Fanfic: Por Prazer | Tema: Vondy
Capítulo 11 – Under My Skin
Os olhos tão claros de Anahí miravam fixamente a grande piscina enquanto sua mente vagava para lugares bem mais distantes do qual se encontrava. Seus punhos cerrados denunciavam seus sentimentos alarmantes e cabíveis com a situação inadmissível que se iniciava uma vez mais. A ala das piscinas encontrava-se relativamente vazia, resultado de um período pós-almoço no qual os hóspedes optavam por algumas horas de descanso em suas suítes, ou pelos passeios e atividades oferecidas pelo hotel fora de suas dependências. O sol estava relativamente mais brando, possibilitando que permanecesse ali, com sua pele tão branca recebendo aqueles raios quentes, que ao contrário do que estavam habituados a fazer, em nada lhe traziam agora algum controle. Uma brisa refrescou lhe, fazendo a fechar os olhos, apertando-os na tentativa de livrar-se de tantos pensamentos equivocados.
– Pode-se saber que diabos está acontecendo com você?
Anahí abriu seus olhos, sentindo-os perdendo qualquer resquício de vida ou calor. Sentiu-se fria, controlada, forte. Virou-se, deparando com a imagem eficiente que Alfonso havia criado de si mesmo daquela vez.
Aqueles olhos tão verdes e um dia tão apaixonantes encontravam-se muito mais frios que os seus, cobrando explicações por seu comportamento anterior. Ele parecia realmente aborrecido. Não havia em seu rosto tão belo e firme algum sinal da paixão que um dia haviam compartilhado. Uma paixão destruída pela hierarquia, pelas ordens e por ações que Anahí não gostaria mais de compartilhar.
– Sabe a minha opinião sobre o que se passa aqui.
– Você possui a opção de cair fora se tudo agora estiver pesado demais para a sua consciência sempre tão zangada com as suas ações.
– Poupe-me do seu sarcasmo barato. – Aproximou-se, mirando-o nos olhos. – Você deveria se sentir envergonhado por ser o garoto de recados, Alfonso. Pensei que fosse um homem de palavra, que cumprisse o que diz às pessoas.
– Não posso acreditar que isto ainda te zangue, mesmo depois de tanto tempo. Pensei que você houvesse amadurecido, superado...
– O fato de você ter destruído o meu casamento com o homem que eu amava não é sobre o que nós estávamos falando aqui.
– Não fale de mim como se estivesse falando de outra pessoa.
– Mas eu estou falando de outra pessoa. – Cerrou seu maxilar, erguendo bem sua cabeça, mostrando com aquele gesto que não temia em nada o homem que ele era. – Você não é o meu marido. Você é o garoto de recados, o homem sem palavras que está estendendo uma situação que deveria ter terminado. O seu desrespeito é inadmissível. Obriga-me a participar disto quando sabe que deveria ter terminado. Isso deveria ter terminado Alfonso.
– Cuidarei para que você fique fora disso. – Os olhos de Anahí se arregalaram. Cerrou seus dentes, negando firmemente com a cabeça.
– Faça isso e eu posso jurar com tudo o que sou e me transformei que acabo com tudo o que você perfeitamente construiu até agora. – Ele ergueu a sobrancelha, sorrindo ironicamente. – Você deveria se envergonhar Alfonso. Deixar dessa forma tão mesquinha que o papel que representa invada a sua personalidade é um erro que nem mesmo ela cometeu. – Anahí sentiu atingi-lo em cheio. Respirou aliviada, contente por seu recado ter sido dado, contente por ter esvaziado sua mente tão sobrecarregada e preocupada.
– Você perdeu o controle, já não é mais capacitada para a sua função. – Anahí sorriu, repetindo o gesto irônico.
– Jamais me senti tão capacitada. A única diferença entre nós e você é que conseguimos separar quem realmente somos de quem devemos ser. Você une tudo, Alfonso. – Murmurou, provocando-o ao aproximar-se ainda mais. – Mistura tudo, Alfonso.
– Adquira seu controle e retome os seus serviços, senhora Anahí Claron.
– Portilla. – murmurou. – Eu e você sabemos quem eu sou Alfonso, então diga certo, diga o meu sobrenome certo.
– Herrera. – Ele então murmurou, fazendo-a negar com a cabeça no mesmo instante, sorrindo ironicamente uma vez mais.
– Portilla, garoto de recados. Portilla.
– Isso é necessário. – Disse antes que Anahí passasse por ele, deixando-o uma vez mais. – Se não fosse, não estaríamos o fazendo.
– Você conhece aquele homem. Sabe que tipo de sentimentos nutria por ela. Sabe que isso terminará de forma tão errada como a qual começou.
– Temos que assumir alguns riscos.
– Você não poderá controlar tantas pessoas como fantoches como você vem fazendo. Uma hora tudo explodirá na sua cara e eu não terei um mínimo de compaixão com o seu fracasso. Vocês acham que podem controlar o mundo. Mas uma hora ele se tornará contra vocês...
– E se isso acontecer você também cai.
– Sim eu caio. Esse é o meu trabalho, eu assumi os riscos quando o aceitei.
– Você não precisa me odiar só porque deixou de me amar. – Os olhos de Anahí abriram-se firmemente. Cristalinos e frios conteve as lágrimas.
– Desprezo e ódio são coisas diferentes. – Ele fechou os olhos, respirando fundo, visivelmente arrependido pelo terreno no qual havia entrado.
– Vanessa entregou seu relatório? – Anahí assentiu, dando também o assunto como encerrado. – Diga que ela já pode partir.
– Sim senhor. – Bateu continência.
– Você acusou-me de cometer um erro que você também cometeu. – Mirou-a, sorrindo desgostosamente. – Assumiu o papel que representa... O de melhor amiga. – Anahí negou com a cabeça.
– Isso eu sempre fui. Antes de representar o papel de sua esposa eu já era a melhor amiga. – Ele deixou de sorrir, agarrando-a pelo braço em uma primeira demonstração de descontrole.
– Eu não me casei com você por isso.
– As coisas são como elas são. Aceite-as, adapte-se e permaneça vivo. – Em um puxão discreto soltou-se.
– Você também deveria ter sofrido um acidente. – Anahí assentiu, abandonando-o, murmurando para si mesma que gostaria de ter tido aquela sorte.
Helena sorriu satisfeita, bebendo o último gole de champanhe, ajeitando-se à cadeira confortável do restaurante à beira mar no qual se encontravam. Haviam parado para almoçar a mais de uma hora, seguindo as recomendações de alguns folhetos deixados pelo senhor Ríquez no envelope que havia entregado a Christopher. Tinha optado por um restaurante tipicamente latino afastado de qualquer grande centro. Ele encontrava-se inserido em uma pequena ilha, relativamente isolado se não fosse pelas casas de pescadores das redondezas. Pessoas simples, exatamente como o restaurante no qual se encontravam.
A simpatia, a limpeza e a simplicidade haviam conquistado Helena desde a primeira foto do restaurante. Não haviam encontrado ali os pratos, o luxo e a elegância que encontrariam em outros restaurantes do panfleto, mas a comida e o clima tão latinos eram contagiantes desde o primeiro momento que haviam deixado o Iate.
A refeição havia sido maravilhosa.
Os peixes haviam estado perfeitamente leves e saborosos. As saladas e o tempero que as acompanhavam seguiam a mesma receita de saborosos e adequados.
Ao fundo uma música começou a tocar, fazendo tanto Helena como Christopher mirarem surpresos a forma como vários clientes levantavam-se, se reunindo no centro do restaurante arejado, estavam visivelmente animados, satisfeitos e familiarizados com o ambiente. Seus pés tocavam a areia enquanto dançavam, as mesas e cadeiras quadradas de madeira escura lembravam-na dos bares cubanos vistos nos filmes. As paredes vermelhas cheias de quadros e mensagens completavam a decoração ao lado de bandeirinhas com as bandeiras dos mais diferentes países do mundo que cruzavam o teto de canto a canto. Os funcionários também se moviam, dançando enquanto serviam e atendiam os clientes tão surpresos como ela e Christopher se encontravam, convidando-os a levantar-se e reunir-se com o grande grupo que se formava logo ali ao centro. Pessoas de fora se aproximavam, cumprimentando o funcionário do caixa e o Chefe de Cozinha que de trás do balcão assistia a roda de dança sorrindo com visível satisfação.
Helena sorriu deliciosamente, virando-se para poder ver de forma fascinada como aquelas pessoas se moviam, balançando seus corpos ao ritmo quente da salsa. Casais se formavam, a roda se abria, os turistas mais envergonhados e de outras diferentes nacionalidades levantavam-se, contagiados pela música e pelo ambiente, unindo-se aos outros dançarinos sem vergonha alguma. Risadas e assobios fizeram com que Helena gargalhasse, com seus olhos brilhantes mirando Christopher que a observava intensamente, também sorrindo, com seus olhos também brilhantes de forma extraordinariamente misteriosa e sensual.
Quando se virou, percebeu que um homem encontrava-se a sua frente, com a mão estendida em um visível simpático e respeitoso convite. O homem sorria, movendo seus pés ao ritmo da música, deixando Helena com os olhos arregalados e as bochechas coradas em vergonha.
– Oh meu Deus! Eu agradeço... – Negou com a cabeça educadamente, ainda sorrindo. – Eu não sei! Não sei dançar assim como vocês!
– Não é preciso saber salsa para dançá-la senhora. Somos latinos, está no sangue!
Helena continuou negando com a cabeça, mirando a roda e a mão estendida do homem, balançando de forma inconsciente seu corpo sentado na cadeira.
– Vamos Helena, eu estarei observando o espetáculo daqui. – Helena o mirou, confirmando aquele encorajamento com seus olhos sonhadores. – Vá logo, e agradeça por eu não ter uma câmera!
Helena levantou-se, aceitando a mão que o homem lhe oferecia, sorrindo ainda mais quando foi guiada para o centro da roda de dança.
Christopher permaneceu confortavelmente em sua cadeira, cerrando os olhos para mirá-la em toda a sua plenitude. Bebeu outro gole de champanhe, relaxando-se, atrevendo-se a sorrir da forma como ela finalmente se movia, aprendendo rapidamente os passos, observando as mulheres mais experientes para então mover-se como elas.
Sentiu uma pontada em seu estômago, mordendo seus próprios lábios quando ela virou-se, mirando-o diretamente nos olhos, movendo-se para ele ao mesmo ritmo quente e frenético da música, colocando um pé a frente do outro, movimentando seus quadris, seus braços, seus ombros, fechando os olhos conforme escorria as mãos pelo próprio corpo, erguendo levemente a saia do vestido branco enquanto rodava em seu próprio eixo, movendo os quadris uma vez mais.
O sorriso dela o atingia de forma violenta e irreconhecível. A alegria em sua gargalhada e a sensualidade em seus movimentos unia-se formando a imagem de uma mulher extremamente bela e apaixonante. Vários homens a observavam, outras mulheres sorriam com ela, ajudando-a com os movimentos agora nada contidos ou envergonhados. Outro jovem tirou-a para dançar, demonstrando bastante respeito e a mesma simpatia do anterior. Ela aceitou a dança, movendo-se com ele, rodeada por uma porção enorme de pessoas que visivelmente faziam aquele encontro com grande frequência. Alguns casais de turistas se beijavam. Algumas famílias formavam rodas, completamente inseridas no clima e no calor caribenho.
Christopher voltou a tomar outro gole de seu champanhe, cruzando sua perna, encostando-se ao encosto da cadeira para sorrir com ainda mais vontade, jogando a cabeça para trás, negando com a cabeça quando ela gritou para que se unisse a ela. Seu riso verdadeiro invadiu seu interior em chamas. Respirou profundamente, observando-a em toda a sua plenitude, perguntando-se se naquela mulher à sua frente havia espaço para a contida e reservada Dulce do Andrade.
Sua resposta foi imediata. Ela mirou-o novamente, mordendo os lábios enquanto dançava. Não. Não havia espaço para que ali coexistissem Helena Diaz e a Dulce de Andrade. Mesmo com Helena tendo tanto de Dulce, aquela mulher não conseguiria deliberadamente ser uma tendo a plena consciência de que era também a outra. Deixando de sorrir e incapacitado de controlar o desejo que vinha agora de forma completa e extrema, chegou à hipótese que teria a sua resposta antes do amanhecer.
Se ela não podia ser Helena e Dulce ao mesmo tempo... Então quem era ela?
Autor(a): itska
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Capítulo 12 – Pela Primeira Vez. Helena ainda sorria quando Christopher juntou-se a ela no terraço. Seus olhos brilhantes observavam a visão magnífica de estar bem no meio do mar enquanto anoitecia. O céu já escurecido exibia agora inúmeras centenas de estrelas que contribuíam para iluminar não s&o ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 14
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
sahprado_ Postado em 04/03/2018 - 23:54:22
Eitaa alguém chama o bombeiro kkk to com medo do que o Christopher pode fazer com essa informação do nome.
-
sahprado_ Postado em 03/02/2018 - 00:05:47
Definitivamente Tóquio. E o Alfonso nesse rolo todo?
-
sahprado_ Postado em 26/01/2018 - 13:09:14
Mano o que está acontecendo? To confusa hahaha socorro
itska Postado em 02/02/2018 - 20:31:08
Com os próximos capítulos você entenderá
-
sahprado_ Postado em 19/01/2018 - 00:03:05
Eu não diria proteção de testemunhas agora mas me fugiu a palavra certa rs tipo fbi? Andrade tava sendo investigado? Tóquio, talvez?
-
sahprado_ Postado em 18/01/2018 - 11:35:06
Eu tava achando que talvez elas não fossem uma só. Tipo, irmãs, sabe? Mas aí Any e Poncho fazem parte do esquema então eu já tô louca. Será que é algum tipo de programa de proteção de testemunhas, igual tem naquelas séries CSI e Law & Order? A cabeça tá a milhão, socorro! Kkkk
-
sahprado_ Postado em 17/01/2018 - 17:36:31
Oie, leitora nova aqui! Eita, que confusão! Até agora não consegui decidir se Dulce e Helena são a mesma pessoa. Mas esse nome é bem profético.
itska Postado em 17/01/2018 - 22:28:31
Oi, seja bem-vinda! Logo saberemos...
-
Luiza Keler Postado em 28/12/2017 - 19:13:22
Contínua *-*
-
karla08 Postado em 22/10/2017 - 19:56:24
Owwwwwwwwwwwwwwwu que reviravolta, não para
itska Postado em 22/10/2017 - 20:18:40
Não para, mas vou deixar na curiosidade. kkkkk
-
karla08 Postado em 18/10/2017 - 21:52:11
WHATTT Dulce morta? Se que acabar com a minha vida e ainda por cima o corno sabia de todos os chifres que levava AIAIAIAIAI
-
karla08 Postado em 18/10/2017 - 00:08:14
Owwwwwwwwwwww eu quero mais, que misteriosos e enigmatísticos esses dois juntos
itska Postado em 18/10/2017 - 18:43:04
tem alguns mistérios