Fanfic: casamento de conveniência | Tema: Rebelde

Mia fixou os enormes e suplicantes olhos azuis em Miguel.

– Sei que ele é bagunceiro. Mas acho que ele é esperto, e ninguém nunca o treinou. Vou abrigá-lo no quartinho dos fundos e limpar tudo, e prometo que em um ou dois dias ele estará fora daqui. Por favor, Miguel? Só por alguns dias.

Irritado com a súplica dela e com o fato de que estava amolecendo, Miguel tirou o outro lado do sapato e dirigiu-se ao vira-lata. Parecendo desafiador, parou diante dele e esperou que ele o atacasse ou rosnasse, procurando uma desculpa para expulsá-lo.

Mas o cachorro não fez nada. Limitou-se a encará-lo, com olhos amarelos e vazios, sem balançar o rabo, abaixar as orelhas ou rosnar.

Miguel sentiu um frio na espinha e virou as costas para o cachorro, determinado a não ficar abalado.

– Só por alguns dias – concedeu. O rosto expressivo de Mia demonstrou tanto alívio e gratidão que Miguel se perguntou se ainda lhe cabia algum controle sobre sua casa. – Você fez o jantar?

– Está quase pronto. – Ela sorriu. – Salmão grelhado com legumes ao vapor e arroz à grega. O vinho está na geladeira e a salada está pronta. Você vai ter tempo de sobra para ver o jogo do Pumas.

Ele ergueu uma sobrancelha, impressionado por ela saber como agradar um homem para persuadi-lo a fazer o que ela queria. Decidiu tirar o time de campo.

– Vou tomar um banho antes do jantar.

– Então eu levo uma taça pra você no banheiro. Pode jantar enquanto vê televisão.

– Talvez.

Mia apressadamente ajudou-o a tirar o casaco e o acompanhou até a escada. Miguel decidiu que alguns dias tolerando a presença do cachorro em troca da gratidão dela valia a pena. Com esse pensamento agradável, ele entrou no banheiro e tirou a roupa.

. . . .

Mia acompanhou o novo morador provisório da casa até o quartinho dos fundos, que estava todo coberto por lençóis antigos e rasgados que ela encontrara em seu apartamento. Serviu a ração num pratinho e água numa vasilha para ele, e fez carinho em seu rosto. Seu coração se apertou quando não viu o rabo dele balançar nem uma vez. Algo no velho cachorro fazia com que seu coração se comovesse, mas estava feliz por ter conseguido mais tempo para ele, a fim de encontrar-lhe donos amorosos.

Agora, era o momento de agradar ao marido.