Fanfic: Destinos Cruzados - AyA | Tema: RBD Ponny AyA Anahi Alfonso Suicídio Depressao Romance

O telefone de Alfonso tocou naquela tarde, interrompendo seu sono profundo. Seu subconsciente já estava treinado para aquele tipo de situação, a qual o hospital lhe chamava sempre quando ele estava de plantão domiciliar ou até mesmo quando eles não tinham médicos o suficiente e algum grande desastre acontecia, levando muitos pacientes para o hospital.

- Herrera. - Respondeu com a voz rouca de sono e a cara amassada, mas já se sentando em alerta.

- Ei Poncho, sou eu. - Respondeu Ucker, seu melhor amigo. - Cara, a Dul entrou em trabalho de parto agora, sendo que ainda faltavam duas semanas para o bebê nascer. Eu não posso deixa-la sozinha então...

- Claro, eu fico no seu lugar brother. - Se adiantou - Não se preocupe e me mantenha informado, você sabe que Louisa virá saudável.

- Eu estou tentando cara, pela Dulce. Se ela ver alguma sombra de medo nos meus olhos tenho certeza que vai desmoronar. A mulher é forte, mas pelos hormônios ela tem agido feito louca.

- Espero que ela não tenha te ouvido dizer isso, porque se não você é um homem morto. - Alfonso riu e começou a se vestir para substituir o amigo que estava de plantão.

- Deus que me livre disso! - Riu com aparente nervosismo na voz - Preciso ir, te deixarei informado. - Se despediram e Alfonso rapidamente se trocou, pegou as chaves e foi em direção ao hospital.

Christopher e Alfonso haviam se tornado amigos durante a residência no hospital. A afinidade entre ambos fora instantânea, eram dois ótimos profissionais que rapidamente foram contratados pelo hospital ao final do programa. Apesar de Alfonso ter tido diferentes objetivos de vida do que Christopher, como ter uma família e uma "vida" fora do hospital, eles ainda eram muito próximos. Christopher acabou se casando com Dulce um par de anos atrás.

Ela era uma professora do jardim de infância que acompanhava um dos seus alunos pequenos que havia feito um enorme corte na testa. Se apaixonaram no instante seguinte e em um ano estavam trocando alianças no altar. Poncho adorava a ruiva e lhe tomou como amiga também. Eram os mais próximos dele, depois de sua mãe, e não sentia necessidade de mais ninguém em sua vida. Mas agora o casal estava ganhando uma nova adição e Alfonso sabia que amaria Louise como se fosse uma sobrinha querida, afinal, considerava Ucker como um irmão.

- Ué doutor, já está de volta? - Perguntou o porteiro da noite, que havia acabado de começar o turno.

Alfonso não fazia distinção entre os funcionários do hospital, o preconceito não lhe caia bem, pois sua mãe lhe criara com muita humildade. Era reservado, todos sabiam disso e o respeitavam, mas mesmo assim nunca deixou de ser educado e gentil com todos. Por isso, era um dos médicos mais respeitado no local. Todos amavam o Dr. Herrera.

- Pois é, a menininha do Ucker está nascendo e ele teve que correr para a maternidade para ficar com a esposa. - Deu os ombros, mas seus olhos brilhavam com expectativa.

O porteiro sorriu e mandou lembranças a Christopher, que também eram bem conhecido por todos, pelo sorriso sincero e personalidade extrovertida. Alfonso foi diretamente para sua sala e se trocou rapidamente. Seguiu para a emergência e se pôs a par de tudo que estava ocorrendo com bastante astúcia e agilidade.

A noite estava correndo mais tranquilamente que o esperado, então depois de receber uma mensagem de Ucker, resolvera dar um pulo rápido no quarto piso, onde se encontrava a maternidade, mas antes fora até na loja de presentes, comprando o maior urso que achou, flores e balões. Pensou que parecia ridículo com um urso gigante nos braços e toda a parafernália que, ele sabia que Dulce gostaria depois de tantas horas em trabalho de parto. A verdade era que cada uma das mulheres que encontrou pelo caminho havia perdido uma parte de seus corações para o carinhoso e gentil Dr. Herrera, que visitava bebês e comprava ursinhos. Cumprimentou as enfermeiras que estavam de plantão aquela noite e ouviu atrás de si alguns suspiros. Aquilo acontecia tão frequentemente, que estava acostumado. Desde que ingressara ali, recebera inúmeros convites para sair de muitas mulheres.

Ele saiu com umas, mas as levava no máximo para um jantar e depois se despedia em um tom de amizade. Elas ficavam decepcionadas, mas ter caso de uma noite com alguém que ele constantemente encontraria no trabalho não funcionaria muito bem. Por isso, quando ele estava somente atrás de sexo, ia algum bar, arrumava alguém que tinha as mesmas intenções que ele. Sexo sem compromisso. Nunca as levava para sua casa, lá era seu santuário. Também não gostaria que nenhuma delas pensasse em algo mais e soubesse onde morava. Ele queria algo assim, livre, sem amarras. E era isso que ele tinha.

- Onde está a mais nova mamãe de toda Londres? - Entrou no quarto, quase silenciosamente.

Dulce sorriu, com lágrimas nos olhos. Os hormônios ainda a deixavam uma bagunça completa. Ela embalava nos braços um pacotinho em uma manta rosa. Christopher não conseguia parar de sorrir, parecia que tinha colocado um cabide na boca. Alfonso nunca vira o melhor amigo tão feliz. Ucker rapidamente tirou os balões e as flores da mão de Alfonso, amarrando-os em uma cesta de frutas em cima da mesa e colocando as flores ao lado dela. Poncho colocou o urso sobre o sofá que havia no canto e abraçou o amigo.

- Parabéns cara, você fez um bom trabalho. - Deu tapinhas nas costas do amigo e se aproximou de Dulce, beijando-lhe a testa.

- Na verdade, quem fez o trabalho todo fui eu. - Brincou Dulce e Christopher corou.

Quase havia desmaiado na hora do parto, apesar de lidar com traumas todos os dias, nada nunca havia lhe preparado para ver a esposa sofrendo daquela forma e o susto de ter visto sua filha nascer tão antes do previsto.

- Toma Poncho, segure Louise. Ela está doida para conhecer o padrinho...

Alfonso arregalou os olhos com surpresa, será que havia entendido direito? Se aproximou da pequenina e a segurou com cuidado em seus braços, sentindo o maravilhoso cheiro de bebê que exalava.

- Padrinho? - Perguntou olhando de um para o outro.

- Desculpa não ter te falado antes cara, mas queríamos que fosse uma surpresa. - Ucker sentou-se ao lado de Dulce na cama e abraçou a esposa.

- Eu...eu nem sei o que dizer.

Estava realmente surpreso, era uma grande responsabilidade. Significava que ele era a pessoa escolhida para cuidar e zelar por Louise se algum dia acontecesse algo Christopher e Dulce, já que os pais dele eram muito idosos e ela era órfã de pai e mãe.

- Diga que sim, por favor Poncho. Nós nunca poderíamos pensar em outra pessoa a não ser você para ser padrinho da nossa filha. Você sabe que consideramos você da família, não é? Sabemos que você não quer uma casa com mulher e filhos, etc, etc... - Falou Dulce, totalmente sonolenta, mas com os olhos brilhando - Mas nós te amamos e confiamos completamente em você.

Christopher concordou com a cabeça, algo que ele fazia muito quando Dulce estava por perto. Ele vivia pela esposa e Alfonso admirava isso. Por tudo que já tinham vivenciado juntos ele sabia que não podia recusar aquele pedido, estava honrado. Ele olhou para a pequena que estava encolhida em seus braços, com os olhos bem abertos e atenta a voz da mãe que ouvira tantos meses dentro da barriga. Ele a beijou suavemente na testa e em silêncio lhe prometeu que nunca, não importa o que acontecesse dali para a frente, ele jamais a deixaria.

- Com todo prazer Dul, com todo prazer. - Dulce sorriu, com as pálpebras quase fechadas. Alfonso segurou as pequenas mãozinhas de Louise e as beijou, quando seu bip tocou. - Bom, essa é minha deixa. Amanhã depois que sair do plantão eu volto aqui para ficar um pouco mais com vocês. - Beijou novamente a cabeça da afilhada e a entregou para o amigo.

Se despedindo de ambos, correu rapidamente em direção ao elevador. Seu bip não parava de apitar e ele presumiu que era algo sério, mas começou a ficar impaciente, pois parecia que a caixa de metal estava em uma lerdeza tremenda. Ele suspirou aliviado quando as portas se abriram, mas seu alívio durara somente alguns segundos, pois uma mulher de cabelos pretos e aparência fina entrou chorando desesperada atrás de uma maca. Ele ainda não sabia do que se tratava, pois, os paramédicos lhe tampavam a visão, mas rapidamente foi calçar as luvas e se preparar.