Fanfic: O Garoto dos Olhos Castanhos (Adaptada) Finalizada | Tema: Vondy

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“Um dia aprendi que sonhos existem para tonarem-se realidade. E, desde esse dia, já não durmo para descansar. Agora durmo para sonhar.”

Walt Disney

Ressuscitando sonhos

 Na manhã seguinte, Anahi fez Poncho arrastar Christopher do quarto praticamente à força, o que foi difícil. Tenho que admitir, ele quase não me deixou sozinha. Foi apenas uma vez até o apartamento pegar roupas limpas, e costumava descer esporadicamente até a lanchonete para comprar alguma coisa para comer. Fora isso ele virou minha sombra, até quando eu ia ao banheiro ele ficava do lado de fora perguntando se eu queria ajuda.

 A atitude de Poncho fazia parte do plano, e Anahi prometeu que me levaria para a casa dos pais dela e que Christopher deveria me buscar mais tarde. Ele quase não aceitou – por causa do pai, imaginei –, mas acabou sendo convencido pelo meu charme. Tínhamos uma festa surpresa planejada. Na verdade, Anahi tinha, eu era apenas a isca.

 Assim que eles saíram, tomei banho e deixei que ela fizesse minha maquiagem e secasse meu cabelo, que quase gritou de alegria por finalmente ter alguma atenção dedicada a ele.

 – Você pegou uma roupa minha em casa, como pedi?

 – Não – respondeu Annie. Fiz cara feia. O que eu ia vestir? Os vestidos dela com certeza já estariam apertados em mim, pois minha barriga já dava para ser notada.

 – Eu comprei um vestido novo.

 Eu já disse o quanto eu amava presentes? Sorri feito uma menininha e abri a sacola que ela me entregou. Era um vestido frente única, longo e azul-marinho. Não tenho como descrever o quanto era perfeito. Além de me deixar com um generoso decote à mostra, deixava minha barriga mais acentuada e evidente.

 – Eu amei – disse, jogando meus braços em volta do pescoço dela.

 – Imaginei que amaria – respondeu, retribuindo meu abraço. – Pronta para dar o fora daqui?

 – Não precisa perguntar duas vezes.

 Passamos na sala do meu médico, que me recomendou repouso absoluto até o final da gestação. Pegamos a alta e a guia de alguns exames laboratoriais, que eu teria que fazer na segunda-feira, e fomos para a residência dos Vitorazzi. Anahi ainda tinha que decorar a casa e eu tinha o enorme trabalho de olhá-la enquanto ela corria afoita de um lado para o outro. Esse repouso seria uma maravilha. Nada nem ninguém podendo me pedir nada, eu estava no céu!

 Algum tempo depois, Mariana já não parava de abraçar e recepcionar os convidados que chegavam. Fui apresentada a todos os amigos da família e aos de Christopher. Alguns eu já conhecia do hospital, como a anestesista de língua presa e os rapazes.

 Quando escureceu e ouvimos o barulho do motor da Land Rover parar na entrada de carros, apagamos as luzes e nos escondemos. Christopher vinha seguindo ao lado do pai e de Poncho. Seu queixo caiu quando as luzes foram acesas e mais de cinquenta pessoas gritaram “surpresa!”, mas ele só tinha olhos para mim. Caminhou ao meu encontro e me beijou.

 – Feliz aniversário – sussurrei em seu ouvido.

 – Você não deveria estar na cama? – perguntou demonstrando preocupação.

 – Só se for na sua – respondi baixinho. Ele sorriu maliciosamente e olhou para os lados, na certa pensando em me roubar no começo da festa. – Mais tarde – deixei claro, e ele fez uma expressão de falsa tristeza e foi cumprimentar seus convidados.

 Sentei-me na mesa junto aos meus pais, minha avó, meus irmãos e Poncho. Anahi se juntou a nós depois de certo tempo. Christopher ainda estava indo de mesa em mesa para conversar com as pessoas.

 – Está se sentindo bem, querida? – perguntou minha mãe, inclinando-se na minha direção.

 – Uhum – respondi, bebendo meu suco de laranja, morrendo de inveja da cerveja no copo dela.

 – Eu volto já – disse Poncho. Anahi o seguiu com os olhos, Ele era cego? Eu mesma teria que dar um chacoalhão nesse cara? Eu já estava me irritando com sua falta de atitude. Anahi se levantou e arrastou sua cadeira até o meu lado.

 – Se você quiser, eu mesma posso fazer ele enxergar – ofereci.

 – Só se prometer que vai ser na porrada – brincou tristonha.

 – Comigo não existe outro jeito, amiga.

 Ela riu e se virou na direção dos rapazes que cantavam. Todos eram médicos, amigos de faculdade de Christopher e Augusto. Um deles tocava violão e outros dois se revezavam no vocal.

 Já estava quase na hora de cortar o bolo e Christopher ainda não tinha vindo ficar perto de mim. Achei estranha sua ausência, mas não a ponto de ir procurá-lo. Ele já deveria estar cansado de ver a minha cara, de qualquer forma, mas não resisti em procurá-lo no meio das demais pessoas apenas para ver o que ele fazia. Quando o encontrei, ele estava no canto do palco improvisado, tendo uma conversa acalorada com Poncho, que tinha um violão nas mãos.