Fanfic: Destinos ao Vento (ADAPTADA) | Tema: Herroni
Alfonso inspirou fundo, os olhos fixos no horizonte. Estava agindo como um adolescente apaixonado e isso o incomodava. Simplesmente não conseguia parar de pensar em Maite, no gosto delicioso dos lábios rosados, na sensualidade do corpo mignon e escultural. Deixara-a uma hora atrás e ansiava tornar a vê-la, abraçá-la, beijá-la. Apenas a certeza de que cometeria um sério erro caso cedesse ao impulso, o segurava. Ela levaria algum tempo para aceitar, e assimilar, o que acontecera entre os dois.
— Assim como eu — ele falou baixinho, debruçando-se sobre o parapeito da muralha.
Nunca mulher alguma o fizera experimentar uma paixão tão violenta, nunca mulher alguma lhe roubara a capacidade de raciocinar com clareza. E raciocinar com clareza era essencial neste momento, quando a vida do jovem Eric estava em jogo.
— Nigel piorou? — perguntou James, aproximando-se.
— Não. A febre cedeu e ele dorme.
— Foi o que me disseram. Porém sua expressão sombria me levou a imaginar o contrário, milorde.
— Não é a saúde de meu irmão o que me preocupa agora, e sim a herborista.
— Uma moça bonita — comentou o mestre de armas, observando o outro com atenção.
— Bonita demais. Doce demais. Tentadora demais.
— E disponível demais. - Pensativo, Alfonso balançou a cabeça.
— É verdade. Precisávamos desesperadamente de uma herborista em Donncoill e, como num passe de mágica, lá estava Maite Perroni, à beira da estrada. Uma bênção, ou uma armadilha? Sei que, às vezes, em casos de extrema necessidade, Deus ouve nossas preces e realiza um milagre. Contudo, não posso correr o risco de acreditar em milagres agora. Há muita coisa em risco.
— Talvez você devesse mandá-la embora.
— Seria a atitude sensata. Ela mesma afirmou pretender partir tão logo Nigel esteja recuperado. A razão me diz ser melhor assim. Mas receio não haver aprendido nada das muitas tolices de meu pai. Desejo a moça e é tudo em que consigo pensar.
— Não, não é tudo, porque você sabe que essa estranha guarda segredos. E há perguntas que devem ser respondidas.
— De fato. Mas quando estou junto de Maite, não penso em arrancar nenhuma resposta.
— Então eu cuidarei do problema. Alfonso hesitou por um breve instante.
— Meu orgulho me obriga a querer resolver o assunto sozinho. Felizmente, o bom senso fala mais alto. O fascínio que aquela mulher exerce sobre mim me impediria de agir com imparcialidade. Não sei se eu poderia tomar as decisões acertadas. Descubra o que puder. Maite Perroni surgiu num momento de necessidade, e também numa época de conflito. Talvez seja um belo anjo da misericórdia. Ou então uma serpente introduzida em nosso meio pelo inimigo. Não há dúvidas de que guarda muitos segredos, segredos que podem vir a comprometer nossa segurança. Não demore muito para descobri-los, velho amigo. Confesso que ao mergulhar naqueles olhos verdes, meu sangue ferve nas veias e minha vontade fraqueja. Descubra a verdade, antes que eu esteja por demais envolvido para acreditar em qualquer coisa negativa sobre Maite Perroni.
— Você cuida bem de mim — disse Nigel, enquanto Maite o ajudava a sentar-se na cama e colocava vários travesseiros às suas costas para proporcionar-lhe maior conforto. — Eu teria morrido se você não houvesse me socorrido.
Ela se retraiu quando Nigel a enlaçou pela cintura. Livre da febre há cinco dias, o cavaleiro vinha cercando-a de atenções que tanto a incomodavam quanto assustavam. Bastara recuperar a força no braço, para Nigel começar a tocá-la. Sim, toques sutis, inofensivos, facilmente desculpáveis, exceto pela crescente freqüência. Também os olhos cor de âmbar a fitavam com excessivo calor.
A última coisa da qual precisava era de outro Herrera tentando arrastá-la para a cama, pensou, esquivando-se com a desculpa de apanhar a bandeja que a criada deixara sobre a mesa perto da janela. Nigel a estava assediando de modo muito mais doce e cortês do que Alfonso, tratando-a como um nobre deveria tratar uma verdadeira dama. Porém, apesar da gentileza e das palavras galantes daquele homem extraordinariamente bonito, não se sentia nem um pouco atraída.
— Acho que vou necessitar de seu auxílio para comer o ensopado — ele falou, ajeitando a bandeja no colo.
Embora o julgasse perfeitamente capaz de se alimentar sozinho, Maite atendeu ao pedido e sentou-se na beirada da cama. Em segundos, uma das mãos masculinas pousava em seu joelho com naturalidade. Apesar de o toque desagradar-lhe, resolveu não repudiá-lo de imediato. A febre alta e os ferimentos profundos haviam sugado as energias de Nigel e existia a possibilidade de que ele receasse não conseguir manejar a colher com eficiência. Por considerar o enfermo inofensivo, resolveu não discutir o pedido.
— Por que você está procurando seus parentes aqui? O clã Perroni fincou raízes a muitos quilômetros de Donncoill.
— Sim, eu sei. Não me perdi se é o que você está pensando. Apenas não queria encontrá-los.
— Por quê? — Nigel tossiu quando Maite, não muito gentilmente, meteu-lhe um pedaço de pão na boca. — É uma pergunta razoável — protestou, sorrindo ao percebê-la irritada.
— Talvez. Os Perroni não me desejariam por perto. Afinal, sou pobre e tenho tido uma vida dura.
— Como vários dos Perroni, sem dúvida.
— Sim. Mas, o que ainda não lhe contei sir, é que sou ilegítima. — Apesar da surpresa, não havia desdém, ou desgosto, no olhar do cavaleiro. — Minha mãe, filha mais velha de lorde Perroni, deixou-se convencer a se afastar da família. O homem que a seduziu já era casado e, quando a pobre ingênua engravidou, abandonou-a. Envergonhada, ela não teve coragem de voltar para a família.
Não correria riscos contando essa parte da verdade, Maite decidiu. Porém, guardaria segredo sobre o nome do canalha. Também omitiria o detalhe de que ele só as abandonara depois de seu nascimento, ao constatar não ser a criança o menino que ansiava gerar. Revelar o nome de seu pai lhe criaria mais problemas e, talvez, a expusesse a um perigo maior.
— Você pode ter julgado mal os Perroni. — Nigel usou ambas as mãos para levar o cálice de vinho à boca. — E possível que não se importem com sua ilegitimidade. Provavelmente o medo de sua mãe, de que fossem rejeitadas, resulte do próprio sentimento de culpa e vergonha. Talvez você devesse voltar para se casar e conversar com ela.
— Não posso. Minha mãe morreu.
— Lamento sua perda. Então você está à procura da família de seu pai?
— Não. O maldito nunca demonstrou interesse em mim. E o sentimento é recíproco. — Inquieta Maite levantou-se abruptamente. — Você já terminou?
Retirando a bandeja do colo do enfermo, colocou-a sobre a mesa perto da janela. Estava claro que responder a umas poucas perguntas não satisfaria a curiosidade de Nigel. Apesar de cuidadosa, suas respostas davam à impressão de provocar outras indagações. Não seria fácil continuar guardando seus segredos sem levantar suspeitas. Se resolvesse permanecer em Donncoill, e se envolver na luta contra Alfonso, seria obrigada a inventar uma história sobre seu passado, uma história detalhada, bem elaborada o suficiente para ajudá-la a enfrentar perguntas indiscretas. Mas não sabia se conseguiria inventar uma mentira tão complicada. Ou se sentiria à vontade sustentando-a.
Quando Alfonso entrou no quarto, pondo fim ao interrogatório de Nigel, Maite experimentou um alívio inesperado. Desde que haviam se beijado, fizera o impossível para evitá-lo. Embora se limitasse a tratá-la com a mais respeitosa deferência quando visitava o irmão enfermo, o brilho intenso dos olhos escuros deixava claro que lorde Herrera não tardaria a tomar uma atitude.
Com os nervos à flor da pele, ela tentou escapar do aposento. Mãos firmes a seguraram pelo braço.
— Eu ia deixá-lo a sós com sir Nigel — Maite murmurou, tentando, em vão, livrar-se dos dedos que a seguravam feito tenazes.
— Apesar de não desejar ferir os sentimentos de meu irmão — disse Alfonso, sorrindo —, vim buscá-la.
Autor(a): taynaraleal
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 13
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fsales_ Postado em 23/03/2018 - 18:15:20
Posta maisss, tá bem claro que os dois se querem! Se possuam de uma vez, queridinhos, deixem o passado dos pais de vocês pra lá!!!
taynaraleal Postado em 24/03/2018 - 16:03:12
Concordo com você Fabi. Logo logo posto mais, quero que isso pegue fogoo
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fsales_ Postado em 03/03/2018 - 00:24:44
MEU JESUS BEIJO E COMEÇO DE HOT, POSTA MAISSSSS QUE ESSA FIC TÁ BOA DEMAIS!!!!
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fsales_ Postado em 03/03/2018 - 00:23:08
ALFONSO COM CIÚME, ESSE MOMENTO É NOSSO, GALERAAA
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fsales_ Postado em 03/03/2018 - 00:22:40
"Não tenho medo de você, lorde Herrera" MAITE AFRONTOSA. é isso que eu quero sim
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fsales_ Postado em 22/10/2017 - 14:40:51
Alfonso já desejando ela e já pensando em sexo em momentos inapropriados! não vou mentir... Adorei! kkkkkkk
taynaraleal Postado em 08/02/2018 - 18:11:41
Vamos esperar para os reais momentos, e ai nós piramos :)
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fsales_ Postado em 22/10/2017 - 14:39:53
MEU DEUS, POR FAVOR, POSTE MAIS HOJE Q EU TÔ ANSIOSA!!! Já senti que vou amar esses dois nessa fic também! Coitado de Nigel e esse "Não, minha convidada." de Alfonso, afemaria, senti no coração!!! Maite bem atrevida, adorei também
taynaraleal Postado em 08/02/2018 - 18:11:11
Vou postar hoje, serei booazinha e tentarei postar mais uns 3 capitulos
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fsales_ Postado em 21/10/2017 - 10:52:07
Só eu que sou a louca que fica contando os segundos pra Maite aparecer logo? kkkkk quero!
taynaraleal Postado em 08/02/2018 - 18:10:45
Não mesmo kkk
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fsales_ Postado em 21/10/2017 - 10:36:02
Primeira leitoraaa nessa história lindaaa! AAAA
taynaraleal Postado em 08/02/2018 - 18:10:29
EEEEEE Primeira e unica até o momento :) estou felizzzzzz, vou voltar com ela logo, nem se preocupe, vai ler bastante antes de iniciar a faculdade