Fanfic: O Garoto dos Olhos Castanhos (Adaptada) Finalizada | Tema: Vondy

 – Eu vou esperar para ver o que você descobre – respondi.

 Embora procurá-la na rua fosse minha maior vontade, eu não acreditava que iria encontrá-la. Seus irmãos saíram e ficamos apenas eu e Alfonso, ele ao telefone e eu terminando a construção do meu buraco na sala. Até a manhã do dia seguinte eu já estaria no apartamento 63. Alfonso falava com o escrivão de plantão, mas não consegui ouvir a conversa, porque ele voltou para seu quarto. Voltei a tentar ligar para o seu celular, só para constatar novamente que estava desligado. Eu estava a ponto de jogar o aparelho na parede, quando Alfonso voltou do quarto, branco feito uma folha de papel.

 – Descobriu alguma coisa? – perguntei em pânico. Ele confirmou com a cabeça. – Então fala, Alfonso.

 – Temos que ir para a delegacia – anunciou, indo em direção a porta. Eu o segui de perto e já dentro do elevador, eu o puxei pelo braço.

 – Fala o que está acontecendo! – implorei. – Por favor.

 – O carro dela foi encontrado em um supermercado há algumas quadras daqui. Notaram o abandono do veículo quando foram fechar o estabelecimento e o dono não foi encontrado. O gerente chamou uma viatura.

 – Acharam algum sinal dela? – Eu já sabia a resposta, meu coração sabia.

 – Não, mas a chave ainda estava na fechadura.

 Saímos do elevador e corremos até meu carro, sentei atrás do volante e cantei pneus. Se eu estava me sentindo desesperado antes, eu não conseguia descrever o que sentia agora que sabia que alguma coisa realmente havia acontecido. Eu tinha que encontrá-la. Saí dirigindo pelas ruas no piloto automático, minha cabeça estava a mil.

 – O que você acha que aconteceu? – indaguei. Eu não queria ouvir a resposta, mas precisava fazer a pergunta.

 – Acho que se trata se um sequestro, agora falta saber a razão. Ninguém fez contato, então só há duas outras opções, alguém a pegou para levar a um caixa eletrônico…

 Eu mesmo completei seu raciocínio:

 – Ou ela era o alvo. Mas quem poderia querer fazer mal a ela?

 Você podia ser um saco quando queria, mas era a melhor pessoa que eu conhecia, e eu não estava dizendo isso porque estava loucamente apaixonado por você.

 – Eu não sei – Alfonso balançou a cabeça e seu celular tocou. – É o Christian – disse, atendendo à chamada. E no telefone: – Vocês vão para a delegacia, temos uma pista. O carro dela foi encontrado com a chave ainda na porta. – Ele ouviu a resposta. – Nenhum sinal dela.

 Christian e Augusto conseguiram chegar antes de nós. Quando freei o carro de qualquer jeito e o abandonei em cima da guia, eles já nos esperavam na porta do edifício térreo onde Alfonso praticamente morava.

 – Vocês esperem aqui – disse Alfonso, entrando e chamando alguns oficiais pelo caminho.

 Depois de uma hora, já estávamos os três, incluindo Augusto, desesperados. Ele tentou ligar para os pais algumas vezes, mas não conseguiu, embora eu fosse contra assustá-los ainda sem ter nenhuma notícia concreta. Quando seu celular tocou, ele imaginou que fossem eles e atendeu de imediato. Passou alguns minutos ouvindo a pessoa do outro lado da linha e se escorou na parede. Ele agradeceu e saiu correndo até a sala do Alfonso com uma expressão de pânico no rosto. Eu e Christian fomos atrás.

 – Eu sei com quem ela está – disse Augusto sem fôlego. – Manoela, ela está com Manoela.

 – Então ela está bem? – suspirei aliviado, embora a escolha de companhia fosse duvidosa.

 – Não, ela pegou a Dulce! – disse, atropelando as palavras. – Luiza acabou de me ligar e falou que ouviu Manoela conversando no telefone com Miguel, eles vão matar o bebê.

 Meu coração gelou, parou e se despedaçou, tudo ao mesmo tempo. Não, eles não iam, eles não podiam. Meu Deus, onde você estava?

 – Me explica isso direito – pediu Alfonso, gritando em seguida o nome de alguns policiais, que apareceram na porta depois de poucos segundos.

 – Ela só disse que ouviu Manoela explicando como se fazia um aborto com Cytotec para Miguel no telefone. Logicamente Luiza não ouviu a resposta dele, mas disse que depois Manoela se irritou e disse que ela mesma faria o serviço e que pegar Dulce seria fácil.

 – E ela avisa só agora? – perguntei, sentindo minhas pernas amolecerem e o sangue sumir do meu rosto.

 – Ela disse que não levou a sério, até porque achou que Manoela jamais faria algo do tipo. Mesmo assim, ela foi até a casa deles hoje porque disse que não conseguia pegar no sono com isso na cabeça, e o porteiro avisou que eles tinham viajado. Ela juntou dois mais dois e ligou para Dulce – contou Augusto, fazendo uma pausa e apoiando as mãos nas coxas, se curvando para baixo.