Fanfic: O Garoto dos Olhos Castanhos (Adaptada) Finalizada | Tema: Vondy

 Na tarde anterior à alta, Anahi me trouxe uma novidade depois que Christopher saiu para trocar de roupa em casa.

 – O aniversário do meu irmão é amanhã – soltou como quem não quer nada, enquanto arrumava o novo buquê de flores entregue naquela tarde. Todos os dias chegava um novo.

 – Por que ele não me contou? – perguntei intrigada.

 – Ele não gosta muito de festas. – Ela continuou a arrumar o vaso. – E até ontem a gente também não sabia quando você teria alta, então não planejamos nada.

 – Precisamos fazer uma festa! – disse eu, e ela gargalhou.

 – Essa foi fácil demais – disse Anahi, levantando as mãos para o alto e fazendo um movimento de vitória. – Já chamei todo mundo, só falta o pessoal aqui do hospital, mas posso fazer isso antes de ir embora.

 – Quer ajuda em alguma coisa? – perguntei, entediada. Ficar no hospital era um saco.

 – Claro, por que você não empurra sua maca até a ala de cardiologia e faz os convites você mesma? – perguntou rindo.

 – Não achei graça.

 – Percebi. – Riu ainda mais. – Isso quer dizer que você vai ficar?

 – É o que parece, ainda não posso viajar – respondi, voltando a abaixar a cama, minhas costas estavam me matando lentamente.

 – Não foi isso que eu perguntei – disse, sentando-se na minha cama e deitando ao meu lado.

 – Eu sei – confessei.

 – Dulce!

 – Não decidi se vou ficar – eu disse por fim.

 – Você o ama? – perguntou com os olhos suplicantes.

 – Como nunca amei ninguém – respondi com sinceridade. Eu não poderia mentir para ela.

 – Então não entendo por que você não admite isso e fica com ele de vez – respondeu confusa, levantando-se para me olhar.

 – Porque eu não quero que ele seja responsável por mim e pelo bebê. Eu quero que ele tenha uma vida normal, que encontre uma garota livre e desimpedida e que seja feliz.

 – Você o faz feliz, não vê? – Ela revirou os olhos.

 – Até quando, Annie? – indaguei.

 – Você acha que ele não vai aguentar, não é? – irritou-se. Agora ela tinha entendido meu ponto de vista, pude ver pelo seu olhar quando ele se iluminou.

 – Acho, sim – admiti minha falta de confiança.

 – Dulce, acho que você tem que parar de fugir – repreendeu-me. – Ninguém tocou no assunto com você sobre a noite que você sumiu. Todos acham que a situação vai melhorar e que você vai esquecer se ninguém disser uma palavra sobre o assunto, mas eu acho que algo assim jamais é esquecido. Dane-se que seu irmão me proibiu de abrir a boca.

 Fiquei quieta apenas escutando. Uma hora ou outra eu teria que encarar a situação e eu não podia negar que estava curiosa.

 – Meu irmão não desistiu até encontrar você – prosseguiu –, foi ele quem colocou todo mundo no maior desespero achando que você havia sumido. Ele encontrou o morador de rua que descreveu o símbolo da marca da locadora do carro que aqueles dois psicopatas usaram para sequestrar você, ele acordou o dono da locadora e ele foi a primeira pessoa que entrou naquele banheiro para tirá-la de lá. Todos ajudaram: Bernardo com os trâmites da lei, e seus irmãos indo junto com o meu, mas foi ele quem fez tudo. Ele não saiu desse quarto, Dulce, nem para usar o banheiro, porque ele usava o seu. Ele não foi para casa nem para trocar de roupa ou dormir. Ele só comeu o que nós e sua família trouxemos para ele, o mesmo com roupas limpas. – Respirou fundo. – Então faça um favor a si mesma e pare de ser tão descrente. O amor está batendo na sua porta e você não está vendo – disse irritada. – Deixa de ser burra.

 – Ele não saiu daqui? – perguntei, espantada.

 – Ele disse que não sairia até que você acordasse e não saiu.

 Ela tinha razão de estar brava, eu realmente era uma idiota, mas era tão difícil confiar…

 – O que aconteceu com eles? – Não precisei explicar quem.

 – Foram presos em flagrante – respondeu de má vontade por eu ter mudado de assunto.

 – Luiza entrou em contato com alguém? – perguntei ainda. Já que ela estava com ânimo para me contar,  não vi problema em tirar mais uma dúvida.

– Como você sabe? – perguntou, estudando meu rosto.

 – Ouvi seu irmão e Augusto falando sobre ela – contei. – Mas não entendi sobre o quê.

 – Foi ela quem avisou que Manoela tinha sequestrado você – continuou, de cara feira. – Parece que ela ouviu de trás da porta Manoela falando com Miguel pelo telefone, mas não acreditou que ela realmente faria aquilo, pelo menos não até descobrir que eles tinham viajado.

 – Então foi graças a ela que eles descobriram onde eu estava? – perguntei incrédula.

 – Foi sim. Mas nem pense em voltar a ser amiguinha dela – rebateu enciumada.

 – Na minha vida só existe você, bobona – eu lhe disse, achando graça. – Mas fico agradecida pelo que ela fez. – Eu também – admitiu, me abraçando.

 – Eu também. – Retribuí seu abraço. – Mas não pense que vou esquecer o assunto sobre meu irmão, você e sua burrice ambulante!

 – Seus pais vieram aqui – comentei. Anahi me olhou e esperou que eu terminasse meu raciocínio, ela já me conhecia bem demais. – Seu pai me tratou muito bem.

 – Ele finalmente percebeu o quanto meu irmão a ama – respondeu, sorrindo. – E minha mãe também ameaçou colocá-lo para fora de casa.

 Eu ri, gostaria de ter visto essa cena.

 A verdade é que eu nunca estive apaixonada, não de verdade. Hoje não considero amor o que senti pelo Miguel, era mais uma substituição, um passatempo até eu realmente encontrar meu príncipe encantado. Tudo fora diferente com Christopher. Ele era a luz onde havia apenas escuridão, ele coloria meu mundo com um simples sorriso. Olhava-me da maneira que eu sempre desejei ser olhada. Era dono do beijo e do abraço mais deliciosos do mundo. Meu coração parava só de olhá-lo e isso me assustava. O medo de  perdê-lo um dia era tão grande que eu não achava que valia a pena começar alguma coisa.

 Eu era covarde.

 Só eu que tô sentindo que alguma coisaboa vai acontecer nessa festa? Será? kkkk. Até sábado pessoal, boa semana pra vcs! E mais uma vez, só pra reforçar a propaganda: passem lá na minha nova fanfic ( A Concubina) Bjs!!