Fanfics Brasil - #CAPÍTULO XIV# A Deusa Do Gelo - Adaptada Vondy(Finalizada)

Fanfic: A Deusa Do Gelo - Adaptada Vondy(Finalizada) | Tema: Dulce María, Christopher Von Uckermann, Vondy, Romance e Época


Capítulo: #CAPÍTULO XIV#

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Nunca na vida Uckermann ouvira palavras tão feias saindo de lábios tão bonitos. Passada a raiva, Dul não falou com Uckermann durante quase dois dias. Lembrando-se da magnitude da sua fúria, ele sorriu. — De que é que você está achando graça? Christopher olhou para Rollo, sentado à sua frente, jogando taft.


— Eu estava pensando em minha esposa. — Não acho nada engraçado nela — replicou Rollo com desdém, olhando para a filha. Dul estava sentada perto da enorme lareira, entretida no trabalho de agulha que uma das filhas de Catherine lhe emprestara. Christopher já a observara várias vezes naquela noite. Para garantir seu dote, ela procurava transformar-se numa exemplar esposa cristã. O resultado estava sendo surpreendente. Catherine arranjara para ela um vestido simples de lã, mas ficara muito justo e curto. Os cabelos agora estavam limpos e trançados em uma trança grossa. E ela não portava arma nenhuma. Depois do incidente diante do espelho, Christopher escondera a adaga. Por mais que ela protestasse para ter a arma de volta, ele não cedera. A mudança de comportamento dela diante de outras pessoas era, realmente, admirável. Ela fazia questão de mostrar a todos que era uma esposa submissa e obedecia ao marido em tudo. Falava pouco, mas suas palavras eram sempre doces e sem importância. Esse comportamento era fingido, não passava de pura representação para cativar Rollo e convencê-lo a dar-lhe o dote. Christopher devia estar apreciando a atitude de Dul. Mas ao contrário, não estava. Sabia que ela representava aquele papel sacrificando seu orgulho. O dote tinha grande importância para ela. Significava muito mais do que ele imaginara a princípio. Que planos teria para o emprego da prata? Talvez nenhum. A simples posse do dinheiro iria assegurar sua independência. Pelo menos tinha sido o que ela alegara. No início ele não compreendera como a independência era importante para Dul. Porém, depois de ter ficado na ilha, numa espécie de cativeiro, nas semanas anteriores, podia avaliar que a falta de liberdade era algo intolerável. Agora podia, sim, compreender perfeitamente os motivos dela. Rollo moveu uma das peças do jogo e sorriu de satisfação. — Você não prefere que eu lhe dê terras e gado? — Rollo propôs. Christopher encarou-o, muito sério. — Terras e gado em lugar da prata? Não. Preciso das moedas.


Rollo resmungou e ordenou que lhes trouxessem mais hidromel. Aquela era a terceira noite que eles estavam no castelo e Rollo não queria ceder. Nem mesmo a ameaça feita por Uckermann de deixar a filha aos cuidados dele fez com que o intratável nórdico concordasse em entregar o dote de Dulce ao genro. Christopher dirigiu novo olhar a Dul. Pai e filha eram idênticos. Obstinados. Teimosos. Acostumados a conseguir tudo o que queriam, e à sua maneira. Fisicamente também eram parecidos. Na primeira noite ele não mentira ao afirmar que Dul saíra ao pai. Rollo era alto, ruivo, forte e estava em excelente forma física, considerandose que já passara, e muito, da juventude. Dul tinha aqueles mesmos olhos azuis: perspicazes e gélidos. Havia mais pontos em comum entre os dois. Bastava prestar atenção para ver, claro como o dia, que ambos carregavam dentro de si uma amargura nascida do ódio ou da mágoa, e do orgulho, e ambos eram destemidos. Em Dul as feridas eram profundas. Ela havia sido enganada por dois homens importantes em sua vida. O pai e o noivo. Christopher gostaria de ter compreendido isso mais cedo. Ele pensava com freqüência na história contada por Duarte sobre o amor casto entre o jovem Legislador e Fritha, e como isso transformara o coração de Rollo em algo gelado e sombrio. Duk ergueu a cabeça e surpreendeu Christopher olhando para ela. Seu sorriso gélido fez com ele sentisse um calafrio na espinha. Apesar de já ter voltado a falar com ele, quando estavam sozinhos, Dul estava distante e fria como no dia em que se conheceram. Ele ainda não lhe dissera que Rollo provavelmente lhe entregaria o dinheiro. Só iria dar-lhe essa notícia quando o humor dela melhorasse. Quem sabe teria a chance de conversar com ela ainda aquela noite. Christopher esfregou o pescoço. Essa história de ficar dormindo no assoalho duro tinha de terminar. — É a sua vez, Uckermann — avisou Rollo , afastando-o de seus pensamentos. — Ah, claro. Desculpe-me. — Christopher olhou para o tabuleiro feito de couro de foca e moveu uma da peças que representava um dos atacantes. As lições dadas pelo Legislador estavam sendo valiosas. Na verdade, tudo o que tinha aprendido na ilha serviam-lhe de ajuda na companhia de Rollo. Alfonso e Eddy estavam certos. O homem era astuto, culto e ótimo desportista. Naqueles dois dias ele convidara Christopher para praticar com ele diversas modalidades de esportes e jogos. Christopher sabia que o propósito era testar sua habilidade. Ele saíra-se bem no jogo de taft e na caçada que fizeram na floresta. Só no exercício de
esgrima sua atuação não tinha sido tão perfeita por causa do ferimento no ombro. Até na sauna Christopher causara boa impressão em Rollo , sentindo-se à vontade e demonstrando apreciar o banho a vapor. O nórdico tinha construído uma casa de banhos no castelo, bem parecida com a que havia em Fair Isle. A imagem de Dul nua e suada lampejou na mente de Christopher, mas ele afastou-a, voltando a atenção para o jogo. Naquele instante surpreendeu Rollo olhando para a espada que o genro sempre trazia consigo .


— Onde você conseguiu isso? — Rollo apontou para a espada. Christopher perguntou a si mesmo por que essa pergunta não lhe fora feita anteriormente. Durante o exercício de esgrima, por exemplo. — A Gunnlogi? Foium presente — Christopher respondeu distraidamente. — Presente? E onde está a pessoa que lhe deu esse presente? Rollo fingiu estar estudando a posição das peças no tabuleiro, mas Christopher sabia que a pergunta não tinha sido nem um pouco casual. — O Legislador está morto. Rollo ergueu a cabeça e os olhos dos dois homens se encontraram. — Quando? — Na viagem para cá. Enfrentamos uma tempestade — disse Christopher simplesmente. Preferiu não dar detalhes sobre a morte do ancião. Ninguém tinha mencionado o nome de Pablo ou de seus homens desde a noite da chegada deles ao castelo. — Não lhe deram uma espada da família da noiva no dia do seu casamento com minha filha? — Sim, deram. A espada de seu filho, Gunnar. — Christopher manteve o olhar fixo em Rollo na esperança de vislumbrar alguma emoção naquele rosto insondável. Não viu nada. — E onde está a espada de meu filho? — Foi roubada juntamente com uma de nossas montarias. Rollo passou a mão grande pela barba do queixo. — A espada me pertencia e pertenceu a meu pai antes de mim. Mas isso agora não tem importância. Christopher pesou bem as palavras antes de dizer: — A espada significava muito para sua filha. Ela lamentou muitíssimo o roubo da arma. Rollo ficou em silêncio. Christopher observou-o olhando para Dul sentada perto da lareira, costurando. Depois de um instante ele perguntou: — Que cicatriz é aquela? — Foi um acidente. Dul se cortou na noite em que nós... — Não me refiro a esse pequeno corte e, sim à grande cicatriz que ela tem sob o queixo. Foi você quem a marcou? — Não! É claro que não. — Quem foi, então?


— Creio que foi o homem a quem ela foi prometida. Por um segundo Christopher julgou ver raiva nos olhos de Rollo. Logo em seguida o nórdico riu. — Bem, ele não foi o primeiro homem tentado a cortar-lhe a garganta. Nem o último, Christopher pensou. A expressão de Rollo suavizou-se um pouco ao olhar novamente para a filha. — Você acha mesmo que ela saiu a mim? Esse era um terreno perigoso, mas Christopher  disse a verdade. — Sim. A quem mais poderia ser? A luz que havia nos olhos de Rollo desapareceu. — Ele morreu, você disse. O Legislador. Christopher assentiu com a cabeça. — Bem, finalmente eles estão juntos. — Rollo levantou-se da mesa de taft, evidentemente tenso, deixando o jogo inacabado. Ao dizer eles, Rollo fizera alusão a Fritha e ao Legislador, Christopher sabia disso. Dul parecia não ter ouvido a conversa mantida entre ele e o pai, ou, se tivesse ouvido, não entendera o que Rollo quisera dizer. — E sobre o preço da noiva? — Christopher lembrou o nórdico antes que ele se afastasse. Rollo abanou a mão, indicando que o assunto poderia ficar para outra hora. — Como meu genro, quero apenas a sua lealdade, caso eu venha a precisar dela. Mas já é tarde. Vou me deitar. Passou pela mente de Christopher que não precisava prometer lealdade a Rollo, uma vez que o seu casamento com Dul provavelmente terminaria em uma semana. De mais a mais, a distância entre o castelo de Rollo e sua propriedade nas proximidades de Inverness era grande e ele, certamente, nunca mais iria encontrar-se com o nórdico. Dul ergueu a cabeça, como se quisesse dizer boa-noite ao pai, mas ele caminhou para a porta sem nem sequer lhe dirigir um olhar.


— Pelo sangue de Thor, o que é isso agora? — Dul apareceu à porta aberta do castelo e recebeu uma rajada de neve trazida pelo vento. — Uma competição com arco e flecha, é o que parece — deduziu Alfonso, indicando os alvos erguidos perto do estábulo. Quase ao mesmo tempo eles viram Rollo entregando a Uckermann um arco e a aljava com as setas, batendo-lhe em seguida no ombro. — Está muito frio lá fora e já é tarde. O que meu pai está pensando? O ferimento no ombro de Uckermann ainda não cicatrizou-se e pode abrir-se. — Seu pai é inflexível. Não vai descansar enquanto não descobrir em que esporte ou atividade Uckermann não é excelente — opinou Eddy. — Nesse caso ficaremos aqui durante muitas semanas — disse Dul, virando-se e indo para o salão, onde estava mais quente. — Porque você não conta logo para Rollo qual a finalidade do dinheiro? — Eddy indagou, seguindo-a com Alfonso. — Não. Não direi nada — ela respondeu, irritada. Já havia discutido o assunto com o Legislador e os rapazes dezenas de vezes antes de deixarem Fair Isle. — Não preciso da ajuda de meu pai. Preferia morrer a pedir a Rollo qualquer coisa além do que ele lhe devia, por determinação da lei. Alfonso puxou um banco para ela sentar-se e os três ficaram diante do fogo vivo da lareira. — Christian é o único filho de Rollo — disse Alfonso. — Se ele souber que ele está preso, certamente... Os rapazes olharam para Dul. Ela estava imperturbável. — Rollo pouco se importa com o filho ou comigo. Se importasse, em primeiro lugar, nunca nos teria abandonado. Alfonso segurou a mão de Dul entre as suas. — Talvez, se eu mencionasse que Christian... — Diga uma só palavra e eu lhe corto a língua. — Dul puxou a mão. Não queria a ajuda de Rollo. Não precisava dele. O dinheiro do dote seria suficiente. E, se sobrasse um único pêni, depois da liberdade de Christian, ela o devolveria ao pai para que não houvesse a menor chance de ele usá-lo contra ela. — Você não devia, pelo menos confiar em Uckermann e contar-lhe sobre Christian? — Uckermann? O escocês não merece confiança. — Se quisesse, Uckermann poderia abandonar a nossa causa e não abandonou. Oportunidades não faltaram para que ele nos desse as costas, no entanto, permaneceu conosco. — Eddy defendeu Uckermann com entusiasmo. — Além disso, ele é seu marido e seu comportamento é irrepreensível — apontou Alfonso, ignorando o olhar gélido de Dul. Eddy  assentiu com a cabeça vigorosamente. — Se não fosse pela intervenção de Uckermann, poderíamos estar todos mortos. A cilada na floresta, três dias atrás, voltou à mente de Dul. — Você não pode censurá-lo por nada, Dul — Alfonso falou brandamente. Não, não podia, por mais que quisesse, Dul  reconheceu. — Não quero me intrometer na vida de vocês. — Alfonso prosseguiu —, mas tenho visto como Uckermannolha para você com admiração. — Ah! Admiração! Pois sim! Uckermann sentia, quando muito, desejo por ela demonstrava isso apenas nas ocasiões em que pretendia levá-la com ele para debaixo das peles. — Agora somos apenas três — disse Eddy. — E nenhum de nós conhece nada nesta terra estranha. Precisamos de Uckermann. — Com Marcelinosomos quatro. — Dul olhou para a mesa à qual Marcelino estava sentado com a filha mais nova de Catherine, ambos conversando e rindo.


— Marcelino nada sabe sobre o nosso verdadeiro propósito — Eddy lembrou, olhando para o jovem enamorado. — Foi você mesma quem quis assim, Dul. — É verdade. O Legislador e eu achamos melhor não revelar nada a ele. Mas assim que tivermos o dinheiro, devemos contar-lhe quais são os nosso planos. De fato, ela pretendia revelar a Marcelino dias atrás, seu plano para libertar Christian. Só decidira esperar mais um pouco porque o rapaz tornara-se o maior admirador de Uckermann e ela receava que ele não se contivesse e contasse alguma coisa ao escocês. E agora ela estava mais determinada do que nunca a manter Uckermann fora do seu plano. Isso porque o escocês certamente contaria tudo a Rollo, incontinenti. Ela observou Marcelino e a moça. A garota de olhos escuros olhava enlevada para o rapaz, enquanto ele, com toda certeza, lhe contava uma das suas histórias fantásticas. Dul teve de admitir que as duas irmãs eram amáveis e bem intencionadas. Naqueles três dias trataram todos eles muito bem e com a maior atenção. Não deixava de ser surpreendente, considerando-se a atitude hostil da mãe para com eles e o tratamento gélido que ambas recebiam da própria Dul. Dul ficou atenta ao ouvir a porta do castelo abrir-se. Chegou até ela o riso alto do pai, seguido de um comentário ininteligível de Uckermann. Os dois entraram no salão ainda rindo, suas faces vermelhas por causa do frio. Uckermann sacudiu a cabeça como um cão, espalhando flocos de neve sobre a mesa de taft à qual estavam sentados Marcelino e a moça. Ela riu e bateu no braço dele. Dul sentiu um aperto no peito ao ver Uckermann sorrindo para ela. A moça era adorável. Além de muito jovem, tinha uma beleza pura aliada a uma graça suave. O que mais um homem poderia desejar? Nada aparentemente, a prova disso era o modo como os homens sempre olhavam para ela cheios de admiração. Um forte rubor subiu ao rosto de Dul. Ela sentiu-se desconfortável, achando que a sua reação tinha sido flagrante. Pura tolice, pois seu pai e Uckermann pareciam nem notar a sua presença. Talvez o melhor a fazer seria deitar-se antes do jantar. Ela ficou de pé, mas Eddy segurou-lhe a mão e disse em voz baixa: — Conte logo a Uckermann sobre o nosso plano. Peça-lhe ajuda. Oh, não. Esse assunto de novo. — O homem é um diplomata habilidoso. Vamos precisar do seu talento — Eddy insistiu. Alfonso reforçou as palavras do amigo. — Faça isso, Dul. Por Christian. Christian. — Vou pensar no assunto. — Ela apertou a mão de Eddy e afastou-se. Ao dirigir-se para a porta, surpreendeu Uckermann olhando para ela. Teria visto um sorriso nos lábios dele?


Rollo colocou a mão no ombro de Uckermann e sussurrou-lhe alguma coisa, provocando o riso do genro. Aqueles dois eram iguais, Dul pensou. Não em aparência, mas em comportamento. Era como se, naqueles três dias, Uckermann tivesse se transformado numa versão mais jovem de Rollo. Quem sabe o escocês estava agindo dessa forma para conquistar a simpatia do sogro. Bem, qualquer que fosse o motivo, não lhe agradava nem um pouco. — Vai nos deixar, esposa? — Uckermann perguntou. Dul dirigiu-lhe um olhar glacial e continuou a andar sem lhe responder. Ele deu de ombros e virou-se para o sogro. Rollo por sua vez, torceu os lábios com desdém e os dois riram juntos. Dul andou mais depressa e ao sair do salão tinha os punhos cerrados. Nem que Uckermann fosse o último homem sobre a face da terra, pediria a ajuda dele. Nada a ligava a ele, a não ser aquele acordo. Assim que recebesse o dote, o acordo terminaria. Nunca mais iria querer vê-lo. Nem ver seu pai.


Nessa noite Dul sentia-se mais desalentada do que nunca. O tempo estava correndo e nada de Rollo manifestar-se sobre o dote. A paciência dela estava se esgotando. — Você não comeu quase nada — Uckermann observou. — Não estou com fome. — Ela segurou um pedaço de pão, passou-o no prato, depois jogou-o para um dos cães deitados do lado da lareira. Catherine olhou para ela do outro lado da mesa e voltou-se para Uckermann. — Acho que ficar sem comer de vez em quando não fará mal nenhum a uma mulher com... digamos... um físico como o de sua esposa. Pelo sangue de Thor, por quanto tempo ainda ela teria de suportar os insultos daquela megera? Dl pegou a caneca de louça e tomou todo o hidromel. Imediatamente Uckermann pegou a jarra que estava sobre a mesa e ao encher o copo de Dul, sussurrou-lhe: — Sorria simplesmente e ignore-a. Ele tinha razão. Dul admitiu. Cerrou os dentes fingindo sorrir. Atrás da máscara de satisfação, o sangue fervia. — E então, Uckermann... — Rollo fez uma pausa e comeu o naco de carne que pendia de sua adaga —, o que acha de minhas filhas? Dul sentiu o sangue gelar. Todos os olhos fixaram-se em Uckermann. Para surpresa de Dul, ele passou um braço pelo ombro dela. Há dias ele nem sequer tocava nela. O calor daquela mão no seu ombro fez seu pulso disparar. — Acho minha esposa incomparável. E... — Não é ela. Refiro-me a Anahí e Zoraida, minhas enteadas. — Rollo sorriu para as duas irmãs ruborizadas sentadas entre Eddy e Alfonso.


Catherine dirigiu a Dul um sorriso triunfante. Se Uckermann não a segurasse, Dul teria avançado na madrasta e a faria engolir uma lebre assada inteirinha. — Calma — Uckermann sussurrou-lhe entre os lábios sorridentes. Aproveitou para dar-lhe um aperto no ombro, depois baixou o braço. — Elas não são adoráveis? — indagou Catherine. Uckermann ergueu o copo. — Não tão adoráveis quanto a mãe de ambas. Mas, elas são, realmente, bonitas. Catherine sorriu, envaidecida e Rollo riu alto, satisfeito. Dul queria morrer. Se descobrisse um meio de salvar o irmão sem o dinheiro do dote, sairia daquele salão imediatamente, montaria o primeiro cavalo que encontrasse e ficaria a dezenas de léguas distante de seu pai, de Catherine e de Uckermann. A megera sorriu para as filhas. — Elas serão ótimas esposas, não acham? Eddy, Alfonso e Marcelino, que olhavam embevecidos para as duas moças, responderam em uníssono: — Sim! Uckermann também olhou para as moças com indisfarçável encanto, o que deixou Dul vermelha. Que reação mais ridícula, pensou. Por que se importar se Uckermann ou os outros homens estavam admirando as duas irmãs? Anahí e Zoraida eram, realmente, bonitas, como Uckermann tinha dito. Não, elas eram lindas. Exatamente o que ela não era. Isso mesmo. Essa era a verdade. Dul virou distraidamente um dos braceletes do pulso, sentindo-se humilhada. — É uma pena que sua esposa não tenha saído à mãe — disse Catherine a Uckermann. Dul encarou-a. Os olhos da mulher pareciam queimá-la como brasas. — Rollo falou-me inúmeras vezes sobre a beleza delicada de Fritha — Catherine continuou. — Para você e seu irmão foi uma bênção ter perdido a mãe tão cedo. Sim, porque Fritha morreu muito nova. Dul ia levantar-se da mesa. Tensa, fechou as mãos fechadas com tanta força que as unhas enterraram nas suas palmas. Estava tão furiosa, que teve apenas uma vaga consciência do braço de Uckermann ao redor da sua cintura. Mas Catherine não se deu por satisfeita e acrescentou perversamente: — Afinal, que criança não sofre, tendo uma prostituta como mãe? Rollo levantou-se imediatamente. No mesmo instante Dul virou-se e perguntou a Catherine: — O que foi que você disse? Catherine encolheu os ombros. — Eu simplesmente quis dizer que... — Chega! — Rollo gritou esmurrando a mesa. Anahí e Zoraida ficaram boquiabertas. Os rapazes enregelaram-se. Olharam de Uckermann para Rollo, como se esperassem que o escocês interviesse.


Ele não se manifestou. Pouco depois, afastou o braço da cintura de Dul. Rollo olhou para a filha e toda uma vida de emoções tácitas passou entre eles. Prostituta?!


Não era a primeira vez que alguém empregava o termo referindo-se à sua mãe, embora já fizesse muitos anos que ela ouvira essa acusação. A última vez a palavra saíra dos lábios do próprio Rollo, poucos dias antes da morte prematura de Fritha. — Por que isso? — Dul perguntou ao pai, num murmúrio. Rollo não respondeu e, após um instante, o certo grau de calor que dera brilho aos olhos dele, subitamente desapareceu.


Dul inspirou fundo para acalmar-se e deixou o salão, obrigando-se a andar devagar e com pequenos passos. Agora bastava. Já agüentara demais. Devia haver outra maneira de libertar o irmão. Talvez devesse procurar Duarte. Voltaria a cavalo para Gellis Bay no dia seguinte e pediria ajuda ao velho. Ela precisava pensar. Clarear a mente e acalmar aquelas emoções turbulentas. Um calafrio lhe gelou os ossos ao caminhar pelo corredor. Passou pela porta da cozinha e parou na frente da casa de banhos. Uma sauna. Era exatamente o que queria. Precisava limpar o corpo e a mente e também livrar-se do peso dos acontecimentos dos últimos dias. Um calor reconfortante envolveu-a ao abrir a pesada porta de madeira e transpor a soleira. Rollo tinha construído a casa de banhos como um prolongamento do castelo, de modo que não era preciso sair ao ar livre para um daqueles relaxantes banhos a vapor. A casa de banhos era no estilo da que havia em Fair Isle, mas bem maior e com três compartimentos separados. O fogo era aceso todos os dias, com lenha. Rollo podia dar-se a esse luxo porque o castelo ficava bem próximo da floresta, de onde tirava madeira à vontade. Com imenso alívio, Dul livrou-se do vestido apertado e da combinação, emprestados por Catherine, e jogou, de propósito, as peças no chão úmido e sujo. Entrou no cômodo menor e deixou-se envolver por uma nuvem de vapor perfumado. Antes de sentar-se no grande banco de madeira, teve o cuidado de correr o trinco da porta, mesmo achando que não corria o risco de alguém aparecer para lhe fazer companhia. Passou-lhe pela mente, como um relâmpago, a imagem do corpo atlético de Uckermann, nu e suado, na sauna de Fair Isle.


"Trate de esquecê-lo." Ela deixou a concha de lado e despejou sobre as pedras quentes todo o balde de água aromatizada com ervas. A água chiou, ferveu e espirrou produzindo uni denso vapor perfumado. Inspirou fundo e recostou-se, relaxada, no
banco. Tinha de aceitar o fato de que Uckermann não teria mais utilidade para ela. Era verdade que ele os acompanhara até ali, mas de nada adiantara tanto sacrifício. Ele jamais conseguiria o dote. Tudo ficara bem claro nessa noite. Rollo estava manipulando o escocês. Queria afastá-lo da filha. Não tinha importância. Que diferença faria para ela ter Uckermann do seu lado ou não ter? Ele não gostava dela, mesmo. Tinha visto muito bem os olhares que ele dirigia às filhas de Catherine. "Isso não aconteceria se eu também fosse bonita. E também se eu fosse mais paciente", Dul pensou. Um barulho repentino quase a fez saltar do banco. A porta da sauna abriu-se. — Quem está aí? Como vai entrando... Ela prendeu a respiração quando Uckermann entrou no compartimento e ajoelhou-se perto dela. Mais do que depressa ela encostou os joelhos no peito e passou os braços ao redor deles, protegendo-se dos olhares indiscretos de Uckermann. — O que você está fazendo aqui? — Achei que era bom suar um pouco. Você devia ter-me esperado. — Como conseguiu entrar? Passei o trinco na porta. Ele sorriu. — O trinco corre dos dois lados. Você não reparou nisso? Isso lhe passara despercebido e ela odiou a sua falta de atenção. O resultado era que, mais uma vez, Uckermann a surpreendia nua, na sauna. — Vá embora. Quero ficar sozinha. — Está mentindo. Estendendo os braços, ele encostou a mão no tornozelo dela, o que fez seu pulso acelerar. — O que você quer? Não acha bastante o que você, meu pai e aquela meretriz perversa fizeram para me humilhar na frente dos rapazes? O sorriso de Uckermann desapareceu de seus lábios. — Não tive nada a ver com o comportamento deplorável daquela mulher. — Ha! — Dul afastou-se dele. — Você adorou o espetáculo. — Não. — O olhar dele percorreu o corpo de Dul. — Não fique me olhando! Ela quis levantar-se do banco e ir embora, mas não conseguiu. Oh, por que seu corpo não obedecia à mente? O calor úmido, a intensidade do olhar de Uckermann  e sua nudez, contribuíram para aumentar seu desconforto. — Você é muito mais bonita do que qualquer mulher que eu já conheci em toda a minha vida — Uckermann declarou suavemente. O coração de Dul parou. Ela fitou-o, atônita. — Não zombe de mim. — Eu nunca faria isso, Dul. — A sinceridade nos olhos e na voz dele desarmou-a.


Lágrimas quentes anuviaram-lhe os olhos. Por que ele a atormentava desse jeito? Ela mordeu o lábio e lutou desesperadamente para controlar a torrente de emoções que redemoinhavam no seu interior. Oh, o que ela daria para ser capaz de confiar nele. Pelo menos dessa vez. Para poder acreditar nas suas palavras. Para poder apoiar-se na força dele e, assim, sustentar sua própria força. Nunca em sua vida buscara a ajuda e o conforto de um homem. Nunca havia sentido aquela necessidade que doía dentro dela, abalando todos os seus princípios. Olhou para Uckermann e percebeu imediatamente o seu erro. Se ele se aproximasse dela naquele instante, ela abandonaria todas as suas convicções e se atiraria nos seus braços. Mas, não. Não devia fazer isso. Não podia. O dote. Tudo o que lhe interessava era o seu dinheiro. Devia concentrar toda a sua atenção nele. — Meu dote — disse repentinamente. — Preciso dele. Quando você vai pedir a meu pai que... — Seu dote não importa. É claro que importava. Representava tudo para ela. Se não pusesse as mãos no seu dinheiro... Uckermann chegou mais perto dela. Tão perto que ela sentiu os pêlos molhados do peito dele roçando-lhe os joelhos. Gotas de suor pingaram do rosto dele nas suas coxas. — Você acha que ficará protegida se eu reivindicar o dote. Pensa que, não havendo mais esse dinheiro, nenhum homem irá se interessar por você. — Não irá se interessar, mesmo. Dul respirava com dificuldade. Por que Uckermann olhava para ela tão cheio de desejo? Devagar, ele segurou-lhe as mãos, fazendo com que as afastasse dos joelhos. Em seguida, removeu os braceletes dos pulsos dela e jogou-os no chão. Por que ela consentia naquilo? Por que não o obrigava a parar? Centelhas percorreram-lhe o corpo ao sentir os lábios de Uckermann tocando a cicatriz de cada um dos pulsos. — Está muito enganada — ele murmurou e tomou-a nos braços.  


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Desculpa o sumiço!😅



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Autor(a): Srta.Talia

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A paixão nos olhos de Dul era a sua perdição. Christopher sentou-se no banco junto dela e beijou-a ardentemente. Disse a si mesmo que aquele fogo que o consumia era puramente físico, era um desejo primitivo que o levava a querer possuí-la. — Não, Ucker, não devemos. — Apesar do protesto, Dul abraçou-o. &mdas ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 34



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  • karla08 Postado em 09/11/2017 - 17:52:52

    Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

  • dalziane Postado em 03/11/2017 - 23:05:16

    Poxa vc nao vai posta mas o final?

  • heloisamelo Postado em 02/11/2017 - 12:00:38

    Capítulo 13 ta errado....

  • dalziane Postado em 30/10/2017 - 10:53:45

    +++++++++++++++++++++ +++++++++++++++++++++ +++++++++++++++++++++

  • dalziane Postado em 30/10/2017 - 10:51:15

    Continua

  • dalziane Postado em 29/10/2017 - 19:13:33

    Posta+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

  • dalziane Postado em 29/10/2017 - 14:23:20

    Continua

  • dalziane Postado em 29/10/2017 - 14:22:54

    😄😄😄😄😄😄&a mp;#128516;😄😄😄😄😄& ;#128516;😄😄😄😄😄&# 128516;😄😄😄

  • dalziane Postado em 29/10/2017 - 14:22:20

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  • dalziane Postado em 29/10/2017 - 14:19:24

    Continua


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