Fanfic: O Garoto dos Olhos Castanhos (Adaptada) Finalizada | Tema: Vondy

 Comecei a rezar para todos os santos que eu conhecia, pedindo ajuda, fazendo promessas e negociações. Passamos pelo mesmo procedimento que da última vez, mas desta, não me importei se o gel estava gelado ou não; eu só queria saber como estava o meu monstrinho.

 – Pronto, menina, já pode ficar mais calma – disse o médico, sorrindo, não consegui fazer o mesmo até ouvir as batidas do coração do meu filho preencherem a sala. O alívio foi tão grande que eu não sabia nem se ria nem se continuava a chorar. – Não precisa chorar, o bebê está saudável, foi só um sangramento corriqueiro e sem motivo aparente.

 – Isso é normal? – perguntei, eu já deveria ter me informado mais sobre o assunto.

 – Não, mas às vezes acontece – disse ele sorrindo. – Vocês nos deram um susto, pensei que Christopher fosse ter um infarto, o que é meio engraçado se você levar em conta a especialidade dele – disse rindo. – Mas agora o papo é sério: quero você uma semana em repouso absoluto e vamos manter o resto desta gestação sem muito agito, está bem?

 – Claro – sorri.

 – Quer que eu chame Christopher?

 – Não precisa – respondi meio sem jeito. Depois da forma como ele tinha me tratado ontem, eu duvidava que estivesse preocupado. Dr. Arthur não teve tempo de me perguntar mais nada porque nosso exame foi invadido por certos quatro rapazes.

 – Dulce? – perguntou Dr. Arthur, olhando para meu rosto e fazendo cara feia para os invasores.

 – Pode deixar – sorri. Christian pegou na minha mão e olhou para a tela. Eu não tive coragem de olhar para Augusto.

 – Meu Deus, isso é incrível! – disse meu irmão de um metro e oitenta de altura, com a voz embargada. Era por isso que eu o amava. – Vamos ter um bebê!

 Só consegui dar risada.

 Christopher se moveu para ficar ao lado de Christian, perto da cabeceira da maca, colocou as mãos no meu cabelo e se abaixou para sussurrar no meu ouvido:

 – Meu coração está batendo tão rápido quanto o da nossa garotinha. Nunca mais me assuste assim, Dulce – pediu com uma aparência cansada. Havia tantas emoções passando por seu olhar, que resolvi ignorar o que tinha acontecido na noite anterior. Por hora.

 – Bom, papai, mais calmo? – perguntou Dr. Arthur para Christopher, que sorriu, e abriu a boca para responder, mas não teve a chance. Augusto, que estava atrás dos demais, tomou a frente e o encostou na parede, agarrando-o pelo jaleco.

 – Você engravidou a minha irmã? – perguntou com um empurrão. Christopher me olhou, mas não reagiu. Graças a Deus Christian foi rápido e tirou Augusto de cima dele, prendendo suas mãos nas costas. – Eu disse para ficar longe dela! – Augusto berrou ainda.

 – Augusto, para! – tentei dizer, mas ele não quis me ouvir.

 – Você sabe tudo que ela passou, você viu, você estava lá e não esperou nem que ela se recuperasse antes de a levar para cama. Você se aproveitou dela! – vociferou.

 – ELE NÃO É PAI! – gritei. Agora sim todos prestavam atenção em mim. Quem disse que ser neurótica não tinha suas qualidades? Dr. Arthur me olhou interrogativamente e eu dei de ombros. – O pai do bebê é o Miguel, Augusto, eu já estou entrando no quarto mês – anunciei aos presentes.

 – Você sabia todo esse tempo e escondeu de mim? – Ele precisava urgente de um tratamento para os nervos. – Agora faz sentido por que a comida andou lhe fazendo mal.

 – Ela não sabia – defendeu Christopher.

 Augusto fez cara de tacho e tentou remendar a situação:

 – Me desculpa, Christopher, eu só... eu só descontei na pessoa errada, achei que…

 – Não se desculpe, você achou certo – Christopher o interrompeu.

 – Christopher – alertei. Agora que a fera tinha se acalmado, não era uma boa ideia enfiar-lhe um espeto na bunda.

 – Eu não aguento mais esconder – exasperou-se, levantando as mãos para o alto, e pude ouvir o doutor murmurar alguma coisa como “isso está ficando cada vez melhor”. – Eu amo a sua irmã. Pronto, tá dito – falou pegando minha mão. – Eu estou completamente apaixonado por ela.

 Augusto ficou sem expressão por alguns segundos, mas logo voltou à vida.

 – Eu te mato, seu filho da puta! – tentou avançar em cima do Christopher de novo, mas levantei da maca e o impedi, quase caindo, mas Christian me ofereceu o braço. Eu me coloquei na frente do Christopher e olhei para meu irmão.

 – Chega – pedi na melhor voz de pessoa calma que encontrei perdida dentro de mim.

 – Dulce, nós ainda podemos dar um jeito nisso! – interrompeu Augusto.

 – Como? – eu já sabia a resposta, mas precisava ouvir dele.

 – Você ainda pode abortar essa criança, eu conheço alguns médicos – disse olhando desconfortavelmente para Dr. Arthur, que estava imóvel – que podem fazer o serviço.