Fanfic: O Garoto dos Olhos Castanhos (Adaptada) Finalizada | Tema: Vondy

 – Fala! – gritou.

 – Eu roubei a chave – repetiu Camila.

 – Como? – perguntei rispidamente.

 – Eu precisei de açúcar há um tempo e Dulce me deu. Enquanto ela estava distraída eu peguei um molho de chaves da bancada, achei que poderia ser útil.

 – Eu sabia que não tinha perdido aquelas chaves… – disse Christian contente.

 – Só me diz – pedi me aproximando ameaçadoramente dela – por que você achou que era uma boa ideia roubar uma chave do meu apartamento. Ou melhor, me diz por que você estava na minha cama sem roupa!

 – Dulce esfregou na minha cara a aliança de noivado. – Típico de você fazer isso. – Eu fiquei com raiva – disse, começando a chorar.

 – Como você armou a sua ceninha? – perguntou Augusto, que até então não tinha dito uma única palavra.

 – Eu vi quando Christopher saiu de jaleco, então imaginei que fosse demorar. Pensei que talvez Dulce fosse chegar antes dele então entrei no apartamento liguei o chuveiro, tranquei a porta do banheiro, tirei a roupa e deitei na cama para esperá-la. Eu ficaria ali o tempo que fosse. Quando ouvi que ela tinha chegado mais rápido do que eu imaginava, comecei a sussurrar algumas palavras, para que ela entrasse no quarto e me visse.

 – O que você disse para ela? – perguntei, mas não obtive resposta. A garota era uma atriz excelente, se a Globo ficasse sabendo de seu desempenho, não hesitaria em contratá-la para o papel de vilã da novela das oito.

 – Responde o que ele perguntou – disse Anahi, pausando bem as palavras e lhe dando uma prensada a cada uma.

 – Eu disse que você sempre a usava e voltava para mim.

 – Isso nunca aconteceu – respondi o óbvio, ela já sabia.

 – Por que você não contou pra ela que era o garoto do rio? – perguntou, curiosa, limpando as lágrimas.

 – Você contou? – perguntei, saindo definitivamente do sério. Ela apenas confirmou com a cabeça. Chega, eu tinha que ir atrás de você.

 – Aonde você vai? – perguntou Christian.

 – Buscar a sua irmã – respondi, saindo do apartamento.

 – Você nem sabe onde ela está – disse Anahi, mas eu não precisava ser um gênio para descobrir.

 – E ela não vai acreditar em você – questionou Poncho. Ele tinha razão.

 – Então vocês vão comigo.

 Se algum deles tinha objeção, não manifestou. Também não lhes dei tempo. Saí do apartamento e voei pelas escadas esperando que estivesse sendo seguindo. Quase no subsolo olhei para trás e estavam todos ali. Destravei as portas do meu carro e entrei.

 Assim que saímos do prédio, Anahi não resistiu em perguntar:

 – Ela é a garota do rio? – Olhei para ela pelo retrovisor, e Poncho ainda tinha suas mãos nas dela. Isso estava começando a me irritar.

 – É – respondi sem prolongar o assunto.

 – Que história é essa de “garota do rio”? – perguntou Christian, que estava sentado ao meu lado, no banco do passageiro. Ele foi o mais rápido.

 – Quando ainda éramos adolesc…

 – Anahi – cortei –, não.

 – Eles vão saber de qualquer jeito – retrucou, irritada, e continuou com a história. Fechei os olhos por um momento, voltando àquele dia. – Quando ainda éramos adolescentes, fomos passar umas férias antecipadas em Garopaba.

 – Nós sempre passávamos férias lá – comentou Christian.

 – Cala a boca, Mala, e deixa ela continuar a história – pediu Augusto, interessado.

 – Uma noite fomos até um luau na Praia do Siriú e vimos uma coisa bizarra: uma menina loira sendo empurrada para dentro do rio por uma garota mais velha. Ela ficou sem reação e começou a chorar compulsivamente. Meu irmão estava mais perto e foi até lá dar um fim àquela humilhação. A menina ficava olhando ao redor e todos estavam rindo. Foi horrível.

 – Então eu entrei no rio e a tirei de lá – terminei por fim.

 – Conta o resto – pediu Anahi. – Ou eu conto – ameaçou.

 – Eu a beijei – assumi, voltando ao passado. Nunca esqueci o gosto dos seus lábios.

 – E o que isso tem a ver com a Dulce? – perguntou Christian, sem entender nada.

 – Ela era a tal menina, animal – disse Augusto, chutando o banco do irmão. – Isso é obvio, presta atenção na história.

 – O que eu não entendo é como a Camila sabe disso – disse Anahi pensativamente.

 – Ela era a garota mais velha, Anahi, ela empurrou Dulce no rio – contei. – Eu só descobri isso muito tempo depois de ter saído com ela. A propósito, se eu soubesse, jamais teria feito.