Fanfics Brasil - Revista Canning Aconteceu naquela Pausa para o Café

Fanfic: Aconteceu naquela Pausa para o Café | Tema: Vidas Cruzadas


Capítulo: Revista Canning

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Já eram quase seis e meia quando Lorena levantou da cama para ir ao trabalho. Como fazia toda manhã, Lorena Campbell caminhou à passos graciosos e alegres até o banheiro, tomou um banho quente na banheira, penteou os cabelos louros compridos até todos os fios ficarem perfeitamente alinhados como ela gostava. Andou até o closet do quarto do apartamento que dividia com sua melhor amiga e modelo Amber, olhou para a janela, uma chuva fraca caía, mas ventos fortes balançavam as árvores, pegou uma calça social preta e uma blusa de mangas compridas branca.

Depois de colocar a roupa, passar uma maquiagem leve, Lorena desceu até o primeiro andar, comeu uma fatia de bolo e uma xícara de café.

— Lorena? Já estou indo, a agência pediu para que eu chegasse cedo hoje! 

Amber entrou correndo na cozinha, como sempre atrasada, beijou o alto da cabeça da amiga e entrou no elevador sem nem deixar Lorena falar nada.



— Bom dia, Kath - Lorena entrou em sua sala e cumprimentou a estagiária.

— Bom dia, Lorena! Feliz como sempre?

— Como sempre! - Lorena sorriu.

Todos os dias Lorena entrava na Revista Canning, falava com Kath e ela lhe perguntava "feliz como sempre?" e Lorena respondia que sim, porque sempre era verdade.

Na pausa para o café, Lorena pegou seu sobretudo e foi até a padaria da esquina onde ia todos os dias, passou pelas portas de vidro sentou na mesa do canto, com vista para o pequeno jardim, pediu um croissant de chocolate e um café quando seu celular soou, com certeza uma mensagem de Mark Stratford seu namorado empresário.

" Bom dia amor, não poderei lhe encontrar no café hoje, desculpa! Beijos, te amo"

Lorena bufou, tirou o sobretudo e o colocou na cadeira ao lado.

Todos os dias Lorena pedia para Mark encontrá-la na padaria perto da revista mas Mark nunca podia, sempre tinha reuniões ou problemas para resolver, Lorena sempre se chateava com o fato de ele sempre desmarcar seus encontros, mas quando estão juntos é tão bom, tão divertido que ela esquece que ele a deixa em segundo plano quase todas as vezes.



No outro lado da cidade Henry Adams, um advogado que mora sozinho foi visitar o melhor amigo Tyler e decidiu ir a uma padaria antes de voltar para o escritório.

O jardim colorido ao lado de fora chamou bastante a atenção de Henry, assim que ele passou pelas portas de vidro avistou uma moça loura muito bonita com o rosto apreensivo,o. "Uma vadia, sem dúvidas!" Lindsay diria.

Lindsay é a ex-namorada e melhor amiga de Henry e ela realmente acredita que todas as mulheres naturalmente bonitas são vadias. Ao pensar em Lindsay, Henry sorriu, balançou a cabeça e sentou numa mesa relativamente distante à da loira. Ele pediu um café e waffles, comeu calmamente e uma vez ou outra lançava um olhar para a garota que aparentava ter uns vinte anos e não fazia a menor ideia de que ele estava ali, muito menos olhando para ela.



Lorena engoliu cada pedaço de croissant tentando aliviar a raiva que estava sentindo de Mark, mas não podia ser hipócrita, ela sabia que se ele chegasse agora, pedisse desculpas ela se derreteria.

Bebeu o café preto que estava na xícara e quando deu o penúltimo gole de café percebeu algo estranho, na verdade não "algo", mas sim "alguém" o rapaz bem apessoado com cabelos castanhos sentado relativamente longe dela, com certeza nunca pôs os pés naquela padaria, pelo menos não nesse horário,  ela olhou furtivamente para o rapaz completamente concentrado no waffle. Ele não fazia a mínima ideia de que ela estava ali, muito menos, olhando para ele. 

Após acordar de seu devaneio, Lorena recebeu uma ligação urgente de Kath pedindo ajuda com algo sobre processo, violação de privacidade, a garota falava tão rápido que ela não entendeu nada, mas coisa boa não era. Lorena virou a xícara de café, correu até o balcão pagou rapidamente o lanche e correu.



Henry observou a agitação da garota após um telefonema, ela se levantou rapidamente e por um instante ele achou que ela estivesse indo em sua direção, mas ela estava fazendo a mesma coisa que ele, mas com pressa, ambos estavam pagando a sua conta. Ela correu até o balcão, falou com um rapaz, sua voz era doce e suave, entregou uma nota amassada de vinte dólares para ele e correu. Henry se virou e percebeu que ela tinha esquecido o sobretudo pendurado em cima da cadeira, se apressou, pagou a conta e saiu correndo atrás da menina na rua.

  "Ei, moça! Seu sobretudo"

Ele gritou quando estava na porta da padaria e Lorena quase na esquina ela colocou as mãos um pouco acima da cintura como se procurasse a peça deixada para trás e se virou.

Henry relaxou enquanto ela vinha a passos largos e apressados até ele.

— Muito obrigada! 

Ele olhou no fundo dos olhos castanhos esverdeados da moça e ficaram se encarando durante alguns segundos, até ela assentir com a cabeça, dar um sorriso e desaparecer na esquina. Henry permaneceu parado na calçada e enquanto metade da sua mente pensava no quanto ela era linda a outra metade pensava em encontrá-la de novo.



Lorena entrou correndo na Revista, subiu até sua sala, Kath estava sentada na escrivaninha, segurando a cabeça com as mãos.

— Kath! - Lorena irrompeu a sala - o que houve? Eu não entendi nada no telefone!

A cabeça de Lorena estava atordoada, o rapaz da padaria a deixou fora de foco, os olhos verdes de Henry não saiam da cabeça dela.

— E-eu não sei explicar... - ela estava muito nervosa

James, o sócio majoritário da Canning, entrou na sala e parecia estar bem mais tranquilo que a Kath

— Katerina, você pode sair, por favor?

— S-sim, claro - a garota magrela com os cabelos bem escuros saiu quase chorando

— Meu Deus, senhor Acker, o que  houve?

— Na verdade não foi nada demais, Katerina é nova na empresa e se assustou - ele suspirou - ela publicou uma matéria que eu não sei direito sobre o que é, e não pediu autorização para publicar e agora a moça está processando a empresa...

— E você acha que isso não é nada demais? 

— Já passamos por coisas assim - ele deu de ombros - mas levando em conta que estamos sem advogado e o rapaz que eu chamei  já vai chegar... O problema cresce um pouco, aquela coisa de custa a mais...

— E o que você quer que eu faça?

— Bom, tenho que sair para resolver um rápido problema e assim que o rapaz chegar você pode apresentar o caso para ele e me esperar chegar?

— Ah, claro! 

James piscou, saiu pela porta e Kath entrou com os olhos arregalados.

— Eu vou ser demitida não vou? - uma lágrima escorreu do canto do olho da garota, Lorena riu se aproximou de Kath e quando ia falar algo sentiu seu estômago embrulhar.

—Loren, você está bem? 

— Eu preciso ir ao banheiro!

Lorena saiu correndo até o banheiro e colocou para fora provavelmente tudo que ela tinha comido na vida.

— Lorena! - Kath apareceu no batente na porta - você está bem?

— Argh - Lorena fechou os olhos e lavou o rosto - Kath, tem um advogado vindo para ajudar a gente com esse caso e o James me pediu para apresentar o caso pra ele até ele voltar... Mas não estou me sentindo bem, você poderia fazer isso? - Lorena ainda estava com a cabeça baixa na pia

— Ah, claro! Acho bom você ir para casa, comeu alguma coisa estragada?

— Provavelmente o croissant da padaria, eu vou pra casa mesmo...

 Lorena prendeu o cabelo em alto rabo de cavalo, passou pela porta do escritório ainda sentindo um mal estar constante. O prédio da revista era um pouco distante do apartamento de Lorena e Amber.



Henry chegou à frente do prédio da Revista Canning, ele ajeitou o blazer e entrou, na recepção uma moça gordinha olhava para ele fixamente.

— Bom dia - ele se debruçou no balcão e deu um de seus melhores sorrisos para a moça que bufou em resposta a sua tentativa de charme barato - o senhor Acker pediu para eu vir aqui, resolver um problema e...

— Você deve ser o senhor Adams - Katerina se aproximou de Henry - eu sou Katerina, vou lhe levar para o escritório do senhor Acker e contar o que houve, quando James chegar, vocês trabalharão juntos.

— Certo

— Minha amiga iria lhe apresentar o caso, mas ela passou mal e teve que sair mais cedo.

Henry deu de ombros e assim que entraram na sala ele sentou-se à mesa e deixou Kath contar o que havia acontecido e enquanto ela falava com todos os detalhes ele pensava nas leis, processos mas além disso tudo, pensava na loira da padaria.



— Loren? - Amber gritou da sala assim que a porta do elevador se abriu - é você?

— Oi... Sou eu 

— Chegou cedo, por quê?

A garota alta com cabelos castanhos quase louros e um pouco enrolados e com olhos azuis veio andando até a sala principal com um de seus robes e como sempre, segurando um pacote de batatas cheio de calorias que ela com certeza iria perder na academia do prédio ainda hoje.

— Passei mal com o croissant da padaria... 

— Ah amiga, você está bem? 

— Meu estômago está de cabeça para baixo, mas eu vou tomar um remédio e... Deitar

— Tudo bem, qualquer coisa chama. Eu vou assistir meu desfile para a Chanel na sala de estar!

— Pela quinquagésima vez!

— Ah cala a boca, eu estava terrivelmente linda!

Lorena foi até a cozinha, pegou dentro do armário marrom o pote de vidro cheio de remédios.

— E me conta... - Amber gritou - Mark apareceu dessa vez?

Lorena colocou o remédio na boca e virou o copo com água

— Não...

— Eu já disse mil vezes para você se afastar desse idiota!

— É, mas eu gosto muito dele!

E no momento que Lorena precisava pensar em todos os momentos bons que ela passou com Mark, quem apareceu foi o cara da padaria e seus olhos terrivelmente verdes.

— Lorena? O que foi? Você está rindo, como uma idiota! - Amber perguntou enquanto Lorena se aproximava

— Bom... Aconteceu uma coisa...

— O que? Senta... - Amber pausou o vídeo do desfile e Lorena sentou na poltrona de frente para o sofá e de costas para a varanda.

— Eu estava na padaria, esqueci meu sobretudo na cadeira e um cara LINDO veio me devolver, eu já tinha prestado atenção nele mas sei lá, ele me deu o sobretudo e ficamos nos encarando por alguns segundos até eu me lembrar que tinha vida ao nosso redor e...eu fui embora.

— Meu Deus! Amor à primeira vista, que lindo! 

— Não é amor e eu nunca mais vou vê-lo...

— O que for para ser será... Então se vocês tiverem que se encontrar novamente, vai acontecer! - Amber deu de ombros e colocou algumas batatinhas na boca

— É, mas eu também tenho que lembrar do meu namorado não é?

— Que porra de teu namorado, aquele cara taca o foda-se pra você direto! 

— Ah... Bem... Obrigada pela preocupação, mas o que eu posso fazer se gosto dele? 

— Aprende a gostar de outro - Amber deu de ombros novamente e foi para o quarto.

O apartamento de Lorena e Amber é bem grande, três quartos, duas suítes, sala formal e informal, sala de jantar, cozinha e mais dois banheiros. 

Quando Lorena fez um ano na revista, James pediu para ela acompanhar o desfile Londres Fashion Week e quando o desfile acabou Lorena conheceu Amber, elas começaram a conversar e viraram melhores amigas, dois anos depois Amber propôs de juntas comprarem um apartamento no West Village e desde então elas moram juntas.



No dia seguinte Henry foi para a Canning e James o levou para uma sala no terceiro andar onde ele passou o dia sentado atrás da escrivaninha preta, sua sala era bem espaçosa, com algumas plantas que deixavam o ambiente menos sério, a vista para East River era reconfortante e Henry cada vez mais estava gostando daquele lugar.

As horas se passaram, Lorena não viu Henry, afinal ela nem sabia que ele estava lá, muito menos o nome dele.



— Henry... - Katerina abriu a porta do escritório 

— Olá, bom... - Henry olhou no relógio e percebeu que já eram quase sete horas - nossa! Boa noite.

Katerina riu por causa do susto de Henry e continuou a proposta.

— Como hoje é sexta feira, o pessoal aqui da revista vai sair para tomar alguma coisa, você quer vir?

— Ah, claro! Essa papelada realmente me deu um cansaço! 

Eles riram e Kath saiu



— Loren! Daqui a dez minutos vamos sair você vem? - Craig, que trabalha na arte das capas falou ao entrar na sala de Lorena.

— Claro, já estou indo!

— O Mark vai? 

— Vai nos encontrar lá.

Todos da revista adoram o Mark, ele sempre vinha buscar Lorena e o pessoal sempre conversava com ele antes dela sair.

— Que ótimo, tenho que falar umas coisas pra ele! 

— Ih, tomara que não seja de mim! - Lorena e Craig gargalharam

 Lorena terminou de escrever uma matéria qualquer, colocou suas coisas na bolsa e quando pegou o sobretudo os olhos verdes de Henry se acenderam na mente dela fazendo-a balançar a cabeça e ir atrás de Katerina.

— Oi, Kath, você já está indo?

— Não, vou demorar mais alguns minutos, Craig disse que tem uma vaga no carro dele.

Kath subiu a escada do terceiro segurando alguns livros de direito, Lorena imaginou que fossem para o novo advogado, mas não falou nada e seguiu até encontrar Craig e o resto do pessoal na saída do prédio.



Henry e Kath entraram no bar e foram atrás do pessoal da revista, Kath sentou na bancada e Henry fez o mesmo.

— Loren já chegou? Ela disse que vinha com o Craig - Kath perguntou para Ally

— Sim, ela está dançando com o Mark

Kath pediu uma tequila para ela e Henry.

O bar parecia mais uma boate, pessoas dançando em todo o lugar e  música alta. As cores escuras davam impressão de ser algo mais sofisticado, quando na verdade era realmente só um bar que de segunda a quinta recebia uns bêbados problemáticos e na sexta, sábado e domingo os jovens cheios de energia e vontade de encher a cara.

— Eu vou lá fora, acho que deixei meu celular no carro - Henry tocou no ombro de Kath e ela assentiu.

Ao chegar ao lado de fora do bar, onde o cheiro de bebida não estava impregnado em cada centímetro, Henry pegou o celular dentro do porta luvas do carro e se dirigiu até o bar novamente, pediu uma bebida bem forte para aliviar o estresse e quando terminou de virar o copo, viu na pista de dança a moça da padaria. Seus cabelos louros balançavam, ela já tinha tirado os saltos que apertavam seus pés, com os olhos fechados e um sorriso enorme, a moça dançava conforme a música. "Não foi só uma impressão" Henry pensou "ela é linda” 

Ele pulou do banco, ajeitou as mangas da blusa social branca, passou a mão no cabelo jogando alguns fios rebeldes para trás e seguiu em direção à moça cujo o nome ele ansiava saber. Andou menos de quatro passos quando uma ouviu uma voz conhecida, mas realmente não se recordava.

— Henry? - um rapaz alto com barba feita e cabelo bem cortado se aproximou - cara, quanto tempo!

— Meu Deus, é verdade - Henry demorou a reconhecer o ex-amigo Mark Stratford - a última vez que nos vimos você estava pedindo transferência da turma de Direito para...

— Administração! 

— Isso! Administração! Muito bom te ver! - eles se abraçaram rapidamente

Henry olhou de soslaio para a moça que ainda dançava.

— E o que faz por aqui? Pelo que me lembro você e o... Tyler! Moravam do outro lado da cidade!

— Sim, sim. Eu estou fazendo um trabalho na Revista Canning, conhece?

— Claro! Minha namorada trabalha lá, venha, vou lhe apresentar a ela, talvez você a conheça - Mark colocou a mão no ombro de Henry em sinal para segui-lo.

Eles mandaram até o meio da pista, Henry viu a moça loura e antes que pudesse raciocinar, Mark tocou na cintura dela fazendo seus olhos castanhos esverdeados se abrirem e seus pés descalços se erguerem para um rápido beijo.

— Loren, esse é Henry! Fiz o primeiro período de direito com ele! 

— Prazer, me chamo Lorena... - No momento em que Lorena pousou os olhos sobre Henry seu coração parou, seu corpo tremeu e mesmo que eles nem tenham se falado ela sentiu como se tivessem vivido uma longa e linda história - Lorena Campbell

— Prazer, Henry Adams - Henry tirou a mão do bolso e estendeu para Lorena que ainda estava pálida.




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Autor(a): mrspretzel

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