Fanfic: O Garoto dos Olhos Castanhos (Adaptada) Finalizada | Tema: Vondy

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“Nada vai embora até que tenha nos ensinado o que precisamos saber.”

Pema Chödrön

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 CHRISTOPHER

 Já passavam das 11h da noite e você ainda não tinha voltado.

 Eu já havia ligado vinte vezes e todas elas caíram na caixa postal. Quando saí do quarto para lhe pedir desculpas, você já tinha saído, sem avisar ninguém para onde ia. Era típico de você fazer tudo à sua maneira, sempre dando cabeçadas, em vez de resolver as coisas como uma adulta. Comecei a me preocupar e resolvi ligar para minha irmã. Você não conhecia mais ninguém aqui, então era possível que estivesse com Anahi. Assim que peguei o celular do bolso, ele começou a vibrar.

 – Anahi – atendi no primeiro toque.

 – Me fala que Dul ainda está aí! – disse minha irmã aos prantos.

 – Ela não está com você? – perguntei em evidente desespero.

 – Não, Christopher, ela veio até aqui, mas já foi embora há muito tempo. O papai disse que ela veio se despedir.

 – Como assim se despedir, Anahi? Para de chorar e fala. – Eu não tinha tempo para drama nenhum nesse momento.

 – Ela só disse que ia embora – soluçou.

 Com o celular no ouvido, saí correndo pelo apartamento em direção ao seu quarto. Abri as portas do guarda-roupa com um puxão e passei a mão sobre as roupas no cabideiro. Para mim tudo ainda parecia igual.

 – Ela não levou nada – eu disse em pânico. – Você não iria embora sem levar nada. Será que não? Eu não conseguia parar de pensar nisso.

 – Eu vou para aí – anunciou Anahi, decidida.

 – Não, você fica em casa e se ela aparecer, você me liga.

 Encerrei a ligação sem esperar por uma resposta e fui até o quarto do Augusto. Soquei a porta até que ele a abriu com cara de quem comeu e não gostou; uma cara que por sinal já estava me enjoando.

 – Dulce sumiu.

 – Como assim ela sumiu? – perguntou confuso. – Já ligou para Anahi?

 – Acabei de falar com a minha irmã e ela disse que Dulce foi até a casa dos meus pais para se despedir dela, mas ela não estava.

 – Como assim se despedir? – perguntou, vestindo uma camiseta que estava jogada sobre a cama.

 – Nem ela sabe dizer, mas eu olhei o guarda-roupa da Dulce e nada sumiu.

 – Você já pensou na hipótese de ela ter parado em algum lugar, ter ido até o shopping?

 – Eu já pensei em todas as possibilidades enquanto fazia um buraco na sala de tanto andar. Está tarde e todos os shoppings já fecharam. Ela não teria parado em um bar, não sozinha e nas condições em que está.

 – Você se preocupa demais – reclamou Augusto, ameaçando fechar a porta. Podia ser, mas eu estava com um mau pressentimento. Coloquei o pé no vão impedindo que a porta se fechasse.

 – Tá na hora de você parar de ser moleque – cuspi. – Sua irmã pode estar precisando de você.

 Dito isso, dei meia-volta e fui bater na porta do Alfonso e do Christian; ambos saíram dos quartos em sincronia.

 – Dulce sumiu – anunciei. Eu deveria ter chamado os três ao mesmo tempo. Repetir a história só fazia com que as horas passassem mais rápido, sem notícias suas.

 – Ele acha que ela sumiu – disse Augusto, ainda parado em sua porta. – Até onde eu sei, ela pode aparecer a qualquer momento.

 – Por que você acha isso? – perguntou Alfonso, passando a mão no rosto amassado pelo sono. Expliquei a história outra vez.

 – Não é do feitio dela – concordou Christian.

 – E o que a gente faz, sai na rua procurando? – perguntou Augusto sarcasticamente. – Até onde a gente sabe, ela pode ter voltado para o ex dela, eu não duvido de mais nada do que aquela garota faz.

 Eu daria uma porrada na cara dele, mas Christian estava mais perto e agarrou o irmão pela camiseta.

 – Cala essa maldita boca, porra! – vociferou. Christian era o cara mais calmo que eu havia conhecido, pelo menos até alguém realmente tirá-lo do sério. – Não é hora para suas picuinhas. Pode ter acontecido alguma coisa. – Augusto não respondeu e Christian o empurrou longe, largando sua camiseta e fazendo com que ele cambaleasse para trás. – Eu vou pegar o carro e rodar pela região, e você – apontou para o irmão – vai fazer a mesma coisa. Vai na direção da praia que eu vou na direção do bairro.

 – Eu vou ligar na delegacia para ver se não têm nenhuma denúncia – avisou Alfonso –, talvez ela possa ter sido assaltada já que o celular está desligado.