Fanfic: O Garoto dos Olhos Castanhos (Adaptada) Finalizada | Tema: Vondy

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“Abre teu coração ou eu arrombo a janela.”

Chico Buarque, A Bela e a Fera.

O primeiro presente dela

 Christopher e eu chegamos juntos ao prédio. Só porque eu estava tentando evitá-lo, o destino pareceu querer nos unir, como sempre, testando minha paciência.

 – Eu esperei, por que você não passou na minha sala? – perguntou chateado, enquanto esperávamos o elevador.

 – Porque eu queria contar para Anahi; seus pais também já estão sabendo. – Porque eu não queria ver a decepção no seu olhar.

 – Como eles reagiram? – perguntou preocupado. – Eu queria estar com você quando eles ficassem sabendo.

 – Reagiram normalmente, como se qualquer outra amiga da Anahi estivesse grávida. – Mentir era melhor do que resumir minha noite de altas emoções.

 – Mas eles sabem que… – Christopher parou de falar quando ouvimos barulho de saltos do chão, e uma Camila toda afobada apareceu no nosso campo de visão.

 – Christopher, que bom ver você – cumprimentou-o com um beijo no rosto. – Dulce. – Acenou na minha direção.

 – Oi, Camila – respondi educadamente.

 – E aí, você está sumido. Quando vamos marcar de ver aquele filminho no seu apê? – perguntou se insinuando e passando a mão pelo braço dele. Cadela. Christopher ficou desconfortável e me olhou. Resolve sozinho, mané, ninguém mandou comer essa vadia.

 – Camila, não vai rolar, eu estou namorando – decidiu dizer por fim.

 – Nós dois sabemos que isso nunca foi um problema – Camila respondeu rindo. – Quem é o lanche da vez?

 – Sou eu – anunciei, pegando na mão dele. Dane-se se eu não seria mais dali algum tempo, mas ela não precisava saber. Esperei pela reação dele e jurei que se ele me contradissesse, eu mataria os dois. Hormônios, lembram? Eu tinha desculpas para ser homicida.

 Christopher sorriu e segurou minha mão mais forte e eu contive um impulso de não dar risada quando o queixo da Camila foi parar no seu sutiã. Agora com a nossa dívida paga, eu me sentia bem mais realizada.

 – Eu esqueci uma coisa no carro, desculpe. Te vejo depois, Christopher – despediu-se já se afastando e voltando para seu carro.

 – Você é malvada – disse Christopher, rindo. – Mas é bom saber que também tem ciúmes de mim.

 Ela também já havia sido malvada comigo, estávamos quites.

 – E quem falou que eu tenho ciúmes? – perguntei irritada, soltando a mão dele e abrindo a porta do elevador.

 – “Sou eu” – me imitou rindo.

 Fechei a porta e o abandonei na garagem. Christopher abriu a porta e entrou ao meu lado ainda tirando sarro da minha cara. Só então percebi que ele tinha uma sacola de shopping nas mãos. Como toda mulher, curiosa, tentei olhar o que tinha dentro enquanto a caixa de metal fazia sua subida

.  – Perdeu alguma coisa?

 – O que é? – indaguei. A curiosidade era maior que o orgulho, sempre.

 – Não é para você, se é isso que você quer saber – cortou meu barato. Parecendo uma garota mimada, virei para o outro lado e o ignorei. Ele acrescentou: – É o primeiro presente dela.

 – Dela quem? – Já tinha outra na parada?

 – Dela – disse ele, me abraçando por trás e colocando a mão na minha barriga. Foi a primeira vez que ele me tocou querendo tocá-la; isto é, se é que seria uma menina. Meus olhos se encheram de lágrimas, não tanto pelo presente, mas por sentir seu toque sobre o meu monstrinho. Chegamos ao andar, ele me puxou pela mão até dentro de casa e depois me arrastou para o meu quarto. Consegui distinguir alguns barulhos atrás da porta do Augusto, mas pareceu que só tinha ele em casa. Christopher me sentou na cama e me deu a sacola de papel.

 – Vamos, abre – pediu, me ajudando a desfazer o laço.

 Dentro de uma caixa estava o macacão mais lindo que eu já tinha visto. Era rosa-choque e, na altura do coração, tinha uma linda rosa branca bordada à mão. Segurei a roupinha entre as mãos e afundei meu rosto nela, sentindo o cheiro de roupa nova e tentando afastar as lágrimas que tentavam escapar dos meus olhos.

 – E se não for uma menina? – Eu tinha tantas perguntas para fazer a ele e foi isso que saiu primeiro?

 – Vai ser. – Aposta sua bunda nisso, amigão? – Vai ser a nossa menininha – sorriu.

 – Isso não está certo – eu disse por fim. Eu tinha que dar um basta nisso.

 – Se você quiser, eu posso trocar o macacão por algo mais unissex – concedeu, parecendo desconfortável. – Você não gostou?