Fanfic: As folhas de outono(adaptada Portinon) Finalizada | Tema: Portinon (ayb)

        Poncho entrou no quarto e pegou o telefone da minha mão, na hora eu não tive nenhuma reação. Ele tirou do alto falante e deixou a conversa privada, entre ele e a tal Ana.

        - Quem é você? É a esposa dele? Avisa para aquele homem que nos não queremos nada dele, ele nunca foi pai, e agora quer fazer o papel de tal? Ele nos abandonou quando eramos pequenos, deixou a esposa doente cuidando de duas crianças, apareceu algumas vezes e agora ele quer o que? Avisa pra ele que nos não queremos nada que venha dele e ele que tire o cavalo da chuva se pensa que vai ter alguma coisa nossa! - Poncho estava furioso, mas eu pude ver que em seus olhos brotavam lagrimas que já estavam se acumulando prestes a cair. 

        Queria saber o que a tal Ana falava agora do outro lado da linha, mas Poncho não iria largar o telefone, não iria querer começar uma briga naquela situação, então deixei Poncho com o telefone, suas reações que me assustaram. Conforme a garota falava, Poncho ficava cada vez mais perplexo, seus olhos pareciam que estavam em transe, desfocados! Ele se sentou em minha cama e ver ele naquele estado me deixou preocupada.

        - Poncho, o que ela esta falando?! Fale alguma coisa! - Mas parecia que realmente ele não estava prestando muito a atenção em mim!

        Anahí estava na porta, com um olhar preocupada. Ela estava parada e olhava de mim para Poncho e vice e versa! Até que Poncho falou alguma coisa e quebrou aquele silêncio que estava me corroendo!

        - Se Dulce quiser ir ve-lo tudo bem! Mas pra mim ele já esta morto! Desculpa! Adeus! - Ele desligou o telefone e se virou para mim, me encarando mas sem falar nada!

        Poncho sempre foi meu alicerce, minha coluna e meu chão firme, ver ele naquele estado me deixou um pouco sem rumo, ele que sempre foi aquele que me pos de pé, hoje estava caído e eu não sabia o que fazer.

        - Poncho fala alguma coisa! O que ela disse? Quem era ela? Por favor fala algo, você esta me deixando nervosa!

        - Quem é ela Dulce, essa garota é nossa irmã! - quando ele falou isso, eu gelei! "Uma irmã? Serio mesmo que eu já tenho uma irmã crescida e nunca soube disso?!" Ao mesmo tempo que aquele era fantástico era assustador!

        - Uma irmã? Nos já temos uma irmã? Mas o que ela disse mais Poncho?

        - Foi ela quem escreveu as cartas a mando daquele homem, pois ele esta doente Dulce, esta prestes a morrer e quer nos ver. 

        Anahí pos a mão na boca abafando um susto antes que ele virasse som. Eu estava chocada! Claro que tudo o que Poncho fala a respeito do nosso pai é verdade, ele nunca foi presente ele nunca foi pai, mas querendo ou não ele era meu pai, sangue do meu sangue! Foi aquele homem que nos pos no mundo e agora estava morrendo e queria nos ver e cada dia que eu demorava ali era um dia que eu perdia de ve-lo antes dele partir.

        - O que ele tem? - foi as únicas palavras que consegui emitir naquele momento.

        - Ela disse que ele esta com um câncer degenerativo. 

        Anahí abafou mais um soluço de espanto. Eu estava sem palavras era difícil processar tudo aquilo naquele momento! Mas algo foi crescendo em mim, fui  até meu guarda roupas e puxei uma mochila surrada que eu tinha e coloquei dentro algumas blusas, calcinhas e outras coisas que eu poderia precisar.

        - O que você vai fazer? - Perguntou Poncho já sabendo da resposta. - Você não deve nada pra ele Dulce, você nem sabe chegar lá!

        - Não devo Poncho? Devo a Vida só isso! Ele pode não ter sido um pai presente, mas ele ainda é um ser humano, se ele quer pelo menos nos ver o mínimo que eu posso fazer como filha é ir ve-lo! E o endereço esta na carta, eu vou ir ao encontro dele mesmo que seja para dizer adeus!

        Poncho se levantou olhando para Anahí que estava na porta, passando por ela quando ouvi o barulho da porta da frente batendo.

        - Vou me arrumar! - disse Anahí também pegando a sua mochila e começando a colocar roupas dentro.

        - E o Cafe?! Você vai matar trabalho? - Eu perguntei olhando ela colocar os tênis.

        - Eu já estou atrasada, depois dou uma desculpa pro meu tio! você acha mesmo que eu vou deixar você ir sozinha até la? Dulce estamos nessa juntas agora, eu estou com você seja nas horas de alegria, quanto nas horas de dor!

        Meu peito se encheu, toda aquela tristeza que estava ali foi preenchida com amor que vinha dela! Estava na hora de resolver isso! Era o que eu ia fazer.

        Copiei o endereço em meu celular, tranquei a porta do apartamento e segui para a garagem.

        Eu não sabia o caminho, nunca tinha ido muito longe sozinha, mas com a ajuda da Anahí e um GPS  nos chegaríamos lá. A cidade era longe, iriamos demorar umas três horas para chegar de carro. Uma pequena cidade no interior, pelo que sabia era conhecida pelos minérios. Meu pai talvez fosse um minerador ou algo do tipo, na verdade eu nem lembrava do rosto dele claramente.

        Anahí colocou a mão em minha coxa sorrindo. Ela me encarou.

        - Vai dar tudo certo Cinderela! Você ta fazendo a coisa certa! Poncho tem as dores dele que um dia irão se cicatrizar, mas seu pai esta sendo honesto querendo ver você antes de partir! Você esta no caminho certo e eu estou com você!

        - Te amo Anahí! Você é a luz que eu precisava! - segurei a mão dela e continuei dirigindo sabendo que estava fazendo a coisa certa!

...

        Pelo que dizia as placas no caminho estávamos perto do nosso destino, Anahí tinha adormecido e agora sabendo que eu estava mais perto de ver meu pai e agora a minha irmã, meu estomago doía! Será que eu seria bem recebido pela esposa dele ou sera que ele não tinha mais esposa? Eram tantas perguntas e ninguém para me responder. Sacudi a cabeça tentando afastar os pensamentos ruins mas foi em vão. 

        Anahí foi acordando, aos poucos e sorriu ao  me ver!

        - Você já deve estar cansada ne? Se eu soubesse dirigir eu trocava com você! Esse sono estava tão bom, você iria gostar!

        - Eu não iria conseguir fechar os olhos, estou tão nervosa com isso tudo! 

        - Não fique! Logo tudo vai se resolver! Relaxa!

        Cruzamos um imenso arco com o nome da cidade, a fachada era bonito mas a cidade era simples! Muitas arvores, algumas casinhas simples animais e crianças nas ruas! Um pequeno posto de gasolina, e grandes montanhas ao fundo. Encostei no posto perguntando para o frentista onde ficava aquele endereço. Ele me olhou serio e parecia angustiado.

        - Fica logo ali moça, depois daquela curva! Terceira casa a esquerda, com o portão azul. 

        Agradeci a informação e segui como ele disse! Os dedos das minhas mão formigavam, talvez por dirigir muito tempo mas eu sabia que era de nervosismo!

        Assim que eu fui chegando perto da casa, já avistando o portão azul parei o carro antes de chegar lá.

        - Eu não consigo, eu não sei se consigo! 

        - Dulce, calma! Eu estou aqui com você! Tudo vai ficar bem! Ele quer te ver! Se você quiser virar e ir embora eu estou com você, mas você chegou até aqui, agora vá lá e diga que o perdoa e deixe ele em paz!

        Tomei um folego e parei com o carro em frente a casa que era simples de madeira, mas muito bem cuidada. O quintal muito bem florido me fez lembrar que já era Primavera! Que o frio do inverno já tinha ido e agora já tinha pequenas flores na grama.

        Fiquei parada na frente da casa, Anahí desceu do carro e veio para o meu lado.

        - Deixa que eu faço isso! - disse ela se virando e batendo palmas.

        Eu estava tão nervosa que estava enjoada. Parecia que iria vomitar tudo o que tinha dentro do estomago, por mais que não tivesse comido nada o dia inteiro.

        Uma moça que aparentava ter uns quinze anos apareceu na janela, e logo saiu pela porta um pouco assustada e intrigada com nos duas ali paradas.

        - Meu Deus! Como ela é parecida com o Poncho! - disse perplexa ao ver o quão ela se parecia com ele.

        - Pois não? - disse ela do meio do gramado.

        - Ana? - perguntou Anahí

        - Sim eu mesma. - respondeu ela um pouco assustada.

        - Sou eu Ana, Dulce! - fiz a maior força para desatar o nó que estava em minha garganta até sair as palavras.

        - Ai meu Deus! - gemeu ela saindo correndo para abrir o portão. Assim que ela abriu ela me abraçou. Eu não esperava por aquilo e fiquei sem reação. Anahí sorriu para mim me incentivando a abraça-la também. 

        Ela era tão linda, tão meiga! Eu não acreditava que eu tinha uma irmã caçula e nunca me disseram, quanta coisa eu podia ter ensinado a ela, quanta coisa eu poderia ter mostrado para ela, mas agora era hora de eu fazer tudo isso! Começando por aquele abraço!