Fanfics Brasil - #CAPÍTULO XV# A Deusa Do Gelo - Adaptada Vondy(Finalizada)

Fanfic: A Deusa Do Gelo - Adaptada Vondy(Finalizada) | Tema: Dulce María, Christopher Von Uckermann, Vondy, Romance e Época


Capítulo: #CAPÍTULO XV#

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A paixão nos olhos de Dul era a sua perdição. Christopher sentou-se no banco junto dela e beijou-a ardentemente. Disse a si mesmo que aquele fogo que o consumia era puramente físico, era um desejo primitivo que o levava a querer possuí-la. — Não, Ucker, não devemos. — Apesar do protesto, Dul abraçou-o. — Por que não? — ele questionou num sussurro. — Alguém... pode entrar. — Oh, estava tão bom ficar nos braços dele. — Que entre quem quiser. Somos casados, não somos? Dul olhou para ele, seu rosto uma radiosa mistura de desejo e temor, e naquele momento ele soube que, finalmente, conseguira abrandar a firme resolução daquela mulher que parecia feita de gelo. O suor brilhava na pele quente de Dul. As mãos de Uckermann deslizaram da cintura para a curva das nádegas. Devagar, passou a língua pelo pescoço esguio, seguindo a linha da cicatriz. Ela fechou os olhos e prendeu a respiração. — Você está salgada e tão quente — ele murmurou. Ele posicionou-se sobre ela, seus corpos se fundindo naquele calor úmido. Dul passou as pernas ao redor dele e puxou-o para bem junto dela. Essa resposta estimulou o desejo de Uckermann. — Devagar — ele pediu baixinho, entre os beijos, lutando para controlar-se. Estava sendo tão difícil conter-se que ele imaginou que poderia explodir. O membro viril, rijo, pulsava entre as coxas de Dul, em pungente antecipação do gozo. — Faça amor comigo — Dul sussurrou. O coração dele parou. Ela abriu os olhos e neles Uckermann pôde ver as mesmas emoções caóticas que o invadiam. Não, não podia ser. Isso não devia estar acontecendo. O que ele sentia era desejo, nada mais. O vapor impregnado do inebriante aroma de junípero encheu-lhe os pulmões. Ele fitou Dul e perdeu-se no seu olhar. Sentindo as mãos dela percorrendo-lhe o corpo, esqueceu de tudo e entregou-se àquelas carícias. — Eu lhe darei um prazer tão grande, muito além do que você pode imaginar — ele falou, seus lábios já se apossando dos dela, num beijo violento, possessivo, destinado a expulsar toda a ternura de seu coração. Ele era um animal, um predador, e ela a sua presa. O ardor da resposta de Dul fez com que ele vibrasse, mas também levou-o a questionar quem era de fato a caça e quem era o caçador. Ela estremecia, contraía-se e movia-se sob o corpo másculo, arremetia os seios túrgidos para cima, na direção dos lábios dele. Uckermann permitiu e até estimulou aquela urgência, aquela avidez de Dul. Ela gemeu de prazer quando ele sugou cada um dos seus mamilos firmes. — Christopher... Christopher... — ela sussurrou entre os gemidos. O som de seu nome nos lábios dela excitou-o ainda mais. Ele traçou um caminho de beijos pelas costelas de Dul e pelo ventre. Quando sua língua marcou uma trilha salgada até seu sexo, ela não conteve um grito de puro prazer. — Abra as pernas — disse ele. Dul fitou-o, os olhos brilhantes de desejo, o rosto corado pelo calor e pela excitação. Depois de um momento, obedeceu-o. Ele penetrou-a com ímpeto e, sentindo o membro rijo perfeitamente agasalhado no centro da sua feminilidade, úmida, quente, ele cavalgou-a como um animal enlouquecido. — Christopher! — ela gritou, contorcendo-se em movimentos eróticos, e arremetendo-se contra ele, tornando seus corpos ainda mais unidos. As mãos de Christopher firmaram as nádegas dela e os movimentos de ambos tornaram-se mais febris, mais desvairados, levando-os à beira da loucura. Um segundo mais tarde ele preparou-se para a investida final e a penetração foi mais profunda. Seus corpos abrasados fremiam. Dul enterrou as unhas na pele dele naquele momento em que eram arrebatados às alturas, numa onda de prazer e, juntos, alcançaram um êxtase glorioso. Eles continuaram abraçados em sensual abandono depois daquela cópula tão ardente. Christopher fechou os olhos e de algum lugar, no limite da sua consciência ouviu Dul chamá-lo. — Christopher... Christopher... Olhe para mim. Ele abriu os olhos. O fato de ela tê-lo chamado de Christopher novamente e a radiosidade que viu no rosto dela, resultado dos momentos de paixão, deixou-o excitado novamente, mas controlou-se, lembrando-se de que tinha uma notícia importante para dar a ela. Colocou-a sentada no colo e disse: — Vim até aqui para dizer-lhe uma coisa e... ao vê-la, acabei me esquecendo de tudo. — O que é? — Ela estava deitada languidamente nos braços dele e virou-se, olhando-o sob o véu dos longos cílios ruivos. Estava linda, ele pensou. Ou melhor, ela não estava linda, Dul era linda, embora ela própria não tivesse consciência de sua beleza nem de seu poder de sedução. Muito menos fazia idéia de que era ardente e sensual. — É sobre o seu dote... a prata. — O quê ? — Dul ficou tensa. Apertou o pescoço dele com força, quase o sufocando. Ele afastou as mãos dela e sorriu. — Consegui o dinheiro. Seu pai prometeu entregá-lo amanhã.


Dul deu um grito de alegria e enrolou-se nele como uma das serpentes que enfeitavam a taça na qual eles beberam no dia do casamento. Essa reação foi um golpe para Christopher. O dinheiro significava muito para Dul. Mais do que ele imaginara. Agora ela não precisava mais dele. O que ambos tinham vivido juntos nada representava para ela. Bem o que ele esperava? Desde o início Dul deixara bem claro que dele só queria a reivindicação do dote. Havia um acordo entre eles. Cada um cumprira sua parte e iriam separar-se, como tinha sido previsto. Então, por que ele sentia aquele vazio interior? Dul encheu o rosto dele de beijos. Ele deixou de lado suas reflexões e entregou-se ao prazer daqueles agrados. Dul continuou sentada no colo dele e seus movimentos, estando ambos nus, reacenderam nele o fogo da paixão. Percebeu que ela também o desejava. Sexo. Luxúria. Era tudo o que havia entre eles. Tudo o que
podia haver. Determinado a provar isso a si mesmo, Christopher beijou-a com ardor e posicionou-se para que Dul montasse sobre ele. E voltaram a fazer amor desbragadamente.


Dul acordou sobressaltada, o coração aos saltos. — Onde estou? Que lugar é este? Sentou-se no escuro e piscou algumas vezes, confusa por encontrar-se naquele ambiente. Notou então o brilho do fogo. Aquilo era uma lareira. Ah, claro. Lembrou-se do que acontecera horas atrás. Ela e Uckermann tinham feito amor pela segunda vez na casa de banhos, depois ele a carregara para o quarto que ambos ocupavam no castelo. Já era bem tarde e tudo estava em silêncio. Uckermann recusara-se a dormir no chão e deitara-se na cama do lado dela. Naquele momento ela sentiu que ele se mexia e ouviu-o murmurar, sonolento: — Você está sonhando. Erguendo o braço, ele puxou-a para que se deitasse do lado dele, ficando seus corpos nus bem juntinhos. O homem continuava quente como um braseiro. Dul também estava quente, mas Uckermann puxou uma outra coberta de peles sobre eles. — Durma — disse, beijando o pescoço de Dul e segurando a mão dela. Pouco depois Uckermann dormia a sono solto. Dul, ao contrário, no abrigo do corpo dele, estava bem desperta. Ela moveu o corpo um pouco mais para cima e recostou-se no travesseiro. O fogo da lareira irradiava no quarto um calor aconchegante e as chamas reluziam na prata da sua aliança e na de Uckermann. Ela ergueu a mão dele e encostou a no peito. Estava cada vez mais surpresa com o marido. Ele era mesmo bem diferente do que tinha imaginado. Desde que o vira caído na praia, o Legislador percebera que o escocês era um homem de caráter e de valor. O ancião tinha o dom de conhecer as pessoas. Deus, como sentia falta do amigo. Gostaria de ser filha dele e não de Rollo. Essa viagem servira para Rika conhecer Uckermann. Poucos homens tinham a sua integridade. Um deles era o Legislador. Outro era Christian, seu irmão. E homem nenhum, a não ser Uckermann, a fizera sentir-se tão querida, tão desejada. Ainda que isso tivesse acontecido só uma noite. Sim, porque a primeira vez que Uckermann fizera amor com ela no leito nupcial, não contava. A paixão, o desejo e o carinho que ele demonstrara sentir por ela tinha sido resultado do excesso de hidromel. Mas, na sauna, Uckermann estava perfeitamente lúcido. Ela nunca havia imaginado que um homem e uma mulher podiam fazer amor daquele jeito. Que era possível ambos experimentarem sensações tão enlouquecedoras. Que ela fosse capaz sentir o que sentira na noite anterior: aquele ardente desejo sexual. A imensa satisfação de dar prazer e de experimentar prazer. Paixão. Entrega mútua. Amor. Ela o amara, realmente. E agora, o resultado dessa constatação, era temor. Como pudera baixar a guarda? O amor era a mais perigosa das emoções. Não porque confundia o pensamento de uma mulher, como era sua crença tempos atrás, mas porque o amor fazia exatamente o contrário. O amor fazia com que ela visse as coisas com grande clareza e não estava preparada para isso. Por um instante ficou olhando para Uckermann ouvindo sua respiração regular. Admirou seu rosto sereno, os cabelos dourados espalhados no travesseiro. Ela afastou a fina trança do rosto dele. Ele nem se mexeu. Nunca o tinha visto tão tranqüilo. "O amor é perigoso", disse a si mesma. Inclinando-se, aspirou o cheiro do corpo de Uckermann. Depois contornou os lábios dele com o dedo. Por amor a esse homem faria qualquer coisa que ele lhe pedisse. E se ele não lhe pedisse nada? Bem, certamente não lhe pediria mesmo. Que diferença faria para ele se ela o amava ou não? Aqui na Escócia, terra dele e mundo de seu pai, ela constatara que Uckermann era bem parecido com Rollo. Ele comportava-se de maneira muito casual, indiferente e até insensível. Esse pensamento a entristeceu.


Era verdade que naquela noite Dul despertara nele fortes emoções e ele também a fizera delirar. Mas todos os homens respondiam aos prazeres da carne. Uckermann não a amava, não a estimava. Por que deveria sentir por ela alguma coisa além de desejo? Ela o forçara a aceitar aquele casamento em troca da liberdade dele. O que o unia a ele nada mais era do que um acordo entre dois estranhos. Afinal, o homem estava indo ao encontro da noiva e ela o prendera numa armadilha, afastando-o de seu propósito. Certamente a noiva dele, Angelique Boyer, ainda o esperava em Wick. Dul sentiu a garganta apertada. Uma noiva. Uma virgem prometida a um nobre escocês, e de acordo com o gosto de Uckermann. Obediente, submissa e recatada. Pequena e delicada como as filhas de Catherine. Seu olhar fixou-se nas cicatrizes dos pulsos e lembrou-se do seu objetivo: libertar Christian. Portanto, de que adiantava pensar em Christopher Uckermann? De que adiantava se questionar se ele a amava ou não? Esses pensamentos só serviam para deixá-la confusa e afastá-la do seu objetivo. Prometera a si mesma trazer Christian de volta para casa e era nisso que tinha de concentrar todas as sua forças. Principalmente agora que o Legislador se fora, nada lhe restava em Fair Isle. Por isso era importante que Christian reassumisse seu lugar como chefe daquele povo, o senhor de toda a ilha. Então, tudo seria como antes. Só ela havia mudado. Uckermann a tornara outra mulher.


Uckermann acordou, olhou para ela e sorriu. Dul sentiu o peito apertado. — O que está fazendo? — ele perguntou, a voz baixa e enrouquecida. — Estou olhando para você. Uckermann a agasalhou nos braços e começou a acariciá-la. Dul entregou-se a ele, feliz, antecipando novos momentos de loucura e êxtase. Nesta noite iria acreditar que ele a amava. Que eram marido e mulher de verdade, e que não havia amanhã.


Christopher virou de bruços e enterrou o rosto no travesseiro. O travesseiro de Dul. — Humm — ele aspirou o cheiro agradável. O perfume de Dul. Raios do sol penetravam no quarto pelas laterais do tecido grosso da cortina e se projetavam nas tábuas do assoalho. Dormira demais, Christopher pensou. O que importava isso? Essa noite tinha sido a primeira, em semanas, que tivera um sono realmente reconfortante e tranqüilo. Imaginou que teria dormido várias horas seguidas depois que fizera amor com
Dul novamente. — Dul — ele chamou-a, embora soubesse que ela não estava no quarto. Esticou a perna para o outro lado da cama e sentiu o frio dos lençóis. Dul sempre se levantava cedo. Empurrando as cobertas, Christopher recebeu no rosto e no peito o ar gelado da manhã e despertou completamente. Deus, que sensação agradável. Como se sentia bem. Então lembrou quem era, por que estava ali e por que devia partir. Puxou o travesseiro de Dul sobre o rosto para proteger os olhos daquela claridade e aspirou novamente o perfume dela. Desta vez identificou um outro cheiro: o dos corpos de ambos. Uma lembrança sensual dos momentos de amor que eles tinham vivido juntos. Era inútil tentar entender os próprios sentimentos. Honestamente, ele não saberia explicar o que sentia. Por vezes chegava a ter vontade de nunca mais voltar para Wick e deixar que seu clã, seu rei e os Boyer acreditassem que ele estava morto. Essa simples consideração fez com que ele se envergonhasse de si mesmo. O que Dul fizera com ele para que lhe passasse pela cabeça, ainda que por um segundo, que poderia esquivar-se de suas obrigações? Christopher atirou o travesseiro para o outro lado do quarto e rolou para fora da cama. Viu então sobre o criado-mudo a aliança de prata de Dul. Dez minutos depois ele estava no estábulo. Encontrou Dul usando as roupas do irmão, pronta para viajar. Ele compreendeu tudo. Ela ia deixá-lo. Mesmo assim, abriu a mão onde estava a aliança. — Sua aliança. Você a esqueceu sobre o criado-mudo. Ela olhou para o pequeno aro de metal e encolheu os ombros. — Não esqueci a aliança. Eu a deixei lá porque não serve mais para nada. Nosso acordo terminou. Tais palavras feriram-no mais do que qualquer golpe que ele já recebera. Por mais que ele quisesse, não conseguiu esconder seu desapontamento. — Oh — murmurou apenas, fechando a mão e colocando desajeitadamente a aliança no bolso da calça. A frieza de Dul confundiu-o. Poucas horas atrás ela havia estado tão apaixonada. Mais do que isso ela demonstrara sentir ternura e carinho por ele. Ele poderia até afirmar que vira amor nos olhos dela. No entanto, agora de manhã, ele não tinha certeza de nada. Como poderia ter certeza? Mulher nenhuma o tinha amado antes. As mulheres obedeciam-no, temiam-no, respeitavam-no. Era assim que devia ser. Devia mesmo? Christopher não sabia de mais nada. Só uma coisa era certa. Nenhuma mulher jamais olhara para ele do modo como Dul o tinha olhado na noite anterior. Mas, vendo-a agora diante dele, não vislumbrou um sentimento, uma emoção naqueles olhos frios. Não tinham vida. Estavam mortos. O que acontecera para Dul mudar tanto? Subitamente ele sentiu-se ridículo. Marcelino passou por ele carregando uma sela. Christopher olhou para o fundo do estábulo e viu Eddy e Alfonso terminando de selar os cavalos. — Aonde eles vão? — Eles? Você deve estar querendo dizer nós — Dul corrigiu-o. — Nós cinco vamos partir dentro de uma hora. — Tão depressa? Imaginei que ficaríamos aqui pelo menos mais um dia. — Não passarei outra noite debaixo do teto do meu pai — ela respondeu secamente, comprimindo os lábios em seguida. — O que Rollo pode pensar, se nós... — Eu já disse a ele que precisávamos ir porque você tinha negócios urgentes. — Negócios? — Em Wick. Christopher prendeu a respiração. O olhar dela era tão frio e a expressão tão severa que ele mal pôde acreditar que aquela era a mesma mulher que gritara o nome dele, em êxtase, muitas vezes durante a noite. — Afinal, não é para Wick que você pretende ir? — Dul indagou, arqueando as sobrancelhas ruivas. — É, sim, mas... — Você tem suas obrigações e seus planos. Eu tenho os meus. — Ela ajoelhouse do lado das bolsas de couro e de um pequeno baú de madeira. — A prata. Seu pai entregou-lhe o dote — Christopher observou, reconhecendo o baú que Rollo lhe mostrara na noite anterior depois de Dul ter saído do salão. — Exatamente. O baú já estava à nossa espera no salão esta manhã. — Ela ergueu a tampa do baú e correu a mão pelas moedas. Só então Christopher viu um sinal de vida nos pálidos olhos azuis. Ela sorriu para ele e isso deixou-o imensamente triste. — Quer dizer que o nosso acordo está terminado? — ele indagou. — Está. Era só isso. Tão simples. Dul encarou-o e, por um momento, ele poderia jurar que ela iria voltar atrás, dizer que se ele quisesse... A cabeça dele começou a girar. Contra a sua vontade, viu-se perguntando: — E... ontem à noite? Ela sustentou o olhar. Era evidente que se controlava para não demonstrar suas emoções. Christopher percebeu que ela cerrava os dentes atrás dos lábios inchados por causa dos beijos dele. — Ontem à noite eu... — O rosto dela ficou vermelho. — Eu achei que lhe devia
alguma coisa. Apenas isso. Você conseguiu que meu pai lhe entregasse o meu dote. Eu quis lhe demonstrar a minha gratidão. Ela fechou o baú. — Está dizendo que fez amor comigo por causa desse dinheiro? — Estou. Christopher irritou-se. Dul virou-se e ele puxou-a pelo braço. — Está mentindo. Você só ficou sabendo que seu pai iria entregar-me o dote depois... — ele baixou a voz para que os rapazes não o ouvissem — depois que fizemos amor. Os olhos de ambos se cruzaram por um momento. Depois ela puxou o braço e perguntou a Marcelino: — Ainda demora? — Estou quase terminando — o rapaz respondeu, olhando para ela por cima do lombo do animal que estava selando. — Seu pai arranjou essa égua negra para substituir aquela roubada por Derrick. — Ótimo. Christopher ficou ali parado, atônito. A miserável agia como se não houvesse nada entre eles. Como se ele fosse um estranho, contratado para realizar um negócio sórdido para ela. Pensando bem, ele não passava disso mesmo. Ela ergueu o baú e colocou no lombo da égua, atrás da sela, e Marcelino prendeu-o com correias. — Está bem assim — Dul aprovou e voltou-se para Uckermann. — E você? Está pronto? Ele assentiu com a cabeça sem saber o que poderia dizer. — Sem dúvida você quer dizer adeus a meu pai. Pois vá em frente, torne a despedida um espetáculo. Espero por você aqui. — Você não pretende despedir-se de Rollo? — Despedir-me? Se eu chegar perto de meu pai o que ouvirei dele é algo como: "Bons ventos a levem." Ou, talvez ele seja mais direto e diga: "Folgo em vê-la pelas costas." — Ela deu duas palmadinhas no cofre. — Já consegui o que eu queria. Nada mais tenho a dizer. Isso era verdade. Uckermann deixou-a e foi para o quarto pegar seus poucos pertences. Sentia-se sujo. Usado. Como uma meretriz novata de taberna ainda não acostumada com o ofício. Pouco mais tarde os cinco estavam no pátio, em suas montarias, esperando pelo adeus do anfitrião. Rollo e a mal-humorada esposa estavam no alto dos degraus do castelo. Era evidente que Catherine exultava com a partida deles. Logo atrás da mãe, Zoraida e Anahí tinham os braços cruzados e tremiam de frio. Cristo, a manhã estava mesmo um gelo. Christopher ergueu a mão em despedida. O nórdico acenou com a cabeça e voltou o olhar para Dul. Sua filha, quer ele acreditasse ou não. No rosto ela trazia a tensão daqueles últimos dias. E não se dignou a olhar para o pai. Talvez se ele lhe contasse sobre o Legislador e Fritha, Christopher pensou, ela compreenderia e até perdoaria o comportamento horrível de Rollo. Sem uma palavra, ela ergueu a cabeça e tocou a égua que montava. Não, Christopher concluiu ao observar a atitude dela. Dul jamais perdoaria o pai nem queria compreendê-lo. Rollo acompanhou a filha com o olhar até vê-la desaparecer de vista. Então ele desceu o braço que apoiava no ombro de Catherine e, afinal, Christopher, que ficava para trás com Marcelino, viu a dor nos olhos dele. — Adeus! — Christopher gritou. — Adeus, Uckermann. Christopher ia seguir Marcelino e os outros, mas olhou para Rollo mais uma vez. — Cuide bem de minha filha, sim? — Cuidarei, se ela permitir — Christopher respondeu com um sorriso amargo.


A tarde findava. Dentro de mais uma hora os viajantes não teriam mais a luz do dia. Dul refreou a égua assim que eles saíram da extensa floresta. Christopher parou do lado dela. Apesar do frio, o tempo, felizmente, estava bom e soprava apenas um vento suave vindo do mar. Christopher colocou as mãos geladas na frente da boca e soprou nelas o hálito quente. — Por que você parou? — ele perguntou a Dul. — Chegamos ao cruzamento — ela respondeu, indicando o caminho que seguia para o norte, conduzindo à casa de Jack Duarte. Christopher olhou a distância, era quase possível ver a casa enorme entre os rochedos. Dul apontou para uma trilha ao leste, que cortava as charnecas. — E para lá fica Wick — completou. — Pelo menos, é o que diz o mapa. — Você vai nos deixar? — Marcelino perguntou, o rosto sombrio. — Vai mesmo partir, depois de tudo, Uckermann? Alfonso e Eddy olharam carrancudos para Dul, esperando que ela cedesse. Ela foi inflexível. — Nosso acordo terminou — disse, a voz com aquela familiar dureza. Bom Deus, a mulher era feita de gelo. — Mas você... — Marcelino começou e um olhar severo de Dul obrigou-o o calar-se. — A noiva de Uckermann espera por ele em Wick — ela explicou e ergueu o queixo para Christopher — Não é verdade? Seus olhares se encontraram, o dele, perscrutador, o dela glacial. — Sim, Angelique Boyer me espera. — Christopher tirou o mapa da bolsa que pendia da sela do alazão, desenrolou-o e consultou-o. — Acredito que não terei nem dois dias de viagem para chegar a Wick. Alfonso e Eddy conduziram suas montarias para perto de Christopher e também olharam o mapa. — Para nós, um dia de viagem, no máximo — observou Eddy indicando com o dedo um lugar na costa acidentada, perto de Dunnet Head. Christopher franziu a testa. — Um dia para chegar aonde? A casa de Duarte fica a menos de uma hora daqui. Eddy afastou a mão depressa e Dul dirigiu-lhe um olhar que faria a água congelar. Os rapazes trocaram olhares carregados de significado. O que estava acontecendo?, Christopher perguntou a si mesmo. — Eu os acompanho até a casa de Duarte — declarou. — Ficarei mais tranqüilo se os deixar em segurança. Depois seguirei para Wick. — Nada disso. A casa de Duarte fica logo além da colina. Acho mais fácil explicar a ele por que você teve de voltar. Será constrangedor falar sobre o assunto se você estiver presente. — Ela tem razão — disse Eddy. — Mas por que você tem de ir embora? — Marcelino insistiu. — Por que não volta a Fair Isle conosco? — Marcelino, já chega! — Dul zangou-se. — Uckermann tem sua própria vida. Um clã. Uma noiva. Não é verdade? Era a segunda vez que ela fazia a mesma pergunta. Se ela sabia a resposta, por que perguntava? Christopher enfrentou aquele olhar gelado, à procura de um sinal. Será que ela queria que ele ficasse? Era isso? Mas Dul franziu os lábios e ergueu o queixo, como se o desafiasse. Não. Ela queria vê-lo pelas costas. E ele era maluco, por isso não queria ir. — Mas você e Dul estão casados. E com o Legislador morto, os laços matrimoniais não poderão ser desfeitos — Marcelino argumentou, ignorando a raiva de Dul. — O divórcio não será... — Isso não tem importância — ela cortou. — Não preciso do divórcio, pois não me casarei novamente. E para Uckermann, o nosso casamento não tem valor. Na verdade, não existe casamento nenhum, uma vez que não foi celebrado segundo o rito cristão. — É isso mesmo — Christopher concordou. — É isso mesmo. A arrogância de Dul e a naturalidade com que ela o descartava, doeu no íntimo de Christopher. Aquilo era demais. — Está bem. Vou seguir o meu caminho. — Ele enrolou o mapa e entregou-o a ela. — Devolva-o a Duarte. Não preciso dele. Sei muito bem para onde estou indo. Dul pegou o pergaminho e entregou-o a Marcelino que o guardou na bolsa da sela, já quase lotada. — Então, Uckermann, adeus — ela despediu-se. — Boa sorte. Tenho certeza de que sua... noiva... ficará feliz quando o vir. — Claro, ficará muito feliz. Ele virou o cavalo para seguir na direção leste e, lembrando-se de uma coisa, refreou o animal. Tirou da pequena bolsa amarrada à cintura um objeto e atirou-o para Dul. Ela pegou-o e ao ver o que era, ficou paralisada. — O broche — disse ele. — O morgen gifu.
— Eu lhe disse que não... — Fique com ele. É o pagamento por ontem à noite. Os olhos dela cravaram-se nele como duas adagas em brasa. Por Deus, a mulher tinha o coração duro como pedra. Ela fustigou a égua e partiu a galope, rumo ao norte, os cabelos ruivo acobreados esvoaçando atrás dela, recebendo neles os últimos raios do sol poente. Marcelino ergueu a mão num adeus a Uckermann, o rosto de menino marcado pela tristeza. Eddy e Alfonso também se despediram e desejaram-lhe boa viagem. Christopher viu os rapazes e Dul se afastarem para sempre. Fustigou o alazão e seguiu rumo ao leste, para Wick.


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Fofuríneas!


Desculpem  por não ter postado mais durante essa semana... Mas como da última vez que eu postei não tinha mais comentários, eu acabei ficando uns dias sem postar... Mas além disso eu também estava cheia de lição para fazer durante essa semana, por isso vou postar dois capítulos agora...


Também tenho que avisar que faltam só mais três capítulos para a história chegar ao e o próximo capítulo eu sofri enquanto estava lendo, pq fiquei angustiada com os acontecimentos(acho que o dia em que li o capítulo 16, eu estava muito emotiva)...


Bem, se vcs comentarem até as 10:15pm eu posto mais um hoje e amanhã finalizo a Fic!


Comentem e Favoritem!


Besos y Besos Lindezas!!!😘😘😘


 



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Autor(a): Srta.Talia

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A presente missão ia ser bem mais difícil do que Dul imaginara. Ela agachou-se atrás de um monte de pedras assim que a pedreira materializou-se à luz cinzenta do amanhecer daquele dia gelado de inverno. Guardas bem armados gritavam dando ordens para um grupo de trabalhadores e os conduziam de uma tenda para os montões fétidos de esc& ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 34



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  • karla08 Postado em 09/11/2017 - 17:52:52

    Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

  • dalziane Postado em 03/11/2017 - 23:05:16

    Poxa vc nao vai posta mas o final?

  • heloisamelo Postado em 02/11/2017 - 12:00:38

    Capítulo 13 ta errado....

  • dalziane Postado em 30/10/2017 - 10:53:45

    +++++++++++++++++++++ +++++++++++++++++++++ +++++++++++++++++++++

  • dalziane Postado em 30/10/2017 - 10:51:15

    Continua

  • dalziane Postado em 29/10/2017 - 19:13:33

    Posta+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

  • dalziane Postado em 29/10/2017 - 14:23:20

    Continua

  • dalziane Postado em 29/10/2017 - 14:22:54

    😄😄😄😄😄😄&a mp;#128516;😄😄😄😄😄& ;#128516;😄😄😄😄😄&# 128516;😄😄😄

  • dalziane Postado em 29/10/2017 - 14:22:20

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

  • dalziane Postado em 29/10/2017 - 14:19:24

    Continua


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