Fanfic: O Garoto dos Olhos Castanhos (Adaptada) Finalizada | Tema: Vondy

 – Isso já não importa mais, agora você é um homem casado – alfinetei. – Você tem outra mulher a quem respeitar. – Uma cobra traiçoeira, completei em pensamento.

 – Então você já sabe?

 – Sei. – parece que ele se esqueceu de que nos encontramos naquela droga de almoço.

 – Sabe o motivo pelo qual me casei com ela tão rápido?

 – Parece que alguém tem uma mira impecável – respondi sarcástica.

 – Ah, Dul, eu sinto tanto – lamentou-se, colocando a cabeça entre as mãos. – O nome dele vai ser Álvaro, é um menino.

 – Meus parabéns. – Agora eu estava tentando passar um pouco de respeito na minha resposta, o garotinho não tinha culpa de nada.

 – Mas isso não quer dizer que eu vá deixar você à própria sorte – acrescentou, sorrindo fraco. – Vou assumir o nosso bebê, vou pagar uma pensão, sei lá. Eu vou querer vê-lo.

 – Eu não quero seu dinheiro, mas talvez seja bom o bebê ter o pai por perto. – O mais perto que a esposa dele deixasse. – Você contou para Manoela?

 – Não, ainda não, vim aqui conversar com você antes.

 – Você veio comprovar se era verdade ou se eu tinha armado um planinho para acabar com seu casamento? – Levantei minha camiseta. O inchaço era pequeno, mas para quem tinha dormido comigo por três anos, ele teria capacidade de notá-lo. – Não é mentira.

 – Eu não pensei que fosse.

 – Então o que você veio falar comigo de tão importante?

 Ele se levantou do sofá e se ajoelhou na minha frente.

 – Eu cometi um erro – afirmou, pegando minha mão. – Como disse, nunca deveria ter deixado você ir embora, mas você sempre foi uma pessoa melhor do que eu. – Eu concordava, nunca tinha traído ninguém. – Então eu pensei que talvez você pudesse me dar uma nova chance.

 Engasguei. Esse babaca estava realmente me pedindo isso? Tarde demais número três.

 – Não creio que seja possível – respondi ainda surpresa. Nem em um milhão de anos eu poderia imaginar que essa cena clichê de filme de mulherzinha realmente aconteceria na minha vida. Só faltava a Ferrari e o deus grego, que por sinal eu tinha e estava dormindo no momento. Será que a Land Rover serviria?

 – Eu sei que você já está namorando, ou estava, não sei como seu namorado reagiu à notícia do nosso filho – Miguel continuou pausadamente, ainda segurando minhas mãos –, mas não seria melhor criar essa criança ao lado do pai? Você poderia voltar para São Paulo, poderíamos oficializar as coisas. Nós poderíamos ser felizes, Dul.

 Em um ponto ele tinha razão, era sim importante criar um filho perto do pai e da mãe, mas voltar para ele estava fora dos meus planos, pelo menos até aquele momento. Pelo meu filho eu conseguiria engolir tudo que Miguel tinha feito? Ainda tinha o problema de eu não sentir absolutamente nada por ele, nem um resquício de compaixão ou de carinho. Não, eu não conseguiria. Meu filho entenderia, ele não desejaria ver a mãe presa em um relacionamento sem amor, infeliz.

 – Eu sinto muito, Miguel – declarei por fim, retirando minhas mãos das suas.

 – Pensa, Dulce, por favor – pediu, abraçando-me. Retribuí o abraço e seu corpo me era familiar. Foi muito mais uma ação impensada do que um desejo consciente, apenas algo que meu corpo estava habituado a fazer e eu sabia bem como era difícil se livrar de velhos hábitos, o sorvete do Christopher que o diga. – Pense em me dar mais uma chance, eu só peço mais uma.

 Tentei me livrar do seu abraço, mas meu movimento foi dado como consentimento e ele tentou me beijar; fiquei sem reação e dei um passo para trás. Não era justo com Manoela, independentemente do que ela me fizesse, e não era justo com Christopher me deixar levar por um momento só por já saber qual seria o final. Miguel não era o cara e já tinha me provado isso de diversas formas. Dei mais alguns passos para trás.

 – Acho melhor você ir embora – pedi, dirigindo-me à porta. – Agora.

 – Você vai me dar uma resposta?

 – Eu peço para alguém entrar em contato com você quando o bebê nascer e ligo se tiver alguma outra novidade.

 – Dulce, por favor. Pelo menos jante comigo esta noite – pediu.

 – Adeus, Miguel – eu disse, dando-lhe um beijo no rosto e abrindo a porta para que saísse. Fechei a porta atrás dele e me virei. Christopher estava sentado no sofá me observando.

 Seus olhos tinham um brilho ferino que fizeram com que eu me arrepiasse.

 – Você não achou importante que eu participasse dessa conversa? – perguntou, cruzando os braços.