Fanfic: Por Prazer | Tema: Vondy
Capítulo 16 – Melhores Amigas
Quando Christopher deixou o banheiro, o sol já estava lá uma vez mais, brilhando com toda a sua plenitude e nobreza, alertando-o de que aquela madrugada reveladora realmente havia terminado. Caminhou até a cama, secando seus cabelos, deixando seu corpo nu secar por si só. Se somente o cansaço fosse a única coisa que lhe abatesse, facilmente deitar-se-ia até que toda aquela sensação se dissipasse de seu corpo. Se fosse somente o fato de não ter dormido um só único segundo de toda aquela madrugada que estivesse colocando seus nervos à flor da pele daquela forma, o problema poderia ser resolvido... Facilmente resolvido na verdade.
Christopher era e sempre fora um homem que não permitia que algo lhe incomodasse por muito tempo. As preocupações em sua vida pessoal não faziam parte da pessoa que ele era. Tudo havia sido sempre muito resolvido, claro, pronto para começar ou terminar. Jamais havia permitido que seu exército interior perdesse o controle de alguma situação, fosse ela mental ou sentimental... Se é que em algum dia ele fora capaz de colocar sentimentos em alguma coisa verdadeiramente real em sua vida. Uma vida sempre extremamente profissional, dedicada a uma faculdade e então depois à construção de uma das maiores Companhias de Engenharia Civil do mundo. Uma vida que sempre fora vivida de acordo com suas próprias regras... Regras essas que jamais havia o privado de ter ou fazer o que ele bem entendesse.
Mas não era isso.
Era algo muito mais profundo e desconhecido. Era algo muito mais intrigante do que uma mulher que se passava por outra e aparentemente não se recordava nem mesmo de tê-lo recebido em seu próprio corpo. Ultrapassava seu ego e orgulho masculino que Dulce pudesse realmente ter se esquecido de quem ele era ou simplesmente ser capaz de representar de forma tão digna que nem ao menos o conhecia. Ele sabia quem era ela. Sabia que sempre havia sido uma mulher extremamente misteriosa e perigosa, mas se aquilo fosse uma atuação, e Christopher estava desgraçadamente em dúvida se realmente era, não existiria motivo suficientemente sólido para explicá-la.
Aquela brincadeira de menina e menino malvados havia ultrapassado todos os limites naquelas vinte e quatro horas. Por mais que Christopher estivesse verdadeiramente certo de quem ela era, a forma como as coisas haviam acontecido atiravam-lhe na cara fatos que na primeira noite havia preferido não prestar atenção. Suas perguntas aparentemente respondidas esfumaçavam-se e lhe atingiam como novas dúvidas. Dúvidas que roubavam a graça da brincadeira de vingança, levando-o à pensamentos muito mais sérios do que poderia ter imaginado. Acreditava no acaso, mas o fato de estarem os dois naquele mesmo hotel dizia muita coisa para que Christopher o ignorasse.
Era muito mais que uma brincadeira de uma Dulce malvada e perversa.
Aquilo tudo girava em torno de algo muito maior do que o jogo de prazer que eles haviam compartilhado ao longo daqueles meses. Algo esse que Christopher iria descobrir. Algo esse que manteria em segredo tanto para a polícia como para Andrade até que todas as pontas daqueles fios estivessem firmemente unidas e encapadas. Ninguém, nem mesmo Dulce, poderia morrer e reviver sem que ninguém estivesse a ajudando ou até mesmo a induzindo. Ninguém poderia desaparecer da face da terra por longos oito meses e então depois ressurgir como se nada estivesse acontecido, como se uma vida solidamente construída em quatro anos jamais houvesse existido.
Porque era disso que se tratava... De uma mulher que não havia existido ou que em algum momento havia deixado de existir. Helena era a principal prova de que Dulce, e toda a mulher e essência que ela carregava dentro de si, havia simplesmente desaparecido. A pergunta era por quê? Por quem? Com a ajuda de quem?
Se Andrade tivesse lhe dito que fazer amor com aquela mulher era daquela forma, Christopher não teria acreditado. Há muito tempo as aspirações de garoto adolescente e possivelmente marido e pai de família haviam deixado de existir dentro do homem que ele havia se transformado. Desde muito cedo aprendera que é preciso treinar a si mesmo para defender-se das situações e sentimentos criados pela cabeça dos outros e também por sua própria cabeça, sua maior inimiga. Desde muito cedo se treinara para saber quando estava pregando uma peça em si mesmo, fantasiando como os humanos sempre tão falhos viviam fazendo. Mas Andrade não havia lhe dito... Nunca havia lhe dito. Ninguém havia dito. Inúmeras mulheres haviam estado com ele. Lindas mulheres, diferentes mulheres e jamais, jamais havia confessado a si mesmo, após tê-las em sua cama, que havia se esquecido da pessoa que ele era.
Ligou seu computador, abrindo sua caixa de e-mail, deixando seus olhos vagar pela imensidão do azul tão intenso do mar que servira essa noite como testemunha de sua sutil debilidade quando o assunto era Dulce. Não... Dulce não. Helena.
Não havia chances de ter estado com Dulce naquela noite.
– Estou apaixonada por você. – Assentiu com a cabeça, prendendo suas lágrimas e sua respiração. – Eu estou apaixonada por você.
Não havia chances de ter ouvido de forma tão breve e inesperada o que havia dito que conseguiria ouvir no intervalo de duas longas semanas. Manteria o plano original. Mantendo em seu foco a necessidade de agir exatamente como ela estava agindo. Modificando-se para adaptar-se ao homem perfeito e apaixonado que havia mudado por conta da morte inesperada de sua ex-amante. Cercaria-a por todos os lados até que estivessem ambos prontos para o confronto final. Trataria de saber quem era Anahí Claron ou todas as pessoas que percebesse ter alguma ligação com Helena Diaz, inclusive Miguel Diaz, o irmão morto, se é que realmente ele se encontrava morto ou era mesmo um irmão. Aquilo só teria fim quando ele descobrisse o que havia acontecido.
Dulce ou Helena, ele não sabia, seria julgada por aquela brincadeira, sendo ela inocente ou culpada.
– Eu estou apaixonada por você.
Ele ainda podia escutar e sua reação agora não era diferente da que havia tido no Iate. Seus olhos se fecharam e as chamas que ardiam em seu interior ao longo daqueles oito meses finalmente haviam dado as caras. Haviam atingido-o em cheio, mostrando-lhe o que era sentir-se profundamente atingido por uma frase.
Ele havia a mirado nos olhos, procurando neles um resquício de prazer e inverdade.
Não havia encontrado. Diferentes mulheres haviam lhe dito aquela frase, mas então chegara a hora em que Dulce havia lhe dito... Uma Dulce que naquele momento havia se misturado com a Helena que ela havia se transformando. O telefonema de Andrade ainda estava em sua cabeça e mesmo que Christopher sempre fosse muito rápido para lidar com qualquer tipo de situação, não havia se preparado para aquela. Seus lábios havia sentido o gosto amargo de uma vitória que naquele momento não era bem quista. Suas mãos haviam se fechado, deixando seus punhos cerrados, prontos para atingir a si mesmo caso decidisse de sua boca saltar alguma das besteiras de seu pensamento.
Ela havia ficado parada, ali, embrulhada naquele lençol como se Christopher não pudesse ver uma vez mais as delícias que ele escondia. Ela havia ficado parada ali, com aqueles olhos cristalinos o mirando, transmitindo aquela frase uma e duas vezes sem parar.
– Estamos compartilhando o mesmo sentimento, Helena. – Ele conseguiu responder finalmente, perguntando-se o porquê de uma frase tantas vezes já ouvida lhe causar tanto frisson.
– Eu sou a Helena. – Ela havia murmurado. – Para estar dizendo-me a verdade, precisa estar apaixonado pela Helena. As vezes você me olha como se estivesse me investigando, procurando-a em mim. Não faça isso. Seja sincero comigo, seja sincero com a Helena. – Christopher havia se aproximado, mirando-a ainda nos olhos, tirando-lhe o lençol amarrotado.
– Você foi a primeira Helena. Não se questione sobre outra mulher porque não há nenhuma outra. – Havia murmurado, não encontrando em sua frase a mentira que gostaria de ter dito. – Eu não estou a procurando... Não a procure também.
Haviam voltado para cama e no final de todo aquele turbilhão de emoções, Christopher ainda não fazia a mínima ideia do que Andrade havia feito ou sentido ao ouvir a voz de sua mulher falecida no celular de seu amante em férias no Caribe. Afastou tudo da cama, ciente de que precisava dormir pelo menos até umas dez da manhã. Gostaria de vê-la ainda no café e ver também Anahí Claron, era claro. Antes de deitar-se fechou as janelas, deixando o quarto na escuridão. Ligou o ar condicionado e antes do que pensou que conseguiria, adormeceu.
Alfonso virou-se em sua cadeira, encostando-se à mesma, fazendo-a inclinar-se suportando perfeitamente o peso de seu corpo. Mirou Anahí, deixando a caneta que segurava sobre a mesa, suspirando quando os olhos tão claros daquela mulher desviaram dos seus próprios olhos.
– Ela não falou nada além de como ele é perfeito? – Anahí voltou a negar com a cabeça. – Evidentemente apaixonou-se por ele.
– Ela já estava apaixonada antes de morrer, Alfonso.
– Temos que saber qual é a desse homem.
– Pensei que você e sua equipe de profissionais já houvessem feito isto. Para quem está sempre tão informado, Alfonso, surpreende-me que você ainda não tenha percebido. – Alfonso ergueu a sobrancelha, mirando a forma como ela cruzava as pernas, acomodando-se na poltrona, com seus olhos distraídos mirando fixamente algo no tapete. – Pelo que conhecemos de Christopher Uckermann ao longo desses quatro anos, é fácil perceber que ele está jogando com ela. O relacionamento criado entre ambos sempre foi à base de infidelidade, mentiras e jogos de prazer. Ele obviamente sabe que não está a confundindo com outra pessoa, principalmente depois do episódio do Iate. Está jogando com ela até conseguir saber o que aconteceu. O porquê de ela ter forjado a própria morte ou se ela realmente fez isso propositalmente. Fico com a teoria de que ele pensa que ela é culpada. Para ele, ela está retribuindo o jogo, fazendo-se passar por uma mulher que não existe. Ele enterrou a Dulce de Andrade. Organizou seu funeral, sentiu o abalo de sua relação com Andrade. Quer saber o que aconteceu. Quer saber o que ela fez ou o que fizeram com ela e obviamente como vieram parar no mesmo hotel.
– Você acredita que ele possa nos oferecer algum risco?
– Está me perguntando se acho que em algum momento ele pode deixar de ser o investigado para virar o investigador? – Alfonso assentiu. – Isso já aconteceu. Temos o perfil desse homem. Ele não descansará enquanto não saber o que aconteceu. Dulce foi inserida em sua vida da única maneira que podia atrair a atenção dele. Ela atuou para que ele jamais se cansasse, para que sempre fosse acessível para ela e logo para nós. O papel foi convincente, Alfonso. Christopher pode não fazer ideia, mas tem Dulce gravada em seu corpo em todos os sentidos da palavra. E agora Helena está sendo gravada em um lugar que aparentemente Dulce não conseguiu chegar...
– Em seu coração. – Completou, levantando-se. – Acredita que ele realmente está envolvido?
– Ainda não completamente. Não há vestígios de Dulce em Helena. Ele que a conheceu tão bem não pode fazer a conexão. Tem duas mulheres opostas. Uma que jamais sentiu a necessidade de abraça-lo após uma noite de sexo, e outra que diz que está apaixonada e que adormece em seus braços após fazer amor. Se quiser minha opinião profissional sobre este assunto, asseguro-te de que Christopher é muito mais esperto do que você imaginou que ele fosse.
– Continuaremos a monitorá-lo até que esse projeto seja concluído.
– Se você acredita que pode fazer uma mulher renascer para um homem e concluir seu estúpido trabalho sem que isso lhe traga consequências, você jamais esteve mais equivocado em sua vida. Eu jamais acreditei que vocês pudessem realmente levar essa estória a sério e posso lhe garantir que o seu emprego estará no lixo quando tudo isso estourar bem na sua cara.
– Fomos extremamente cuidadosos. Ele saberá o que aconteceu e viverá com isso, o que estamos procurando é bem mais importante do que um coração partido. Se é que ele terá algum coração partido. – sorriu.
– Você teve a capacidade de marcar uma mesma mulher duas vezes. Executa o projeto mais inacreditável que pude presenciar e ainda é capaz de sorrir. Acredita que aquele homem simplesmente se calará e entenderá a importância do nosso trabalho? Acredita que ele a deixará depois que isso terminar?
– Estamos falando de Christopher Uckermann, Anahí. Pelo amor de Deus!
– Estamos falando de um homem que não gosta que joguem com ele se ele também não fizer parte do jogo. Entramos em sua vida não só uma vez, mas duas. Invadimos a sua privacidade, sua vida profissional e também familiar. Ele foi manipulado por duas mulheres distintas que são o mesmo organismo. Ele não saudará o governo Americano, Japonês e Mexicano por esse tipo de projeto. È multimilionário e insuportavelmente influente... Ele não ficará quieto, Alfonso.
– Ele não é um Deus supremo, Anahí.
– Subestime-o e verá do que eu estou falando. Estudei este homem por quatro anos. Escute-me com atenção. – Voltou a mirar Alfonso nos olhos. – Sua missão será concluída, mas o estrago que ele causará na mulher para a qual você deve tanto, será irreversível.
– Fazemos o que é preciso para assegurar que nossos deveres sejam cumpridos. Ela ficará bem e finalmente poderá viver a vida da qual sempre falou. Manteremos as coisas da forma como elas estão. Está tudo caminhando bem.
– Até quando acha que poderá manter este lugar isolado do mundo? Isso é arriscado demais, prematuro demais, não sei onde eu estava com a cabeça quando concordei com esse absurdo! – Levantou-se, respirando profundamente, organizando seu uniforme.
– Você ficou porque pensou que de alguma forma pudesse protegê-la.
Anahí o mirou novamente, com seus olhos cristalinos desejando poder feri-lo profundamente, exatamente da forma como ele havia a ferido.
– Comoveu-se com o estado dela nas últimas semanas e decidiu bancar a melhor amiga superprotetora. – suspirou. - Nós temos o controle sobre tudo o que acontece aqui, Anahí. Cada pessoa dentro desse hotel foi meticulosamente selecionada. Funcionários, hóspedes... Todos eles são vigiados e monitoramos por nós. Nenhum deles com alguma relação ou possível ponte com ela ou Christopher. Pessoas normais, de diferentes países que estão curtindo suas férias como acharam que fariam quando saíram de suas casas. Não estamos deixando pontas soltas. Tudo está perfeitamente conectado, assim como esteve antes, assim como estará depois que isso terminar. Todas essas pessoas seguirão as suas vidas, inconscientes de nosso trabalho aqui ou em outro cenário. Ela irá sobreviver. Ele irá sobreviver e você poderá cuidar da sua consciência tão pesada.
– Eu quero o divórcio. – Disse simplesmente, deixando Alfonso tanto estático como mudo. – É tão claro para eu perceber como conseguiu se casar comigo. O personagem que assumiu era o homem dos meus sonhos, foi tão fácil dizer sim. – Sorriu falsamente, negando com a cabeça, limpando as lágrimas que escorriam de seus olhos. – Ver o homem que se escondia atrás daquele homem é tão decepcionante! – Alfonso engoliu a saliva, cerrando firmemente o maxilar. – Toda vez que olho em seus olhos lembro-me de que fui um projeto seu, um meio de alcançá-la e conseguir ao mesmo tempo outra agente que seria qualificada para a função. Duas mulheres sem família, sem que ninguém procurasse por elas a cada missão assumida ou alguém que as reconhecesse caso precisassem morrer. – Mordeu os próprios lábios. – Duas mulheres sem raízes, sem laços ou companheiros, sem nada que as fizesse reclinar o trabalho tão honrado oferecido.
– Você não foi só uma missão.
– Aproveitou-se da morte do Miguel para convencê-la a participar disto. E aproveitou-se do meu amor e confiança no homem que eu pensava que você era para convencer-me a fazer parte disso.
– Nossa reunião está encerrada. – Virou-se de costas, observando à praia que já começava a ser habitada pelos hóspedes. – Se você disser que quer partir agora, eu conseguirei que você parta.
– Não. Eu ficarei. Por mais que seja inútil. Ele vai feri-la e nós dois sabemos disso. Mas esta não é minha maior preocupação...
– Eu disse que esta reunião está encerrada.
– Eu quero o divórcio e quando isso acabar quero que você cuide... – Apontou-lhe o dedo. – Quero que você cuide de que jamais voltemos a nos encontrar.
Anahí limpou seu rosto, respirando profundamente.
– Quando você aceitar que o que aconteceu entre nós foi verdadeiro deixará de se sentir e agir como uma vítima. Eu fiz o meu trabalho. – Ergueu levemente sua voz, demonstrando-se orgulhoso. – Mas isso não me impediu de me apaixonar por você.
– Isso é só? – Alfonso murmurou um palavrão, assentindo com a cabeça.
– Isso é só.
Helena sorriu aos dois idosos que deixavam a mesa de seu setor no grande salão de refeições, desejando-lhes uma ótima praia e colocando-se à disposição para indicar passeios para aquela mesma tarde.
O casal sorriu agradecido, deixando a mesa livre com um breve aceno.
Esvaziou com prática e velocidade a mesa, preparando-a logo em seguida para os próximos hóspedes que iriam tomar o completo café da manhã, sem importar-se com o calor insuportável que se fazia naquela manhã ou o fato de ter dormido bem menos do que deveria para poder aguentar o trabalho puxado de um dia de hotel.
Seus movimentos fluíam com graciosidade, seu trabalho era bem executado porque se sentia apaixonada e satisfeita. Seus lábios não deixavam de sorrir e seu cumprimento de bom dia a cada hóspede que a mirava, simplesmente por mirar ou com visível curiosidade, transmitia por si só o seu bom humor e sua alegria interior. Sua energia era contagiante, tão contagiante que descobriu-se observada por várias pessoas. Não se importou. Nada iria tirá-la de seu estado vibrante de bom humor. Serviu outra mesa, arrumou outras, sem se esquecer dos vasos de flores, dos guardanapos decorados ou dos três pratos brancos de porcelana.
Piscou para Anahí que havia naquele momento entrado no salão, estranhando seus olhos levemente avermelhados, questionando-a com o olhar e recebendo uma careta descontraída, como se ela estivesse lhe dizendo que não era nada.
Estava ocupada com os talheres para perceber que Christopher havia entrado no salão. Tal fato só foi percebido quando se virou e seus olhos tão brilhantes e apaixonados encontraram-se com os olhos tão misteriosos e extremamente sensuais dele. O tempo parou para aquele reencontro. Sentiu-se estremecer e assim como suas pernas, suas mãos tremeram e seu corpo ainda em chamas seguiu o mesmo caminho, amolecendo-se, deixando-a tanto paralisada como encantada com suas próprias reações.
Torceu para que seu rosto não demonstrasse o turbilhão de sensações existentes nela somente por vê-lo, sempre deslumbrantemente lindo e elegante. Ele sorriu, descaradamente sorriu, escancarando com seus lábios avermelhados e seus dentes tão brancos toda a loucura e paixão que eles haviam partilhado durante toda aquela madrugada deliciosa. Sentiu-se tentada a correr para ele. Sentiu-se desejada e ainda mais apaixonada por ser ela o foco daqueles olhos sempre tão particularmente profundos.
Antes que pudesse evitar, um sorriso escapou por seus lábios e como uma tola suspirou, mordendo os próprios lábios, fechando os olhos em uma expressão clara de uma mulher que se controlava para não permitir que tantas lembranças lhe tomassem os olhos e o fôlego. Voltou a abri-los, não reparando no olhar que Anahí e Alfonso havia trocado, não reparando em nada além da forma ansiosa que ele aparentemente lhe sorria e lhe esperava.
Queria-o. Queria fazer amor com ele. Hoje e sempre.
Seu coração bateu acelerado tirando-a do transe. Enfim se moveu, servindo outra mesa, deixando Christopher por último, ciente de que o perfume dele em seus sistemas poderia lhe fazer derrubar alguma bandeja e acabar ferindo um hóspede. Tratou de se acalmar, respirando profundamente, voltando a sorrir e a agir com naturalidade. Terminou a mesa dezessete e logo em seguida virou-se, preparando-se para atendê-lo, aproximando-se com passos lentos e calmos.
Naturalmente ele lia o jornal. Com seu calcanhar apoiado sobre o joelho, com seus olhos agora concentrados nas notícias e na bolsa de valores.
– Bom Dia. – Ela conseguiu dizer naturalmente e a calma que havia conseguido abandonou-a por aí. Ele deixou de mirar o jornal, erguendo os olhos para mirá-la, abrindo outro de seus sorrisos.
– Boa Tarde. – Ele murmurou. – Eu já lhe disse bom dia hoje.
Helena estremeceu-se, apoiando-se sutilmente na cadeira, fazendo-o conter o riso.
– Mas se te vale às convenções... Não é bom dia. È um ótimo dia, Helena.
– O que gostaria para o café da manhã? – Ele voltou a sorrir, tombando a cabeça levemente, fazendo a corar dos pés a cabeça.
– Seria inadequado pedir aqui, querida. – Repirou fundo, sentindo o perfume suave que vinha dela atingindo-o em cheio. – Vê? – Murmurou, fazendo com que somente ela pudesse lhe escutar. – O problema de ensinar as coisas para um homem como eu, é que aprendo rápido demais. – Deixou de sorrir. – Aprendo rápido demais e preciso de repetições... Inúmeras repetições para que permaneça guardado em minha memória. Você entende do que falo Helena?
– Pelo amor de Deus, não poderei me concentrar se...
– Ótimo. – Olhou o cardápio, voltando a sorrir. – Compartilhe comigo a falta de concentração e atenção. – Mirou-a seriamente. – Preciso de você. Diga-me o que posso fazer para nos encontrarmos... – Tocou-a na mão, fazendo-a fugir do toque em seu local de trabalho. – Qualquer lugar. Qualquer hora.
– Às onze horas. – Murmurou – Pedirei para Anahí me cobrir e então poderemos nos encontrar por alguns minutos.
– Em seu quarto?
Ela sorriu, negando com a cabeça, fingindo escutar um pedido.
– Em seu quarto. Eu entrarei pela varanda da sua suíte, é uma das mais afastadas do movimento da praia. – Ele assentiu visivelmente impaciente. – Agora me peça o café da manhã antes que eu seja demitida!
– O café da manhã? Ah sim... O café da manhã! – Helena segurou o riso, assim como a vontade de beijá-lo. – Não sei... Não faço a mínima ideia!
– Eu posso pedir algo à moda da casa. – Ele concordou, mirando o relógio.
– Sim. À moda da casa está excelente para mim.
Helena moveu-se cuidadosamente pela areia pálida e quente da praia, com seu coração batendo acelerado por estar fazendo algo proibido e ainda por cima em seu horário de trabalho. Havia pedido para Anahí cobri-la por dez minutos e sua amiga havia concordado, dizendo que segurava as pontas por até vinte minutos. Chegou à varanda de Christopher, preocupando-se em não ser vista, agradecendo ao passeio principal do período matinal ser exatamente naquela manhã ensolarada. As onze em ponto, abriu as janelas altas e brancas, tratando de não fazer barulho, entrando na habitação pouco iluminada nas pontas dos pés, com extremo cuidado.
Fechou-as, passando o trinco, encostando sua testa acalorada contra a mesma janela, tomando fôlego, acalmando seu coração acelerado e suas pernas tão trêmulas pelo tamanho de uma ousadia nada costumeira. Em meio à quase escuridão, Helena sentiu duas mãos percorrerem desde sua cintura até sua nuca, afastando seus cabelos negros e agora soltos daquele local. E então sentiu aqueles lábios sobre sua pele fervente pelo sol e pela paixão.
Fechou seus olhos, mordendo os próprios lábios, sentindo o corpo dele colar-se lentamente ao seu, seus lábios percorrem sua nuca, a lateral de seu pescoço, seus ombros desnudos. Arrepiou-se intensamente, liberando aquela sensação e excitação, liberando aquele fraco e baixo gemido tão familiar nas últimas vinte e quatro horas.
– Isso é loucura. – Virou-se, mirando-o nos olhos, tocando-o nos ombros e nos cabelos, abraçando-o com todo o seu ser. – Posso ser demitida somente por não controlar minha necessidade em vê-lo. – Beijou-o nos lábios com lentidão e profundidade, tocando suas línguas, sentindo seus pés romperem o contato com o chão. Ele ergueu-a pela cintura em mais um daqueles abraços, colando seus corpos e suas intimidades, dando a ela a noção exata de sua necessidade e excitação.
Voltou a beijá-lo sentindo o mesmo gosto da paixão com a qual havia se fartado naqueles poderosos braços. Ele tocou-a por todos os lugares, aprofundando o beijo, erguendo-lhe a saia para tocar-lhe e apertar-lhe o traseiro redondo.
– Quanto tempo? – Murmurou, segurando-a pelos cabelos, tombando sua cabeça para devorar-lhe o pescoço à beijos molhados.
– Vinte minutos. – Respondeu ofegante, tirando-lhe a camisa polo rosada, tocando-o no peito, nos ombros, no estômago plano, retribuindo o beijo, lambendo-lhe os lábios sensualmente, rapidamente, em meio de baixos gemidos e respirações aceleradas, falhas. – Isso é loucura. – Sorriu antes que ele novamente devorasse seus lábios, prensando-a contra a janela recém-fechada.
Christopher mirou aqueles olhos, percebendo o quanto ambos encontravam-se ofegantes, agora com suas roupas amarrotadas, os corações acelerados. Ela retribuiu o olhar, perguntando o motivo pelo qual ele havia parado de beijá-la e então de tocá-la por todas as partes.
– Não. – Ele finalmente murmurou, fechando seus olhos, unindo suas testas. – Não quero que façamos disso tudo o que temos. – Voltou a mirá-la, notando-a visivelmente surpresa. – Não que eu não deseje, acredite-me... – Colou seu corpo ao dela, mostrando-lhe sua palpável excitação. – Eu desejo, mas não quero que façamos disso o nosso relacionamento. – Endireitou-lhe a saia, mirando a forma como os olhos dela brilhavam e um tímido sorriso se perdia em seus lábios agora tão avermelhados. – Isso precisa começar diferente de meus outros relacionamentos. Você não é aquelas mulheres. – Ligou o ar condicionado, arrastando-a para a cama com ele, deitando-a sobre seu peito, abraçando-a enquanto Helena já sem sapatos aceitava todo aquele carinho, suspirando, acalmando as batidas frenéticas de seu coração. – Ok, preciso de dois minutos para me acalmar!
Ela gargalhou baixinho, corando ainda mais suas bochechas já avermelhadas.
Ele sorriu também, apertando os olhos na tentativa quase fracassada de se acalmar e fazer o que havia planejado fazer. Ela suspirou, abraçando-o, aconchegando-se aos seus braços, ao ambiente tão fresco e distinto do refeitório.
– Você deve estar morta de cansaço. – Ela sorriu, sentindo os dedos dele acariciarem seus cabelos macios tão longos, fazendo-a relaxar, soltando-se completamente.
– É um cansaço que vale à pena. Um cansaço gostoso. Pensei que você dormiria durante toda à tarde, foi uma surpresa vê-lo no café da manhã.
– Eu gostaria. Mas tenho que resolver algumas coisas da empresa até às duas da tarde.
– Fale-me sobre o seu trabalho. – Ergueu a cabeça, mirando-o, ficando com seu rosto frente a frente ao dele. Christopher a beijou rapidamente, arrancando outro sorriso deslumbrante de Helena.
– É a minha vida. Meu trabalho sempre foi a minha vida. Tudo o que eu tenho.
– O que você faz exatamente?
– Eu não poderia lhe dizer em vinte minutos. Faço tudo, cuido de tudo. Sou presidente de uma das maiores Companhias de Engenharia Civil do mundo. Fechamos recentemente um contrato bilionário com a empresa mais poderosa em nosso ramo em Tóquio. A maior parte do tempo estou dentro do escritório, ou então em aviões. Trabalho mais de doze horas por dia, principalmente nestes oito meses...
– Para quem imagina que empresários ricos vivem somente de brisa...
Ele gargalhou, voltando a beijá-la.
– Acredite, eu poderia estar aposentado de tanto que já trabalhei.
– Você é um homem muito atarefado. – Acariciou-lhe o peito desnudo. – Acredito que essas são as primeiras férias que tira desde que começou.
– Pode estar certa disso. Mas estou contente por sair de férias somente agora. O contrato de Tóquio foi nosso maior projeto desde que começamos nosso negócio. Com ele eu finalmente pude me dar o luxo de sair de cena por duas semanas.
Helena voltou a mirá-lo, deixando de sorrir, com seus olhos antes tão brilhantes perdendo-se na imensidão dos olhos dele.
– Duas semanas? – Ele assentiu, afastando o cabelo dela, colocando uma mecha perdida atrás de sua orelha. – Pensei que ficaria mais tempo.
– Tenho uma empresa que depende de mim, da minha presença, das minhas decisões.
– Então tenho duas semanas para estar com você? - Ele tocou-a nos lábios.
– Não. Se você quiser pode ser ficar comigo pelo resto da vida.
Autor(a): itska
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Capítulo 17 – Reis e Rainhas O silêncio reinou por longos segundos. Longos segundos nos quais os olhos bem abertos de Helena miravam os olhos perfeitamente calmos e concentrados de Christopher. Não se moveram, não se beijaram e nem pensaram em outra coisa a não ser naquelas palavras que agora flutuavam no ar, dando à a ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 14
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sahprado_ Postado em 04/03/2018 - 23:54:22
Eitaa alguém chama o bombeiro kkk to com medo do que o Christopher pode fazer com essa informação do nome.
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sahprado_ Postado em 03/02/2018 - 00:05:47
Definitivamente Tóquio. E o Alfonso nesse rolo todo?
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sahprado_ Postado em 26/01/2018 - 13:09:14
Mano o que está acontecendo? To confusa hahaha socorro
itska Postado em 02/02/2018 - 20:31:08
Com os próximos capítulos você entenderá
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sahprado_ Postado em 19/01/2018 - 00:03:05
Eu não diria proteção de testemunhas agora mas me fugiu a palavra certa rs tipo fbi? Andrade tava sendo investigado? Tóquio, talvez?
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sahprado_ Postado em 18/01/2018 - 11:35:06
Eu tava achando que talvez elas não fossem uma só. Tipo, irmãs, sabe? Mas aí Any e Poncho fazem parte do esquema então eu já tô louca. Será que é algum tipo de programa de proteção de testemunhas, igual tem naquelas séries CSI e Law & Order? A cabeça tá a milhão, socorro! Kkkk
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sahprado_ Postado em 17/01/2018 - 17:36:31
Oie, leitora nova aqui! Eita, que confusão! Até agora não consegui decidir se Dulce e Helena são a mesma pessoa. Mas esse nome é bem profético.
itska Postado em 17/01/2018 - 22:28:31
Oi, seja bem-vinda! Logo saberemos...
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Luiza Keler Postado em 28/12/2017 - 19:13:22
Contínua *-*
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karla08 Postado em 22/10/2017 - 19:56:24
Owwwwwwwwwwwwwwwu que reviravolta, não para
itska Postado em 22/10/2017 - 20:18:40
Não para, mas vou deixar na curiosidade. kkkkk
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karla08 Postado em 18/10/2017 - 21:52:11
WHATTT Dulce morta? Se que acabar com a minha vida e ainda por cima o corno sabia de todos os chifres que levava AIAIAIAIAI
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karla08 Postado em 18/10/2017 - 00:08:14
Owwwwwwwwwwww eu quero mais, que misteriosos e enigmatísticos esses dois juntos
itska Postado em 18/10/2017 - 18:43:04
tem alguns mistérios