Fanfic: O Garoto dos Olhos Castanhos (Adaptada) Finalizada | Tema: Vondy

 Quando chegamos, encontramos Augusto e Poncho brincando na piscina como duas crianças, e Anahi lendo um livro enquanto tomava sol. Acordei Christian, que se recusou a ajudar com as malas e pulou na piscina de roupa e tudo, parando apenas para arrancar o tênis no meio do caminho. Cumprimentamos todo mundo e fui ajudar Christopher a levar as malas para o quarto. Não deixei de notar o olhar penetrante e brilhante que Anahi deu na minha direção. Ela tinha novidades.

 Deixei minha mochila em cima da cama e Christopher, embora não fosse ficar no mesmo quarto que eu, que a propósito eu dividiria com Anahi, deixou a sua no mesmo lugar. Olhei ao redor, o quarto era simples e rústico, mas aconchegante.

 – Dul – chamou Christopher quando me abraçou por trás e me virou para que pudesse me olhar nos olhos –, você está se sentindo melhor?

 – Estou – respondi, envolvendo sua cintura com os braços. – Depois que coloquei tudo para fora o mal-estar passou.

 – Foi o que eu imaginei. – Seu olhar me penetrava de tal forma, que gelou minha espinha. – Eu preciso fazer uma pergunta, mas não quero que fique magoada, está bem? – Embora não houvesse motivos, tive medo de ouvir. Deixei que ele me empurrasse até a cama e me sentei. Ele se sentou à minha frente e pegou minhas mãos nas dele. – Sua… – ele travou. – Sua menstruação, ela está em dia? – perguntou por fim, sem tirar os olhos dos meus.

 Isso lá era pergunta que se fizesse? Há quanto tempo estávamos juntos? Uma semana? Lógico que a minha…

 – Eu menstruei… – puxei pela memória. – Eu… – Quando tinha sido?

 – Qual a data da sua última menstruação, Dul? – perguntou preocupado. Minhas mãos começaram a suar e minha visão ficou turva, não sei se cheguei a cair para frente, mas por meio segundo o quarto desapareceu da minha vista.

 – Eu não sei! – respondi exasperada. Levantei-me e comecei a andar de um lado para o outro. – Foi… – Então eu me lembrei. – Foi antes do casamento.

 – Do casamento do Miguel com Manoela? – Eu olhei para ele e soube que ele havia entendido na hora a qual casamento eu estava me referindo.

 – Faz mais de dois meses – disse ele, fechando os olhos por um momento, mas abrindo-os em seguida. – Fica aqui, está bem? Não sai desse quarto até eu voltar, promete? – perguntou me dando um beijo rápido nos lábios e saindo porta afora.

 Não sei dizer se ele demorou ou não para voltar, pois eu não estava mais prestando atenção. Minha cabeça estava a mil por hora e eu não conseguia focalizar em uma só linha de raciocínio. Eu tinha entendido rapidamente onde Christopher queria chegar com suas perguntas, o que eu não entendia era como não percebei que minha menstruação não dava as caras havia meses. Como, pelo amor de Deus, eu fui me esquecer disso? Eu já tinha esquecido roupas na lavanderia, esquecido em qual vaga tinha estacionado o carro no shopping, eu já tinha esquecido até meu sobrenome depois de umas doses, mas como eu pude ser tão tapada para esquecer que eu era uma mulher e que isso incluía minhas regras mensais? Tentei respirar fundo e me acalmar. Não era possível, eu não estava… Eu não conseguia nem pensar na palavra, era um absurdo, eu tomava pílula. Sempre tinha tomado desde os 16 anos e nunca esqueci nenhum dia, disso eu podia me gabar. Era a única merda que eu NUNCA tinha esquecido na vida.

 Christopher entrou no quarto segurando uma pequena sacola de plástico, pegou minha mão e me puxou da cama, me arrastando até o pequeno banheiro do quarto. Ele só parou para trancar a porta à chave. Depois fez com que eu me sentasse na privada e retirou quatro caixinhas de papel da sacola: eram testes de gravidez, eu sabia, embora nunca tivesse usado um.

 – Sabe fazer?

 Não, droga, eu não sabia. Eu estava em pânico, minhas mãos e pernas tremiam e eu não estava em condições de ler a bula, então ele me explicou pacientemente como usar os apetrechos e saiu do banheiro, pedindo que eu o chamasse quando terminasse.

 Levantei apenas o suficiente para abrir a tampa da privada e voltei a me sentar, puxando o meu short para baixo de qualquer jeito. Eu nunca na vida tive tanto medo de nada quanto de fazer xixi naquela caneta de plástico. Por falta de um, Christopher tinha comprado quatro testes. O pânico era tão grande, que o xixi não vinha, mesmo que eu estivesse apertada ainda da viagem.

 – Você está bem, amor? – perguntou Christopher do lado de fora. Ele tinha me chamado daquilo… de “amor”, como no dia em que fingiu ser meu namorado, a diferença é que dessa vez a palavra era realmente para mim. Meu peito se comprimiu com uma dor estranha que vinha direto do meu coração, e então eu chorei. – Dul, me responde – insistiu, batendo na porta. – Estou ficando preocupado.

 – Estou, eu… – Não consegui terminar. Respirei fundo e fiz os testes enquanto ele me tranquilizava do lado de fora, assim que terminei e tampei as canetas, coloquei uma ao lado da outra na pia e abri a porta. Embora fosse um problema só meu, eu era egoísta e precisaria de colo dependendo do resultado. Christopher não pensou duas vezes antes de entrar no banheiro, abaixar a tampa da privada e sentar-se me puxando para o seu colo. Fiquei na diagonal sobre suas pernas e deitei minha cabeça em seus ombros, virada para o outro lado. Eu não queria olhar para a pia, não queria olhar para a sentença que me esperava ao alcance de uma só mão.

 – Pronta? – perguntou, passando as mãos nos cabelos depois de alguns minutos. Neguei com a cabeça sem levantá-la. – Leve o tempo que você precisar.

 – Você olharia o resultado para mim? – perguntei chorosa, e as palavras saíram abafadas, mas ele concordou.

 – Claro.

 Ele me levantou gentilmente e deixou que eu me sentasse em seu lugar, enquanto pegava os testes um por um nas mãos. Tentei adivinhar o resultado por meio de sua expressão, mas novamente ela estava impassível. Ele apenas continuou olhando e olhando para os quatro objetos que segurava. Eu já estava sem paciência e arranquei um deles de suas mãos: duas listras.

 Peguei uma das caixas da lixeira e olhei na parte de trás onde trazia o desenho dos resultados. Duas listras significavam “positivo”. Não, isso não podia estar acontecendo. Retirei os restes de suas mãos um a um, conferindo um por vez e arremessando-os longe. Quando terminei, meu coração batia tão rápido que me surpreendia o fato de ainda não ter saído pela minha boca.

 Quatro testes, quatro positivos.

 Aqueles caps surpresas pra acelerar o coração kkk. Agora a confusão tá armada, o que será que a Dul vai fazer em? E o Chris? Posto mais amanhã pessoal, bjss!