Fanfic: Por Prazer | Tema: Vondy
Capítulo 9 – A Esposa Perfeita
Os olhos de Andrade miraram fixamente a fotografia por cima de sua extensa mesa de mármore negro, com seus olhos tão claros e avermelhados se fechando ao sentir que seu coração uma vez mais tornava a bater daquela forma falha e fraca.
Abriu-os, desviando sua mirada da foto de Dulce, encostando-se na cadeira que se inclinou para trás, acomodando todo o seu corpo pesado e cansado. Dois dias naquele escritório e aquele havia sido o único momento que parara para pensar em sua esposa. O trabalho não parava, as ligações e reuniões eram constantes, a viagem para Tóquio se aproximava...
Agora era fácil entender porque Christopher não havia sentido nada daquela perda. Ao contrário dele, havia mergulhado de cabeça em seu trabalho, trabalho este que havia sido feito de forma impecável durante meses nos quais aquela empresa precisava de seus dois presidentes, e não só de um. Todos os contratos estavam em dia. Nenhuma única pendência havia ficado para que acompanhasse ou resolvesse. Os clientes não haviam sentido por um único momento os efeitos do desmoronamento do coração, do controle e da mente de um dos presidentes daquela empresa que finalmente, depois de um contrato de importante e longa negociação, havia atingido seu apogeu.
Mirou a aliança em seu dedo, não podendo desviar os olhos da bela mulher no retrato sobre a sua mesa.
Jamais havia visto semelhante sorriso ou cabelos... Jamais havia visto semelhante paixão ou desejo. Ela iluminava, queimava e o amava. Ela havia chegado a sua vida para modificar seus conceitos, transbordar seu coração de amor e veneração, tornando-o um homem muito mais seguro, muito mais experiente e maduro. Haviam crescido juntos, haviam se amado e, respeitado um ao outro até que a bomba chamada desejo havia explodido entre ela e Christopher, atingindo-o em sua cara, atando suas mãos diante de qualquer atitude que pudesse levá-lo à possibilidade de perdê-la para aquele homem.
Christopher havia tido a sua esposa e após aquela noite, algo havia mudado nela.
Seu olhar já não era o mesmo. Seu corpo já não era o mesmo e tampouco sua forma de fazer-lhe o amor era a mesma. Nos primeiros meses, depois daquela primeira noite, havia vivido com uma mulher corroída pela culpa, vivendo com o dever como esposa e também com o prazer de uma mulher. O seu erro, em tudo aquilo, fora o seu silêncio. Porque Andrade sabia daquele tórrido caso e Dulce, no fundo... Sabia que ele tinha consciência de que era traído.
A atração entre ela e Christopher havia sido instantânea.
Desde o primeiro encontro, desde o primeiro olhar... O silêncio dela após aquele primeiro encontro havia dado a Andrade duas possibilidades para pensar. A primeira era que realmente não haviam se gostado. E a segunda, fora que acabava de entregar de bandeja sua esposa para o tipo de homem mais desprezível que conhecera em sua vida. Porque sim... Christopher podia ser um profissional estupendo, leal aos seus princípios, implacável com seus inimigos, mas não tinha coração, lealdade e tampouco respeito pelo que não era de sua posse.
Ele havia a olhado e desejado e, pela primeira vez, não havia tido controle suficiente para esconder aquele fato.
Dulce havia entrado em uma guerra interna que não teve fim até que sua vida foi exterminada por um acidente que também roubou a vida que Andrade acreditava ter com ela. Não havia percebido o quanto seu próprio mundo girava ao redor de Dulce até a manhã que havia a enterrado. Não havia percebido o quanto havia fechado os olhos para aquela traição até que encontrara Christopher parado naquele closet, cheirando aquele vestido que provavelmente ela havia vestido para encontrá-lo. Eles haviam o traído durante todo um ano... Mas ele, ele havia traído a si mesmo durante quase toda uma vida.
– Creio que o coquetel tenha sido muito bem visto por todos os investidores que convidaram.
Andrade sorriu, sentando-se na beirada da cama, tirando os seus sapatos e suas meias para então mirá-la, ali tão perto, sentada em sua penteadeira, tirando os últimos resquícios de maquiagem.
– Não há uma anfitriã melhor que você. – Dulce sorriu, deixando de passar o algodão sobre seu rosto, prendendo os seus cabelos em um alto coque enquanto seus olhos, que em nada sorriam, miravam-no através do espelho.
Andrade levantou-se, desabotoando a calça, abrindo os botões da camisa tão branca e elegante, deixando exposto seu belo corpo da cintura para cima.
– Algo te incomoda? – Perguntou, virando-se logo em seguida, respirando fundo ao recolher o paletó do smoking da poltrona, dobrando logo em seguida a camisa que havia acabado de tirar. Ela negou com a cabeça, rompendo o contato pelo espelho com a sua figura, baixando a cabeça com um suspiro profundo e audível.
Dulce se levantou, fechando seu roupão longo e branco de cetim, aproximando-se dele com seus olhos tão familiares. Andrade dedicou-lhe toda a sua atenção, deixando a roupa que havia vestido esquecida sobre a cama.
– Você é o melhor homem que eu pude conhecer em minha vida. – Andrade sorriu, aproximando-se mais dela, acariciando-a no rosto com ternura e amor. – Ninguém que algum dia eu pude conhecer durante tantos anos de viagens possui o coração e a generosidade que você possui. Eu sou uma mulher de sorte por ser sua esposa. Acredito até que tomo esse lugar de uma mulher infinitamente melhor do que eu. – Andrade negou com a cabeça, beijando-a suavemente nos lábios, bebendo de seu gosto tão único e quente. – Escute-me, Andrade. – Mirou-o novamente nos olhos e Andrade franziu suas sobrancelhas, assustado com tantos sentimentos que pôde ver naqueles mesmos olhos pela primeira vez. – A vida pode ser injusta, mas acredito que temos que aceitar o que ela nos envia. Eu gostaria que você soubesse que você faz despertar o melhor que existe em mim.
– Querida. – Beijou-a uma vez mais. – O que você está fazendo?
– Nunca deixe ninguém te machucar. Você é um homem que merece ser amado e não machucado... Jamais machucado.
– Eu sou amado. – Sorriu e Dulce assentiu. – Eu me sinto amado.
– Eu nunca tive a intenção deliberada de ferir o seus sentimentos. – Andrade engoliu a saliva, atento ao que ela lhe falava, ciente que naquele momento incomum ela falava sobre sua relação com Christopher. – Eu sinto muito se foi exatamente isso o que fiz... Em algum momento, em alguma discussão, com algum gesto.
– Você não fere os meus sentimentos. Nós somos um casal... Temos discussões, desentendimentos, às vezes magoamos um ao outro. – Dulce assentiu, afastando-se, adquirindo seu habitual controle. – Você nunca me falou essas coisas. Está preocupada com alguma coisa? Quer me dizer alguma coisa? – Ela negou com a cabeça, voltando a sentar-se na cadeira de sua penteadeira, escovando os cabelos em um gesto familiar, agindo uma vez mais como era de costume.
– São os hormônios. Sabe como são as mulheres grávidas! – Andrade negou com a cabeça, sorrindo em divertimento, tratando de desfazer aquela atmosfera tensa que havia se instalado dentro do quarto.
– Não, eu não sei. Você é a primeira mulher grávida em minha vida. – Aproximou-se dela uma vez mais, beijando-lhe o pescoço, tocando seu ventre, mirando-a novamente pelo espelho. – A primeira e última.
Dulce sorriu, deixando de fazê-lo quando ele deixou de abraçá-la, entrando no closet para deixar seu traje formal.
Andrade voltou a abrir seus olhos, estremecido por aquela lembrança, ciente agora do que ela havia feito naquela noite. Franziu suas sobrancelhas, com seus lábios e queixo trêmulos transmitindo a dor de um homem que junto com a sua esposa havia perdido o próprio respeito e dignidade. Ela havia tentado se desculpar por aquela traição. E sua morte, logo após aquelas palavras quase nunca ditas, logo após aquela noite tão reveladora, havia contribuído para a ruína na qual Andrade se encontrava agora.
Ela havia tentado falar sobre ela e Christopher. Havia tentado dizer o que sentia, mas ele havia uma vez mais preferido o silêncio. Havia uma vez mais preferido ilusão de que aquela mulher era sua... Única e exclusivamente sua.
Enterrá-la havia sido a coisa mais difícil que havia feito em sua vida.
Esquecê-la seria absolutamente impossível.
Cada traço, cada gesto, cada cheiro... Estavam todos, todos frescos e profundamente armazenados em sua memória.
Christopher soltou seus lábios dos lábios de Helena, respirando profundamente em busca de fôlego, franzindo suas sobrancelhas com seus olhos ainda fechados em uma expressão de dolorosa vontade e desejo. Mirou aqueles lábios avermelhados e trêmulos, segurando-a delicadamente pela lateral de seu pescoço com suas duas mãos. Voltou a beijá-la, mantendo seus olhos abertos, mirando a forma como ela também franzia a testa, podendo sentir também no interior de seu corpo trêmulo e confuso os efeitos de um beijo que em nada se assemelhava aos antigos beijos que haviam trocado durante tantos meses.
O gosto tipicamente quente daqueles lábios era quase imperceptível perto da doçura com a qual ela o presenteava sem algum pudor. Fechou seus olhos, incapaz de manter sua mente conectada com a razão quando os lábios tão macios daquela mulher ameaçavam-no com a loucura. O encaixe antes tão perfeito era potencializado por uma entrega extraordinariamente completa e terna. Ela retribuía o beijo, unindo suas línguas, avançando e recuando em um ritmo completamente lento, estupidamente diferente da velocidade frenética com a qual sempre haviam se beijado. Ele mordeu lhe os lábios levemente, arrancando dela uma resposta e um suspiro. Ela mergulhou as mãos em seus cabelos, acariciando-os conforme permanecia buscando-o com aquele beijo, permitindo que somente uma pequena parte da Dulce que ela era se manifestasse durante a dança de seus lábios.
Deixou de beijá-la uma vez mais, segurando-a pelos cabelos, mantendo seu controle e sua força contida, firmemente aprisionada em seu interior.
Ela mirou-o surpresa, ofegante, abismada com sua própria resposta àquele beijo, àquele homem... Christopher sorriu, beijando-a rapidamente, tocando mais suas línguas do que seus lábios.
– Acredito que não posso levantar-me.
Christopher deixou de sorrir, atingido por aquela frase, fechando seus olhos ao sentir seu corpo formigar em antecipação, faminto de estar dentro daquela mentirosa uma vez mais.
– Eu poderia ficar quieta, mas posso dizer-lhe que jamais senti isso em toda a minha vida.
Ele permaneceu mirando-a, absorvendo seu olhar confuso e fascinado, mordendo com força os próprios lábios diante da vontade de voltar a beijá-la. Da seriedade ela passou ao sorriso e foi naquele momento que Christopher pode reconhecer no fundo daqueles olhos o brilho do desejo e da luxúria tão característicos de Dulce. Fechou seus olhos, encostando suas testas, buscando alucinadamente pela razão, pela coerência, pelo controle. O silêncio caiu sobre o ambiente, deixando a lanchonete na qual se encontravam apenas como um cenário esquecido e desnecessário para àquele revelador encontro. Voltou a abrir os olhos, mirando uma vez mais o fundo daqueles belos olhos, não encontrando nenhum sinal da luminosidade causada por aquele sufocante prazer que há apenas alguns segundos havia estado ali, nela, dentro dela...
Não havia nenhuma explicação lógica para as diferenças dos beijos de uma única mulher. Não havia nenhuma explicação lógica para aquele olhar de admiração e paixão, ambos tão instantâneos e poderosos.
Dulce jamais havia o mirado daquela forma. Dulce jamais havia mostrado com algum olhar ou gesto o que aquela nova Dulce lhe mostrava agora, sem nenhuma vergonha ou controle.
Era ela. Mesmo atrás de toda aquela jogo, de todas aquelas mentiras e ternuras.
Era ela. Porque até mesmo a insanidade não poderia confundi-lo de maneira tão profunda e lasciva. Era ela, com aquele mesmo rosto, com aquele mesmo corpo...
O desejo não poderia ter sido transformado em loucura durante o período de oito meses. Ninguém naquele mundo seria capaz de deixar-se levar pela ideia do engano quando se encontrava frente a frente com um passado que tomava a forma de um humano, de uma mulher... Uma mulher que havia sido dele sobre a cama, sobre a pia, sobre o chão.
E se algo realmente tivesse acontecido com aquela mulher?
E se algo realmente houvesse a transformado em Helena?
Era inaceitável...
Aquela forma de Helena era completamente inaceitável dentro de uma mulher como Dulce.
Quem havia existido primeiro? Quem era a mentirosa ali?
– Acredito que Lúcia nos expulsará daqui se continuarmos nos beijando dessa forma. – Christopher assentiu impedido de sorrir, com o suor escorrendo por suas costas, com seu corpo quente evidenciando seu desejo e seus questionamentos. – Está tudo bem? Você parece um pouco ausente.
– Não posso pensar em outra coisa a não ser em beijá-la. – Helena calou-se, surpresa por aquelas palavras. – Minha mente tenta alcançar o controle, mas meu corpo arde de forma insana, parece que estou queimando. Na realidade eu estou queimando. – Sorriu fracamente, mirando-a nos olhos. – Você sente o mesmo, Helena?
– Desde o primeiro instante. – Murmurou, respirando com os lábios entreabertos, com seus dedos se entrelaçando com força com os dedos dele sobre a mesa. – Desde o primeiro olhar, Christopher...
Helena deixou de respirar, mirando-o com firmeza, dedicando-lhe toda a sua atenção. Desviou sua mirada por alguns instantes, sentindo seu coração ainda mais acelerado do que quando havia o beijado. Seus dedos formigaram, suas pernas, suas mãos e seus lábios tremeram brevemente em um aviso tardio de seu subconsciente. Tão rápido como aquelas sensações voltaram, elas partiram. Apertou seus lábios, sentindo-se em chamas, desejosa de partir dali... De partir dali com ele. Voltou a mirá-lo nos olhos, percebendo que a breve confusão que havia visto no interior daquele homem havia partido completamente.
Ali estava novamente o poder... Ali estava novamente o perigo.
O que ele queria dela?
Helena não sabia, mas sabia que daria a ele tudo o que tinha. Sem mais privações, sem mais fugas ou medos... Miguel havia partido, mas ela estava viva e precisava viver uma vida na qual já havia se negado coisas demais.
– Há barcos aqui para alugar? – Helena assentiu, soltando seus dedos dos dele, surpresa por perceber que aquele mar de sentimentos tão anteriormente expostos havia sido banido dos olhos dele. - Voltaremos ao hotel e trocaremos de roupa. Faça uma sacola para um passeio de barco. – Helena sorriu, sentindo-se mais aliviada quando ele sorriu, levantando-se da mesa, estendendo a mão para que ela a pegasse. – Nos encontramos na entrada do hotel em uma hora. Acha que consegue arrumar tudo em uma hora? – Ela assentiu, fascinada diante da possibilidade de permanecer no mar, longe de tudo e de todos, apenas com ele. – Agora acha que pode levantar-se? – Ele mordeu os próprios lábios, deixando Helena corada de vergonha pela pergunta.
Ela levantou-se, seguindo-o até o balcão. Permitiu que Christopher pagasse apenas a metade da conta, pedindo logo em seguida para que Lúcia anotasse o seus pedidos como de costume. Ela e Anahí sempre acertavam a conta da lanchonete todo fim de semana.
Despediram-se de Lúcia e dos funcionários. Caminharam com passos rápidos de volta ao hotel, conscientes da urgência de um novo encontro.
– Em uma hora, aqui... – Christopher assentiu.
– Sim, em uma hora aqui. Pegarei algumas informações na recepção sobre o aluguel de barcos, é provável que eu possa demorar um pouco mais que você.
– Eu estarei esperando. – Ela sorriu e Christopher sorriu logo em seguida, puxando-a para um forte abraço, deixando de sorrir ao visualizar a loira de olhos claros mirando-os de uma janela do refeitório. – Foi maravilhoso tomar café da manhã com você. – Christopher fechou seus olhos, apertando-a mais em seus braços, ciente de que aquela frase era apenas mais uma confirmação do poder e do perigo de uma mulher como Dulce e, de sua estupidez ao questionar-se sobre toda àquela farsa.
Helena separou-se dele, caminhando com passos rápidos para a entrada de funcionários do hotel. Este já havia adquirido a vida e o movimento típicos do café da manhã. Muitos hóspedes ainda dormiam principalmente os participantes do coquetel, mas muitos outros já se movimentavam pela recepção com trajes de banho, pedindo informações, migrando para a piscina ou para a praia. Outros tantos enchiam o arejado e enorme salão de refeições, sendo servidos com a eficiência do atendimento característico daquele hotel que no próximo ano, seguramente, seria classificado como cinco estrelas.
Christopher voltou a mirar a extensa janela do refeitório, não notando mais ali a jovem loira de olhos claros que anteriormente havia os observado. Já havia a visto falando com Dulce... Helena, corrigiu-se mentalmente. Talvez aquela fosse Anahí.
Tirou seu telefone celular de seu bolso, discando o número do telefone da sala de sua secretária. Esta o atendeu imediatamente.
– Senhor Christopher.
– Rosely, bom dia. – Entrou no hotel, caminhando até a ampla e elegantemente decorada recepção, percebendo os olhares curiosos dos funcionários que haviam o visto sair com Helena ao amanhecer.
– Bom dia.
– Tudo está em ordem por aí?
– Sim, senhor. Tudo está em ordem por aqui. Os dois últimos contratos foram cumpridos, já entregamos São Paulo e Berlim. O gerente de Tóquio entrou em contato para acertar os últimos detalhes da reunião da próxima semana. Andrade já falou com ele, acertando o horário do voo. Eu já enviei para o senhor a cópia dos documentos que eles enviaram o documento de finalização dos dois contratos e também outros documentos que precisam da sua assinatura. O relatório sobre os acontecimentos de ontem, conforme o senhor pediu, também já foi enviado. Acredito que eles já chegaram aí. Pela tarde alguém irá recolhê-los.
– Ótimo, Rosely. – Parou em frente ao balcão, com seus olhos mirando o quadro com o nome dos funcionários, não demorando a encontrar o nome de Anahí Claron. – Rosely, eu preciso de dois favores.
– Estou ouvindo, senhor.
– Preciso que alugue para daqui uma hora um Iate aqui no Caribe enquanto eu cuido dos documentos que você me mandou. O preço realmente não me interessa. Parece que há por aqui na ilha um lugar no qual se aluga essas coisas, tenho certeza que você fará isso com muito mais velocidade do que eu.
– Sim, senhor. Duas pessoas ou algum encontro com eventuais clientes?
– Duas pessoas. Abuse do romantismo e da beleza.
– Sim. Em uma hora estará a sua disposição.
– E o outro favor é que preciso de um telefone celular novo. O número não pode ser do conhecimento de ninguém, tem como me mandar até amanhã?
– Sim, senhor. Ainda nesta tarde será enviando.
– Obrigado Rosely. Andrade está no controle?
– Sim, está no controle. Abatido, como de costume, mas no controle.
– Sim... Isto é tudo.
– Bom Dia, senhor Christopher.
– Bom Dia.
Para a sua surpresa, antes que pedisse, dois envelopes pardos estavam sobre o balcão à sua frente e, logo ao lado destes um papel de recebimento de encomendas esperava a sua assinatura. Anotou em seu celular o nome de Anahí Claron, guardando-o em seu bolso uma vez mais.
– Bom Dia, senhor Uckermann.
– Bom Dia.
– Esses envelopes foram entregues para senhor apenas há alguns minutos. Assine no local indicado para retirá-los, por gentileza.
Helena deixou o banheiro de forma apressada, esbarrando com a porta do armário que havia deixado aberta. Resmungou baixinho, secando os cabelos com outra toalha, perguntando-se em que lugar Anahí guardava o secador. Não era adepta a secar seus cabelos com aquilo... Mas esta era uma situação de emergência. Precisava fazer uma pequena mala e ainda parecer apresentável! Escolheu um vestido branco, de tecido leve, usado quando ela e Anahí decidiam comer fora nas noites de folga. Ele lhe batia até um palmo acima dos joelhos, com detalhes em renda que o tornava charmoso e adequado para um passeio de barco.
O decote singelo expunha seu bonito colo, enfeitado apenas com uma fina corrente de prata. Não se esqueceu dos brincos, pequenos, discretos. Fez uma pequena mala, colocando com velocidade recorde o que poderia precisar para um passeio de barco. Passou seu creme hidratante, maquiou-se levemente como de costume e enquanto escolhia o que colocaria nos pés, que não eram muitas opções, tentou se lembrar da localização do secador. Escolheu sua sandália mais nova, de salto médio, combinando-a com o charme e a simplicidade do vestido.
– Eu deveria ter apostado um café da manhã que você não dormiria neste quarto esta noite. – Helena mirou Anahí entrando no quarto, suspirando aliviada enquanto sorria por aquela observação. – Sua tremenda cara de pau!
– Não é o que você está pensando. Não passei a noite com ele. Encontramo-nos no terraço quando amanhecia, fomos tomar café na Lúcia e agora vamos dar um passeio de barco!
– Sei... Um passeio de barco! – Mirou Helena dos pés a cabeça. – Essa é a segunda vez que te vejo arrumada assim em menos de vinte e quatro horas. Vem cá... – Aproximou-se de Helena, tocando-a na testa. – Você está febril?
– Não seja estúpida! Preciso do seu secador. – Fechou a pequena mala, respirando fundo ao dar-se conta de que havia conseguido em menos de uma hora dar conta de tudo.
– Meu secador está na caixa embaixo da minha cama. – Helena pegou-o, ligando-o rapidamente. – Sabe para aonde vão?
– Não faço ideia! Ele apenas pediu que eu arrumasse uma pequena mala para um dia de passeio de barco. Acredito que não vamos longe.
– Sei. – Levantou-se, tomando o secador das mãos de Helena. – Deixa que eu faça isso, respire fundo ou você vai ter alguma coisa. – Helena sorriu, agradecendo-a, fechando os olhos enquanto o jato secava os fios tão longos e negros de seus cabelos. – Se beijaram? – Helena assentiu, abrindo seus olhos. – Ele tentou alguma coisa a mais que beijar?
– É claro que não! Christopher é... Não sei explicar. Às vezes ele me deixa confusa. Ás vezes seus olhos parecem dizer algo diferente do que ele está dizendo com a boca, mas na maioria das vezes é muito atencioso, muito paciente e intenso. É um homem de tirar o fôlego. Insuportavelmente sexy e extremamente elegante em seus modos, em sua fala. Um homem fechado, eu confesso... Misterioso também. Percebi que não é acostumado a falar sobre si mesmo. Hoje ele falou sobre a tal de Dulce. – Anahí hesitou, mirando Helena através do espelho, continuando a secar seus cabelos logo em seguida.
– Ele falou da tal mulher... E o que ele falou dela?
– Nada demais... Disse como se conheceram, a espécie de relação que tinham, a mulher que ela era. Não gostei dela. Não pelo o que ouvi. Eu achei que ele era um pouco frio, mas perto do que falou dela... Descreveu-a como uma mulher perigosa.
– Está segura de que sabe o que está fazendo?
– Sim. Estou segura. Ele me atrai como jamais nenhum outro homem me atraiu. Beijamo-nos e eu perdi a capacidade de pensar. Não há como parar agora, não quero parar agora... Estar com ele é viciante.
– Sim, eu sei...
– O que disse? – Falou ainda mais alto, já incomodada pelo barulho do secador.
– Nada, eu não disse nada. – Desligou o secador, passando os dedos entre os cabelos de Helena, gostando do resultado. – Você está pronta e linda!
Helena levantou-se, sorrindo em agradecimento.
– Fique atenta com este homem, sim? – Helena assentiu, pegando sua mala. – Helena, olhe para mim. – Helena mirou-a, surpresa por seu tom atipicamente sério. – Ele pode ser tudo isso o que disse, mas é só um homem, fique atenta.
– Eu estou atenta.
– Leve o seu celular e qualquer coisa me ligue, sim?
– Ok mãe! – Arregalou os olhos em divertimento, notando Anahí realmente apreensiva. – Você nem parece a mulher que me encorajou a sair com ele!
– Não ligue para mim. Estou apenas preocupada com o serviço.
– Aconteceu alguma coisa? – Anahí negou com a cabeça, ajeitando seu uniforme, passando a mão em seus cabelos.
– Não, não aconteceu nada. – Sorriu. – Agora dê o fora daqui antes que o seu príncipe parta sem você. – Helena sorriu, deixando um beijo no ar para a sua amiga de tantos anos, deixando a porta aberta quando saiu.
Alfonso entrou no quarto em seguida, com seu olhar sério sendo correspondido por Anahí. Ela cerrou o maxilar, mirando-o com aqueles olhos claros e frios por longos segundos, passando por ele sem dizer uma única palavra, batendo com força a porta às suas costas quando deixou o pequeno quarto.
Helena caminhou com passos rápidos até a entrada do hotel. Saudou alguns hóspedes presentes no coquetel, cumprimentou rapidamente alguns amigos também funcionários, não dando atenção para os olhares curiosos e sorrisos irônicos que os telespectadores da fuga ao amanhecer lhe lançavam. Chegou à entrada rapidamente, com seus olhos percorrendo toda à praia cheia, com sua mão livre servindo de proteção contra o forte sol da manhã.
Não demorou em vê-lo... Ele falava no celular, com seus olhos tão sérios concentrados em alguma coisa presente nas quebras das ondas do mar.
De onde estava podia vê-lo de perfil e aquela visão provocou-lhe um assalto dos batimentos de seu coração. Baixou lentamente sua mão, mirando-o com admiração e desejo, perguntando-se como ele podia parecer tão intensamente chamativo no meio de tantos outros homens, outras tantas mulheres e crianças presentes naquele paraíso de praia.
Ele vestia branco uma vez mais... Os cabelos molhados, os pés descalços.
Sentiu-se respirar mais lentamente, caminhando em passos lentos até àquele homem, absorvendo a imagem de seu rosto tão belo, de sua postura tão masculina e segura. Ele virou-se naquele momento, desligando o celular, mirando-a com loucura e expectativa.
Helena piscou lentamente, surpresa com a sua própria reação, contendo a vontade de correr...
De correr para ele, para os braços dele e então beijá-lo... Beijá-lo como haviam feito na lanchonete, beijá-lo como haviam feito na ala das piscinas.
– Estou atrasada? – Sorriu, piscando várias vezes ao dar-se conta do efeito alucinante que o perfume dele lhe causava.
– Não... Você está linda. – Murmurou, pegando a pequena mala da mão de Helena, deixando-a na areia junto com a sua, aproximando-se ainda mais dela, deslizando suas mãos por seus cabelos macios, segurando-a novamente pela lateral do pescoço, com seu polegar direito acariciando-a nos lábios com sensualidade. – Você é linda. – Voltou a murmurar, colando seus lábios. –Sempre foi linda. – Completou e então a beijou, fazendo-a fechar os olhos no mesmo instante, segurando-se a ele pelos ombros para não cair.
Abraçou-o, sentido que de seu pescoço as mãos dele escorriam agora por suas costas, contornando suas formas, parando em sua cintura para então abraçá-la por ali, erguendo-a do chão, colando seus corpos na mesma medida em que intensificava seus beijos.
Autor(a): itska
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Capítulo 10 – Dois Homens Quando os pés de Helena voltaram a tocar o chão, seus olhos ainda se encontravam fechados. Christopher mirou-a, tirando do rosto dela o negro cabelo que por ali havia caído. Aquela expressão de desejo e conforto o fez cerrar o maxilar e sorrir quando ela finalmente abriu os olhos, mirando-o certeiramente. & ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 14
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sahprado_ Postado em 04/03/2018 - 23:54:22
Eitaa alguém chama o bombeiro kkk to com medo do que o Christopher pode fazer com essa informação do nome.
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sahprado_ Postado em 03/02/2018 - 00:05:47
Definitivamente Tóquio. E o Alfonso nesse rolo todo?
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sahprado_ Postado em 26/01/2018 - 13:09:14
Mano o que está acontecendo? To confusa hahaha socorro
itska Postado em 02/02/2018 - 20:31:08
Com os próximos capítulos você entenderá
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sahprado_ Postado em 19/01/2018 - 00:03:05
Eu não diria proteção de testemunhas agora mas me fugiu a palavra certa rs tipo fbi? Andrade tava sendo investigado? Tóquio, talvez?
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sahprado_ Postado em 18/01/2018 - 11:35:06
Eu tava achando que talvez elas não fossem uma só. Tipo, irmãs, sabe? Mas aí Any e Poncho fazem parte do esquema então eu já tô louca. Será que é algum tipo de programa de proteção de testemunhas, igual tem naquelas séries CSI e Law & Order? A cabeça tá a milhão, socorro! Kkkk
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sahprado_ Postado em 17/01/2018 - 17:36:31
Oie, leitora nova aqui! Eita, que confusão! Até agora não consegui decidir se Dulce e Helena são a mesma pessoa. Mas esse nome é bem profético.
itska Postado em 17/01/2018 - 22:28:31
Oi, seja bem-vinda! Logo saberemos...
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Luiza Keler Postado em 28/12/2017 - 19:13:22
Contínua *-*
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karla08 Postado em 22/10/2017 - 19:56:24
Owwwwwwwwwwwwwwwu que reviravolta, não para
itska Postado em 22/10/2017 - 20:18:40
Não para, mas vou deixar na curiosidade. kkkkk
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karla08 Postado em 18/10/2017 - 21:52:11
WHATTT Dulce morta? Se que acabar com a minha vida e ainda por cima o corno sabia de todos os chifres que levava AIAIAIAIAI
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karla08 Postado em 18/10/2017 - 00:08:14
Owwwwwwwwwwww eu quero mais, que misteriosos e enigmatísticos esses dois juntos
itska Postado em 18/10/2017 - 18:43:04
tem alguns mistérios