Fanfic: O Garoto dos Olhos Castanhos (Adaptada) Finalizada | Tema: Vondy

 Quando você chegou, fiz questão de montar um quarto dos sonhos para você e de deixar uma rosa para que você encontrasse. Fiz isso também no hospital, mas você nunca desconfiou quem eu era. Por um momento, no almoço beneficente, pensei que você tivesse descoberto, mas se pensou naquele garotinho que a tirou do rio, você não deixou transparecer e o momento passou. Eu tentei, realmente tentei me manter afastado. Mas não pude. Fiquei louco quando deduzi que você impediria o casamento do Miguel e da Manoela. Não pensei duas vezes antes de pegar um avião e arrastar você de volta nem que fosse à força. Você era minha, seria minha, de um jeito ou de outro. Dentro do aeroporto, impaciente esperando pelo voo, eu soube: eu não ia deixá-la fugir de mim novamente, nunca mais.

 Comecei a suar frio, eu tinha que lhe contar a verdade, tinha que lhe dizer que eu nunca a esqueci, que você era o motivo que me fazia acordar todos os dias. Depois que a dona daquele cabelo cor de ouro entrou na minha vida não houve mais nada, mais ninguém que fizesse meu coração parar de bater, a não ser você.

 Eu queria ter lhe contado, mas não quis apressar as coisas. Na verdade, eu tive medo que você não se lembrasse de mim. Eu já era apaixonado por você há muito tempo para deixar que fosse embora da minha vida de novo.

* * *

 Quando chegamos já era dia. Eu demorei um pouco mais a descer do carro do que os outros, tomando coragem. Você deveria estar uma fera, ou pior, magoada o suficiente para não querer me ouvir. Ninguém estava reclamando de perder um dia de serviço. Christian e Anahi ligaram para os respectivos empregos para avisarem que estavam doentes e o resto de nós estava de folga. Augusto tocou a campainha e esperamos. Henrique saiu para abrir a porta.

 – O que você fez para minha filha? – perguntou logo de cara.

 – Ele não fez nada, pai – disse Augusto, segurando o braço dele. – Foi tudo um mal-entendido.

 – Ela chegou aqui chorando – disse me acusando. Eu precisava vê-la. Eu não ia perdê-la outra vez.

 – Onde ela está? – perguntei sem me importar com o olhar assassino. Eu tinha que achá-la antes que você fugisse novamente.

 – Na praia – respondeu Henrique a contragosto –, mas duvido que vai querer falar com você.

 – Qual praia, pai? – perguntou Christian.

 – Na Siriú.

 Você estava no nosso lugar, era uma masoquista mesmo!

 – Vamos – disse Christian, voltando para o carro que ainda estava aberto. Novamente ele foi o mais rápido.

 – Aonde vocês vão? – interrogou Henrique.

 – Buscá-la – respondi, dando a volta no carro.

 Não demoramos a chegar.

 – Vocês ficam aqui – instruí. – Se eu precisar de reforços, eu chamo.

 – Quando você precisar – corrigiu minha irmã. De quem ela tinha puxado essa chatice?

 Saí do asfalto e pisei na areia, protegendo o rosto do sol e forçando os olhos para tentar encontrá-la. Não demorou muito para que eu a avistasse, você realmente estava no nosso lugar.

 Dentro do rio.