Fanfic: casamento de conveniência | Tema: Rebelde
Capítulo 5
Ah, droga.
Por que ele tinha de ser tão gato?
Ela deu-lhe um olhar enquanto se movimentava. Um xingamento furioso subiu-lhe aos lábios, mas ela o engoliu. Na infância, ela costumava rir e chamá-lo de bonitinho por causa dos cabelos cacheados. Os caracóis da juventude haviam sido reduzidos a um penteado baixo e conservador, com muito gel, mas algumas ondas escapavam, rebeldes e teimosas. E os fios continuavam tão escuros quanto quando ela era criança, sem um fio branco.
Os traços estavam endurecidos – o queixo bem-definido, dentes brancos que surgiam durante os rápidos sorrisos. Os olhos eram castanhos e profundos, cheios de segredos firmemente guardados por trás de uma parede. Mas o corpo dele...
Ele sempre tinha se exercitado, mas, ao cruzar a sala, o tecido elegante da calça de alfaiataria moveu-se junto com ele, colando-se a seu corpo e exibindo pernas longas e musculosas e um belo traseiro. A camiseta colada, cor de areia, com decote em V, era tão casual quanto ideal para um sábado de trabalho.
Mas outras coisas eram muito inadequadas: os braços fortes e musculosos, os ombros largos, o peito generoso que esticava e alargava o tecido. O bronzeado firme de sua pele, como se passasse muitas horas ao sol. A graça animal de seus movimentos. Ele havia crescido e não era mais um bonitinho. Miguel Arango Cervera era um homem de sangue quente... que ainda a via como a amiguinha de infância de Roberta. Tratava-a com a amigável distância destinada a alguém que conhecera há muitos anos.
Ora, ela morreria antes de babar por ele apenas porque ele era bonito. A personalidade dele ainda era horrível. Ele era bonito, só isso. Tinha um belo traseiro. Um...
Ela ignorou o pensamento seguinte.
Mia odiava o fato de a presença dele ainda deixá-la nervosa e um pouco radiante. Há uma semana, fizera uma simpatia de amor, e a mãe Terra lhe dera ouvidos. Tinha seu dinheiro, podia salvar a casa da sua família. Mas o que diabos fora feito da sua lista?!
O homem à sua frente não tinha nada do que ela acreditava. Não seria um casamento por amor. Não, seria um negócio, puro e simples, e muito frio. Enquanto a lembrança daquele primeiro beijo saísse das profundezas de sua mente, ela apostava que ele tinha esquecido o momento por completo.
Sentiu-se humilhada. Nunca mais... A mãe Terra não lhe daria nem um requisito da sua lista? Ela respirou fundo e falou:
– Só mais uma coisa.
– Sim? – Perguntou ele.
– Gosta de futebol?
– Claro.
A barriga dela torceu-se de nervoso.
– Torce para algum time?
O sorriso dele era pura malícia.
– Só um time é digno de torcida.
Mia sufocou o enjoo e fez a pergunta crucial.
– E qual é?
– O Pumas UNAM, é claro. É o único time que ganha, o único que importa.
Ela respirou fundo, algo que tinha aprendido na aula de ioga. Podia se casar com um torcedor do Pumas? Abrir mão de todos os seus princípios e morais? Podia suportar o casamento com um homem que adorava a lógica e achava a monogamia algo tipicamente feminino?
– Mia? Tá tudo bem?
Ela o calou com uma mão e se movimentou, procurando desesperadamente por respostas. Se saísse dali agora, não teria outra escolha a não ser vender a casa. Poderia viver consigo mesmo, sabendo que era egoísta demais para sacrificar-se por sua família?
Tinha outra escolha?
– Mia?
Ela virou-se. O rosto dele estava cheio de impaciência. O homem não tinha tolerância para qualquer explosão emocional. Por mais gato que fosse, ele seria terrível de conviver, como era na infância. Ele provavelmente cronometrava todos os compromissos. Provavelmente não sabia o que significava impulsividade. Poderiam sobreviver a um ano convivendo na mesma casa? Ou destruir-se-iam antes do fim de 365 dias? E se o Pumas ganhasse a Mundial de Clubes? Teria de lidar com a arrogância dele, com seus sorrisos de desprezo. Deus...
Ele cruzou os braços na altura do peito.
– Não me diga que torce para o Olímpia!
Ela estremeceu com o tom dele.
– Eu me recuso a falar de futebol com você. Não vai usar nenhum item do Pumas UNAM quando estiver comigo. Não me importo se usar na minha ausência. Entendeu?
O silêncio pairou na sala. Mia arriscou-se a encará-lo. Ele a encarava como se ela fosse uma louca.
– Tá falando sério?
Ela sacudiu a cabeça com firmeza.
– Estou.
– Não posso usar nem um boné?
– Isso mesmo.
– Você é louca! – Disse ele.
– Sou mesmo. Se quiser pular fora agora é a hora.
Então, ele fez algo que ela não vira desde que o valentão da escola caiu da bicicleta e chorou que nem uma menina.
Miguel Arango Cervera gargalhou. Não foi um sorriso de divertimento, ou um riso breve. Foi uma gargalhada genuína, profunda e masculina. O som encheu a sala, tornou-a plena de vida. Mia sufocou o próprio sorriso, especialmente quando a hilaridade dele era por causa dela. Droga, ele era lindo quando abria mão da arrogância.
Ele finalmente acalmou-se, pareceu pensar nas hipóteses e chegou a uma solução.
– Não vou usar nada do Pumas, mas você também não vai usar nada do Olímpia. Nadinha mesmo. Não quero nem uma caneca ou um chaveiro na minha casa. Entendeu?
Ela ferveu de raiva. De alguma forma, o feitiço virara-se contra o feiticeiro.
– Discordo. Não ganhamos nenhum campeonato há muitos anos, então posso usar o meu. Vocês já são glorificados demais, não precisam mais.
O canto da boca dele tremeu.
– Bela tentativa, mas eu não sou um dos molengas com quem você está acostumada a namorar. Sem Pumas nem Olímpia. É pegar ou largar.
– Eu não namoro molengas!
Ele fez um muxoxo.
– Não importa.
Ela se inquietou de um lado para o outro e quase não conseguiu impedir-se de dar um tapa nele. Ele era tão indiferente! Como podia ser tão bonito e ao mesmo tempo fazê-la pensar na maçã dada à Branca de Neve?
– E aí? Quer pensar ou o que quer que seja que as mulheres fazem quando não podem decidir?
Ela mordeu a boca com força e forçou-se a dizer:
– Tudo bem, eu concordo.
– O que mais?
– Acho que é só isso.
– Não exatamente. – Ele fez uma pausa, como se estivesse prestes a tocar num assunto delicado. Mia jurou que continuaria calma, independentemente do que ele dissesse. Dois podiam jogar. Ela seria uma rainha do gelo, mesmo se ele a torturasse verbalmente. Ela respirou fundo e voltou a se sentar, depois pegou o seu café e bebeu a infusão.
Ele uniu os dedos e respirou fundo.
– Quero falar com você sobre sexo.
– Sexo? – A palavra saiu dos lábios dela e explodiu no ar como uma bala. Ela piscou, mas se recusou a demonstrar qualquer mudança de expressão.
Ele se levantou, e eles mudaram de lugar, inquietando-se pelo tapete vinho.
– Veja bem, a gente precisa ser extremamente discreto com, ahn, os nossos envolvimentos extraconjugais.
– Discretos?
– Sim. Tenho clientes muito importantes e uma reputação a proteger. Sem dizer que os termos do acordo seriam violados se nosso casamento fosse questionado. Acho melhor concordarmos em permanecer celibatos durante um ano. É possível, não acha?
– Ou muito impossível.
Ele deu uma risada evidentemente falsa, e ela se perguntou se viu o brilho do suor na testa dele ou se era apenas um jogo de luz. Ele parou de se mexer e a observou quase com cautela.
De repente, o verdadeiro significado do que ele disse surgiu na cabeça de Mia, e o choque daquela ciência a atingiu. Miguel queria que ela fosse a esposa perfeita, que incluía manter a castidade do leito nupcial durante a farsa.
Mas ele não havia falado da própria castidade. Roberta contara-lhe tudo sobre Luz Viviana, de modo que Mia sabia que Miguel tinha namorada. Ela ainda não entendia por que ele não se casava com a namorada, mas não cabia a ela julgar a escolha dele. Ela só se importava com o porco machista e chauvinista à sua frente e a própria vontade dela de cancelar tudo.
Por pouco.
Ela tremia de raiva, mas manteve o rosto sereno. Miguel Arango queria fazer acordos. Ótimo. Porque quando ela saísse daquela porta, Miguel teria assinado o melhor acordo da vida.
Mia sorriu.
– Eu entendo.
O rosto dele quase se iluminou.
– De verdade?
– É claro. Se o casamento e verdadeiro, não vai ser bom ver a esposa sendo alvo de fofocas de traição tão imediatamente depois do casamento.
– É claro.
– E você não precisa lidar com perguntas humilhantes a respeito da própria virilidade. Se a sua esposa está dormindo com outros, é óbvio de quem é o problema. Ela não está encontrando o que procura em casa.
Ele se inquietou. Sua concordância foi instável.
– Acho que sim...
– E quanto à Luz Viviana?
Ele recuou, surpreso.
– Como soube sobre ela?
– Roberta.
– Não se preocupe com Luz Viviana, vou falar com ela.
– Está dormindo com ela?
Ele estremeceu e depois fingiu que não se importava.
– O que isso tem a ver?
Ela ergueu as mãos em defesa.
– Quero esclarecer a questão do sexo. Pelo menos eu preencho os dois primeiros requisitos. Eu com certeza não te amo, e nós não desejamos um ao outro. Você está dizendo que, se eu quiser ficar com alguém, eu não posso. Então quais são as regras pra você? – Mia torceu a boca e perguntou-se como aquele homem planejava sair do buraco que ele mesmo cavou.
Autor(a): juliethewriter
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Miguel olhou para a mulher à sua frente e tentou engolir em seco. A voz rouca despertava imagens ainda mais enevoadas dela nua, exigente e... com um homem. Ele sufocou um xingamento e serviu-se de mais café, tentando conseguir mais tempo. Toda a postura dela exalava sexo. A inocência da juventude havia sido consumida, deixando para trás uma mulher ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 4
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sunshineaya Postado em 01/11/2019 - 19:45:03
Eu tô rindo demais da Marina hahaha o Miguel falou para ela nao falar para ninguém que ela tomou sorvete que ele deu a ela e a primeiro coisa que ela diz para a Mia é que tomou soverte kkkkkk Continua
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dayse108 Postado em 04/07/2018 - 14:08:04
Continua
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amandaponny3 Postado em 27/09/2017 - 19:37:29
Adorei! Continua pfvr
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Anahi Postado em 25/09/2017 - 20:33:11
Oi posta mais