Fanfics Brasil - Capítulo 13 Por Prazer

Fanfic: Por Prazer | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 13

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Capítulo 13 – Três Desejos


 


Ela estacionou a Ferrari, batendo à porta ao sair.


O barulho dos saltos repicando pela calçada em nada lembrava o silêncio dos tênis confortáveis ou das sandálias de tiras simples. Caminhou com passos lentos, firmes e elegantes, colocando sua bolsa de marca sobre o ombro, com seus olhos frios e concentrados, cobertos pelos óculos escuro, mirando com desagrado a pequena entrada do local escolhido para aquele novo encontro.


Entrou no pequeno e mal cheiroso elevador, apertando o número já gasto de um botão quase quebrado. A negativa com a sua cabeça quando uma jovem moça preparou-se para subir no elevador foi o suficiente para que essa mesma moça desistisse, abaixando a cabeça em compreensão, entendo que sua presença não era querida e que tampouco seria suportada. Bufou, tirando lentamente os óculos, colocando-o com cuidado em sua bolsa. Virou-se, impaciente pela demora, mirando-se no espelho, contente pelo conjunto creme e elegante que havia escolhido naquela manhã. Ajeitou os cabelos, a maquiagem dos olhos, familiarizada com a imagem que o espelho refletia. O elevador parou, demorando-se a abrir, abrindo-se logo em seguida com um barulho desagradável e previsível. Mirou seu relógio, consciente de que poderia ficar naquele local por bem menos de quarenta minutos. A aliança e o anel de diamantes em seu dedo reluziram.  Respirou fundo, deixando o elevador, caminhando com passos seguros até a porta já aberta para a sua entrada. 


– Está atrasada.


Ela ergueu a sobrancelha em ironia, sorrindo friamente, sentando-se na única cadeira velha e vaga do ambiente inacreditável. O quarto recordava-lhe uma suíte barata de um hotel aos pedaços de quinta categoria. A tinta  das paredes estavam lascadas. A maioria dos móveis haviam sido retirados ou cobertos por um lençol branco e encardido. O cheiro de mofo provinha dos estofados rasgados que a fizeram cerrar os olhos, deixando de sorrir. 


– Com tanto dinheiro, vocês não poderiam ter escolhido outro lugar para uma reunião?


Ele sorriu, negando com a cabeça ao sentar-se ao seu lado, mirando-a com seus olhos claros desprovidos de qualquer sentimento, até mesmo a aparente e fingida diversão de vê-la ali, naquele cômodo, com aquela roupa cara e exclusiva. Sua fiel segunda em comando estava de pé, junto à janela, com seus olhos também tão claros e frios mirando-a com grande atenção.


– Quem te viu quem te vê... – Ele começou a dizer novamente. - Em outros tempos este lugar não seria um problema para você.


– Mas estes não são outros tempos, querido. – Mirou-o nos olhos, fazendo-o entender que de querido ele não tinha nada. – Estes são novos tempos. Você é bem pago pelo que faz Alfonso, é um homem inteligente, de gostos refinados, poderia ter escolhido um lugar melhor para este encontro.


– Não viemos aqui para discutir sobre a mobília. Temos uma data. – Ela ergueu a sobrancelha, mirando-o com visível surpresa. – Mais uma semana e você será desligada de suas funções.


– Desligada das minhas funções... – Repetiu em um murmúrio, levantando-se, caminhando pelo cômodo empoeirado com extrema lentidão. – Defina o desligamento de minhas funções.


– Nós conseguimos o que queríamos. Isso significa que você fez o que deveria ser feito, agiu da forma que deveria ter agido e concluiu o seu trabalho. Seus serviços não são mais necessários neste projeto. Assim que o prazo desses sete dias chegar ao fim, você será desligada desta identidade e poderá escolher o lugar no qual quer recomeçar. Todas as suas despesas serão pagas até que você se estabeleça e reconstrua a sua vida.


 – Recomeçar? – Franziu sua testa, mordendo o canto de seus lábios.


Alfonso mirou Anahí, calando-se quando esta fez menção a continuar.


– Sua vida atual será apagada. – Continuou, mirando-a nos olhos, usando o mesmo tom profissional que havia usado para lhe explicar que não era a pessoa que ela havia conhecido. – Não restará nem um único vínculo com as pessoas com a qual você se relacionou neste projeto. Cuidaremos para que elas jamais se aproximem ou construam alguma espécie de ponte que possa levá-las até você. Identidade, cartões sociais, carteira de habilitação... A mulher que você foi durante esses quatro anos de serviço deixará de existir.


–E como vocês planejam fazer isso? Eu tenho um marido. Tenho um marido que não se contentará com uma despedida breve. Tem a família do meu marido, nossos amigos, as pessoas que nos conhecem. Há Christopher...  


– Para todos os efeitos, para eles você estará morta. – Ela arregalou os olhos, deixando de sorrir ou respirar. – Simularemos um acidente de carro no dia em que o seu contrato acaba. Cuidaremos da falsa identificação do corpo e da segurança de que nenhuma das pessoas com as quais teve contato, ou até mesmo conhecido dessas pessoas, algum dia cheguem até você. A mulher que foi nesses últimos anos deixará de existir, e então você poderá retomar a sua vida de onde parou. Isto é uma explicação simplória. Em dois dias eu entrarei em contato com você e lhe explicarei detalhes desse acontecimento final.


– Quantas vezes? – Perguntou, com seus olhos cristalinos pelas lágrimas, mirando a grande janela do pequeno apartamento. – Quantas vezes você já morreu Anahí?


Anahí deixou de mirá-la, cerrando seu maxilar, observando a forma despreocupada com a qual Alfonso se levantava, vestindo seu paletó.


– Nenhuma. Nunca tive que ter uma família ou um projeto tão longo como o seu que exija este tipo de atitude. – Ela assentiu com a cabeça. – Nós a ajudaremos no começo. Recomeçar pode ser difícil, mas acredito que o seu envolvimento com Andrade é superficial o bastante para que sofra ou meta os pés pelas mãos. Você se desenvolveu e se tornou uma de nossas melhores profissionais em campo, jamais poderá calcular o quanto esta empresa é grata pelos seus serviços e sua lealdade.


– Eu nunca mais quero vê-los. – Anahí fechou seus olhos rapidamente. – Jamais quero ter alguma espécie de contato com algum de vocês. Utilizam a palavra recomeçar e reconstruir como se pudessem calcular as consequências de viver a vida de outra mulher durante quatro anos.


– Eu entendo...


– Não, você não entende. È uma especialista no que faz e consegue conviver com isso. Você mente e representa com a mesma facilidade e naturalidade com a qual bebe um copo de água. Foi assim comigo, foi assim com ele. Mas eu não. Eu tenho vivido dentro de um inferno desde o primeiro dia em que conheci aquele homem. Você diz que a mulher que eu represento irá morrer, mas a verdade simples e clara é que a mulher que eu era morreu em algum momento da minha excelência neste projeto. Eu poderia ser qualquer pessoa, Anahí. A esposa perfeita, a amante perigosa, a modelo de sucesso... Mas eu jamais poderia ser a mulher que eu costumava a ser. Não com as lembranças que eu tenho da mulher que eu fui nesses quatro anos... Da mulher que viu o que eu vi, que ouviu e fez o que eu ouvi e fiz. Eu não seria capaz de representar o papel de quem eu era. Eu já não estaria mentindo para os outros... Eu estaria mentindo para mim. – A mulher que você é continua existindo em você, mesmo oculta sob a mulher que você se transformou para executar o seu trabalho. Esse sentimento desaparece ao longo dos meses. Você se encontrará mais rápido do que imagina.


–Você encontrou? Encontrou a mulher que você era?


– Não. Mas você pode encontrar... Nós cuidaremos para que isto aconteça.


– Como? – Pegou seu óculo escuro, colocando-o, preparando-se para sair.


– Não há sentido em explicar-lhe. – Mordeu seus lábios trêmulos, virando-se, fugindo da mirada de Alfonso.


– Por quê?


O relógio batia nove da noite quando Andrade entrou em casa.


A nova governanta veio recebê-lo, saudando-o com educação e simpatia,
recolhendo sua pasta e seu paletó, deixando-o sozinho tão rapidamente
como havia  se apresentado. Caminhou diretamente para o escritório, sentando-se em sua cadeira, abrindo as dezenas de correspondências do dia, servindo-se de um grande copo de whisky. Afrouxou a gravata, abrindo logo em seguida os primeiros botões da camisa que vestia. Ligou seu computador e só então seus olhos miraram a nova fotografia esquecida no canto de sua mesa.


Seu coração deu um tombo e tão rápido como deixou de respirar, seus olhos tornaram-se expressivamente avermelhados. A foto encontrava-se levemente amassada, e havia sido deixada ali por alguém que não era ele. O álcool desceu por sua garganta, queimando-o ao lado das chamas que queimavam seu coração.


Pegou a foto em suas mãos, observando as feições de sua bela mulher,
observando logo em seguida o seu próprio rosto e então o rosto de
Christopher.


Aquela foto havia sido tirada em seu noivado com Dulce.


Respirou fundo, chamando sua governanta que passava naquele instante na porta de seu escritório.


– Lúcia?


– Sim, senhor Andrade. – Entrou no escritório.


– Foi você quem deixou esta foto aqui em cima? – Lúcia mirou a foto, assentindo de imediato.


– Sim senhor. Hoje foi o dia em que pessoalmente, como o senhor
ordenou, eu esvaziei o closet da senhora Dulce, e enviei suas roupas
para a instituição de caridade. Esta foto estava dobrada no bolso de um
casaco. Achei que seria certo deixá-la sobre a mesa do senhor. – Andrade assentiu, agradecendo a eficiente funcionária.


– Entendo... As roupas já foram levadas.


– Sim senhor. A cômoda permanece cheia. Acredito que somente o senhor tenha a chave. – Andrade assentiu uma vez mais.


– Mesmo depois de tantos meses não faço ideia do que fazer com aquelas joias, com aqueles perfumes e tecidos. – Encostou-se no encosto da cadeira, levando suas mãos ao rosto em uma postura exausta pelo trabalhoe pelas saudades. – As joias foram compradas para ela. Muitas eu mandeifazer exclusivamente para ela. Os perfumes... Os perfumes eu não... – Seus lábios tremeram levemente e foi impossível não enxergar a compaixãonos olhos de sua governanta. – Bem, isso é tudo Lúcia. Agradeço pelo que fez hoje.


– Não há pelo que agradecer senhor. Se precisar de alguma coisa é só chamar.


– Sim, obrigado. Acredito que por hoje seu trabalho está encerrado.


– Então boa noite. – Sorriu.


– Boa noite.


Pegou a foto novamente em suas mãos, acariciando o rosto de Dulce, fechando seus olhos ao sentir as lágrimas escorrendo por suas bochechas, como sempre incontroláveis e inacabáveis.


Aqueles sentimentos não tinham fim...


Não havia uma única hora na qual não se lembrava dela, do perfume dela, do sorriso dela...


Respirou fundo, abrindo seus olhos ao sentir-se anestesiado por tanto silêncio e saudades. Limpou seu rosto rapidamente, rasgando a foto em suas mãos, jogando os pedaços no lixo abaixo de sua mesa. As correspondências ficaram esquecidas. Levantou-se, servindo-se de outra dose de whisky, aliviado pela proximidade da viagem à Tóquio. As paredesdaquela casa lhe sufocavam, as lembranças o corrompia, partindo-o a cada dia em mais pedaços que jamais voltariam a se unir.


– Dulce, este é Christopher Uckermann, meu sócio e amigo desde os
tempos de faculdade. Christopher, esta é Dulce, minha namorada.


– Prazer em conhecê-la, senhorita Dulce.


– Sim... Prazer em conhecê-lo.


Pegou seu telefone, servindo-se de uma dose dupla de vodka.


 
– Tudo esteve maravilhoso. – Ele lhe disse, mirando-a nos olhos naquela
invasão tão depravada para ela e descaradamente inocente para qualquer outro. – De fato é uma pena que tenha que terminar. – Continuou e então Dulce assentiu, sustentando seu olhar.


– Os compromissos que assumimos com quem queremos estar devem vir antes das festas. – Respondeu-lhe, calando-o momentaneamente. – Que importância existe no que acontece aqui quando temos uma palavra e um amado a honrar, não é mesmo?


Discou o número do celular de Christopher, escutando o insistente barulho da espera para a ligação ser completada. No último toque a ligação foi atendida e a impressão de ouvir a voz de Dulce através da linha telefônica foi outro indício de que a morte daquela mulher ainda iria enlouquecê-lo.



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Autor(a): itska

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 14



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  • sahprado_ Postado em 04/03/2018 - 23:54:22

    Eitaa alguém chama o bombeiro kkk to com medo do que o Christopher pode fazer com essa informação do nome.

  • sahprado_ Postado em 03/02/2018 - 00:05:47

    Definitivamente Tóquio. E o Alfonso nesse rolo todo?

  • sahprado_ Postado em 26/01/2018 - 13:09:14

    Mano o que está acontecendo? To confusa hahaha socorro

    • itska Postado em 02/02/2018 - 20:31:08

      Com os próximos capítulos você entenderá

  • sahprado_ Postado em 19/01/2018 - 00:03:05

    Eu não diria proteção de testemunhas agora mas me fugiu a palavra certa rs tipo fbi? Andrade tava sendo investigado? Tóquio, talvez?

  • sahprado_ Postado em 18/01/2018 - 11:35:06

    Eu tava achando que talvez elas não fossem uma só. Tipo, irmãs, sabe? Mas aí Any e Poncho fazem parte do esquema então eu já tô louca. Será que é algum tipo de programa de proteção de testemunhas, igual tem naquelas séries CSI e Law & Order? A cabeça tá a milhão, socorro! Kkkk

  • sahprado_ Postado em 17/01/2018 - 17:36:31

    Oie, leitora nova aqui! Eita, que confusão! Até agora não consegui decidir se Dulce e Helena são a mesma pessoa. Mas esse nome é bem profético.

    • itska Postado em 17/01/2018 - 22:28:31

      Oi, seja bem-vinda! Logo saberemos...

  • Luiza Keler Postado em 28/12/2017 - 19:13:22

    Contínua *-*

  • karla08 Postado em 22/10/2017 - 19:56:24

    Owwwwwwwwwwwwwwwu que reviravolta, não para

    • itska Postado em 22/10/2017 - 20:18:40

      Não para, mas vou deixar na curiosidade. kkkkk

  • karla08 Postado em 18/10/2017 - 21:52:11

    WHATTT Dulce morta? Se que acabar com a minha vida e ainda por cima o corno sabia de todos os chifres que levava AIAIAIAIAI

  • karla08 Postado em 18/10/2017 - 00:08:14

    Owwwwwwwwwwww eu quero mais, que misteriosos e enigmatísticos esses dois juntos

    • itska Postado em 18/10/2017 - 18:43:04

      tem alguns mistérios


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