Fanfic: A Deusa Do Gelo - Adaptada Vondy(Finalizada) | Tema: Dulce María, Christopher Von Uckermann, Vondy, Romance e Época
A presente missão ia ser bem mais difícil do que Dul imaginara.
Ela agachou-se atrás de um monte de pedras assim que a pedreira
materializou-se à luz cinzenta do amanhecer daquele dia gelado de inverno. Guardas bem armados gritavam dando ordens para um grupo de trabalhadores e
os conduziam de uma tenda para os montões fétidos de escória, no limite do campo. Dul soprou o hálito quente nas mãos congeladas e estreitou os olhos para poder enxergar melhor através da névoa que envolvia todo o promontório de Dunnet Head. Onde estava Christian? E se ela estivesse enganada sobre o paradeiro do irmão? Podia ser que os homens de Pablo, cientes de que ela estava
ouvindo a conversa deles, mentiram propositadamente só para confundi-la. Não, algo lhe dizia que Christian estava ali no campo, em algum lugar.
Podia sentir a presença dele. No alto de um rochedo com ampla vista sobre o mar, havia as ruínas de um
castelo que servia de centro de operações da pedreira. Esses detalhes, tanto ela como os rapazes tinham percebido, olhando daquela colina, onde se encontravam, acima das charnecas. Dul enfiou a mão no bolso do casaco e segurou o broche que Uckermann lhe dera na manhã anterior ao se despedir. É o pagamento por ontem à noite.
O aguilhão de suas palavras não parecia menos pungente hoje. Ela cerrou os dentes, relembrando a frieza da expressão de Uckermann. Mas o que ela merecia, senão ser tratada daquele modo? Afinal, tinha sido ela quem o tratara com
desprezo. Talvez, se ela tivesse confiado nele, contado sobre Christian e revelado seu amor
por ele... Não, como poderia fazer isso? Uckermann iria rir dela.
Dul tirou o broche do bolso e admirou o primoroso trabalho na prata. Olhou em seguida para a sujeira debaixo da unhas quebradas e para as mãos calosas e queimadas pelo frio. "Hum." Certamente ele iria rir. Ela voltou a atenção para o campo. Os guardas levavam seus prisioneiros cutucando-os com lanças e galhos pontudos. O estalido de um chicote nas costas
nuas de um dos trabalhadores, fez com que Dul desse um salto. Já não tinha mais certeza de que desejava que Christian estivesse entre aqueles pobres homens obrigados a trabalhar sob a chibata. Bem, mas ele estava. Passou-lhe pela mente que, se Uckermann estivesse ali, agachado do lado dela, entre as pedras, as chances de libertar o irmão aumentariam dez vezes. Era estranho que se sentisse assim. Perto de Pablo, do pai e de outros homens, exceto do Legislador, ela sentia-se enfraquecida, perdia a
autoconfiança. Porém, junto de Uckermann, sentia-se quase invencível. Era como se houvesse dois deles, juntos, lutando contra os males do mundo. Pena que só agora tinha consciência disso. Ela lembrou-se das emoções que sentira com Uckermann e questionou-se como era possível acontecer tal coisa entre ela e um homem. Talvez estivesse enganada a
respeito do amor. Para ela o amor resultava em desespero e fraqueza.
Isso, até agora. Ontem, no castelo, ao dirigir um último olhar ao pai, julgara ter vislumbrado algo nos olhos de Rollo. Algo além do alívio de vê-la partir. O que teria visto? Sabia que Rollo era um homem que não fazia nada que não quisesse. No
entanto, lhe entregara o dote, na verdade uma pequena fortuna, e Dul tinha certeza disso, o pai não concordara em dar-lhe o dinheiro só porque o genro o vencera nos jogos, ou porque lhe recitara versos e contara histórias engraçadas.
Será que Rollo, afinal, gostava dela?
Um pouco, talvez. Com a idade, até mesmo o coração dos nórdicos se
abrandava. E, se fosse verdade, isso apagaria os anos de descaso e desdém, com que ele tratara a esposa e os filhos? Poderia ela perdoar o pai por tudo isso? O Legislador costumava dizer-lhe que, um dia, quando compreendesse Rollo, ela
o perdoaria. Como seria bom se o ancião estivesse ali para ajudá-la a entender seus sentimentos.
— Olhe, lá está ele!
Marcelino sussurrou ao ouvido de Dul, tirando-a de suas reflexões.
— Onde? — ela correu os olhos pelos caminhos que conduziam à pedreira.
— Ali — Eddy respondeu, apontando para um ponto entre as rochas.
— Já vi. Esperamos que Alfonso nos traga boas notícias.
Marcelino e Eddy ficaram mais perto de Dul e os três acompanharam com o olhar os movimentos de Alfonso subindo a colina rochosa ao encontro deles.— Ainda não acredito que vocês esconderam de mim o que pretendiam fazer — Marcelino queixou-se, carrancudo. — Eu poderia ter ajudado a elaborar o plano e
talvez até conseguiria persuadir Uckermann a...— Esqueça Uckermann — Dul ordenou. Estava certa em não confiar no jovem. Se ele soubesse do seu plano, com toda certeza contaria a Uckermann. — Compreenda,
Marcelino, que eu tinha de guardar segredo por causa dos homens de Pablo. Eles sabem de tudo e vêem tudo o que acontece em Fair Isle.
— Eu sei. Tanto é que Derrick e Rasmus conseguiram descobrir sobre a viagem e esconderam-se no byrthing.
Dul franziu a testa. Não queria lembrar-se do que acontecera durante a tempestade.— Isso já passou. Eles estão mortos.— Se pelo menos Christian estivesse conosco...— É melhor assim. Ele tem a vida dele e nós a nossa. Além disso, não
precisamos dele.
Ah, se ela pudesse acreditar nisso. Alfonso chegou ao esconderijo e Dul fez com que ele se abaixasse do lado dela.— Christian... está lá?
Alfonso sorriu.— Está, eu o vi.
Sem querer, Dul deu um grito de alegria. Puxou o espantado Alfonso para junto do peito e deu-lhe um abraço apertado.— Graças a Deus! Oh, graças a Cristo!— Parece que ela adquiriu um pouco dos costumes cristãos do escocês, hem? —Marcelino comentou e Eddy riu.— Ei, vocês dois, querem parar com isso? — Ela afastou-se de Alfonso e deu um tapinha afetuoso na cabeça de Marcelino. — Você sabe muito bem que eu observo os costumes antigos e os novos.— Você nunca deixou Uckermann saber disso — observou Marcelino em tom levemente
acusador. Ignorando a observação, Dul voltou-se para Alfonso.— Como está meu irmão? Conte-me tudo.
As mãos dela tremiam e ela apertou o broche com tanta força que a prata fez um pequeno corte na sua palma. Ela guardou depressa o broche e fez sinal para Alfonso contar como tinha sido sua conversa com o administrador da pedreira.— Christian emagreceu bastante, mas, pelo que pude ver, está com saúde.
— É um milagre. Ele o reconheceu? Christian sabe que nós também estamos aqui?— Não. Eu o vi de relance e acho que ele não me viu.
— Onde está meu irmão? — Dul ficou de pé e olhou para os prisioneiros
trabalhando na pedreira. — Mostre-me onde ele está.
Alfonso puxou-a para baixo.
— Esconda-se. Eles podem vê-la. Além, disso, Christian não está com os outros prisioneiros. Ele foi levado para o interior do castelo.
— Será que esse administrador negocia a liberdade de Christian?
— Pode ter certeza disso — Leif afirmou. — Não é sempre que lhe oferecem uma fortuna em prata para libertar um dos prisioneiros, e, por sinal, um nórdico.
Dul não podia acreditar que eles estavam tendo tanta sorte.— Quando? Quando podemos negociar com esse homem?— Agora. Ele espera por nós dois lá embaixo.
Dul ficou de pé e começou a descer a colina para pegar os cavalos amarrados a umas árvores, onde a charneca aberta encontrava com um pequeno bosque. Marcelino foi atrás dela, nervoso.
— Deixe que eu vou com Alfonso, Marcelino. Você nos espera aqui. É muito perigoso.— Não — ela fez sinal para o rapaz se afastar e olhou para Eddy e Alfonso. — Eu vou sozinha. Os três me esperam aqui.— E eu... — Alfonso começou.— Eu já disse, vou sozinha. Se eu não voltar dentro de uma hora... — Ela parou porque não soube que orientação dar aos rapazes, caso alguma coisa lhe acontecesse.
Seu orgulho e a falta de confiança nos homens a impedira de revelar seu plano a Duarte. Reconhecia que tinha sido um erro. Mas agora era tarde demais para corrigir esse erro. Só lhe restava rezar para correr tudo bem, pois, se alguma coisa não desse certo, os rapazes não teriam a quem pedir ajuda. Ela afastou o pensamento negativo. Christian estava vivo e era isso que importava. Marcelino começou a argumentar, mas Dul ignorou-o. Andou mais depressa, entre tojos e cardos secos que rasgaram sua roupa, até as árvores onde eles tinham deixado os cavalos. Mas... onde estavam os animais? Eles deviam...— Procura alguma coisa?
Dul parou de repente. Marcelino e os outros que vinham logo atrás, também andando depressa, foram em cima dela. Aquela voz, com seu timbre profundo, peculiar, fez com que o sangue de Dul gelasse nas veias.— Por acaso é isto que você procura? — Um nórdico enorme, usando traje de
batalha, saiu do meio do mato carregando o baú com a prata de Dul.— Pablo... — ela murmurou, querendo desaparecer da frente dele.
Os três rapazes que estavam atrás dela, ficaram mudos. Veio de algum lugar, a pouca distância dali, o relincho dos cavalos inquietos e a
risada aguda, inconfundível de Derrick. Pablo sorriu. Dul sabia muito bem o que aquele sorriso significava. Um súbito calafrio deixou os cabelos de sua nuca arrepiados.
Depois de um dia exaustivo de viagem, Christopher achava-se na sala pequena, mas luxuosamente mobiliada, esperando, ansioso, que August Boyer voltasse da caçada e lhe desse as boas-vindas. No jardim, logo abaixo da janela, uma moça de cabelos loiros, trajada de
arminho e brocado, conversava e ria com as irmãs. Angelique Boyer. Sua noiva. Apoiando-se no parapeito da janela, Christopher observou-a. Realmente, era uma linda moça. Pele alva, feições delicadas, um rubor virginal nas faces, combinando com o rosa-pálido das rosas, cultivadas em estufa, que ela segurava.
A sua prometida tinha tudo que um homem poderia desejar numa noiva.
Entretanto, ele a observava sem a menor emoção. Seu olhar fixou-se nas duas alianças de prata que ele tinha nos dedos. A de Dul, por ser menor, só servira no dedo mínimo. Christopher ainda as usava, não tivera coragem de livrar-se delas.— Bom Deus, você está vivo!
Christopher virou-se depressa ao ouvir essas palavras. August Boyer estava parado à porta da sala, atônito.— Sim. Aqui estou eu — disse Christopher.— Mas... — Boyer olhou para Christopher, cauteloso, como se ainda não acreditasse que o homem à sua frente era real.— Quando vínhamos para cá o navio naufragou. — Foi o que nos contaram.— Então você está sabendo o que aconteceu com meus homens e meu...— Sim, foi uma tragédia terrível.
O rosto jovem de Diego surgiu na mente de Christopher. Seu peito contraiu-se de remorso.— Fui arrastado pelas ondas até Fa... até uma ilha, e tive a maior dificuldade
de pegar um navio que me trouxesse para casa — Christopher explicou, achando melhor não entrar em detalhes. — Só agora pude voltar.
Boyer aproximou-se dele. Sua expressão de incredulidade desapareceu. Ele parecia preocupado, tinha a testa franzida. Mas não havia nenhum sinal de alívio com a presença do noivo da filha, muito menos a raiva que Christopher esperava ver.— Quero desculpar-me pelos transtornos que certamente causei a você e sua família. O casamento devia ter sido realizado há pouco mais de duas semanas, e posso imaginar os problemas decorrentes da mudança...— Não, não se preocupe com isso — tornou Boyer, acenando com a mão, mas continuava com a testa franzida. Ele andou de um lado para o outro da sala, passando a mão pela barba, como se estivesse refletindo sobre alguma coisa muito importante.— Sua filha... — Christopher começou.— Ah, Angelique está no jardim. Mas... por enquanto não vá encontrar-se com ela.
Christopher relaxou, agradecido por esse pequeno adiamento. Não se sentia preparado para falar com a moça. Sua cabeça ainda girava por causa dos acontecimentos das últimas semanas. No fundo da sua mente ele se interrogava se devia, mesmo, casar-se para ter a aliança com os Boyer e tudo mais. Pelo sangue de Cristo, que pensamentos eram esses?
Era seu dever, seu destino. Todos os planos tinham sido feitos um mês atrás. Parecia ter-se passado uma vida inteira desde então. Sim, ele queria encontrar-se com sua noiva e selar o acordo. Se estava de acordo com tudo isso, por que seu instinto lhe dizia para abandonar aquele lugar e partir?
Christopher surpreendeu-se girando a aliança de Dul que tinha no dedo mínimo. Mais do que depressa enfiou a mão no bolso da calça. Ele sabia muito bem onde desejaria estar e não era nos braços de uma linda jovem de cabelos loiros, em um castelo, em Wick. Boyer voltou a andar, aparentemente perdido em seus pensamentos e Christopher aproveitou esse tempo para refletir sobre sua própria situação. Foi até a janela novamente, atraído pelo riso cristalino de Angelique. Como era possível não desejá-la? Talvez ela não fosse tão bonita, afinal. Se a olhasse bem, acharia defeitos nela. Ele estreitou os olhos e observou-a atentamente. Era pequena demais para seu gosto, tinha a pele muito branca e parecia excessivamente frágil. Na conseguia imaginá-la com forças e coragem para fazer uma caminhada longa, muito menos para suportar um dia todo cavalgando. E, certamente, passaria mal viajando por mar. E, mais certo ainda, Angelique Boyer jamais pegara numa arma em toda a vida. Sua aparência não era a de uma moça brilhante. De fato, o rei mencionara que ela não tinha instrução, como se isso fosse uma vantagem. E, era mais do que
certo, a delicada mocinha nada sabia sobre o tempo, o mar e as estrelas. Ele também podia jurar que ela não tinha inteligência para jogar xadrez ou qualquer outro jogo que exigisse raciocínio, concentração e astúcia.
Por que o rei William o Leão a elogiara tanto? Angelique Boyer não era nem um pouco notável. Notável.
O Legislador e ele não haviam falado sobre esse assunto? Não se lembrava
bem da conversa, mas suspeitava que o velho tentara alertá-lo sobre alguma coisa. O risinho tolo de Angelique desviou-o de suas considerações. Ele inspirou o ar gelado e decidiu o que fazer. Era o que o coração lhe ordenava. Saberia agüentar
as conseqüências. Virou-se para o chefe de clã.— Boyer, devemos falar com franqueza. Boyer foi até Christopher e ficaram ambos à janela.— Sim, e há uma coisa que você precisa saber, Uckermann. Quando recebemos a notícia de que você estava morto, fizemos outros arr...
— Por favor, Boyer, antes de você prosseguir, quero que saiba o que sinto em relação a este casamento.
— Uckermann, o que eu tenho a lhe dizer pode não ser do seu agrado, mas...
Christopher não estava prestando atenção a Boyer e continuou:
— Não quero comprometer a nossa aliança, de jeito nenhum. Mas devo dizer-lhe que mudei de...
Boyer ergueu a mão pedindo-lhe silêncio.— Não terminei, Uckermann. O que eu quero lhe dizer é que, pensamos que você estivesse morto e fizemos outro acordo.
As sobrancelhas de Christopher
arquearam-se. — O quê?
"Meu São Columba, faça com que seja verdade!"— Tinha de ser assim, Anne ama outro rapaz — disse alguém.
Os dois se voltaram para a porta ao virem a sra. Boyer, que Christopher
conhecera ao chegar. Ela entrou na sala e foi ao encontro dos dois.
— Não importa se ela ama outro ou não — disse Boyer. — Este é um acordo de negócios e...— Por piedade, August, o amor de nossa filha pelo rapaz importa, e muito. — A sra. Boyer indicou com a cabeça a filha que estava no jardim. — Olhe só para ela. Angelique está apaixonada. — Os três ficaram observando Anne, que agora estava sozinha, sentada num banco de pedra, olhando para as rosas, parecendo embevecida.
Christopher piscou algumas vezes, mas permaneceu em silêncio. Jamais imaginara que tudo se resolveria tão facilmente. Bem, ele ainda teria de falar com o rei William o Leão.
— Por favor, Victória, eu já lhe disse para não se envolver nos assuntos do clã — disse Boyer à esposa em tom severo.— Quem é esse homem? O noivo de sua filha? — Christopher indagou. Podia ser até que ele talvez tirasse algum proveito da situação.
— Esta é a parte mais surpreendente — declarou Boyer. — Tudo aconteceu tão de repente. Afinal, todos nós pensávamos que você estivesse morto. E, com toda a franqueza Uckermann, acho que este novo acordo é muito melhor em todos os
sentidos. Inclusive atende nos nossos interesses políticos. Christopher abanou a cabeça, agora inteiramente confuso.— Ora! Ele acaba de chegar — observou a sra. Boyer. O olhar de Christopher voltou-se para o jardim e seu coração parou. Um rapaz loiro apareceu no jardim, ofegante, e correu pelo caminho calçado com pedras, os braços abertos, ao encontro de Angelique. O buquê de rosas caiu das mãos dela.
— Diego! — Christopher murmurou.
De pé, no parapeito guarnecido de ameias semidestruídas do castelo, Dul tremia por causa do vento gelado e cortante. O sol no poente emprestava um colorido róseo às charnecas cobertas de neve e ao terreno irregular, cheio de escarpas, da pedreira.— Eu devia ter acabado com você quando tive a chance — disse ela, voltando-se para seu carcereiro.
Derrick riu.— Pode ser que você tenha nova chance. Pablo prometeu passá-la para mim quando estiver saciado. Entende o que eu quero dizer, prostituta? — Derrick passou o dedo imundo pelo pescoço de Dul. Ela cerrou os dentes e afastou a mão
dele com um tapa.— Chega! — Pablo ordenou, aparecendo ao alto da escada de acesso ao parapeito. Ele fez um gesto para seu comparsa. — Trate de encontrar o administrador da pedreira e pergunte se ele fez o que eu pedi.
Derrick passou correndo pelo chefe como um rato. Assim que ele começou a descer a escada, Pablo voltou sua atenção para Dul.— Está pensando em me manter prisioneira aqui? — ela perguntou, determinada a não se deixar intimidar pelo brutamontes.
Ele aproximou-se dela. Dul ergueu mais a cabeça. Tinha se esquecido de que ele era tão grande. Ela era alta, mas perto de Pablo parecia pequena. A altura dele devia exceder a dela em quase trinta centímetros e ele pesava cerca de cinqüenta quilos a mais do que ela.— Por algum tempo. — Ele sorriu. Aquele terrível sorriso. — Até que eu me canse do cenário. Ou de você.— Você já tem a minha prata, o que mais quer de mim?
Mal acabou de fazer a pergunta, Dul arrependeu-se. Pablo estendeu a mão enorme e pesada e segurou o pulso dela com força.— Já se esqueceu?
— Solte-me — Dul falou com firmeza, olhando Pablo dentro dos olhos.
— Estou magoado — ele falou com ironia. — Afinal, nós éramos noivos.
— Éramos. Não somos mais. Eu me casei.
O sorriso desapareceu dos lábios dele e ele soltou-a.— Foi o que Derrick me disse. Ele é escocês, não é?
O orgulho de Dul era maior do que seu medo e ela ergueu o queixo.
— É escocês, sim. Um chefe de clã.
— Chefe de clã? Bom. — Ele andou ao redor dela, devagar. — E onde está esse seu marido?
Um calor repentino subiu ao rosto de Dul, apesar do vento frio.
— Ele... está fora. Cuidando de seus negócios.— O quê? Ele deixou a esposa vir sozinha a um lugar como este, para trocar sua fortuna por um escravo imprestável? Você acha que sou idiota?— Meu irmão não é imprestável.Pablo riu.— Imprestável ou não, a vida dele terminará amanhã. Ao pôr-do-sol.
O sangue de Dul gelou.— E com ele irão também aqueles cães lamurientos que vieram com você de Frideray. Dul ergueu os punhos para pablo e notou a surpresa nos olhos dele.— Toque nos rapazes e eu o matarei.— Ah! O que é isto? — Os olhos cobiçosos de Pablo passaram pelo corpo de Dul, de alto a baixo. — Essas roupas de homem não a tornam um guerreiro. Está pensando em me matar? Com o quê? Com as mãos vazias?
Instintivamente Dul levou a mão à cintura, mas estava sem arma nenhuma. Pablo ergueu os ombros, rindo e, pela primeira vez, ela reparou no punho da espada que pendia do boldrié.— Esta é a espada de Christian. Devolva-a para mim! — Dul avançou em Pablo, mas ele segurou o braço dela e apertou-o.
— Exatamente. A espada do seu irmão. Um presente de Derrick. Por direito seu marido devia ficar com ela. Repito a pergunta. Onde está ele?
Pablo soltou o braço de Dul e empurrou-a contra o muro recortado de ameias.— Eu já disse, meu marido...— Ele a abandonou, não é mesmo? Derrick me contou. O escocês estava noivo de outra. Uma moça também escocesa. Assim que pôde, ele deu o fora. Trocou você por ela.
Dul ficou de pé. Estava vermelha de raiva e vergonha.— Homem esperto esse escocês.
Com um movimento ligeiro Dul avançou em Pablo querendo pegar a adaga que ele trazia no cinto, mas ele foi mais rápido. Num segundo, imobilizou-a, ergueu-a do chão e virou-a de modo que ficasse voltada para o campo de trabalho lá
embaixo.— Olhe! — ele ordenou. — Veja seu irmão pela última vez.
Dul olhou para as barracas. Trabalhadores escravos andavam dois a dois, voltando dos montes de escória para as precárias barracas. A pouca claridade do fim do dia, ela procurou pelos rostos familiares. Lá estavam Marc, Eddy e Alfonso. E
com eles...— Christian! — ela gritou, mas Pablo cobriu-lhe a boca com a mão enorme e suja. Houve uma agitação entre os trabalhadores e ela lutou para ver o que era, mas Pablo puxou-a para trás. Furiosa, Dul mordeu a mão dele.— Pare com isso! — ele gritou e colocou-a de pé. — Lá está, pode ver seu irmão. Será a última vez mesmo.
Inclinando-se sobre a ameia, trêmula, Dul começou a gritar o nome do irmão. Inúmeros guardas acabaram com o tumulto e os escravos foram entrando submissos nas barracas. Um deles parou antes de desaparecer com os outros no interior da sua barraca e acenou para Dul.
— Christian — ela murmurou, emocionada, acenando também para ele. Mas ele foi empurrado para dentro da barraca com os outros.
— Viu seu irmão? — Pablo indagou. — Cometi com seu irmão o mesmo erro que você cometeu com Derrick. Não o matei quando tive a chance.
Dul encarou-o fervendo de ódio.
— Você quer dizer quando o seqüestrou.— Exatamente. Mas pensei um pouco e achei que uma longa permanência neste inferno faria bem ao rapaz. Ele foi sempre tão covarde e poltrão.— Christian era o seu chefe. O senhor de toda a ilha.— Seu irmão era um fraco. Mole demais. Não servia como líder do nosso povo. Eu fiz o que tinha de ser feito e não me arrependo disso. Só lamento não ter visto o Legislador morrer.
Dul ficou olhando para o brutamontes, incrédula, perguntando a si mesma quando o temor que sentia de Pablo tinha mudado para ódio e, finalmente, pena. O poder que no passado ele exercia sobre ela desaparecera, no entanto, ele
continuava o mesmo homem egoísta e ignorante. Ela, sim, mudara bastante. Não podia negar que seu amor por Uckermann tornara-a uma outra mulher. Pablo percebera essa transformação, e a clara mistura de desconfiança com dúvida que podia ver nos olhos escuros, estimulou-lhe a coragem. — Você não pode mais me atingir, não importa o que faça comigo.
A luz melancólica do crepúsculo, Pablo sorriu. Aquele sorriso ele reservava apenas para Dul.— Oh, não? — ele murmurou, diminuindo ainda mais a distância que havia entre eles.
Antes de seguir Pablo para o quarto improvisado, Dul pensou em Uckermann. Christopher. Graças a Deus ele estava salvo em Wick.
Ela arrependeu-se de dezenas de coisas, só não lamentava tê-lo mandado embora. Se Uckermann os tivesse acompanhado, a esta hora estaria morto. Ou talvez lhe fosse reservado um destino pior do que a morte. Reunindo suas forças, Dul foi para o quarto com Pablo.
Christopher mal tocou na comida que estava na bandeja de madeira, a qual partilhava com o irmão. Não sentia fome.Velas de cera de abelhas, da melhor qualidade, já se extinguiam no salão e seus anfitriões, os Boyer, pareciam ansiosos para se recolher.
— Mais cerveja? — ofereceu August Boyer do seu lugar à cabeceira da mesa.— Não, obrigado. Prefiro hidromel — Christopher respondeu distraidamente.— Hidromel? — Diego encarou o irmão, muito surpreso, segurando a faca com um bom naco de carne, que ia levar à boca. — Você sempre detestou hidromel.— Eu sei. — Ele ergueu os ombros, não querendo falar sobre o assunto.
Angelique estava sentada entre os pais, nada à vontade. Era evidente que o milagroso retorno do noivo do mundo dos mortos não era motivo para ela alegrar-se. Durante a tarde, August Boyer mais do que depressa aceitara a sugestão de Christopher de adiarem a conversa sobre o casamento para o dia seguinte.
Ansioso para não tocar mais naquele assunto, Christopher voltou-se para
Diego e pediu-lhe para contar mais uma vez como conseguira salvar-se do naufrágio.— Como eu lhe disse, tive uma sorte incrível — começou o rapaz com naturalidade, enquanto comia pedaços de pão e de carneiro assado. — Fui salvo por uma fragata que passava, vinda das ilhas Shetland, com destino a Wick.— Foi um milagre — Christopher balançou a cabeça. Ainda achava difícil acreditar que o querido irmão estava vivo. Passou os dedos pelos cabelos loiros de Diego, desarrumando-os, dando vazão a um pouquinho da felicidade que sentia.
— É de admirar que o rapaz não tenha morrido congelado — observou Boyer.— Faltou bem pouco. Quando me ergueram para bordo eu estava congelado como um pingente de gelo. Lágrimas embaçaram os olhos de Christopher e ele afastou-as com as costas da mão.— Preciso de um pouco de ar — disse, levantando-se.— Eu também — tornou Diego, guardando a faca na bainha. Inclinando-se,
sussurrou: — Há coisas que preciso lhe contar sem que nos ouçam.
— Boa noite. Até amanhã — despediu-se Boyer e sua esposa acenou para os
dois com a cabeça.
Quando Christopher ia saindo, notou o desespero no rosto de Angelique ao olhar para Diego. O rapaz também entristeceu e baixou a cabeça. Essa troca de olhares e a reação dos dois enamorados não passou despercebida aos pais da moça.— Vamos — Christopher colocou a mão no ombro do irmão. — Também tenho muito
o que lhe dizer.
Poucos minutos depois eles estavam no jardim onde Christopher vira sua noiva com o homem por quem estava apaixonada: seu irmão mais moço.
Diego segurou no braço dele.
— Posso jurar, Christopher, que, se eu soubesse... A princípio eu não pensei em cortejar Angelique. Mesmo porque passei alguns dias delirando depois do naufrágio.— Sim, rapaz, eu sei disso. — Os dois sentaram-se num banco de pedra.— Os Boyer cuidaram de mim com carinho. A própria Angelique ficou do lado da minha cama até eu ficar bom. Quando eles me contaram que ninguém sobrevivera ao naufrágio, eu... — Calma. Calma. Tudo terminou. Nós dois estamos vivos e bem de saúde.— Sim, mas...
A voz de Diego ficou embargada e Christopher abraçou-o. Ambos choraram como se fossem crianças.
— Perdoe-me — Diego sussurrou.
— Ora, pare com isso. É você quem deve me perdoar. — Os dois se separaram. Diego franziu a testa.
— Perdoá-lo? Por quê?— Por não salvá-lo do mar.
Acabando de dizer isso, Christopher sentiu um grande alívio. Esperava não sentir mais a culpa que o atormentara naquelas semanas. Agora talvez conseguisse ter descanso.
Eles se olharam por algum tempo, em silêncio, emocionados.— Nada podia ser feito — Diego falou pouco depois. — Vi quando as cordas o atingiram. Mas... eu nunca imaginei que você soubesse nadar.
Christopher arregalou os olhos.
— Até eu me surpreendi, pois nunca tinha nadado antes. Mas nadei. O instinto de sobrevivência me fez aprender a nadar sozinho.
Ele lembrou-se do modo como tinha se atirado na água e salvara Dul do mar. Diego começou a rir e isso encheu, o coração de Christopher de alegria. Ele também desatou a rir com o irmão.— Que bela dupla de marinheiros nós somos, hem? — Então você me perdoa, não, mano? — Christopher indagou, sabendo que já estava absolvido.— É claro, seu tolo. Estamos aqui, não estamos?— Sim, estamos, mas quando tivermos de viajar novamente será a cavalo.
— E quanto ao clã? Há algumas semanas mandei notícias para casa, contando sobre o naufrágio. Mas, essa idéia do meu casamento com Angelique foi apresentada
pelos anciãos. Os Boyer concordaram com ela, claro. Mas o rei ainda não foi avisado. E, com a sua chegada... Bem, o que eu quero dizer é que saio do caminho...— Sossegue, rapaz. Respire um pouco. — Christopher passou o braço pelos ombros do irmão. — Então os anciãos acharam que o seu casamento com Angelique seria uma
boa idéia?— Sim. Como eu disse, a sugestão foi deles e Boyer a aprovou.
Diego encarou o irmão, nervoso. Mas Christopher sorriu.— E, pelo que eu vi esta tarde, aqui neste mesmo jardim, a jovem lady também está muito contente com a idéia do casamento.
A claridade da lua era pouca e Christopher não podia ver muito bem, mas sabia que Diego tinha ficado vermelho.— Bem... se você quer saber... Angelique não precisou pensar muito. Aceitou a idéia
em menos de uma semana.— Nem uma semana? Vocês não quiseram deixar a oportunidade escapar, hem?
Posso imaginar que você a conquistou desde o primeiro dia em que a viu.
— É verdade. Nós nos sentimos atraídos um pelo outro logo que nos
conhecemos.
Christopher assentiu com a cabeça, satisfeito.— Sendo assim, está tudo arranjado. Eu saio do caminho e você terá a sua linda noiva de cabelos loiros.— Mas, e o rei? O que...— Deixe William por minha conta. Eu me entendo bem com ele, mas este é um
assunto que deve ser tratado pessoalmente. Uma carta não seria suficiente.
Era visível o alívio de Diego.— Oh, Christopher, você não pode imaginar o que passei nestas últimas horas.
— Posso, mano. — Distraidamente Christopher girou a aliança de Dul que trazia no dedo mínimo. O brilho do aro de prata chamou a atenção de Diego e ele franziu a testa, confuso. Mais do que depressa, Christopher enfiou a mão no bolso. Tarde demais. — Esses dois anéis iguais, o que são? — Diego indicou as duas alianças na mão de Christopher.— Não são nada. Eu os achei.
Diego não se convenceu. Levantou-se do banco sorrindo e exclamou:
— Você se casou! É isso, claro!
Christopher levantou-se e seguiu pelo caminhou calçado de pedras, na direção da casa. Diego seguiu-o. — Quem é ela? — perguntou, indo para a frente do irmão, obrigando-o a parar. — Conte-me quem é ela, Christopher. É escocesa? Onde você a conheceu?
— Não, não é escocesa. Na verdade é uma viking. Uma nórdica. Pronto, eu lhe contei. Está feliz agora?
O rapaz deu um grito de alegria capaz de acordar todos os que estavam no
castelo.— Uma mulher viking! Ela é bonita? Sabe lutar? Ouvi dizer que as mulheres vikings são corajosas e muito altas.— Sim, ela é alta e corajosa. Muito corajosa. Também é bonita, mas de um modo diferente. Você não entenderia.
Ele mesmo não entendia, Christopher pensou. Prometera a si mesmo tirar Dul da mente, pelo menos por essa noite, mas agora havia na sua cabeça um torvelinho de pensamentos, todos em Dul. — Você está apaixonado! — Diego exclamou. — Fique quieto! — Christopher cobriu a boca do rapaz com a mão, mas ele empurrou-a.
— Está, sim, não está? Você ama a mulher viking.— O nome dela é Dul. Ela é minha esposa. E eu a amo, sim.
As palavras pareciam permanecer no ar, soando nos seus ouvidos. Ele mal podia acreditar no que acabara de dizer. Sentiu-se impelido a declarar novamente:
— Eu a amo.
Pronto. Dissera o que sentia. Amava Dul de verdade. Sempre a amara. Desde o instante em que a vira na praia curvada sobre ele. Desde que a ouvira pronunciar as primeiras palavras. Ele é perfeito. Não, ela estava enganada. Perfeita era ela. E ele a abandonara. Como um tolo a deixara sozinha numa terra estranha com apenas rapazes inexperientes para
protegê-la. — O que fui capaz de fazer? — murmurou. Diego não o ouviu. Estava entretido contando um fato que ouvira naquela mesma tarde, durante a caçada. Christopher prestou atenção ao ouvir uma frase.
— ...essa mulher tola ofereceu uma fortuna em moedas de prata pelo
prisioneiro, mas...— O quê? — Ele agarrou a gola do casaco de peles do irmão. — O que você disse? Que mulher é essa? O que lhe contaram sobre ela e essa fortuna?— Calma! Se quiser ouvir, conto-lhe toda a história. — Diego livrou-se da mão dele. — Hoje, durante a caçada encontramos um dos homens do clã de Boyer que tinha chegado da pedreira de Dunnet Head. Dunnet Head! Pegando no braço do irmão, Christopher puxou-o de volta ao banco.— Vamos, ele mencionou o nome dessa mulher? Disse quem era ela?— O que...— Diga logo!
Diego olhou para Christopher como se achasse que o irmão estava louco.
— Não sei. O homem contou que a mulher apareceu na pedreira com um baú cheio de moedas de prata para comprar a liberdade de um dos escravos. Irmão dela.Irmão dela.
— Christia, filho de Rollo. Foi esse o nome que você ouviu?— Sim, foi esse mesmo. Mas, como você sabe disso?
Christopher sentiu o peito apertar-se de ansiedade.— E a mulher... o que aconteceu a ela? Conseguiu fazer o negócio? Libertou o irmão?
Uma centena de pequenos mistérios e indagações que o havia atormentado durante semanas, subitamente fizeram sentido.— Não. O dinheiro dela foi roubado por um sujeito viking. Era o dote dela, ao que parece, e o tal viking era o noivo da mulher.
O coração de Christopher parou pela segunda vez nesse dia.
— Você pode imaginar uma coisa dessas?
Ele podia, e estremeceu de horror e repulsa.— Ela e os rapazes que a acompanhavam ficaram presos, como escravos.
— O quê? Ela está trabalhando na pedreira?— Ela, não. Só os rapazes. Ela é... Qual foi mesmo a expressão que o homem de Boyer usou? — Diego ficou pensativo. — Agora me lembro. É um costume viking...— O que o maldito viking fez com ela? Diga logo. — Christopher segurou o irmão e
sacudiu-o, parecendo fora de si. Diante da atitude do irmão, Diego adivinhou quem era a mulher a quem ele se referia. Respondeu, hesitante:
— O homem do clã de Boyer disse que... lá na pedreira... eles comentavam que o viking mantém a mulher prisioneira... como sua escrava... de cama.
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Fofuríneas!
Que maravilha! O Christopher conseguiu se livrar da antiga noiva, mas será que ele vai querer salvar a Dulce!?
Se vcs comentarem, daqui a pouco eu posto mais!
Comente e Favoritem!
Besos y Besos Lindezas!!!😘😘😘
Autor(a): Srta.Talia
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Christopher nunca se perdoaria por ter deixado Dul sozinha. Ele bateu no lombo do alazão e o animal entrou no estábulo de Duarte. O velho estava no pátio e olhou para o recém-chegado, boquiaberto. - O que houve rapaz? Você não me parece bem do juízo. O que... - Não temos muito tempo! - Christopher quase arrastou Duarte p ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 34
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karla08 Postado em 09/11/2017 - 17:52:52
Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
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dalziane Postado em 03/11/2017 - 23:05:16
Poxa vc nao vai posta mas o final?
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heloisamelo Postado em 02/11/2017 - 12:00:38
Capítulo 13 ta errado....
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dalziane Postado em 30/10/2017 - 10:53:45
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dalziane Postado em 30/10/2017 - 10:51:15
Continua
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dalziane Postado em 29/10/2017 - 19:13:33
Posta+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
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dalziane Postado em 29/10/2017 - 14:23:20
Continua
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dalziane Postado em 29/10/2017 - 14:22:54
😄😄😄😄😄😄&a mp;#128516;😄😄😄😄😄& ;#128516;😄😄😄😄😄&# 128516;😄😄😄
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dalziane Postado em 29/10/2017 - 14:22:20
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dalziane Postado em 29/10/2017 - 14:19:24
Continua