Fanfic: O Garoto dos Olhos Castanhos (Adaptada) Finalizada | Tema: Vondy

 – Ele sabia quem eu era esse tempo todo? – perguntei incrédula.

 – Claro que sim, ele acabou de me dizer que você ainda não aprendeu a beijar. – Gargalhou. – Bom, o sexo foi incrível, mas será que você pode sair para eu me trocar? Tenho um compromisso daqui a pouco.

 Não respondi, eu não estava em condições. Voltei para o meu quarto, peguei uma mala de rodinhas, enchi com as primeiras coisas que encontrei e, durante o processo, rasguei em pedaços o vestido que ele me deu. Eu não conseguia nem olhar para ele sem sentir repulsa. Fechei a mala, apanhei a coleira do Vitório e voltei para a sala.

 – Vem, Vito – chamei. – Vamos embora. Ele se levantou do sofá e veio trotando na minha direção. Victória nos olhou com olhos curiosos e voltou a se deitar. Coloquei a coleira no cachorro já dentro do elevador. Eu sentiria falta do gato.

 – O que aconteceu? – perguntou Anahi, olhando para a mala e para o cachorro. Não respondi, joguei a mala de qualquer jeito no banco de trás e pedi que Vitório subisse; quando ele o fez, fechei a porta e entrei no carro.

 – Seu carro está com o tanque cheio? – perguntei sem expressão, colocando o cinto de segurança.

 – Sim, acabei de abastecer – respondeu. – Mas o que aconteceu?

 – Me leva até Garopaba?

 – Por quê?

 – Me leva ou não?! – gritei. Minha intenção não era descontar nela, mas precisava pensar ou esmurrar uma parede, o que eu conseguisse primeiro. Anahi se assustou com minha reação e não respondeu, mas fez o carro andar.

 Quarenta minutos depois, já estávamos na estrada. Eu estava longe de estar calma, mas já me sentia arrependida de ter gritado com minha amiga.

 – Me desculpa, Annie, eu não devia ter descontado nada em você – eu disse, virando para ela. Seus olhos estavam marejados. – Não chora, amiga, me desculpa… – pedi novamente, encostando em seu braço.

 – Você está indo embora. – Isso era óbvio. – Depois de tudo o que ele fez por você?

 Automaticamente minha vontade de gritar com ela reapareceu.

 – Se ir para a cama com qualquer uma assim que eu dou as costas estiver nessa sua conta, a resposta é sim! – gritei novamente.

 – Do que você está falando? – replicou, confusa.

 – Da Camila na cama dele – sussurrei, abaixando o tom de voz. Droga, eu ia chorar de novo. Eu já tinha assistido a esse filme e sabia como terminava. Respirei e fundo engoli o choro. Xinguei-me mentalmente. Dessa vez não, nem pensar, eu não desabaria por causa de outro homem infiel.

 – Aquele cretino! – exclamou Anahi, socando o volante com toda sua força. – Eu vou matá-lo! – Eu tinha pensado a mesma coisa. – Como ele teve coragem? Como ele pôde? – perguntou ela, deixando as lágrimas escorrerem pelo rosto.

 – Eu avisei – respondi murchando.

 Eu não deveria estar tão surpresa, eu sabia desde o começo onde essa história terminaria. Mas o que mais machucava, mais até do que a traição (porque quanto a isso eu já estava calejada), era saber que durante todo esse tempo eu estava sob o mesmo teto do meu garoto de olhos azuis. Eu tinha sonhado tanto com esse garoto e, de repente, parte dos meus sonhos tinham se transformado em realidade por algum tempo. A única coisa que eu posso garantir é que em nenhum desses sonhos eu o pegava na cama com outra, ou outra na cama dele, para ser mais fiel aos acontecimentos. Eu queria contar a história do garoto dos olhos azuis para Anahi, mas não consegui. Quando a gente guarda um segredo por tanto tempo, como eu havia feito, colocá-lo em palavras se torna algo extremamente difícil.

 – Como você está se sentindo? – indagou.

 – Estou me sentindo burra – respondi – e gorda. Estou me sentindo um para-raios de chifres. E depois dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar! Uma pinoia que não!

 – Ele é um imbecil – declarou Annie. Eu sabia disso, mas não ajudava ouvir mais ninguém dizê-lo.

 – Eu vou ficar bem. – Tentei sorrir, mas não consegui. – Eu sempre fico, não é?

 – Vai sim, ele também vai ficar bem – respondeu ironicamente. – A sete palmos do chão.

 – Não precisa brigar com seu irmão por minha causa. – Precisa sim. – Ele é sua família, eu sou somente uma amiga.

 – Correção, você é minha melhor amiga – disse, lançando-me uma olhadela rápida. – E ele é o idiota que machucou seu coração. Existe um código, sabe, nesse negócio de amizade.

 – Eu amo você – soltei. Pensar em ficar longe dela é o que mais me doía. Eu me recusava a sentir qualquer dor por ele, pelo menos por enquanto. Para isso eu teria muito tempo. – Isso não vai mudar.

 – Não é justo – soluçou. – Como você vai continuar sendo minha melhor amiga se agora odeia meu irmão? Ele vai conseguir destruir essa amizade também.

 – Não, ele não vai – respondi com sinceridade. – Nada vai mudar o que eu sinto por você.

 – Promete? – perguntou. Eu adorava quando ela fazia beicinho.

 – Prometo, desde que você me prometa nunca mais falar no nome dele.

 – Você não quer saber nem quando vai ser a missa de sétimo dia?

 Não pude segurar a risada.

 – Não, obrigada.

* * *

 Anahi parou o carro na porta da casa da minha avó.

 – Quer entrar? – perguntei antes de sair. – Você pode ficar aqui se quiser.

 – Não posso, eu só consegui folga hoje da escola – respondeu, voltando a chorar. – Vou sentir sua falta.

 – Não vai não – brinquei e lhe dei um abraço.

 – Como você ousa pensar que não? – fungou.

 – Porque eu não estou morrendo e ainda vou ligar todos os dias – expliquei lhe dando um beijo no rosto e saindo do carro para recuperar minha mala e meu cachorro.

 Apertei a campainha várias vezes por pura frustração e falta de coisa melhor para fazer, enquanto observava Anahi virar o carro e sumir de vista após dobrar a esquina. Meu pai veio me receber na porta.

 – Filha? – disse me olhando da entrada. – O que houve?

 Comecei a chorar. Estava demorando, né? Eu já teria enchido uma represa com todas as lágrimas do último mês se tivesse tentado. Meu pai veio correndo até o portão com as chaves na mão e demorou para conseguir encontrar a certa, no desespero de abrir o portão rápido, e quando abriu, eu me joguei em seus braços.

 – Você é o único homem no mundo em quem eu confio – eu disse, molhando seu pescoço. – E o único com quem eu vou morar a partir de hoje. Tirando Vitório.

 – O que ele fez? – perguntou meu pai na lata, puxando-me para seus braços e me olhando nos olhos.

 – Não importa mais. – Se eu contasse, meu pai com certeza iria matá-lo, diferente da Anahi, que não tinha coragem nem para matar um mosquito.

 – Se ele fez minha filha viajar às pressas só com uma mala e o cachorro – disse, olhando para Vitório, que corria pelo quintal todo feliz, indiferente à minha dor – e a fez chorar, isso me importa sim – respondeu autoritário.

 – Quem é, querido? – perguntou minha mãe, aparecendo na varanda. – Filha?

 Corri para os seus braços e para longe das perguntas do meu pai. Era mais seguro. Apertei minha mãe com todas as forças enquanto ela passava uma das mãos pelos meus ombros e me arrastava para dentro de casa.

 Gente, eu preciso que vcs me ajudem em uma coisinha: eu fiz as contas erradas e era pra fic terminar hoje, mas tem cap o suficiente pra terminar semana que vem (uns 10 caps). Vcs querem que eu finalize hoje mesmo ou só semana que vem? Vou deixar uma enquete e vou precisar que vcs votem até as 21hs e se der mais da metade eu já posto hoje e a gente já finaliza a fic. Bjss e até mais tarde ou até semana que vem pessoal!