Fanfic: O Garoto dos Olhos Castanhos (Adaptada) Finalizada | Tema: Vondy

 – Liga para Anahi – pedi.

 – O quê?

 – Você é surdo? – irritei-me. – Liga para a sua irmã.

 – Agora? – perguntou confuso.

 – É, AGORA, IAN.

 – Tudo bem – respondeu, retirando o celular do bolso. Estava completamente encharcado e não ligava. Ele era um idiota.

 – Vai pegar o meu na bolsa – ordenei.

 Ele xingou o aparelho e o jogou longe quando foi buscar o meu. Assim que voltou, Anahi já estava na linha e no viva-voz.

 – Ele está falando a verdade? – perguntei.

 – Está – confirmou ela, rindo. Encerrei a ligação sem me despedir e entreguei o aparelho para que ele segurasse.

 – Por que você não me contou que era o garoto dos olhos castanhos? – perguntei, encarando-o.

 – Eu tenho um apelido? – perguntou sorrindo. Fiz cara feia. – Eu fiquei com medo, minha garota do rio – respondeu, olhando para baixo. Então eu também tinha um apelido.

 – Olha para mim – pedi. – Medo do quê, Christopher?

 – De que você fosse embora de novo – explicou, levantando os olhos para me olhar. Como eu não vi antes? Eram os mesmos olhos castanhos. – Como você foi naquele dia. Tive medo de ser só uma lembrança de algo que você quisesse esquecer. Tive medo de amar você, tive medo de tudo, Dulce.

 – Mas você que não voltou. – Me entristeci. Eu o havia esperado por quase quinze minutos naquela noite.

 – Eu fui procurar Anahi para podermos ir embora com você, mas ela não estava em lugar nenhum – contou. – Quando a encontrei e voltei, você não estava mais lá.

 – Eu procurei você – admiti.

 – Eu não. – Meu coração afundou. – Quando cheguei em casa naquela noite tivemos que partir.

 – Por quê? – Deus, que a desculpa fosse boa, por favor.

 – Minha avó havia morrido. – A desculpa era ótima. – Viemos passar duas semanas com ela aqui pela primeira vez. Ela e minha mãe não se davam muito bem, então minha mãe nunca deixou que viéssemos, mas ela estava doente e estava de cama, então minha mãe abriu uma exceção. Quando chegamos em casa, encontramos somente meu pai. Ele nos deu a notícia e nos levou para casa, em Florianópolis. Ficamos lá até que meus pais resolvessem tudo. Nunca mais fui a Garopaba. Mas também nunca mais esqueci você.

 – Você não tinha nada com a Camila nessa época? – Só para tirar a dúvida.

 – Não. Só vim a ter mais tarde, e numa conversa acabamos descobrindo que ela era a garota que a jogou no rio e eu quem a tirou de lá. Nunca mais saí com ela depois disso.

 – E as flores? – indaguei.

 Ele entendeu minha pergunta de imediato.

 – Eram para minha avó – respondeu. Minha cara foi no chão. – Não se preocupe, eu não poderia entregá-las, de qualquer modo.

 – Eu sinto muito. – Eu realmente sentia.

 – Eu é que sinto muito, amor – rebateu. – Eu deveria ter contado, eu deveria ter contado muita coisa. – Ele suspirou. – Você vai voltar para casa comigo? – perguntou esperançoso.

 – Não sei, Christopher – menti. Claro que eu ia.

 – Dulce, o que mais eu tenho que fazer para provar que sou o seu príncipe encantado? Arrumar um cavalo? – Não era uma má ideia, pensando bem. – Eu fiz tudo o que você disse que o cara certo teria que fazer, você não vê?

 – Quando eu disse o que o cara certo teria que fazer? – perguntei confusa.

 – Quando você estava bêbada, não se lembra?

 Neguei com a cabeça.

 – Refresca minha memória, por favor – pedi. Bem típico de mim ter falta de memória nos momentos mais inoportunos.

 – Eu abri a porta do carro, Dulce! – disse exasperado. – Puxei a cadeira para que você se sentasse todas as vezes, até dentro de casa. Eu reparei que você cortou o cabelo e elogiei, embora para mim não tivesse mudado nada. Pedi a permissão do seu pai para que pudéssemos namorar. Pedi você em casamento de forma romântica e pública, porque não tenho vergonha do amor que sinto por você. Eu também adoro Vitório e seus irmãos. Bem, seus irmãos, nem sempre. Eu dou presentes fora de hora para provar que pensei em você durante o dia, sempre presto atenção quando você fala e o mais importante, nunca, jamais a trocaria por ninguém, muito menos pela sua melhor amiga.

 – Até porque ela é sua irmã – soltei, achando graça.

 – Principalmente por que ela é minha irmã – ele riu.

 – Você fez tudo isso de caso pensado, achando que eu me lembraria de ter contado?

 – Não, eu fiz tudo isso porque eu quis – disse segurando meu rosto – e porque eu amo você. Porque eu faria tudo e qualquer coisa por você, Dulce. Tudo.

 – Será que podemos começar de novo de onde paramos? – perguntei sorrindo. Eu já tinha me rendido rapidamente.

 – Claro – respondeu, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. – Você quer se casar comigo?

 – Hummm… – respondi brincando.

 – Eu não vou perguntar uma terceira vez – advertiu ele, sorrindo. Seus olhos brilhavam.

 – Não?

 – É mentira – disse ele por fim, beijando-me delicadamente e se afastando para responder. – Eu perguntaria infinitas vezes, até que você aceitasse.

 – Eu amo você, Christopher – sussurrei em seu ouvido e o beijei da mesma forma que ele tinha me beijado. – Não há nada no mundo que eu queria mais do que ser sua esposa.

 – Eu amo mais – respondeu, afastando-se de mim para me olhar e colocando a mão gentilmente em cima da minha barriga crescida. – Promete não fugir novamente com a minha filha?

 Assenti sorrindo, desta vez eu cumpriria a promessa. Nós duas não íamos a lugar algum.

 – Dessa vez é para sempre? – perguntou Anahi, nos interrompendo. Nos separamos e eu agarrei a mão de Christopher. A primeira coisa que percebi é que Poncho estava parado atrás dela e a abraçava; ele tinha as mãos na cintura dela, e parecia que Christopher havia reparado a mesma coisa.

 – Você tá pegando a minha irmã, cara? – perguntou bravo, e antes que Poncho pudesse responder, Augusto se meteu.

 – Como se você não tivesse pegando a minha – retrucou.

 Todos caímos na risada. Dei uma piscadela para Anahi.

 Tudo ficaria bem no final.