Fanfics Brasil - #CAPÍTULO V# A Deusa Do Gelo - Adaptada Vondy(Finalizada)

Fanfic: A Deusa Do Gelo - Adaptada Vondy(Finalizada) | Tema: Dulce María, Christopher Von Uckermann, Vondy, Romance e Época


Capítulo: #CAPÍTULO V#

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Os homens eram todos iguais. Dul voltou para a cama, sentou-se com as pernas cruzadas sob o corpo, e esperou. E esperou. Durante muito tempo, Uckermann continuou de pé, de costas para ela, com a coberta de peles enrolada na cintura, aquecendo-se diante do fogo de turfa seca que brilhava na lareira. O momento que ela tanto temera, tinha chegado, afinal. E agora que se encontrava sozinha com o marido, estava ansiosa para acabar logo com aquilo. — O que você está fazendo? — perguntou timidamente, não lhe ocorrendo coisa melhor para dizer. — Estou tentando clarear a minha mente. O comportamento dele surpreendeu-a. Pablo não teria se preocupado em ficar sóbrio para possuí-la. Na verdade, aquele bruto sempre estava completamente embriagado quando a forçava a deitar-se com ele. — Talvez seja melhor para você... não estar com a mente muito clara... para fazer o que tem de ser feito. Uckermann virou-se e encarou-a. Pela expressão dele, Dul percebeu que ele tinha achado a observação dela muito estranha. Os dois se olharam dentro dos olhos e Uckermann deixou cair a colcha de peles que o cobria. Pelo sangue de Thor! Uckermann não se parecia em nada com Pablo. Um repentino calor subiu ao rosto de Dul quando o escocês livrou-se das perneiras e jogou-as para o lado. Os olhos dele passaram pelo corpo dela, de alto a baixo, e ela aguardou o que viria a seguir. Ele aproximou-se da cama e, à luz do fogo, e, pela segunda vez desde que o conhecera, tinha consciência de seu tamanho e sua força. Emanava dele uma masculinidade selvagem, quase animal, que a alarmou. O Legislador estava certo. Ela subestimara o escocês. Dul sentou-se para receber o marido, mantendo os punhos cerrados junto do corpo. Não podia demonstrar que sentia medo. Nunca daria tal satisfação ao escocês. Jamais. Que ele se deitasse logo com ela e estaria tudo terminado. Seu pulso bateu acelerado quando ele sentou-se na cama do lado dela. — Faça o que tem de fazer — ela ordenou. — Faça já. Uckermann fixou os olhos nela e observou-a atentamente. Por que ele hesitava? Pelo sangue de Thor, por que não fazia logo o que tinha de fazer? De repente a expressão de Uckermann suavizou-se. — Nunca na minha vida me deitei com uma mulher contra a vontade dela. E não vou forçá-la a consumar o casamento, se não é isso que você quer. Dul teve a sensação de que o coração tinha parado de bater.
Estava preparada para ouvir qualquer coisa do escocês, menos aquilo. — Mas... é preciso... nós... estamos casados — ela gaguejou. — Não, garota. Você não me quer e... bem... — Uckermann encolheu os ombros. Uckermann não a queria. Era isso! Essa constatação doeu em Dul mais do que qualquer tapa ou golpe que já recebera de Pablo. Seu estômago contraiu-se. Ela sempre soubera que não era desejada pelo escocês. Então, por que se sentia tão ferida por ter sido rejeitada? Devia estar aliviada, feliz, mas não estava. Uma idéia lhe ocorreu e ela argumentou: — O meu desejo por você ou o seu por mim, não tem importância. O que importa é a lei. Você ouviu os anciãos: se o casamento não for consumado, não terá valor legal e não receberei meu dote. — Esse dinheiro é tão importante para você, que está disposta a perder sua virgindade com um homem que não suporta? Um homem que vai partir e você nunca mais irá ver? Dul fechou os olhos, como se assim pudesse expulsar as lembranças que lhe assaltavam a mente. Não precisava esconder de Uckermann a dura verdade sobre ela, uma vez que logo ele iria descobri-la por si mesmo. — Não sou uma donzela — revelou. — Portanto, não vou perder a virgindade. Seguiu-se um silêncio constrangedor. Angustiante. Dul sentiu as faces queimando. Finalmente, Uckermann  sugeriu: — Podemos dizer que o casamento foi consumado e ninguém poderá provar o contrário. Os olhos de Dul abriram-se, cheios de surpresa. Ou frustração? Realmente, Uckermann não a queria. O escocês a rejeitava. Por pouco ela não riu. O fato de ela ter pertencido a outro não deteria Pablo. O ódio dele lhe estimulava a luxúria e, para saciar seu apetite, ele a carregava para a cama, não como amante, mas como inimigo. Realmente, ela não entendia o escocês. — O Legislador sabe de tudo — Dul alegou. — Ele perceberá que estamos mentindo. — É. Acho que nada passa despercebido aos olhos dele — Uckermann concordou, rindo. Dul também sorriu, sentindo-se mais descontraída. Afinal, o escocês não era assustador como imaginara. Ela precisava da cooperação dele e iria consegui-la. Perguntou suavemente: — E então? Você concorda em consumar o casamento, para torná-lo legal? — Sim, o casamento será consumado — Uckermann respondeu e deslizou a mão para segurar a de Dul. O contato da mão quente na sua assustou-a e ela puxou-a depressa. Inspirou fundo para criar coragem e tirou, por cima da cabeça, a combinação, a única peça de roupa que a cobria.
Uckermann inspirou fundo. — Não oferecerei resistência — ela prometeu. — Pode agir como quiser. Por longo tempo Uckermann ficou sentado, olhando para o corpo nu de Dul, iluminado apenas pela tênue claridade do fogo. Ela, ao contrário, manteve a cabeça virada para o lado oposto ao dele, visivelmente apreensiva. Por fim, a curiosidade foi mais forte e ela olhou para o escocês. O cabelos dele brilhavam como ouro à luz do fogo, mas a face estava sombreada. O olhar dela foi baixando, percorreu o peito largo e musculoso que subia e descia conforme ele inspirava e expirava. Seu corpo era firme, levemente coberto de pêlos loiros como se o sol os beijasse. A respiração de Dul tornou-se mais rápida. Seu olhar e o de Uckermann  se encontraram e o que ela entreviu nos dele, provocou um tumulto em seu interior. Desejo. Não. Não podia ser. Nem bem teve consciência disso, sentiu a mão de Uckermann passando por sua coxa e estremeceu. — Eu não a machucarei — ele murmurou e aproximou-se mais de Dul. Como acreditar nele? Mas ele já se curvara sobre ela, deixando-a tensa. — O... o que você vai fazer? — indagou com voz trêmula. — Apenas isto — ele respondeu e seus lábios cobriram os dela no mais suave dos beijos. Dul teve a impressão de que o mundo fugira dos seus pés e ela flutuava como uma pluma ao sabor daquele beijo, o hálito dele, morno e doce, a língua macia e agradável tocando na dela. O que estava acontecendo? — Dul, me abrace — ele pediu, seus lábios a pouca distância dos dela. Ela obedeceu-o automaticamente e o beijo dele tornou-se mais intenso. Ele posicionou-se sobre ela, seu peso e sua solidez transmitiram a ela um grande bem-estar, não se comparava com o corpo sufocante e volumoso de Pablo. Os lábios de Uckermann moviam-se sobre sua pele despertando nela uma sensação vertiginosa que ela não compreendia. — Toque-me também — ele sussurrou ao ouvido dela. Não era uma ordem, mas um pedido tão doce que ela não teve como negá-lo. Acariciou as costas dele, as nádegas, movida pelo desejo que também estava sentindo. Uckermann gemeu de prazer, fazendo-a intensificar as carícias. Também respondeu ao beijo dele com tal impetuosidade que chegou a escandalizar-se. E quando ele moveu-se sobre ela, enterrou as unhas nas costas dele. — Ucker... — murmurou, erguendo mais os quadris para ajustar-se aos dele. — Quer me chamar de Christopher? Pelo sangue de Thor! O que ela estava fazendo? O corpo dela contraiu-se sob o de Uckermann. Sim, aceitava submeter-se ao marido, mas jamais podia sucumbir ao desejo, entregar-se daquela forma. Oh, tinha ouvido falar de homens como esse escocês, mas não acreditara no que lhe tinham dito. Eles sabiam usar palavras doces, e mostravam-se carinhosos, mas podiam ser mais perigosos e mais dominadores do que um bruto como Pablo. Dul tentou empurrar Uckermann para tirá-lo de cima dela, mas sentiu os lábios mornos cobrindo um de seus mamilos. Quando ele começou a sugá-los todos os seus pensamentos, bem como a sua determinação de obrigá-lo a parar, desapareceram, e todo seu corpo vibrou tomado de uma emoção nunca experimentada antes. Ela sentiu-se úmida, quente e palpitante de desejo. — Christopher... — sussurrou, involuntariamente. Erguendo os braços, agarrou os cabelos dele, contorceu o corpo e gemeu. Com os joelhos, ele separou as pernas dela e, com um movimento rápido acomodou-se entre suas coxas. Pelo tamanho e vigor do membro viril, ela soube que o inevitável viria, afinal. Ele estava pronto e ela também. Mas não foi a extremidade suave como fina seda do órgão masculino que a roçou, e sim, a mão dele, os dedos longos movendo-se ao redor e no centro de sua feminilidade, como se tocassem um raro instrumento. — Não! — ela reagiu, com medo da própria excitação. — Sim — ele a contradisse, seus lábios encostados nos dela, e continuou a beijá-la. Foi um beijo ardente, possessivo, sua língua buscando a dela e lhe explorando a boca. Nada na experiência que tivera com Pablo a deixara preparada para Uckermann. Para aquele desejo premente que crescia dentro dela, centrado no ponto onde os dedos mágicos de Uckermann harpejavam, arrancando dos lábios dela suspiros e gemidos. O coração de Dul batia descompassado, os membros fremiam sob o corpo másculo e, quando ela sentiu que iria morrer de prazer, Uckermann separou bem as pernas dela com as próprias coxas e penetrou-a com ímpeto. Ela inspirou com ruído, sentindo um estremecimento, uma espécie de vertigem, que a fez se esquecer de tudo. Tinha consciência apenas de Uckermann, do cheiro dele, da sua força, do seu corpo quente, molhado de suor e... oh, do membro intumescido dentro dela movimentando-se, fazendo-a delirar. Ele deu um grito rouco, ergueu os quadris penetrou-a mais fundo. Desta vez, foi como se ela tivesse sido levada às alturas por uma onda de crista brilhante e experimentasse um êxtase incapaz de ser descrito com palavras. Naquele momento Uckermann também encontrou o próprio prazer. Os dois continuaram na mesma posição, abraçados, por mais um instante. A mente de Dul ainda estava nebulosa, mas uma coisa era clara para ela. Com Uckermann não se sentira submissa, usada, muito menos humilhada. Ele a fizera sentir-se mulher, companheira, amante. Com ele descobrira, sem falso pudor, que tinha poder. Que possuía uma força interior que a tornava capaz de dar prazer a um homem e também sentir prazer com ele.
Uckermann puxou a coberta de peles sobre a mulher adormecida do seu lado. Sua esposa. Recostando-se no travesseiro, ficou por algum tempo refletindo sobre o que tinha acontecido. O fogo na lareira estava quase se extinguindo e naquela luz tênue, ele olhou para Dul, filha de Fritha. Agora a compreendia melhor. Sua ingenuidade deixara-o perplexo. Tinha declarado com naturalidade que não era virgem. Mas tudo nela era tão inocente. Seu beijo não tinha nenhum artifício. Quando eles fizeram amor ela aceitara os arroubos apaixonados dele e respondera aos mesmos com naturalidade. Ele constatara que, tanto na cama como em outras questões que ele tivera a chance de tratar com ela, Dul provara ser uma pessoa sincera, aberta, franca e objetiva. Ela não se parecia em nada com as mulheres que ele conhecia na sua terra. Não devia desejá-la, uma vez que, para ele, aquele casamento não era válido, e também porque iria deixar Fair Isle para sempre. No entanto, a desejava. Mesmo agora, seu desejo por ela ressurgia mais forte do que antes. Não era possível. Isso estava acontecendo por causa da bebida. Só podia ser. Que outra razão haveria para esse apetite irracional? Já se deitara com dezenas de mulheres, mas nunca sentira anseio igual ao que no momento o consumia. Sabia que se tocasse em Dul, ainda que para uma simples carícia, ela acordaria e seu comportamento seria igual ao de poucas horas atrás, quando ele a tocara pela primeira vez. Ela iria olhar para ele admirada, como se o gesto dele tivesse sido algo extraordinário. Como se ela nunca tivesse feito amor com um homem. Subitamente Christopherlembrou-se das palavras de Derrick. A moça alta pertence a Pablo.
Agora entendia o que elas significavam. Dul era amante do chefe daquele povo. Que tipo de homem era esse tal Pablo para nunca ter proporcionado prazer a ela? Sim, porque era evidente que nessa noite ela experimentara prazer pela primeira vez. O olhar de Christopher  fixou-se na cicatriz que Dul tinha na garganta e ele lembrou-se do pânico impresso nos olhos dela quando ele a beijara. O que tinha esse Pablo para evocar tanto pavor numa mulher que era normalmente corajosa e destemida? Os braceletes. Christopher tentara retirá-los dos braços de Dul  antes de ela adormecer, mas
vira-a em pânico novamente e não insistira. Agora um dos braços bronzeados estava meio flexionado sobre o travesseiro. Com muito cuidado, Christopher soltou o fecho do bracelete e ficou imóvel, observando a mulher adormecida. Ela suspirou como se estivesse sonhando e virou-se para o lado. Com o movimento o bracelete rolou do travesseiro para a cama e Christopher ficou gelado. — Doce Jesus! — murmurou, segurando o pulso de Dul. No lugar coberto pelo bracelete havia uma cicatriz horrível. Certamente feita por Pablo. E ele a tinha marcado mais de uma vez. Que tipo de monstro era esse chefe? Delicadamente, Christopher ergueu o braço de Dul, beijou a cicatriz arroxeada e colocou o bracelete sobre o baú, do lado da cama. A raiva e a revolta que sentia eram inexprimíveis. Cristão ou pagão que violentava uma mulher dessa forma merecia morrer de maneira lenta e dolorosa. Christopher desejou que o bastardo estivesse diante dele naquele momento para ensinar-lhe uma lição... Mas o que havia de errado com ele? O que ele tinha a ver com o povo daquela ilha? O que acontecia ali não era da sua conta. Ele tinha sua noiva na Escócia e ela, ao contrário de Dul, era tudo o que uma mulher devia ser. Assim lhe prometera o rei. Christopher reagiu. Devia esquecer a mulher viking. O que acontecera entre eles dois nessa noite tinha sido resultado do excesso de bebida, nada mais. Ele nem mesmo pretendia consumar o casamento. Isto é, a princípio não quisera deitar-se com ela. Mas ela insistira. O que ele poderia fazer? Afinal, ele era um homem, não um monge. Levantando-se da cama, ele procurou suas roupas no quarto agora quase escuro. Ah, aqueles bastardos as tinham levado embora. Que beleza. Teria de passar a noite ali, mas por nada no mundo tocaria em Dul novamente. Um arrepio percorreu-lhe a espinha. Com o fogo apagado a casa estava fria como um túmulo. Ele entrou debaixo das peles que serviam de coberta e ficou de costas para Dul, mas tão afastado dela que corria o risco de cair da cama. Distraiu-se pensando que no dia seguinte eles viajariam para a casa do pai de Dul, ela receberia o dote e em breve ele estaria de volta à pátria. Adormeceu em seguida, mas teve um pesadelo no qual serpentes se banhavam na taça nupcial cheia de hidromel.
Dul acordou de madrugada e vestiu as roupas de uso diário que no dia anterior tivera o cuidado de esconder debaixo da cama. Uckermann tinha ido embora, mas o cheiro dele estava impregnado na sua pele. Ela pretendia tomar um banho rápido antes do desjejum. Era sábado e o fogo devia estar aceso na casa de banhos, as tinas cheias, e na sauna o vapor úmido cheirava a ervas. A pele de foca pendurada na janela balançava com o vento. Dul afastou-a e recebeu uma rajada de neve com granizo. Um arrepio percorreu-lhe a espinha. Ela vestiu o casaco, as botas e olhou ao redor do quarto. A cama desarrumada parecia olhar para ela de modo acusador — Bem que você gostou — disse para si mesma. Não, não tinha gostado. Não podia ter gostado. Que horrível. Mas fora... Maravilhoso! Ela o desejara e ele não escondera que também a queria. Dul meneou a cabeça impetuosamente e fechou bem o casaco. O que acontecera nessa noite não iria se repetir. Nunca mais. Puxando o trinco da porta, ela rumou sob a neve para a casa de banhos. Pelo sangue de Thor, qual a razão daquela nevasca? Com um mau tempo desses eles não poderiam fazer a viagem. O pátio estava deserto. Todos deviam estar dentro de casa. O banho teria de esperar. Dul correu para a casa comunitária onde fazia as refeições e assim que entrou no grande cômodo, ouviu a voz familiar do Legislador: — Ah, você chegou. Antes de ir até ele, Dul bateu as botas para tirar o excesso de neve. — Venha, tome o desjejum — o velho acrescentou. — Seu marido a espera. Marido. As palavras do ancião fizeram com que ela se contraísse, mas sabia que não tinha como fugir de Uckermann. Olhou para ele, sentado no banco, junto do Legislador. A bandeja estava cheia na frente deles, indicando que não tinham começado a comer. Uckermann não lhe dirigiu nem sequer um olhar quando ela atravessou o salão e se aproximou da mesa, sentando-se na frente dele. Ótimo. Ela não tinha nada para lhe dizer e estava contente com aquele desinteresse da parte dele. O que eles tinham feito durante a noite, ou melhor dizendo, o que ele tinha feito com ela, não significara nada. Para ela não devia mesmo significar. E, pela expressão fria de Uckermann, também não representara coisa nenhuma para ele. Antes assim. O importante era que o casamento fora consumado e ela poderia ir adiante com seu plano. Sitryg trouxe para a mesa uma jarra de hidromel e dois daqueles corriqueiros copos feitos de chifre. — Não. — Uckermann indicou com a mão que levasse a bebida embora. — Nada de hidromel, ainda mais a esta hora da manhã. — Deve tomar — Sitryg insistiu. — Os recém-casados tomam juntos o hidromel todos os dias até a nova lua. É a tradição. Uckermann fez uma carranca para a anciã e ficou contente ao receber o apoio de Dul.
— Não queremos o hidromel. Leve-o de volta para a taberna. — Mas é a lua-de-mel de vocês — a mulher argumentou. Dul dirigiu a ela um olhar severo e empurrou a jarra. — Vá, Sitryg — ordenou. Sitryg hesitou por um instante, depois afastou-se. — Que nevasca — Dul observou, mudando de assunto. — Será que devemos nos arriscar a fazer a viagem? — Você sabe tão bem quanto eu que não — o Legislador respondeu. — Por que não? — Uckermann questionou. O Legislador franziu ainda mais a testa naturalmente enrugada. — O que há? Você quer repetir sua última experiiência, saindo de navio com um tempo destes? Não bastou perder seu irmão? Uckermann rangeu os dentes e, atrás de sua expressao estóica, Dul viu que ele sofria. Compaixão não era um sentimento que nutria. Compaixão gerava fraqueza. Contudo, uma estranha onda de empatia abriu uma brecha no seu coração disciplinado. Ela afastou a emoção e ficou em silêncio, considerando se haveria possibilidade de eles saírem para o mar com aquele mau tempo. Estava tão ansiosa ou mais do que Uckermann para deixar Fair Isle. Cada dia de espera representava mais um dia de escravidão para Christian. E ficava mais próximo o dia da volta de Pablo. — O perigo é o vento, não a neve — expôs o Legislador. Dul reconheceu que o ancião tinha toda razão. O vento destruiria o byrthing antes mesmo de eles perderem a ilha de vista. Uckermann esfregou a barba fulva, meio crescida, ao redor do queixo. Dul lembrouse que sentira o contato daquela barba na sua pele e estremeceu. — Quanto tempo devemos esperar? — ele perguntou. O Legislador encolheu os ombros. — Quem pode dizer? Dul ouviu Uckermann murmurar alguma coisa que ela não entendeu. Mas, a julgar pela expressão dele, achou que só podia ser uma imprecação ou uma blasfêmia que os cristãos proferiam nos momentos de raiva. O fato é que ela ficara curiosa e na primeira oportunidade iria perguntar-lhe o que ele tinha dito e o que significava. Continuou a observá-lo e umedeceu os lábios distraidamente, lembrando-se das horas que tinham passados juntos, na cama. Ele a desejara. Talvez não a quisesse a princípio e também não a desejava agora, mas na noite anterior ela vira o fogo da paixão nos olhos dele e sentira o ardor dos seus beijos. Uckermann, que ficara por um instante com o olhar vago, virou-se e surpreendeu Dul observando-o. Apesar do constrangimento, ela manteve-se firme, sem desviar o olhar. O que esperava ver naqueles olhos frios como aço? Amor? Que tolice. Os homens não amavam, eles comandavam. Oprimiam. Ela era esperta o suficiente para saber disso. E também sabia, talvez muito bem, a vencê-los naquele jogo. Dul desviou o olhar e pegou um pouco da comida que estava na bandeja. — E o que faremos agora? — perguntou ao Legislador. Ele pigarreou. — Bem, acho que seu marido... Dul lançou-lhe um olhar mais gelado do que a nevasca. — O que eu queria dizer é que Uckermann tem uma coisa para você. — O que é? — ela indagou, a testa franzida. Uckermann ficou meio confuso por um instante, depois seu rosto iluminou-se. — Ah, sim. Aqui está. — Ele tirou um objeto da pequena bolsa presa à cintura e colocou-o na mesa, na frente de Dul. — É o seu... morgen gifu. Creio que é assim que se diz. Seu presente da primeira manhã de casada. "Presente da primeira manhã de casada? Como ele tem coragem?", ela pensou, ficando vermelha. — Eu... não quero presente nenhum. — Faça como quiser. Eu só estava seguindo as instruções que me foram dadas. — Ele empurrou o broche na direção do Legislador. — Pegue-o — sugeriu o ancião. — Ou, pelo menos, veja o que é. Evidentemente aborrecida, ela arqueou a sobrancelha e olhou para a jóia. Um broche de prata. Algo nele lhe pareceu familiar. Pegou-o e examinou-o. — O que foi? — Uckermann perguntou. — Nada. Onde tinha visto aquele broche? Ela estreitou os olhos e virou-se para o Legislador que lhe dirigiu um daqueles olhares inocentes que ela tanto detestava. — Não aceito este presente. Apenas isso. — Ela colocou o broche na mesa. — Tudo bem — disse Uckermann. — Para mim, não faz a menor diferença. — Diga a ele, velho senhor. Diga ao meu marido por que não posso aceitar o presente. Ele não sabe, não é mesmo? O Legislador sacudiu os ombros. — O presente da manhã seguinte à do casamento é oferecido à esposa com uma compensação por ela ter ficado... à disposição do marido. — É isso? — Os olhos de Uckermann arregalaram-se. — Exatamente. Mas não vamos mais nos deitar juntos, por isso, não posso receber o presente. — Certo. — O escocês ergueu as duas mãos indicando que estava de acordo. — Acho que eu também não iria querer que você se deitasse comigo. O sangue de Dul começou a esquentar e ela ficou de pé. Sabia que se continuasse com aquele assunto poderia perder a calma de uma vez. Precisava
sair dali e tomar aquele banho quanto antes. — Lembra-se do que eu lhe disse ontem sobre ter confiança? Parece que você seguiu o meu conselho — observou calmamente o Legislador. — Não sei do que você está falando — ela retrucou. Não estava disposta a ouvir o sermão, nem para ver a expressão carrancuda de Uckermann. Queria sair dali. E, quanto a ter confiança, tirando Marcelino e Christian, ela não confiava em homem nenhum. Muito menos num escocês. E, mesmo o Legislador, estava caindo bem depressa no seu conceito. Ela virou-se, e antes que pudesse dar um passo, o Legislador segurou-a pelo pulso. Seu pulso. Pelo sangue de Thor, o bracelete! Rapidamente ela puxou o braço e cobriu a cicatriz do pulso com a mão. Onde estava o bracelete? Os olhos voaram para os de Uckermann. Ele encarou-a com firmeza, sua expressão insondável. Olhos frios de ardósia. Olhos como o mar num dia de inverno. — Eu... o seu bracelete abriu e se soltou. Encontrei-o na cama — Uckermann mentiu. — Deixei-o sobre o baú. O rubor que lhe subiu ao rosto só serviu para aumentar-lhe a raiva. — Tenho muito o que fazer — Dul falou secamente e afastou-se. — Espere — o ancião chamou-a. — Vamos aproveitar o tempo para conversar enquanto não podemos viajar. — Conversar sobre o quê? — O escocês tem muito a aprender para conseguir convencer seu pai a lhe entregar o dinheiro do dote. Não tinha pensado nisso, Dul admitiu. O ancião estava certo. Uckermann nada sabia sobre a cultura deles. O broche largado ali na mesa era prova disso. — Você deve instruí-lo — tornou o Legislador. — Doutrinar-me? — Uckermann ficou mais carrancudo e mexeu-se no banco, inquieto. Ou melhor, alarmado. — Não quero ser doutrinado coisa nenhuma. O evidente desconforto dele estimulou Dul. Devolveu-lhe o ânimo. Também alegrou-se por que o mau tempo os impedia de viajar. Oh, como gostava do inverno. Ergueu a cabeça, e declarou: — O que você quer ou não quer, não me interessa. Sua doutrinação começa hoje.


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Até amanhã!


Comentem e Favoritem!


Besos y Besos Lindezas!😘😘😘


 



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Autor(a): Srta.Talia

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Aquilo era inaceitável. Christopher  encarou os dois jovens guerreiros que passaram um bom tempo tentando convencê-lo a aprender o essencial sobre a cultura deles. — Por que tenho de saber tanta coisa sobre os seus costumes e tradições? — ele inquiriu. Alfonso, o rapaz moreno, respondeu calmamente: — O seu encontro com o pai ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 34



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  • karla08 Postado em 09/11/2017 - 17:52:52

    Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

  • dalziane Postado em 03/11/2017 - 23:05:16

    Poxa vc nao vai posta mas o final?

  • heloisamelo Postado em 02/11/2017 - 12:00:38

    Capítulo 13 ta errado....

  • dalziane Postado em 30/10/2017 - 10:53:45

    +++++++++++++++++++++ +++++++++++++++++++++ +++++++++++++++++++++

  • dalziane Postado em 30/10/2017 - 10:51:15

    Continua

  • dalziane Postado em 29/10/2017 - 19:13:33

    Posta+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

  • dalziane Postado em 29/10/2017 - 14:23:20

    Continua

  • dalziane Postado em 29/10/2017 - 14:22:54

    😄😄😄😄😄😄&a mp;#128516;😄😄😄😄😄& ;#128516;😄😄😄😄😄&# 128516;😄😄😄

  • dalziane Postado em 29/10/2017 - 14:22:20

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  • dalziane Postado em 29/10/2017 - 14:19:24

    Continua


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