do felizes-para-sempre. Depois, Mia sorriu e disse que o amava, que queria casar-se com ele. Ele devia ter sorrido para ela, ter dito algo fofo e seguido com sua vida. Em vez disso, o comentário dela sobre casamento fora doce e tentador, deixando-o morto de medo.



Aos 16 anos, Miguel sabia que nenhum relacionamento era sempre feliz – todos eles acabavam infelizes. Ele riu dela, chamou-a de idiota e a abandonou na mata. A mágoa e a vulnerabilidade no rosto dela destruíram o coração dele, mas ele endureceu-se contra aquele sentimento. Quanto antes ela aprendesse, melhor.



Naquele dia, Miguel garantira que eles dois aprendessem algo



Ele descartou a lembrança e focou-se no presente.



– Por que não me diz o que espera desse casamento?



– Cento e cinquenta mil dólares, em dinheiro, no momento do casamento e não depois de um ano.



Ele se aproximou dela, intrigado.



– É muito dinheiro. Está com dívidas de jogo?



Uma parede invisível surgiu entre eles.



– Não.



– Estourou o cartão de crédito?



Os olhos dela encheram-se de raiva.



– Não é da sua conta. Parte do acordo é que você não queira saber sobre o dinheiro e o que vou fazer com ele.



– Algo mais?



– Onde vamos morar?



– Na minha casa.



– Não vou abrir mão do meu apartamento. Vou continuar pagando aluguel.



Ele se surpreendeu.



– Como minha esposa, vai precisar de roupas adequadas. Vou lhe dar uma mesada e acesso a meu personal stylist.



– Vou usar o que eu quiser e pagar com meu próprio dinheiro.



Ele sufocou um sorriso. Quase se divertia com o debate, como tinha acontecido no passado.



– Você vai conviver com meus colegas de trabalho. Tenho um grande contrato sendo negociado, e você vai precisar conviver com as outras esposas.



– Sei como me comportar em sociedade, usar meus talheres e rir de piadas idiotas. Mas preciso de liberdade para cuidar da minha loja e da minha vida social.



– Naturalmente, espero que mantenha o seu dia-a-dia.



– Desde que eu não o envergonhe.



– Mas é claro.



Ela movimentou o pé.



– Tenho alguns problemas com a sua lista.



– Sou uma pessoa flexível.



– Sou muito íntima do meu pai e dos meus irmãos. Eles vão precisar de um bom motivo para acreditar que vou me casar de repente.



– Conte-lhes que nos reencontramos depois de muitos anos, nos apaixonamos e decidimos nos casar.



Mia fez uma careta.



– Eles não vão saber do acordo, por isso precisam acreditar que somos loucos um pelo outro. Você vai precisar jantar conosco para fazer o anúncio. E precisa ser convincente.



Ele lembrou que o pai dela abandonara os filhos devido ao alcoolismo quando a esposa morrera.



– Você ainda fala com o seu pai?



– É claro.



– Mas você o odiava!



– Ele se arrependeu. Eu decidi perdoá-lo. Enfim, meu irmão, minha cunhada, minha sobrinha e minhas irmãs moram com ele. Eles vão fazer um milhão de perguntas, e você precisa ser convincente.



Ele enrugou a testa.



– Não gosto de complicações.



– Só lamento. Elas são parte da vida.



Miguel achou melhor ceder nesse ponto.



– Tudo bem. Mais alguma coisa?



– Sim. Quero um casamento com tudo a que tenho direito.



Miguel irritou-se.



– Eu quero um casamento simples no civil.



– E eu, um casamento no religioso, com efeitos civis, na presença da minha família e com Roberta como minha madrinha.



– Não gosto de casamentos.



– Você já disse. A minha família nunca acreditaria num casamento só no civil. Precisamos disso por eles.



– É com você que vou me casar de fachada, Mia. Não com a sua família.



Ela ergueu o queixo. Ele registrou mentalmente o gesto. Parecia um aviso antes do começo da guerra.



– Acredite, também não estou feliz com isso, mas temos papéis a interpretar se queremos que os outros acreditem que é de verdade.



Ele ficou tenso, mas conseguiu acenar.



– Certo. – A voz estava cheia de sarcasmo. – O que mais?



Ela pareceu nervosa ao encará-lo, depois levantou-se da cadeira e movimentou-se pela sala. Ele reparou no traseiro perfeito, rebolando de um lado para o outro, e sua calça ficou muito apertada.



Seu último pensamento racional passou-lhe pela mente. Seria melhor parar com aquilo e dar fim àquela conversa. Aquela mulher ia virar sua cabeça de pernas para o ar, de dentro para fora, e ele sempre detestara confusões.



Ah, droga.




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Autor(a): juliethewriter

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 4



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  • sunshineaya Postado em 01/11/2019 - 19:45:03

    Eu tô rindo demais da Marina hahaha o Miguel falou para ela nao falar para ninguém que ela tomou sorvete que ele deu a ela e a primeiro coisa que ela diz para a Mia é que tomou soverte kkkkkk Continua

  • dayse108 Postado em 04/07/2018 - 14:08:04

    Continua

  • amandaponny3 Postado em 27/09/2017 - 19:37:29

    Adorei! Continua pfvr

  • Anahi Postado em 25/09/2017 - 20:33:11

    Oi posta mais


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